Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora?
(Quem acertar o autor ganha um beijo).

GRAYSON

- Grayson? - Virei a cabeça para o outro lado - Grayson, você está dormindo?

Abri um dos olhos bem vagarosamente, pouco a pouco percebendo que o fone de ouvido tinha saído da entrada, fazendo o som ecoar pela sala. O rosto dela estava bem próximo, e seus olhos pareciam duas vezes maiores do que já eram - mesmo que já fossem bem grandes.

- Não - disse com voz de sono - estou bem acordado.

Ela sorriu para mim.

- Você estava babando, Dolan. Por acaso você baba acordado?

A garota segurava o script nas mãos. Apoiou sua cabeça no meu colo e começou a falar sobre em voz alta:

- Sabe uma cena legal que tem aqui? - Não esperou a resposta - O baile, sem dúvidas.

Suas pernas que estavam no apoio de mão da cadeira balançavam junto à música que tocada no Mp3.

- Ah, é? - Por instinto, comecei a fazer alguns nós nos cabelos lisos dela. Para ser sincero não me interessava pelo assunto tanto quanto ela, mas gostava de ver seus olhos brilhando.

- Pois é... - levou o dedo indicador até a ponta da língua antes de passar para a próxima página - Tem uma dança no meio dela, sabe? Podíamos tentar...

Jessie comprimiu os lábios, pedindo em silêncio para dançarmos agora.

Mas tínhamos um problema.

- Ah, não. Obrigado, mas eu não sei dançar - Recusei a oferta.

- Eu me recuso a acreditar nisso, Gray - Jazz se levantou.

- Estou falando sério! - Dei risada no momento em que fui puxado para cima do palco.

Jessie era tão baixa que seu cabelo bateria no meu peito (ou será que eu era muito alto?) se não estivesse sempre com um salto pequeno nos pés.

- Coloca a mão na minha - Ela ergueu a palma na mão para cima - Agora gira.

E eu girei junto com a menina. Passada por passada, num ritmo de três em três.

- Dessa vez, leva a mão até a minha cintura, Dolan.

Devagar, Jazz fez questão de, ao invés de simplesmente tirar minha mão da sua e colocar no lugar, desliza-la por todas as suas curvas pelo caminho.

Ela sabe que não tenho certo controle de uma específica região do corpo e mesmo assim teima em brincar comigo.

- Não tira os olhos dos meus. Finja que eles são bonitos - Brincou.

- Mas eles são - Respondi com cara de sério.

- Eles são castanhos. Olhos castanhos não são bonitos.

Um, dois, três. Um, dois, três. Nós giravamos como um carrossel.

- Os seus são.

Trocamos de lado.

- Você diz isso porque os seus ficam verdes na luz, caso contrário concordaria comigo.

Um, dois, três. Ela estava tentando arranjar um pretexto para brigarmos por alguma coisa aleatória.

- Seus olhos são lindos, Julieta. Lide com isso - Disse para terminar a conversa.

Então seu celular começou a vibrar descontroladamente. Fiquei bravo com a pessoa qualquer que tinha nos interrompido naquele instante.

Foi num movimento rápido em que ela sacou o celular do bolso e abriu a tela com uma senha longa (seus dedos eram surpreendentemente ágeis com o aparelho).

- Um segundo, gatinho.

- Ahn... Grayson? - Ela perguntou enquanto mexia no telefone - Você tinha me dito que não conhecia Anne.

- E eu não conheço - Franzi o cenho.

- Bom, então Ethan deve estar prometendo matar outro Gray que conhece ela - A garota ficou irada de uma hora pra outra. Revirou os olhos e saiu do teatro sem dizer mais nada.

- Mas o que?