Capítulo Dez
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Na primeira semana, eu podia jurar que Jason ia fugir com o nosso filho a qualquer momento. Quando não estava com o Thomas, ou como o apelidamos carinhosamente, Tommy, ele só pensava e falava nele. Jason, de vez em quando lembrava de checar se eu estava bem, naturalmente porque eu fazia questão de lembrá-lo o tempo todo que fora eu quem empurrara um bebê para fora de mim.
April tinha me ajudado a montar uma rotina para que, entre cuidar do Tommy, organizar as coisas dele e estudar no período na noite, eu pudesse me exercitar e voltar ao meu corpo anterior. Outras coisas eu tive que abdicar da minha vida, pelo menos por um tempo, como o blog com Spencer.
Sobre a ideia de ser mãe... Todas as duvidas que eu tinha desapareciam quando eu estava com Tommy. Ele era a única certeza na minha vida e eu sabia que morreria por ele. Era uma sensação inigualável saber que um ser humano dependia totalmente de mim, que eu trouxera uma pessoa ao mundo, que eu o veria crescer, o conheceria, suas paixões, seus defeitos. Foi quando em finalmente entendi a definição de amor incondicional. E, a cada dia que passava, eu sentia que meu amor por ele crescia, até o dia que eu iria explodir. Compartilhei esse pensamento com Jason e ele dissera que preferia que eu não explodisse e que ficasse ali para ajudá-lo a criá-lo.
Não demorou muito para eu me acostumar com a presença de Jason em casa, dormindo no nosso sofá. Ele podia ser conhecido como bagunceiro, porém, sabia muito bem esconder sua bagunça de mim e da minha mãe e fazia de tudo para não incomodar. Eu até gostava. Principalmente nas longas madrugadas cuidando de Tommy. Ele nunca deixou de estar presente quando eu precisava. Como naquela noite.
Tommy estava com cerca de um mês e ele quase sempre tinha cólicas durante a noite. Na primeira vez que aconteceu, eu fiquei desesperada. Ele chorava sem parar, mesmo depois de já termos trocado as fraudas, alimentado e verificado se não era frio ou calor. Jason me ajudou a manter a calma e ligou para o médico. Acontece que era normal, pois o organismo estava amadurecendo o mecanismo de digestão. Ainda assim, precisávamos ficar com ele, acalmá-lo, até que ele voltasse a dormir. E seu choro de dor era absolutamente agonizante.
— Você quer tentar aqueles exercícios com a perna que a minha mãe sugeriu? — indagou Jason. Naquela noite, era quase uma da manhã, e eu estava estudando no momento que as cólicas começaram. Fizemos como sempre; Jason veio para o meu quarto que eu dividia com o bebê e trancamos a porta para que ninguém acordasse por causa do choro. Estávamos absolutamente acabados. A exaustão estava expressa nas olheiras debaixo dos nossos olhos.
— Não funcionou anteontem, ele só ficou mais irritado porque saiu do colo. — sussurrei, com Tommy nos meus braços. O choro dele tinha diminuído, mas não cessava. Jason não saia de perto dele.
— Mas semana passada funcionou.
— Acho que eu vou esquentar o paninho para colocar na barriga dele. — falei, entregando Tommy para Jason. O loiro sentou na cadeira de balanço que meu avô me dera de presente e colocou a barriga do bebê em contato com o abdômen dele. Eu tinha lido em algum lugar que o calor e o aconchego ajudavam bastante, por isso Jason normalmente tirava a camisa e entrava em contato corpo a corpo com nosso filho.
Eu voltei com o pano levemente aquecido e Jason o colocou deitado de barriga para cima. Me ajoelhei diante dele e posicionei delicadamente o pano, na esperança que fosse funcionar.
— Eu só queria poder estalar os dedos e sumir com a dor dele. — me queixei. — Eu odeio vê-lo sofrendo.
— É, eu também. — o loiro suspirou. — Talvez meu próximo trabalho deva ser padrinho mágico. Daí eu realizaria seu desejo e nosso pequeno Tommy não sentiria mais dor. Ah, e você pode ser a fada madrinha. O que me diz? Você fica bem de asas?
— É, eu estou enviando meu currículo agora mesmo.
Minutos depois sendo embalado no colo de Jason, nosso pequeno Tommy finalmente se acalmou e adormeceu. Soltei um suspiro de alívio e olhei o relógio; já eram quase quatro da manhã. Me joguei na minha cama, acabada.
— Você deveria dormir. — disse Jason, colocando o bebê no berço. — Sei que estava estudando porque não conseguiu dormir.
— Tem muita coisa na minha cabeça agora. — franzi a testa, desejando que a dor de cabeça passasse.
— Quer que eu faça um chá? — questionou. O encarei, confusa. Ele sabia que eu odiava chá. — Eu sei, eu sei, só pareceu a coisa certa a se dizer.
— É o tipo de coisa que meu pai diria quando a minha mãe chega do trabalho.
— Olha para nós, uma bela família discutindo sobre chá. — ele brincou, se aproximando e depositando um beijo na minha testa. — Qualquer coisa me chama.
— Espera. — o chamei, impedindo que ele saísse pela porta. — Pode ficar aqui? — ele pareceu surpreso com o meu pedido, então completei: — Para o caso dele voltar a chorar?
— Claro.
Jason então de aproximou e se deitou na cama, de modo que ficássemos de frente um para o outro.
— Oi. — disse ele, sorrindo.
— Oi. — retribui o sorriso, um pouco envergonhada com a nossa proximidade. Eu tinha que admitir: tinha algo no olhar intenso de Jason que me atingia de um jeito diferente. — Deus... como eu vou aguentar quando ele, não sei, ralar o joelho ou quebrar o braço, se eu nem aguento cólicas normais?
— Nosso pequeno Tommy é forte. Ele puxou isso da mãe. — falou.
— Promete que vai ficar do meu lado até eu dormir? — perguntei.
— Vou ficar do seu lado até depois de você dormir. Lembra? 110%. Você não vai se livrar de mim tão fácil.
— Quem disse que eu estava pensando em me livrar? Enquanto você trouxer torta daquela loja do lado do seu trabalho, você é essencial. — brinquei. Ele soltou uma risada fraca.
— Vou tratar de nunca esquecer de trazer torta.
Quando eu estava prestes a dormir, Tommy despertou e começou a chorar. Eu estava me levantando, mas Jason me parou.
— Continua dormindo, eu cuido isso. — disse ele. Eu estava com sono e exausta demais para protestar e acabei adormecendo com a visão de Tommy nos braços do pai.
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