Capítulo 24 - O Senhor do Destino
Fazia uma semana que eu tinha ganhado alta no hospital. Foi muito trabalhoso convencer a minha avó, Adam, Oliver e Nicky a me deixarem fazer alguma coisa. Já não aguentava mais ficar sentada em cima de uma cama. Eu tinha que fazer algo.
Eu estava basicamente trabalhando com a parte da inteligência, mas mesmo assim era muito bom me sentir útil. Quer dizer, não tão útil assim, pois para quem teve a Morgana dentro da cabeça por muito tempo, eu era uma péssima pessoa para adivinhar os seus próximos passos.
Nem ao menos conseguia entender o que ela estava fazendo...
Os pontos de destruição eram tão espalhados por Nihal, e eu não via lógica alguma naquilo. Era somente destruição desmedida, não havia uma província alvo, e muito menos sabíamos a província que ia ser atacada.
Era horrível ver a minha imagem ser assimilada com tanta destruição. Meu nome estava começando a ficar temido em Nihal. A situação ficou de um jeito, que não era mais seguro que eu saísse dos nossos esconderijos. Eu provocava medo e confusão onde quer que estivesse.
Mas o que mais me revoltava naquilo era o número de inocentes envolvidos. O número de vítimas aumentava a cada dia.
Sempre que terminavam as reuniões, eu ficava na sala, tentando capturar alguma coisa que tivesse perdido. Estava tão concentrada olhando um mapa de Nihal, com os pontos de destruição que nem percebi que eu não estava mais sozinha na sala.
– Já passou da hora do almoço linda, você não vai comer nada? – Adam sentou numa cadeira ao meu lado e colocou uma mecha do meu cabelo detrás da minha orelha.
– Não estou com fome... – sorrio e me estico um pouco na sua direção para lhe dar um selinho.
– Mas você ainda vai comer alguma coisa não é?
– Claro... – volto a encarar o mapa. – Só queria descobrir o que é que ela está tramando...
– Não se cobre demais assim Meg, você ainda vai descobrir. Não hesite em pedir a nossa ajuda se precisar.
– Obrigada – começo a sentir um pouco de dor de cabeça, então prefiro fazer o que o Adam me pediu, e comer alguma coisa. Batidas na porta e minha avó entra. Ela segurava uma bandeja com o que eu creio que seja meu almoço.
– Já que você não vai almoçar, eu trouxe algo pra você Meg – minha avó diz, colocando a bandeja numa mesa vazia perto da porta. Ela colocou uma cadeira na frente e pediu que eu me sentasse.
Como rapidamente o almoço, nem percebi que estava com tanta fome assim. Terminava de tomar o meu suco quando as luzes da sala oscilaram, e a temperatura lá dentro aumentou uns dez graus, no mínimo. Olhei apreensiva para minha avó e Adam, nos aproximamos e assumimos uma posição de combate. Percebemos que aquilo não era normal.
– Não precisam de tudo isso – a voz me era conhecida. Relaxo um pouco os ombros quando eu me lembro de quem é o dono dessa voz.
Fred se materializa na nossa frente. Eu sei que é ele pela sua voz e pelas suas feições, mas eu tenho que dizer, ele mudou muito.
Ao redor dele agora brilhava uma luz calmante e amarela. Seu rosto, apesar de não ter mudado nada, assumiu uma feição mais séria. Ele parecia um pouco maior e ele tinha ganhado uma mecha branca em seu cabelo, do lado direito.
– Fred! – o cumprimento e não relaxo de vez. Ainda poderia ser um truque.
– Eu te disse que da próxima vez que nos víssemos, seríamos diferentes. E aqui estou eu, diferente, encontrando com o seu diferente.
– Você agora é o Senhor do Destino? – pergunto.
– Sim. Agora sou o responsável pelo destino de cada criatura viva da face da terra – uau isso parece ser muito trabalho. – Inclusive o seu Megan.
– O meu?
– Sim. Estou aqui para fazer com que você cumpra o seu destino. Eu tenho que te ajudar a dar o primeiro passo.
– Primeiro passo, que história é essa, você sempre disse que não interfere nas ações de uma pessoa, que sempre deixa que ela siga com o destino dela.
