3.1 - Grayson's fault

ETHAN:

Minha bicicleta ficou presa por uma corrente do lado de fora do grande edifício. Tinha suado muito menos do que quando fui de casa até a escola, mesmo assim não deixei de formar uma nova cratera na camada de ozônio com a quantidade de desodorante que passei por todo o corpo.

- Anne? - Pergunto em forma de sussurro para mim mesmo quando entro na grande biblioteca "Van Houten". A grande vantagem de aparecer aqui todos os dias era justamente saber encontrar os lugares sem necessitar de ajuda externa.

Meus passos decididos caminharam até o cercado infantil colorido que ficava em um cômodo a parte quase escondido do estabelecimento para que causasse o mínimo possível de reclamações por barulho.

Giro a maçaneta com bastante cuidado e dou um passo para frente, com os dedos da mao esquerda cruzados atrás das costas e uma torcida silenciosa para encontra-la.

- Crianças! Olha quem chegou: o Romeu! - Meu coração afroxou-se ao ouvir a voz doce dela em minha direção. Uma multidão de pequenos projetos de pessoas correram para me abraçar como uma matilha de lobos famintos e animados.

- Desculpe por isso, Ethan, estávamos lendo uma adaptação de sheakespeare - ela continuou, soltando uma leve risada no final.

Sentada em um banco de madeira, a moça estava vestida como a personificação do significado de realeza. Seus olhos amarelados brilhavam tanto quanto as jóias baratas que se mostravam encrustadas na fantasia.

- Você é mesmo o Romeu? - Uma menininha perguntou para mim

- Bom, isso vai depender de quem é a Julieta... - Eu respondi rapidamente.

- É a tia Anne, é a tia Anne! - outro garoto gritou do fundo da sala colorida.

- Onde está a sua fantasia? - Pude ouvir mais um deles me perguntar.

Abraçando a roda de crianças que gradativamente voltava para o lugar, meu olhar se ergueu para o rosto dela mais uma vez, procurando saber como responder a pergunta.

Mas claro que dentro da minha mente já tinha formado respostas possíveis.

- Na verdade, meus pequenos pirralhos - Baguncei o penteado de alguns deles com a mão - Sou um informante nobre da família da Julieta e estou aqui para dizer que o baile só vai começar amanhã e que...

Vamos, Ethan, termine essa sua desculpa esfarrapada!

- Todos devem ir para suas casas se aprontar e mais tarde terminaremos essa história, estamos entendidos?

De forma até inesperada, pequenas pessoas de menos de um metro e trinta começaram a correr e gritar de um lado para o outro até o lado de fora do espaço infantil. Foi necessário bastante tempo para que o falatório parasse.

- Ainda faltam cerca de vinte minutos para o primeiro pai aparecer - Anne disse com um sorriso enquanto se levantava. Soltou seus longos cabelos castanhos e cacheados do coque e começou a balança-los.

- Eles vão sobreviver, acredite - dou de ombros, me aproximando dela.

Anne era rápida como eu - e poderia ser tão maldosa quanto se quisesse de verdade -, e logo levou sua mão até a minha nuca, puxando meu corpo em direção ao dela para roubar-me um beijo demorado. Minha saudade dessa saudação divina que somente ela poderia fazer era enorme.

O gloss que ela usava continuava com o mesmo gosto de melancia e seus dedos gelados agora pressionavam-se contra minha pele branca bronzeada debaixo da bainha da blusa.

- Fazia tempo que eu não sentia esse seu cheiro - Anne comenta.

A segurei pela cintura e a ergui do chão, colocando-a em cima da prateleira infantil que a deixava com o rosto rente ao meu e, dessa maneira, eu não ficaria corcunda cada vez que pressionava meus lábios contra os dela.

Tudo para ela era motivo para dar um de seus sorrisos perfeitos.

- O que foi? - Pergunto contagiado com seu humor.

- Nada... - A menina, de uma só vez, puxa minha camisa para cima até que o tecido azul tivesse passado pela minha cabeça totalmente.

Seus dedos faziam desenhos imaginários pelas minhas costas nuas enquanto eu estava mais ocupado com colar minha boca a dela.

- Anne, o que as suas crianças... - ouvi alguém abrir a porta do cômodo das crianças. Tratei olhar para a direção de onde vinha o som e passei a mão pelos cabelos - Gray? O....o que você pensa que está fazendo... com ela?

Era Jazz.

Nem eu nem Anne movemos ao menos um músculo com sua chegada.

Os olhos da recepcionistazinha estavam marejados e confusos, e faziam meu coração querer esclarecer para ela que quem ela chamava de Grayson era na verdade meu irmão - e não eu - mas minha mente era muito mais perversa do que isso:

- Oh, não é isso que você entendeu, eu posso explicar... - Comecei a falar como um cavalheiro, com muito drama sendo carregado na voz.

- Você é tão idiota, sabia disso? - Nervosa, ela bateu o pé e também a porta de modo que eu pensei que fosse estilhaçar todo o vidro escuro.

Ficou tudo muito quieto depois disso. Uma tensão pairava como oxigênio no nosso ar compartilhado.

- Ela disse "Gray"? - Anne interrompe o silêncio com sua gargalhada escandalosa, e me faz rir também - Ethan, você não presta.

- Eu sei - Nossas risadas abafam o som do meu anjo bom martelando sob a minha cabeça.

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