6.1 - Last of the american girls

"Você pode ficar revoltado com o destino , pode praguejar, pode xingar os deuses , mas quando chega a hora , você tem que aceitar"
-O Curioso Caso de Benjamin Button

ETHAN

Foi nesse dia que tirei como conclusão que toda mulher é, em geral, uma grande fonte de problemas e dores de cabeça.

- Você tem que voltar até lá, idiota.

Meu irmão iria ganhar a recompensa pelo que fez hoje mais cedo ou mais tarde - e seria entregue por mim -, simplesmente porque ele merece algo para deixar de ser tão... influenciável pelas outras pessoas. Garotas, em especial.

Mas eu não tinha raiva nenhuma por ter me metido numa briga com ele, muito pelo contrario. Para mim, isso nos tornava ainda mais parecidos.

- Aaron, eu realmente não quero saber o que tenho ou não que fazer, entendeu?! - Meus passos rápidos e fortes o faziam trotar para me alcançar. Talvez eu devesse mesmo fazer parte do grupo de teatro.

Toda a briga foi um grande, enorme desperdício do meu tempo. Não era como se aquela menina fosse a última das garotas americanas. Não era. E, mesmo não sendo, ela foi a única que conseguiu separar-nos mesmo que por um intervalo de tempo.

Será questão de dias - ou horas - para que Grayson volte se arrastando aos meus pés, eu tenho certeza.

Então caberá a mim aceita-lo ou não.

- Você é um grade babaca, tem noção disso? - Ele me oferece uma toalha amarela. Eu recusei balançando a cabeça negativamente.

Acontece que eu acabei tendo muito mais respeito pela Jazz depois dela ter conseguido fazer a proeza de tirar Gray do serio. Nem mesmo eu lembrava de como fazer isso.

- Uma dica para você, Carpenter - Um sorriso de canto se formaria em minha boca, mas meu nariz doía - garotas preferem caras babacas, como eu.

Ele revirou os olhos castanhos escuros.

- Escuta - tornei a falar - por que você não vai importunar o me irmão? Somos fisicamente iguais, pode fingir que ele sou eu e tagarelar desse jeito! Eu não ligo para o que você diz.

Tirei a camisa com pontos manchados em escarlate e limpei a face inteira com ela. Não estava de toda ruim, mas também não estava nada boa.

- Bom, de qualquer maneira - Aaron continuou, tentando me ignorar. Ele tinha a horrível mania de falar demais - deveria se desculpar com Gray. Quero dizer, vocês são irmãos!

- Somos univitelinos, não siameses.

Depois que abri a porta de entrada do colégio, percebi que estava sozinho; ele não me seguia mais.

Tomei ar, apoiei as mãos no quadril e olhei longe, imaginando o que iria fazer agora que não voltaria para a escola hoje.

**

- Anne! Annelise!

Preferia muito mais falar com Anne do que qualquer um outro naquele momento. O que posso fazer? Eu até que gosto dela afinal.

Segurei uma das pedras brancas do jardim da garota e joguei no vidro dela. O calor das nove horas da manhã batia na minha cabeça constantemente há quase trinta minutos, e minhas solas dos pés me matavam. Na verdade, se ela não aparecesse, eu provavelmente me deitaria no gramado.

- Ethan? - Ela abre as cortinhas da sacada. Seus olhos escuros se adaptavam a claridade vagarosamente - C4ralho, quem ferrou com essa sua cara?

Gostava de Anne justamente por ser a minha versão feminina perfeita. Isso também me assustava de vez em quando.

- Grayson - Respondo simplesmente.

Segurei nas grades de metal acinzentadas e comecei a subir até o segundo andar de maneira desajeitada.

- Você vai acabar caindo! Não precisa subir!

- Não. Eu posso subir, sim - Assegurei para ela. Passei uma das pernas pela grade, depois outra. Entrei dentro da sacada.

Ela me encarou com os olhos castanhos aflitos, avaliando meu rosto.

- O que está fazendo aqui? - Ela me perguntou antes de mais nada. A encarei com o cenho ligeiramente franzido.

- Eu... Eu... - Ela não queria saber o que havia acontecido comigo? - Não estava preparado para essa pergunta, sinto muito.

- Ah, não? Então quer dizer que vem até a minha casa no meio da madrugada e...

- São quase dez horas, querida - Meus dedos passaram pela bochecha dela, acariciando-a.

- Não interessa que horas são! - Ela bateu na minha mão para tira-la de lá - Eu estudo de noite! Você não pode simplesmente aparecer e me acordar a hora que quer - Ela bufou.

Eu quis xinga-la. Mas mantive o mínimo de decência que ainda restava no meu ser.

- Só vim até aqui... te ver.

- Então saia! - Cruzou os braços.

- Sair? Por que? - semicerrei os olhos, finalmente entendendo a situação como ela era - tem alguém aqui com você, é isso?

- O que? - Seus olhos até piscaram algumas vezes de tamanha surpresa.

- Aqui. Tem alguém? - Perguntei enquanto andava com passos decisivos até a porta de vidro da pequena sacada.

- Ethan, para! - Anne até tentou segurar em meus braços e me impedir - Ethan!

Mas ela era pequena e magra. Não conseguiu me conter.

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