– Mas você deve saber que você não é qualquer pessoa. E eu não irei interferir Megan. Só te farei dar o primeiro passo.
– Não me entenda mal, mas isso parece um trabalho muito pequeno para uma pessoa com responsabilidades com as suas.
– Eu tinha que vir. Eu tinha que fazer isso. Pois o seu destino é a peça chave do destino de Nihal.
– Então sem pressão não é? – sinto o peso das palavras que ele tinha acabado de me falar.
– Não há como amenizar as minhas palavras Megan. O que eu tenho que falar, é muito importante. Por isso, me escute com calma.
– Claro – eu falo junto da minha avó e do Adam.
– Você terá que passar por algumas provações. Essas provações vão te guiar a dominar completamente o seu domínio de sangue, além de mostrar se você está apta ou não a governar tudo e todos, como é seu direito. Além de te mostrar como pode ser bem mais fácil você bater de frente com a sua metade.
– Espera aí um momento. Eu vou ter a chance de governar Nihal? Mas eu nem conheço muito bem como funcionam as coisas por aqui, muito menos o que as províncias necessitam...
– Nada tema Megan. Henry também passou por essas provações antes de assumir o seu papel de rei em Nihal. Se tudo der certo, você também será coroada rainha. E não haverá ninguém que conseguirá te parar.
– Não sei se estou preparada para isso.
– A preparação e o sentimento de governar vão ser implantados no seu coração durante as provações. E no final, é sempre você que decidirá se governará ou não, não posso obrigar a ninguém a fazer algo que não queira.
– Você sabe que é muita informação que você me deu agora.
– Sim, eu sei disso. Mas nem para mimo destino e claro. São diversas curvas e decisões que mudam de maneira aleatória e eu só posso tomar alguma atitude quando o caminho e claro, como agora. Eu tenho que te fazer trilhar esse caminho.
– Não é como se eu tivesse muita escolha não é?
– Sempre temos escolha Megan. O que muda é o estado do coração e da mente quando a tomamos. Você pode recusar, e eu não irei obrigá-la a nada. Mas você passará por provações, elas serão diferentes e os resultados poderão ser diferentes do que você espera. Só estou lhe dando a sua melhor chance, agora que você não tem a maior parte da sua escuridão.
– Mas o que eu tenho que fazer Fred? Você não me explicou muito bem...
– E nem posso fazê-lo Megan. Você tem que descobrir por si mesma o que deve fazer e como deve agir em cada provação!
– Mas isso é maluquice!
– Não é maluquice. Essas provações são necessárias para que você seja bem sucedida na sua luta com a sua metade.
– Você não pode nem dizer sobre o que se trata cada provação.
– Você terá guias durante as suas provações. Eles vão guiar você pelo caminho.
– Fred, eu estou com medo.
– Nada tema Megan. Se você se manter fiel às verdadeiras crenças do seu coração, nada irá lhe afetar – ele tenta me tranquilizar. – Mas está na hora.
– Já? – meu coração estava batendo descontrolado.
– Sim. Vou lhe dar alguns momentos, se você quiser falar com os seus amigos e família, a sua jornada será longa – e falando isso, Fred se desfaz numa cortina de fumaça.
Fico muito feliz por nesse momento estar numa sala com Adam, minha avó e Oliver. Ali em Nihal, essas eram as pessoas que eu gostaria de me despedir mesmo.
Dou um abraço em Oliver e peço para que ele se cuide e de todos ao seu redor. Minha avó fala comigo também, me deseja muita sabedoria e paz no coração. Ela me enche de beijos e abraços e pede para que eu tome muito cuidado. Peço à ela que cuide dos nossos amigos por mim, principalmente do Adam. Ela sorri e diz para que eu fique tranquila, que ela vai cuidar muito bem das coisas quando eu me ausentar.
Então que eu tenho que me despedir de Adam.
Nos aproximamos sem falar nada e ele me puxa para um abraço apertado. Meus olhos se enchem de lágrimas sem saber o motivo. Seus dedos apertam com força as minhas costas e senti como se aquilo fosse uma despedida derradeira.
Seguro o seu rosto com minhas mãos e falo o mais calmamente que consigo.
– Não precisa de tudo isso não Adam, daqui a pouco eu estarei de volta, você vai ver – ele abre um sorriso triste.
