A morte cura
Passaram-se algumas semanas desde que Lilian falara pela última vez com Eric, e não foi por não querer e sim porque ele a evitava com todas as forças. Nesse ínterim sua mãe voltara do hospital e por receita médica começou a trabalhar bem menos, o que foi, de certa forma, bom para Lilian já que tinha mais tempo para ficar com Romênia.
Naquela manhã de sábado a jovem saiu de casa e começou a andar a esmo, não tinha muito o que fazer e gostava de caminhar.
Andou por algumas ruas sinuosas, outras íngremes e outras estreitas, até chegar a uma pequena construção, parou lá e encarou o trabalho dos pedreiros com atenção. Via pessoas carregando ora, grandes tijolos, ora sacos de cimento. Pareciam estar se preparando para o início das construções.
- O que vocês vão construir aqui? - perguntou ao acaso à um homem que passava com um saco de cimento sobre os ombros.
- Um McDonald's - respondeu-lhe meio distraído.
- Qual a finalidade de construir um McDonald's nesse fim de mundo? - indagou Lilian.
O moço riu por um tempo e disse:
- Eu só trabalho no pesado, mocinha!
A garota voltou a caminhar passando pelo parque, a praça e a lojinha de conveniência, pensando o quão inútil era construir um McDonald's naquela ínfima cidade. E foi na lojinha de conveniência que a garota se deparou com Luíz sentado na entrada da mesma, comendo alguns salgadinhos.
- Mestre Luíz! - cumprimentou dando-lhe o melhor sorriso que tinha.
- Desde quando eu virei mestre, tia? - Luíz parecia ter crescido alguns centímetros, ou talvez Lilian apenas estivesse se sentindo mais velha. - Sente-se comigo e coma um pouco.
A garota torceu o nariz ao avistar os salgadinhos mas foi logo se empoleirando ao lada de Luíz.
- Me diga, o que há de errado?
Lilian arregalou os olhos e riu:
- Nada escapa dos seus olhos, não é mesmo, mestre? - Luíz corou um pouco enfiando um monte de salgadinhos na boca. - Para ser sincera eu estou com um baita problema com o meu pai, e o garoto que eu gosto não quer nem papo comigo. Eu não sei o que fazer.
Luíz franziu o cenho pensativo.
- O tempo cura tudo - começou a dizer com uma expressão séria -, e o que o tempo não cura a morte o faz.
Um arrepio correu pela espinha de Lilian deixando seus cabelos em pé.
“Que coisa assustadora para uma criança dizer” pensou com seus botões.
***
Esse capítulo ficou curto minhas raposinhas, porém espero que tenham gostado.
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Bjs ❤
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