Quando fazer uso de penicilina
— Maaaaaaaaarvin! Menino, anda logo que não posso me atrasar. — Tino acorda e "bota a boca no mundo" — Não! Não vou trabalhar. Vou passar meu tempo naquela barbearia. Vou passear? Que pergunta! Todo dia a mesma coisa. Onde está meu café? Que demora!
— Na mesa!
A resposta seca dita pela voz grave, fez Tino saltar da cama onde pretendia tomar seu café com pão fresco, mas esqueceu que Bill estava em casa e era terminantemente contra abusos com Marvin.
— Papai Bill é que me sinto quente, veja o senhor. Estou com febre.
Bill espalmou a mão na testa de Tino e fez uma cara de preocupação.
— Marvin, anjinho do Bill, busque um termômetro. — Marvin prontamente chega com a sua carinha preocupada. E Bill lhe orienta. — Faça um chá bem forte de penicilina que seu irmão está com febre e certamente com alguma infecção grave. Se não melhorar, me avise que o levarei ao hospital para que apliquem uma grande injeção de penicilina no traseiro dele.
— Um milagre! Bill, estou curado e foi só com a sua presença. Não era tão grave que precisasse de chá de penicilina. Ai como amo o senhor.
Tino pulou no colo de Bill enchendo-lhe de beijos e foi jogado de bruços na cama, às risadas tomou dois tapas no traseiro com a mão pesada.
— Sempre o mesmo danado, seu bezerrinho safado. Está carente e o Bill vê isso, só que no momento precisamos cuidar bem da princesa que está muito machucada. Entendido, Tino?
— Entendi, mas não gostei nadinha de dividir o meu Bill com mais gente. Não quero mais nenhum irmão, ouviu? A moça pode ficar. Ei Bill, posso dormir com você essa noite? Deixa por favor, por favor, por favor! Me comporto o dia todo.
— Ajude o Marvin a cuidar da moça. Preciso comprar algumas coisas e muito milho. Quero pegar o preguiçoso que não recolheu os ovos quando pedi, agora descascou uma ninhada absurda de pintos.
— Será que foi o Marvin? Ele é muito lento, deixou fugir a Tatá. Como que um homem consegue deixar escapar uma tartaruguinha?
— Tatá é sua, seu danado! — Bill gargalha ao responder.
— Bill, ela é rebelde, foge o tempo todo. Não dá pra piscar.
— Está ficando lento, bezerrinho...
Depois do banho, Bill volta ao seu quarto e Tino está estirado em sua cama. O jovem observa o ursão vestir-se em frente ao espelho da penteadeira. Tino o devora com o olhar, admirando as nádegas brancas, redondas e peludas, infelizmente são cobertas pela cueca, depois as pernas grossa e fortes são escondidas pelo jeans habitual do homem. Tão pidão é Diamantino, ao secar com os olhos aquelas gotículas de água que escorrem pelas costas largas do machão bruto.
Feito uma pantera negra, o moço pretinho levanta-se lento e lânguido, aproxima-se do urso imenso e abraça-o por traz. Tino cheira as costas do grande homem e planta beijos doces. O cheiro do sabonete lhe excita e acalma.
— Tino... — Bill vira-se e abraça o rapaz baixote. Beija o topo de sua cabeça e responde — Venha para minha cama essa noite.
Tino sorri e corresponde a um beijo amoroso, urgente e apaixonado do homem que é seu universo.
Betânia tivera uma noite mais calma de sono, sem sonhos e sem urinar na cama como fazia nas primeiras noites ali. Sentou-se na cama e notou que alguém havia lhe trazido um farto café da manhã, pão caseiro, frutas picadas, chá e um pote de mel. Sorriu, salivou com o aroma e aspecto da comida. Comeu até se satisfazer.
Bill bateu na porta aberta antes de se introduzir no quarto dela, que se retraiu um tanto, mas notou que estava sendo grosseira.
— Sairei por algumas horas, moça. Mas se precisar de algo, chame Marvin ou o Tino. Embora Tino seja um tanto resmungão, virá se precisar.
— Betânia... mas pode chamar de Bento se o senhor achar que deve, já que o meu corpo...
— Você não me parece Bento. É uma pequena menina com o coração triste. Lindo nome, Betânia.
— Minha mãe o escolheu.
— Se for por isso, minha mãe quando estava prenha, escolheu para mim Willa, mas nasci homem e levei o nome de William. Sou o Bill... pode me chamar assim.
Ela sorriu levemente diante do rosto agora tão simpático do grande homem. Observou-o quando ele saiu do quarto onde ela estava acomodada. Não era um sujeito magro tendo um pouco de barriga, sendo todo largo, passava segurança e muito peludo, o que transmitia calor.