– Sentirei a sua falta minha linda.
– E eu sentirei a sua também lindo – fico na ponta dos pés e dou um beijo na ponta do seu nariz.
– Promete pra mim que você vai tomar cuidado a passo que vai dar, que vai prestar atenção em tudo ao seu redor, que não vai se deixar vencer por essas provações. Que você vai voltar para mim...
– Eu prometo Adam, nem que seja a última coisa que eu faça, eu voltarei.
Ele segura o meu rosto e me puxa para os seus lábios de forma apaixonada. Meu coração balançou tanto, parecia até o nosso primeiro beijo. Meu estômago revirou de uma maneira maravilhosa e quando ele me soltou eu tinha um enorme sorriso nos lábios.
– Cuidado – ele diz coma boca quase colada na minha.
– Eu terei.
– Está na hora – Fred, que nem tinha notado que ele tinha voltado, fala e eu me afasto de todos.
Fred vem flutuando ao meu lado e quando chegamos a uma distância considerável ele para e se vira para me encarar. Ele tem o mesmo olhar de quando me viu pela primeira vez. Era divertido e misterioso.
– Você está pronta?
– Não. Mas que escolha eu tenho?
Ele coloca a mão em meu ombro e uma luz começa a nos rodear. Não consigo permanecer de olhos abertos, então tapo meus olhos com as mãos. A luminosidade é muito forte. Tenho que colocar as mãos na frente dos olhos para não ser doloroso.
Mas esse brilho excessivo não dura por muito tempo.
– Já pode abrir os olhos Megan – Fred diz.
Estávamos dentro de uma bolha. E abaixo de nós, me impressionei com o tamanho daquela cidade. Não reconheci o lugar, mas não perdia em nada para as grandes metrópoles mundiais. As pessoas andavam rápido, não interagiam, parecia que cada uma estava dentro de uma bolha particular.
– Essa é a sua primeira provação – Fred diz. – Espero que tenha sucesso.
E com isso ele estoura a bolha em que estávamos e eu sem ter tempo nenhum de reação, caio de bunda no chão. Doeu. Quando eu levanto a cabeça para reclamar com o jeito que ele me soltou lá, vejo que ele não está mais lá.
Estava sozinha num lugar que eu desconhecia, rodeada de pessoas que eu nunca tinha visto na vida, e não que eu precisasse, mas ninguém teve a decência de me ajudar a levantar.
Fico de pé e logo levo um esbarrão no ombro, tenho que dar uns dois passos pra frente para não cair.
– Não olha por onde olha não?! – uma voz feminina conhecida briga comigo. Quando ergo o olhar mal consigo acreditar em quem os meus olhos estão vendo.
Era Maunga, a primeira guardiã da terra. Só que ela estava bem diferente, com aquelas roupas atuais e os cabelos estavam um pouco mais compridos, chegando ao comprimento do seu queixo. Ela inda era uma mulher impressionantemente forte e alta. Seu físico de fisiculturista não tinha mudado quase nada.
– Megan? – ela parece confusa de me ver ali.
– Oi Maunga – tento parecer simpática.
– Mas o que você está fazendo aqui? – ela parece preocupada e começa a olhar para todos os lados. Então toma a minha mão e me tira do fluxo constante de pessoas.
– Vim passar por provações. Fre... Quer dizer, o Senhor do Destino que me trouxe até aqui.
– Senhor do Destino huh? Você finalmente veio aqui para ter mais conhecimento sobre aquela escuridão dentro de você não é?
– Pode-se dizer que sim...
– E você já descobriu a sua provação?
– Ainda não.
– Não é bom você ficar aqui distraída como estava... Você pode acabar se machucando...
– Me machucando, que história é essa?
– Megan, estamos no local para onde todos os dominadores que já existiram no mundo vão quando morrem. Tanto os bons quanto os ruins.
– Tipo um céu mágico?
– Você resumiu bem a situação. Aqui todos podemos usar domínios. Você tem sempre que olhar por onde anda, se você tivesse esbarrado com qualquer outra pessoa, poderia ter um destino bem diferente.
– Não pensei muito sobre isso, não me deram muitas informações sobre o que eu tenho que fazer aqui...
