9.1 - Ordinary Human

Ele era cheio de problemas,
Era um cara perturbado.
Ser seu amigo era um grande dilema,
Gradativamente ele era afastado.

Quem poderia querer ser próximo,
Mesmo por um momento,
De quem dava o seu máximo
Para ser tão nojento?

Ele não parecia se importar
Em ser tão esquecível.
Não queria amar,
Sempre só, distante, insensível.
(Inacessível)

Um dia, eu estava triste,
Ele fez a mim uma proeza.
Assim que me viste,
Ofereceu-me sua desconhecida gentileza.

Conheci aos poucos um outro lado,
De um rapaz tão calado.
(Julgado!)
E talvez, nele tenha visto bondade.
Porque conheci seu carinho,
Queria sua amizade.
Como um adivinho,
Aquele homem tão horrível
Não deixou-me ser sozinho
E não me pareceu mais terrível.

Descobri um coração que se feria pela nossa acidez!
Agora, vejo todos os julgamentos feitos por mim
Me pergunto pela primeira vez:
Qual de nós dois é o ruim?

(Maira Oliveira, minha grande amiga)

ETHAN

Desde que Aaron disse "Acabou a porr4 da festa", há quase meia hora atrás, eu só me lembro de ter corrido - muito mesmo, como se não houvesse amanhã porque nao queria que ninguém me visse chorando.

Chorei por tantos motivos naquela noite que não posso escolher um só para ser o maior: pelo meu irmão, minha namorada, meu melhor amigo...

As solas dos meus pés, que já estavam cheias de bolhas desde as últimas caminhadas, mal aguentavam o peso de todo aquele meu ego que estive carregando nesta semana perto de tantas pessoas.

- Ethan? - Minha irmã perguntou quando entrei na loja onde ela fazia turno extra. Suas olheiras estavam muito maiores do que quando eu a vi pela última vez, o que me fez pensar que passei muito tempo sem ao menos prestar a minima atenção nela.

- Cam - Eu limpei o rosto com a manga da camisa - Eu... Eu posso falar com você?

- Agora? - Ela pergunta. Cameron tinha caixas enormes e cheias de produtos ao seu lado.

- Não... eu espero - engoli em seco enquanto caminhava para uma das mesas de plástico maltrapilhas que ficavam do lado de fora da loja.

**

Cam me encarou com seus olhos escuros e cansados por muito tempo antes de dizer qualquer coisa depois que eu derramei litros de informações na cara dela, sem ao menos uma parada para o fôlego.

- Quer dizer então que você apanhou de propósito?

Respirei fundo antes de responder.

- Não! Quer dizer, em termos... - encolhi os ombros enquanto bebia o refrigerante que ela me deu - Como o Grayson se sentiria se eu batesse nele na frente da escola toda?

- Mas ele bateu em você na frente da escola inteira.

- Bah, mas quem não está acostumado a me ver brigando, Cameron?

- Estão acostumados porque você deixou isso acontecer.

- Ele é meu irmão! Meu irmão mais novo! - Por alguns momentos eu parecia humano. Como se, depois de Aaron, Cameron era a primeira pessoa pela qual eu recorreria quando precisasse de alguém.

Só que, relembrando, Aaron não faria mais parte do meu cotidiano.

Ela bocejou de sono, mesmo tentando continuar a conversa.

- Eu não me importo em fazê-lo sentir-se maior do que eu... - continuei.

- Se não se importasse, não estaria aqui - Cam bebeu café direto da sua garrafa.

Ela era tão sincera!

- É... - cocei a cabeça, tentando procurar as palavras certas - Acho que as coisas começaram a passar dos limites.

- Você ainda tem dúvidas,  moleque? - ela riu, apoiando sua mão no queixo e o cotovelo na mesa.

- Então... o que você acha que eu devo fazer, Cam? - perguntei.

- Primeiramente parar de perseguir o seu irmão, pelo amor de Deus - Ela soou repreensiva - Depois... eu não tenho certeza.

- Eu não conseguiria ficar muito tempo longe do Gray, você sabe.

Uau. Como eu estava sendo gay. Fazia tempo que eu não desabafava com alguém - me sentia quase como se estivesse me confessando ao padre depois de um assassinato. Péssimo, Ethan, péssimo.

- Cameron? - Estalei os dedos na cara dela - Cameron, você está dormindo?! - Bati a mão na mesa - Cameron!

Subitamente, ela abriu os olhos e limpou a baba que escorria da boca.

- Estou acordada, Grayson...

- Ethan! Eu sou o Ethan, e você está claramente exausta!

- Eu estou bem, Eth...

- Não,  não está!  Sabe quantas são as vezes me abro desse jeito com alguém? Raras! - Levantei-me da cadeira - Desde quando você não dorme, Cam?

- Um...Talvez dois, ou três dias...

- Meu Deus! Você quer morrer?! - Quem sabe, se eu exagerar, ela possa voltar a sanidade. Talvez eu devesse mesmo fazer parte da peça de teatro do colégio.

- Não grita!

- Eu estou gritando porque você está prestes a desmaiar de sono, Cam! - Berrei para o mundo - E, então,  como eu poderei conversar com alguém que está desmaiada?

- Não faça drama, Ethan...

A encarei, cansada como eu, exausta como eu - de muita coisa, de tudo -, e a única coisa que pude sentir foi empatia.

E eu respirei. Uma. Duas. Três vezes.

E disse depois:

- Vamos para casa, Cameron.

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