Betânia já tinha uma rotina a sua volta, seus pesadelos ainda não retornaram, mas as lembranças sim, essas vinham com toda a força. Conseguia ir ao banheiro sozinha, mas precisava usar a muleta apoiada sob a axila, que a incomodava um tanto.
Dentro da casa havia um banheiro com encanamento como se usava na cidade. Enquanto sentada, Betânia olhava atenciosamente para as paredes de tijolo do recinto, tudo simples, mas feito com tanto capricho e tudo era tão limpo.
Ela não tinha ideia de onde estiveram naqueles dias intermináveis e com certeza não poderia auxiliar nas informações caso a polícia estivesse investigando e lhe encontrasse.
Polícia!
Precisava conversar com Bill e descobrir se ele havia prestado queixa. Ou logo que caminhasse sem tanta dificuldade, poderia ir sozinha e contar tudo o que sabia. Porém... se retornasse aos braços de sua mãe, poderia ter a má sorte das pessoas de sua cidade terem descoberto seu segredo. Rafael um dia lhe disse que não era algo legal, comprar aquela documentação "nova". E a família de Rafael devia odiá-la por isso. Dona Fabrícia gostava dela, seria uma grande decepção à mulher.
Tino esperou com ansiedade pelo crepúsculo. Embora cheio de saudades do corpo de Bill dentro de si, sentia muito mais era preocupação com a demora do homem. Só acalmou seu coração quando o caminhão entrou pela porteira de madeira. Sorrindo observou, Marvin fechando-a com cadeado e depois correu atrás do veículo como uma criança encantada com o meio de transporte motorizado. Após banharem-se, Marvin e Betânia se acomodaram no mesmo quarto para "conversarem".
Mais tarde Tino e Bill, se afundaram juntos na água morna e quase fria da banheira, compartilhando beijos, mordidas, brincadeiras na água, risos, peles molhadas e levemente perfumadas com aroma de sabonete simples. Tino usou duas toalhas para secar o corpo grande do homem e depois de secar a si, pulou na cama, sentando sua bunda grande e firme sobre o grande membro grosso e ereto do urso.
Sentiam-se ardentes, loucos de paixão e queriam se dar um ao outro. Papai apertava sem só as polpudas nádegas negras, forçando a fricção entre seus corpos. O rapaz rebolava com com fúria, sovando o pênis volumoso do grandão que estava encaixado em seu rego, Tino gemia indiscreto, tanto ou mais duro que Bill.
Bill sabia bem o que o jovem queria e não ousaria contrariar seu bezerrinho cheio de apetite. Tino tinha habilidade em sugar, sua fome assustava o grande macho que observava sua glande ser tragada faminta e dolorosamente pela boca de lábios grossos. Mamava hábil. Tino tinha certo talento na ordenha e usava quando queria desestruturar Bill.
— Meu urso gosta disso? — Muito levado, com sua língua, Tino "agredia" o frênulo do homem, no qual escorria uma seiva transparente que brotava no orifício da cabeça gorda do pênis duro.
— Garoto... — Bill não conseguia pôr em palavras. Sempre fora dominante, porém com o Tino, geralmente se tornava obediente. — Não maltrate seu urso...
Tino como um bom montador, cheio de desejo e sofrendo de saudades, agasalhou com seu ânus apertado, cada centímetro daquela rola babona do urso carente. Fazia-a entrar e sair de seu seu corpo, chupava os grossos dedos de Bill, tendo seu mamilo apertado e puxado até que jorrassem no ápice de sua excitação mútua.
Mais tarde a sonolência abraçou os dois amantes, só abandonando os corpos nus pela manhã.
Marvin observava o sono de Betânia pela manhã, completamente encantado com o ressonar suave, depois dos roncos da madrugada. Lembrou que Bill lhe dissera que mulheres não aceitam quando lhe dizem que estas roncam. Sentiu falta de sua cama que ficava no quarto ao lado do quarto de Bill e especialmente de dormir com ele, fazerem amor sem a menor pressa.
Suspirou, riu baixinho e pulou do colchão onde dormira. Correu para a cozinha onde colocou panelas sobre o fogão com água recolhida no riacho da propriedade e acendeu o fogo. Depois ajeitou o suporte de arame com o coador de pano sobre um grande bule para fazer o café. Arrumou a mesa para quatro pessoas, assobiou alegre, pensando no novo membro da família. Gostava de Betânia e queria poder ajuda-la mais.
Ela entrou na cozinha totalmente assustada, parecendo um filhote de gato recém-desmamado que anda meio zonzo, cheirando desconfiado o chão.
— Bom dia Marvin. Que linda mesa! Que cheiro bom tem seu café. Obrigado por cuidarem de mim.
