10.1 - who's taking you home tonight?
"E quanto mais eu lembro do calor que foi, mais eu sinto frio"
ETHAN
Minha irmã dormia como uma criança no banco do passageiro do próprio carro. Aliás, roncava também. Mesmo desejando muito continuar minha conversa com ela, eu não poderia culpa-la por nada.
Antes de pegar no sono, eu lembro dela me confundir com Gray mais uma vez – como quando éramos menores e Cameron trocava nossos nomes propositalmente. “Isso nunca vai perder a graça! ”, ela dizia aos berros enquanto corria pela casa e gargalhava alto.
Lembrar de algo como isso me fez sorrir mais uma vez.
Olhei para o retrovisor externo duas ou três vezes antes de virar a esquerda na rua da casa de Aaron, traçando o caminho mais rápido para nossa casa. A noite estava tão calma nesse momento que, se eu não tivesse feito o que fiz essa manhã toda, duvidaria de quem me contasse sobre o que aconteceu.
Somente uma coisa poderia quebrar esse silencio divino. Grayson.
- Lá vem... - Eu disse.
Quando vi, ele e a garota da biblioteca já estavam correndo pelo jardim. Eram típicos adolescentes fazendo o que sabem fazer de melhor – confusão.
- Ei, seus 0tários! – Apertei a buzina do carro com força – Aqui!
Cameron nem ao menos se mexeu com o barulho.
- Ethan? – Jazz perguntou ao abrir a porta do carro. Ela estava muito mais bonita do que nos dias normais, para dizer o mínimo.
- Esperava que fosse alguma outra pessoa, docinho?
- Cala a boca – Grayson entrou logo em seguida, trazendo consigo seu bom humor.
- Não está mais aqui quem falou – Dei risada, voltando a dirigir pelas ruas vazias – Achei que a festa já tinha acabado há muito tempo...
- E acabou – Ele me respondeu. Sem mais.
- Hum... sei – Pelo retrovisor, vi o constrangimento no rosto da garota, que se escondia cada vez mais no ombro do meu irmão.
Como ele conseguia? Ele poderia dizer coisas tão idiotas quanto eu, e mesmo assim não fazia a menor diferença. Ele continuava a ser o gêmeo bom.
E eu insistia em parecer o mal.
- Você vai me dizer onde mora, Jazz, ou eu vou ter que adivinhar? - Ergui uma das sobrancelhas, mesmo sabendo que ela não estava vendo meu rosto.
Ignorando minha ignorância, a garota me disse o nome da rua. Não ficava muito longe, mas também não era perto - cerca de vinte minutos.
Foi a partir desse momento que o carro voltou a ficar silencioso exceto pelo ronco alto da passageira e do motor.
Mesmo com o trânsito tão livre, o retrovisor interno era uma desculpa para poder observar Jazz e Grayson de relance. Eles cochichavam algo - talvez uma piada que só os dois entendessem, ou algo que perceberam em mim e que não pudessem falar em voz alta. Até mesmo, quem sabe, grandes sacanagens.
Eu me sentia mal por isso.
Não por eles. Eles que se fod4m.
Como era fácil para mim me tornar a sombra de alguém que eu nunca poderia ser - e que era idêntico! Quero dizer que, pelo menos nesse momento, toda atenção estava toda e somente voltada à ele.
Então, me tirando dos devaneios, ela estalou um tapa no braço de Grayson.
- Não acredito! - Ela riu baixinho, e ele também. Eu revirei os olhos.
Talvez tenha sido sorte divina ou o peso do meu pé no acelerador, eu não sei. O que eu sei, é que chegamos na casa da garota poucos minutos depois.
Puxei o freio de mão e disse em seguida:
- Vamos saindo! Quer que eu abra a porta também, querida?
- Ela não é a sua querida - Meu irmão me corrigiu.
- Muito menos sua, Grayson - Ela corrigiu meu irmão.
- O importante é que ela tire a bunda grade do meu carro - Continuei a falar.
- Esse carro não é seu - Cameron diz sua primeira palavra desde que entramos.
- Ah, quem é vivo sempre aparece, não é mesmo?! - Solto uma risada falsa.
Grayson abriu a porta e saiu pouco antes dela. Ao ver que os dois estavam perto da entrada, eu pude apoiar a cabeça no banco e respirar fundo.
Uma vez... Duas...
- Por que você insiste nesse personagem, Ethan? – Cameron perguntou antes que eu pudesse tirar meu cinto.
- Como disse? - Perguntei com o cenho franzido.
- Você não é assim, E-tee-wee-tee - Ela apelou para meu apelido de infância, o que me incomodou um pouco.
- Não sou - Dei de ombros, olhando para o lado de fora.
- Você é gentil..
- Novamente, ela bocejou de sono - Eu realmente não entendo sua bipolaridade.
- Eu só não quero ser como ele, Cam.
Ela adormeceu mais uma vez.
Perto da porta de entrada de Jazz, eu a vi tomar a atitude de beijar meu irmão. Ela subiu suas mãos pequenas por debaixo da sua camisa, enquanto isso ele brincava com os cabelos dela.
Antes de voltar para o carro, ele disse alguma coisa que não pude ouvir direito.
E eu continuei ali.
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