"O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, "esse lugar confuso", o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida".
- Caio Fernando Abreu

ETHAN

Nesse dia, eu comecei a entender todas aquelas pessoas que viviam com medo de serem machucadas por outras.

Depois do meu show, tudo que precisávamos saber naquele momento do dia era: Quem vai ser "o novo Romeu"?

- Isso é puro teatro, Grayson. Não é como se eu estivesse interessado... nela - Fingi esquecer o nome de Jazz.

Não existia beijo algum na cena que fizemos, entretanto não a ouvi reclamar de nada até agora. Isso quer dizer que, se meu irmão realmente conhecesse a peça desse ano, estaria muito mais bravo.

- É... Claro - Ela bateu a mão na própria testa - Por um momento, até achei que era você, Gray!

- Hum... Acho bom - Ele respondeu. Era engraçado ve-lo bravo, porque era tão exagerado que mal parecia ser real.

Então, Jessie tirou o chapéu de diretora e deixou-o no chão de madeira do palco rasoavelmemte grande, pulou o degrau que nos separava da platéia, e caminhou até o meu irmão.

Eu cruzei os braços.

- Você está triste? - A menina fez bico. Era como se fosse outra pessoa quando estava nesse ambiente.

Mais atrevida.

Seus cabelos loiros (que agora eram lisos, e não cacheados), pendiam para um lado da cabeça perfeitamente, com pequenas ondas no meio. Jessie estava sorrindo de forma brincalhona, e isso deixava seu nariz com pequenas marcas de expressão.

- Você vai ficar beijando qualquer um por aí e colocar a culpa no teatro depois? - Ele disse, sem graça.

A garota olhou para mim, depois para ele.

- Mas aquele é seu irmão.

- Descobriu isso sozinha, Sherlock? - Interferi na conversa enquanto me sentava na borda do palco.

- Saber que ele é meu irmão e não eu só torna as coisas piores... - Grayson continuou com seu papo meloso.

Ele não se cansa, não?

- Você não assiste novela? Não sabe que não significa nada? Não entende que...

- Assim você me ofende, gatinha - Interrompi outra vez, colocando a mão no peito como se estivesse sentindo a dor das suas palavras.

- Ethan! Cala a boca! - Ele gritou.

- Você também tem que calar a boca! - Jazz disse para ele - Você... Você é ciumento e controlador!

Meu Deus! Ela era pura atuação!

A menina colocou cada mão de um lado do pescoço dele, massageando vagarosamente. Balançou a cabeça de um lado para o outro de modo bem calmo antes de dizer:

- Talvez seja melhor se Ethan fizesse o papel.

- O que? Por que?

- Você não foi muito bem - Estava tentando ser gentil, roçando o dedão na bochecha dele.

- Você foi péssimo, cara. Desiste.

Não tinha como não deixar passar. Nada no meu irmão preenchiam os requisitos para fazer parte do grupo. Literalmente nada!

Ele era duro e não carregava emoção na voz.

- Você realmente foi péssimo, Gray - Finalmente alguém que concorda comigo, desenroscando-se dele e caminhando para sentar ao meu lado - Esta decidido! Ethan será o Romeu principal... e você pode ser o substituto. O lado bom é que ninguém vai perceber se trocarmos no meio das cenas.

- Isso é verdade - Concordei com as extremidades a boca pendendo para baixo.

- Mas...

- Sem mais, Grayson! Eu escolhi o outro gêmeo.

Quando ela piscou para mim, já sabia o que deveria fazer:

- Acho que vou indo - eu disse.

Dei um pulo para sair do palco - não precisava passar por aquilo. Quero dizer, quando Anne estava comigo, não tinha como saber que ela também estava com Aaron, e isso era bom de certa forma.

Agora, dar em cima dos dois na cara dura? Não. Eu não estava preparado.

Aquela garota realmente acha que pode brincar conosco como fossemos objeto. Mas o que ela não sabe, é que dois podem jogar esse jogo.

Saí da escola pela porta de saída com a cabeça baixa. Com ambas as mãos nos bolsos do moletom. Com o cenho franzido.

E com muitos, muitos pensamentos confusos.

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Olá, pessoal! Iai? Gostaram?
Bom, eu preciso dizer para vocês que chegamos ao meio da história! E eu estou muito feliz com todo esse feedback de vocês, então o que me resta agora é agradecer muito.