4.1 - Don't make me laught, bro
ETHAN
Eu poderia até jurar de pé junto para o meu irmão que não sabia de nada, caminhar de joelhos por estradas ou cruzar os nossos dedos mindinhos para provar. Mas o fato era que eu sabia. E se Grayson perguntasse - o que eu duvido que algum dia tenha coragem - também saberia só de olhar dentro dos meus olhos.
Porque, bem no fundo, nós éramos iguais.
Estou falando de qualquer segredo meu. Quero dizer, Grayson pensa que pode esconder algo de mim - mas não pode. E essa é a nossa real diferença: eu sei que sou transparente aos seus olhos.
De qualquer maneira, eu fazia questão de fazer parte de tudo que o pertencia, e isso incluiria suas namoradinhas as quais sempre acabavam passando por mim por "engano". Afinal, o sentido da coisa é: se alguém sente algo por Grayson logicamente também vai sentir por mim.
Jazz não vai ser diferente.
Estava saindo da biblioteca em meio aos meus devaneios, com passos relaxados e ambas as mãos nos bolsos. Fiquei imaginando qual era a relação entre Gray e a funcionariazinha da mediocre biblioteca.
Confesso que até que a loira era bem bonita, mas nada que ele não pudesse encontrar em qualquer outro lugar, sem sombra de dúvidas. Uma típica americana na América.
Aos poucos, meu irmão se aproxima de mim como quem não quer nada e diz:
- O que você estava fazendo aqui? Achei que tinha ido de bicicleta até nossa casa - Nossos passos encontram o mesmo ritmo quando nos encontrávamos próximos da porta de saída. Da onde estava, pude ver Anne como uma princesa gostosa e outra mulher mais velha comentando justamente sobre nós. Os gêmeos idênticos.
Eu pisquei para ela e ela acenou para mim. Tudo tão discreto que, se eu não a conhecesse, provavelmente não teria notado o balançar dos dedos da menina morena de um sorriso de balançar estruturas. Uma das alças do vestido pendia sob o ombro, mostrando ao mundo a recente agitação que o coração dela estava.
- O que você fazia aqui, mano? - Grayson pergunta novamente, dessa vez estalando os dedos próximos ao meu rosto. Eu achava engraçado a maneira que a palavra "mano" tinha um significado bem mais real quando saia da boa de um de nós dois.
Um sorriso sarcástico que mostrava os dentes brotou no meu rosto pardo quando ele fez a pergunta.
- O que, sinceramente, você acha que as pessoas fazem dentro de uma biblioteca?
- Você não gosta de ler, Ethan - Gray acusou-me com uma voz esganiçada.
Abri a grande porta de vidro da saída, deixando-o sair primeiro com uma leve referência. Ao ver que meu irmão passou, virei uma última vez a procura de Anne, mas ela não estava mais lá.
- Você está certo - Dei de ombros, continuando a conversa sem poder mentir sobre o que fazia e muito menos demonstrar que estava lá por um problema de saia e batom, como ele também estava - Mas eu estava... Fazendo uma pesquisa.
- Pesquisa? - Tando a ingenuidade quanto a curiosidade dele cortava-me o coração. Não, talvez a palavra certa não seja essa. A confiança que ele atribuía a mim era de matar qualquer um. Isso sim.
- Sim, claro - "pesquisando a interação entre a língua do sexo oposto e a minha, otário", pensei em dizer - Mas me diga você, seu grande garanhão, pegando muitas gatinhas?
Gostava de fazer parecer que era mais velho, mesmo tendo cerca de vinte minutos a menos de vida. E, ao que tudo indicava, ele gostava de parecer mais novo.
A certeza de que algo acontecia entre ele e Jazz foi mais uma vez confirmada quando vi seu rosto moreno tornar-se vermelho em questão de segundos.
Que gracinha, Grayson. Gostando da caipira?
- Nenhuma por enquanto - Ele mentiu por razões inexplicáveis.
- Ah, não? - Arqueei uma das sobrancelhas grossas e escuras, e encarei sua alma pelos olhos.
- Que tipo de pesquisa estava fazendo? - Quando tentou mudar de assunto, um gargalhada escandalosa saiu de dentro de mim nessa hora. A essa altura o rosto de Grayson já estava em chamas, e pergunta não dominava mais seus pensamentos.
Por que esconder as coisas do seu irmaozinho?
Depois disso nós caminhamos juntos até nossa casa. Ele levou minha bicicleta prateada ao lado do corpo por todo o trajeto, eu não me ofereci para ajuda-lo. E Grayson tinha orgulho demais para pedir-me isso.
O vento fazia força aquela hora da tarde, me fazendo não ter opção a não ser tirar o boné da cabeça antes de perde-lo. Com o cabelo assim, estava clara nossa maior diferença.
Tinhamos prazer em apontar tudo que não se assemelhava entre nós na maioria do tempo.
Porque, superficialmente, nós ainda somos parecidos.
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