Ele sorriu e abanou com a mão como quem dispensa tais elogios. Bill chegou a seguir assobiando alto e por último, Tino com a cara amassada e estava mal humorado, tal a mamãe gata que não conseguia se desvencilhar dos gatinhos famintos que lhe sugavam o tempo todo.
— Querida, senhorita Mello. A natureza é a culpada, não me olhe assim. Suba aqui no colo do velho Bill. — Bill despeja uma grande quantidade de leite em um pires e deixa a gata beber até que se satisfaça e desça, olhando para trás enquanto se afasta e soltando um miau manhoso em agradecimento a ele.
— Senhoria Mello? — Betânia pergunta enquanto corta a omelete que Marin lhe preparou.
— Sim, senhorita Mello pertencia a uma jovem que teve a vida ceifada há dois anos. Desde criança ela me aparecia por aqui com um gato, cachorro, pássaro, até mesmo sapo, não gosto dessas criaturas, mas jamais fiz mal a qualquer um deles. Um dia me apareceu aqui com um balde d'água com um peixe e aos prantos.
— O que aconteceu?
— O peixe foi encontrado por ela sobre a mesa de jantar e assado. Enquanto seus pais estavam preparando-se para sentarem-se à mesa, ela "resgatou" o animal que já era um prato pronto e trouxe aqui achando que eu poderia dar-lhe vida.
— Pobrezinha. O que ouve com ela?
— Em algum momento da vida de senhorita Mello, houve a interferência da família. Ela foi diagnosticada como sendo uma pessoa desequilibrada e internada em um hospício onde a mataram pouco a pouco. No caso dela, morrer foi um presente.
"Morrer foi um presente."
— No caso dela, Betânia. No seu caso não! — Bill completou. — Quando ficar forte, vai sair daqui enfrentando o mundo.
— Como que o senhor me encontrou? Onde?
— Há uns bons quilômetros daqui. Pelas folhas e barro pantanoso que havia grudado em seu corpo, não estava ali há muito tempo. Deve ter sido jogada, estava delirando algo completamente fora da realidade. Isso aconteceu há quase sessenta dias atrás e foi trabalhoso lhe manter acalmada.
Bill explicou a ela todos os trâmites que fizera, sobre a queixa na delegacia onde não deram importância e a recusa do hospital em ajudar uma pessoa no estado dela.
— Bill, obrigado pelo que fez por mim. Tem um grande coração.
— Porque Rafael lhe fez isso? — Bill larga uma pergunta e a assusta.
Como ele sabe sobre Rafael? Que pergunta foi essa?
— Por quê? — Betânia chorava. — Não, senhor Bill. Rafael era meu marido, ele me amava. De onde tirou essa ideia?
— Quem ama protege!
Ela acabou levantando-se desesperada daquela mesa e sem ajuda das muletas, caiu pesadamente ao chão. Se arrastou por menos de um metro, chorando alto, gritando por sua impotência e finalmente desistiu, deixando seu corpo estirado, sem vitalidade no meio da cozinha.
— O porquê, não lhe fará sentido agora. Fique nessa casa, recupere-se de sua dor e depois, quando estiver pronta vá atrás de respostas?
— Rafael... meu Deus... não!
A menção de Rafael a jogava no pior infortúnio de sua vida.
"As forças dela foram todas exauridas, amarrada pelo pescoço como um animal, jogada sobre a caixa onde seu marido fora enterrado numa cova rasa."
"— Por favor não faz isso comigo, chega! Me mata, chega por favor. — Betânia implorava ao agressor."
Ele não responde e continua a chutar seu corpo."
"— Dessa vez o vagabundo morreu, cara. Daqui a pouco esse travesti já era. "
"Bofetadas no rosto e urina sobre seu corpo, faziam-na sentir-se ardida. Alguém lhe puxa os cabelos e os picota sem cuidado. Risos e gritos cheios de ameaças, a faziam encolher-se, mas eles a esticavam."
"Rafael... eu te amo... você já deve estar no céu... manda um anjo, me salva."
Betânia sentiu um frio excessivo, abandono... o retorno dos corvos. Os agressores haviam partido."
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Oiii Pessoal! Bom domingo a todos♥ Tá fresco aqui... o clima. hehe
Com carinho, lhes entrego mais um capítulo... espero que esteja bom, porque ainda vai entornar o caldo.
Hoje dou um cherinho em duas leitoras, das quais usei nome para gata de Bill, senhorita Mello: BeyMello e a Tamiresbcarvalho a Tatá, tartaruguinha rebelde que foge do Tino...
Muitos beijos, carinho, mordidas de gato (dói pra caramba) e uns ronronados a todos leitores, os que votam, que comentam e aqueles bem discretos que apenas leem, obrigado por escolher um conto meu para "viajar". Sintam-se abraçados♥
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