– Você quer ir para a minha casa, para pensar melhor?
– Acho que é uma boa ideia e...
– MEGAN WHITE! – uma voz profunda, me fez tremer. De onde tinha vindo aquela voz?
– Deixa eu adivinhar, isso não é um bom sinal? – falo olhando para o rosto surpreso da Maunga.
– Não mesmo. Se o seu nome for chamado, você irá até o topo do prédio mais alto, para ser a juíza de um julgamento – ela aponta para um arranha céu enorme, tão alto que se perdia o topo entre as nuvens.
– Juíza? Julgamento? De quem? – começo a lançar um monte de perguntas, mas a minha visão vai ficando nublada.
– Não há tempo Megan. Você já está sendo transportada. Seja justa. Tenha compaixão e não escute o que...
Não escuto mais nada e quando abro os olhos estou numa grande sala quadrada. Nunca tinha entrado num julgamento antes, mas a sala era igualzinha as que eu tinha visto na televisão. Uma cadeira alta para o juiz sentar. Uma bancada ao lado da cadeira do juiz, onde as testemunhas seriam ouvidas. Do meu lado direito o local onde o júri ficaria. Do lado esquerdo um rosto conhecido. E atrás de mim uma multidão de pessoas em pé, olhando fixamente para a porta logo atrás da última fileira de cadeiras.
– O juiz irá entrar! – alguém fala ali dentro.
O que antes era um burburinho baixo, se transforma no mais completo silêncio quando as portas se abrem e Huru entra no recinto. Mas o que diachos o primeiro rei de Nihal estava fazendo ali? O que a Hau estava fazendo ali tão perto de mim?
Huru caminha com calam e se senta na cadeira mais alta. Faz um gesto para que todos se sentem, e fazemos isso. Eu não estava entendendo nada do que acontecia ali. Por que raios eu estava ali naquela mesa, como se eu fosse a acusadora?
Estava tão dispersa em meus pensamentos que nem percebi quando o júri entrou na sala e ocupou os seus lugares. Só prestei atenção quando escutei a voz bondosa e profunda do Huru.
– Vamos dar início ao julgamento da dominadora Hau Windy. Primeira dominadora de ar, terceira filha do domínio. Acusação ficará em cargo da dominadora Megan White. Decidiremos hoje o destino de Hau Windy.
O que a Hau tinha feito para passar por esse julgamento? E por que logo eu tinha sido encarregada da sua acusação. Isso não faz o menor sentido.
– As duas, por favor, se aproximem da bancada.
Mesmo continuando a não entender nada, eu fui me aproximando da bancada. Olhei par Hau e ela tinha o olhar fixo no chão. Ela estava com o rosto completamente vermelho e não entendi o motivo dela não me olhar. Quando ergueu a cabeça, foi para olhar diretamente para o seu pai.
– Você está ciente dos motivos que te trouxeram aqui hoje, não está Hau? – ele diz com uma voz arrastada, ele me parece desconfortável com toda aquela situação.
– Sim, eu sei – ela diz decidida, mas não diz mais nada.
– Então podemos começar.
– Espera! – digo quando os dois ameaçam a voltar para as suas posições e eu ainda não faço a menor ideia do que está acontecendo. – Será que vocês podem me explicar o que está acontecendo aqui? Não sei qual é a acusação da Hau, então não faz o menor sentido eu ser quem irá acusá-la.
– Ela está sendo acusada de planejar a separação sua e do seu namorado, Adam Krauss.
– Como é que é? – pergunto um pouco alterada. Quando olho para Hau ela ainda não tem coragem de me encarar, ela olha fixamente para suas mãos. – Me separar do Adam?
– Sim, é verdade – ela diz com uma voz fraca e sua respiração começa a falhar.
– Olha, não é desmerecendo os métodos de vocês nem nada do gênero, mas não acham que é um julgamento grande demais para uma acusação pequena?
– Não é uma acusação pequena, não quando envolve amor senhorita White. A senhorita Windy tinha consciência disso, mas não recuou.
– Eu não acho que...
– O julgamento irá acontecer senhorita White – ele me corta de uma maneira nada educada e pede que voltemos para as nossas mesas. Não me resta outra opção além de aceitar o que ele me fala e ir até a minha mesa.
Um silêncio assustador se instala naquela sala.
– Que entre a primeira testemunha! – Huru fala e magicamente Moana aparece sentada na cadeira ao lado da bancada do rei. – Moana. Você jura dizer a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade perante a mim e o júri?
– Sim – ela diz num sorriso triste e me olha como se estivesse pedindo desculpas antecipadas.
– Maravilha. Então vamos aos fatos. É verdade que você passou um bom período de tempo com a acusada, a acusadora e a pessoa objeto da cobiça?
– Sim. Foram umas boas semanas, em que eu estava ensinando a Megan o domínio da água, enquanto a Hau ensinava o domínio do ar ao Adam.
– E durante esse tempo, é válido dizer que você criou um laço com a acusadora em questão?
– Gosto de pensar que sim – ela sorri de uma forma doce pra mim. E era verdade, eu também acredito que criamos um laço.
– Então não é loucura dizer que a acusada também criou um laço com o seu pupilo em questão, não é?
– Não posso confirmar isso. Afinal, somente cada um pode confirmar os sentimentos que possui dentro do coração.
– Mas não é loucura pensar que é possível.
– Não, não é.
– E esse laço pode evoluir... Não pode? – porque ele estava sendo tão cruel assim? Não gostei nem um pouco das suas perguntas.
E outra. Porque ele já está fazendo essas suposições que levam as acusações? Eu não era a acusadora em questão? Mesmo com medo, fico de pé e me ponho a falar em alto e bom som.
– Chega com essas acusações! – fico de pé e consigo escutar um burburinho na plateia que ouvia atentamente ao Huru. Nem espero alguém começar a falar, vou logo dizendo o que nem sabia que estava entalado na minha garganta. – Não sei o motivo desse júri aqui, nem das acusações, nem dessa desconfiança toda! Isso não está certo. Não quero e nunca quis acusar a Hau de nada!
– Você então está dizendo que nunca quis tirar satisfações com ela por olhar com desejo para o seu namorado, Adam Krauss?
– Não! Longe disso!
– Então você ficou feliz por ela desejar o senhor Krauss?!
– Você está distorcendo completamente as minhas palavras! Não vou dar uma de idiota aqui dizendo que fiquei feliz por ela ter se interessado pelo Adam! Mas não a culpo! Caramba. Reconheço que ela conseguiu segurar os sentimentos dela da melhor forma que pode. Eu não tenho a menor das intenções de acusar a Hau de coisa alguma! Ela não fez nada de errado. Afinal, quem manda no coração? Poxa, que atire a primeira pedra quem nunca teve uma paixão proibida? Ela tem plena consciência dos meus sentimentos, dos do Adam e dos dela. Por que interferir? Isso tudo aqui é uma grande perda de tempo!
Sem se importar muito com o discurso que eu tinha acabado de dar, Huru fica de pé e manda vir a segunda testemunha. Moana desaparece e quem está agora sentado no lugar dela é o Uira.
– Se apresente ao júri – Huru diz ao belo homem sentado ao lado dele.
– Uira Light.
– Você também passou um tempo com o casal em questão não foi?
– Sim, mas infelizmente eu passei mais tempo com o senhor Krauss, do que com a Megan – ele diz com o seu sorriso sedutor e tenho que desviar o meu olhar do dele.
– E você pode explicar o motivo da sua tristeza por esse fato senhor Light?
– Não escondo de ninguém o meu interesse nessa bela senhorita aqui na nossa frente. Todos sabem. Ela sabe. Adam sabe, e agora todos vocês aqui sabem.
– Foi por conta do tempo que você passaram juntos? – Huru pergunta não escondendo a malícia na sua voz. O que eu tinha de dizer para aquilo acabar?
– Não sei ao certo se foi por isso, mas só sei que não consegui pensar em outra coisa assim que eu pousei os olhos na Megan...
– Mas mesmo assim você nunca fez nenhuma ação! Você não separou a mim e o Adam! Sentimentos por sentimentos, você também poderia estar ocupando o lugar da sua irmã! – falo alto, meio que sem pensar.
– Muito bem dito senhorita White, então vamos arrumar isso aqui! – Huru diz e num movimento rápido de mãos, Uira sai da cadeira de testemunha e aparece sentado ao lado da irmã, na mesa acusada.
– Não foi nesse sentido que eu quis falar isso Huru! Cansei disso! Eu não culpo a Hau por ter se apaixonado ou sei lá o quê pelo Adam. Eu não tenho como culpar o Uira por sentir algo por mim. Infelizmente eu não correspondo os sentimentos do Uira e sei que o Adam também não corresponde os sentimentos da Hau. Infelizmente é assim que acontece algumas vezes. Eu não os culpo, e a título desse tribunal ou sei lá que presepada é essa, eu os perdoo por todos os possíveis crimes que tenham cometido contra mim! Vocês me ouviram bem? – olho para as pessoas que estavam localizadas na bancada do júri. – Não precisam julgar esses dois por qualquer coisa que falem aqui no tribunal. Digo sem sombra de dúvidas que o que falaram aqui hoje, sobre as ações e sentimentos desses dois, um dos lados mais afetado era o meu. E eu os perdoo. Do fundo do meu coração eu os perdoo.
Não achei que os dois precisassem de perdão, afinal, o que tinha feito não era nada demais. Mas eu falei tudo aquilo de coração. Não havia um pingo de mentira ou ressentimento na minha voz. Tudo parecia ter acontecido há tanto tempo atrás, que não havia mágoa alguma em mim.
– Você tem certeza disso Megan? – Huru pergunta com uma voz profunda, que em outros tempos provavelmente ficaria com medo, mas tinha a certeza dentro de mim, não haveria nada que ele pudesse fazer para mudar a minha ideia.
– Absoluta.
Ele passa alguns segundos olhando de uma forma bem intimidadora para mim e nem me encolhi. Ergui o meu queixo para mostrar a minha posição. E então para a minha completa confusão, Huru abre um sorriso enorme.
– Fico muito feliz por ouvir isso – ele diz e nem tenho tempo de fazer algo quando ele me puxa para um abraço apertado.
– Eu também fiquei – olho pro lado, me espantando ao ver Fred sentado em um dos lugares do júri. Ele sempre esteve aí?
– O que está acontecendo?! – pergunto confusa.
– Você acaba de passar pela primeira provação Megan – Fred me explica, se levantando e vindo na nossa direção, flutuando em seu imenso poder. Ele sorri ao me encarar. – A provação do perdão. Que você é capaz de perdoar a quem seja, mesmo se já se sentiu ameaçada por eles ou suas ações.
– Isso tudo foi uma provação? – arregalo os olhos.
– Sim. E você passou gloriosamente por ela... Muito bem senhorita White – Fred me parabeniza. – Se você quiser já posso te levar até a sua próxima provação.
– Posso só falar algumas palavrinhas aqui com esses três? – aponto para a parte da família que fez as meus últimos minutos serem completamente malucos.
– Claro. Leve o tempo que precisar – ele desaparece numa névoa na minha frente e me viro para encarar os três. O primeiro que peço para conversar às sós é Huru.
Agora ele já não tinha aquele olhar de superioridade, não emanava mais aquela energia medonha dele. Era quase como se ele tivesse virado outra pessoa.
– Desculpe pelas palavras duras. Precisávamos ter certeza que você faria a escolha certa, mesmo sob pressão.
– Tudo bem. Eventualmente eu vou entender o motivo de tudo isso. Não vou me deixar dobrar com a pressão.
– Use essa sua cabeça boa e o coração renovado Megan. Você pode alcançar tudo o que quiser se manter os dois em sincronia. Lembre-se disso. E eu quero desejar sorte a você. As provações são duras, mas você conhecerá um novo lado seu, um lado que nem sabia que existia, um lado que vai te acompanhar para sempre.
– Obrigada rei Huru. Vou levar as suas palavras num lugar especial, não me esquecerei.
– Sabedoria Megan, é o maior poder do mundo – ele sorri e se afasta de mim.
Nem preciso falar nada que praticamente Uira apareceu na minha frente com o seu sorriso sedutor de sempre e um brilho descontraído em seus olhos.
– Obrigado por me defender no tribunal Megan – ele segura a minha mão e dá um beijo nas costas dela. – Não precisava fazer isso, mas fez. Você realmente é o pacote completo garota.
– Espero que você encontre em outra pessoa Uira o que você acredita ter encontrado em mim – digo sincera.
– Obrigado mais uma vez Megan. Assim eu também espero – ele sorri de um jeito triste, de um jeito que eu nunca tinha visto. Meu coração apertou um pouco, não queria que ele ficasse triste, mas isso estava fora do meu alcance. – Mas ei! – ele volta a falar. – Se um dia você se desiludir do Adam, ou se quiser mudar de ares, você sabe onde me encontrar. É só me chamar que eu vou te encontrar – ele diz com o seu sorriso rotineiro, deixando para trás o vislumbre de algo que eu pensei ter visto.
– Posso te chamar se eu precisar de um amigo. Pois somos amigos não somos?
– Claro que somos. E reformulando a frase. Me chame quando quiser, quando precisar. Vou ficar muito feliz em te ajudar.
– Fico muito feliz em saber disso.
– Não sei se eu já estou esticando essa coisa de amigos, mas eu posso te pedir uma coisa como amigo?
– Sim. Claro que pode, se eu puder ajudar.
– Pega leve com a minha irmã, pode ser? Ela ficou muito abalada quando foi convocada pelo destino para fazer parte dessa sua provação. Ela realmente gosta do Adam, mas você tem que acreditar em mim que ela nunca faria mal algum a vocês.
– E eu acredito Adam, nem precisa dizer nada. Posso até ter tido ciúmes dela, mas não acredito que tenha guardado algum ressentimento – sorrio de forma tranquilizante pra ele e então ele se afasta.
Então eu vou falar com a Hau.
– Então, você está legal? – pergunto assim que me aproximo dela. Ela estava com uma postura completamente derrotada e aquilo me deixou um pouco triste.
– Estou – ela era uma péssima mentirosa. Ela não estava nada bem.
– Você deveria se animar um pouco. Eu realmente quis dizer tudo aquilo. Eu não quero que você pense que eu tenho alguma raiva de você ou se te acuso de alguma coisa. Acredite em mim quando digo que sei como é me apaixonar lentamente pelo Adam.
– Desculpe-me Megan.
– Não há o que desculpar Hau. Não há como calar ou mandar no coração. Está tudo bem.
– Conversando assim com você dá para perceber os motivos de Adam ser tão apaixonado por você. Megan, você realmente é uma pessoa boa.
– Eu tenho o meu lado escuro.
– Mas ele ama o seu lado escuro também – ela diz num suspiro triste. Mas depois de tomar uma enorme respiração ela ergue a cabeça e muda um pouco a sua postura. Ela abre um sorriso tímido, mas verdadeiro. – E eu espero que você sejam felizes.
– Obrigada Hau.
– Estou sendo sincera.
– Sei disso – ela fica sem palavras quando a puxo para um abraço sincero. – Fica bem tá? E se precisar de alguma, pode me procurar – digo num sorriso.
– O-obrigada – ela fica corada e afirma com a cabeça.
Me sinto bem melhor depois dessa provação. Como se tivesse ficado um pouco mais leve, ou sei lá o quê. Mas sei que aquela sensação iria permanecer um bom tempo comigo. Respiro fundo e chamo Fred. Ele se materializa na minha frente e me pergunta sereno.
– Pronta?
– Sim. Vamos a segunda provação.
Ele segura o meu ombro e uma luz branca me cegapor alguns segundos. Pensei que a primeira provação seria uma coisa maisdifícil, mas pelo estado do meu coração agora me sinto pronta para o que vierpela frente. Se as outras provações fossem assim, não demoraria muito para queeu pudesse enfrentar a minha outra metade.
Sexta feira! Dia de alegria, dia de descansar e dia de OND :D Aqui está um capítulo um pouco mais longo do que o usual. Espero que vocês gostem ^^ E agora que eu vou poder ler os comentários de vocês. :D Por isso, se gostou, não se esqueça de deixar seu voto e comentário aqui :D
E esse capítulo é dedicado à @anaclaudiasouza3954, @Rebeca0201 e @LarissaPiment MUITO OBRIGADA pessoal querido pelo suporte, pela paciência e pelo carinho incondicional de cada um <3 Vocês são TOPTOPTOP :D
Um beijo enorme e até a próxima provação. O que vocês acham que é? :*
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