Capítulo 22 - Emboscada
Contei no mínimo umas vinte pessoas que nos rodeavam. Todos os tipos de elemento nos rodeavam e eu tentei procurar alguma pequena brecha que pudéssemos escapar. Mas eles estavam bem organizados e espalhados. Não encontrei uma simples abertura.
A única chance é darmos o primeiro passo, então não vacilo quando avanço na frente, jogando alguns homens para trás, torcendo para que pelo menos um ficasse desacordado, mas infelizmente não é isso o que acontece.
Os ensinamentos de Martin em combates corpo a corpo estão frescos na minha memória e aliando eles aos meus domínios eu estava conseguindo me defender dos ataques consecutivos que me jogavam.
Não queria machucar ninguém mais do que o necessário, e o meu cuidado excessivo estava me mantendo somente na defensiva.
Era impossível não olhar na direção do Tobias. Eu queria colocar as minhas mãos nele e... Não! Sem pensamentos sanguinários... Não sei se pela minha distração no momento ou por falha minha mesmo, mas conseguem me acertar.
A pancada no lado esquerdo da minha cabeça me deixa um pouco zonza e desorientada. Não evito minha queda ao chão. Mas não me deixo abater tanto e fico de pé. Mas não deveria ter feito isso muito rápido, pois minha visão escurece e escuto um zumbido baixo em meus ouvidos.
O chão parece se mover abaixo dos meus pés e é uma luta para eu permanecer em pé. Sem ver e sem ouvir, tenho que confiar nos meus instintos e faço uma redoma de fogo, me protegendo.
Mas pelo visto não faço isso direito, pois sinto outra pancada em minha cabeça e dessa vez não consigo manter a minha consciência.
Abro os olhos e tudo o que eu vejo é fogo e destruição. Mas o que foi que aconteceu aqui?
Meu peito dói e vejo vários corpos machucados, e espero muito que estejam somente desacordados, aos meus pés. Não lembro como foi que conseguimos ganhar. A última coisa que eu lembro é escutar a...
Não.
Ela não poderia ter tomado o controle. Poderia?
Meu olhar é puxado para um local não muito distante de mim. Uma pequena formação rochosa bem anormal para o lugar. Mas o que chama mais a atenção não é isso, mas sim o corpo que está colado à rocha.
Adam.
Gelo quando vejo uma mancha de sangue estampada na pedra. Só de pensar que o sangue poderia ser dele tremo inteira. Sua roupa estava rasgada, as manchas de sangue eram perceptíveis. Por favor, esteja bem.
Será que está? – aquela voz diz e eu me encho de dúvida e desespero.
Não teria coragem de me aproximar do Adam. Não teria coragem de me aproximar de ninguém ali. Os corpos pareciam tão estáticos e eu me preparei para o pior. Meus pés pesam umas mil toneladas cada e eu tento absorver o cenário ao meu redor.
Mas isso não me faz bem. Meus joelhos perdem a força e eu caio no chão. Minhas mãos ensanguentadas me deixam nervosa.
O chão estava tomado em brasas que encadeavam com muita intensidade ainda. O ar estava pesado, com muita poeira voando e tinha um cheiro inconfundível de fumaça e sangue. Olho para baixo e vejo que as minhas pernas estão cheias de arranhões. E alguns dele são bem profundos.
Tento limpar, sem muito sucesso, o sangue seco no tecido do meu vestido. Esfrego tantas vezes e com tanta força as minhas mãos que acabo rasgando o vestido. Minhas mãos estão quentes e culpadas.
Enterro meus dedos no meu couro cabeludo e puxo com força, tentando resgatar nas minhas memórias o que tinha acabado de acontecer ali. Mas não consigo lembrar de nada. Eu já tinha perdido o controle algumas vezes para a minha mente, mas eu sempre vi o que estava acontecendo.
E isso não podia ser uma coisa boa.
Solto um grito preso no fundo da minha garganta. Grito, até meus pulmões não conseguirem mais, até a minha garganta arder, até minha boca ficar seca.
Algo remexe dentro de mim.
– Você perdeu toda a brincadeira Megan... – aquela voz ácida fala dentro da minha cabeça.
– Sabia que tinha que ser coisa sua. Você que fez tudo isso?
– Claro.
– O que você fez com o Adam e o Oliver? Se algo tiver acontecido com eles...
– O que você pode fazer? Me matar? Você sabe que não pode fazer isso, não sem tirar a sua vida junto... E nós duas sabemos que você não tem a coragem.
– Calada! Calada! Calada! – grito e sacudo a minha cabeça. Sei que era bem ridículo, mas pelo menos ela parou de falar.
Mesmo sendo ela, tenho a certeza que eu não faria algo que pudesse machucar o Adam ou o Oliver. O meu subconsciente é mais forte do que o ódio que ela guarda dentro de mim. Eles devem estar vivos.
Sinto o mesmo tremor dentro de mim. E junto do tremor, minha visão começa a embaçar. Não, de novo não.
~ Adam ~
Estávamos cercados.
Oliver cospe um monte de sangue no chão e encosta as suas costas nas minhas.
– Isso não vai ser nada fácil. O Tobias trouxe tanta gente assim com ele porque eu acabei por descobrir algumas coisas bem cabeludas que ele está planejando. Descobri e ainda consegui provas.
– Por isso que tem tantos dominadores assim.
– Sim. E tomem cuidado. Essa daqui é a tropa especial dele.
– Teremos cuidado – Meg diz. – Eu dou conta desses sete na minha frente – ela anuncia e nem nos dá o tempo de reagir, já vai logo jogando uma parede de terra em cima dos homens à sua frente.
– Não podemos ficar parados. Eu não vou perder o Tobias de vista. Você me dá cobertura? – Oliver fala ajustando o seu anel.
– Claro.
Não estava acostumado com combates em desvantagem numérica, mas pela quantidade mínima de golpes que eu estava recebendo, acredito que estava fazendo um bom trabalho.
Estava só um pouco receoso pois não estava conseguindo ver muito o que a Meg estava fazendo, mas sei que ela vai conseguir sem ajuda. Eram muitos elementos voando, era difícil manter o foco.
Consigo imobilizar os três caras que estavam ao meu redor, e com esses três eu já estou livre. Olho para o meu lado direito e encontro Oliver ainda lutando contra um homem que deve ter, no mínimo, o dobro do seu tamanho.
Já no meu lado esquerdo, arregalo os olhos quando vejo Megan segurando os ombros do Tobias, ele estava parado e nem parecia querer sair dali. Será que ela tinha usado o domínio de mente nele? Não, logo o Tobias? Ele com certeza deve estar protegido contra ele.
Me aproximo dos dois, e um arrepio percorre a minha espinha quando é o Tobias que avisa à minha namorada que eu estou me aproximando.
– Quer que eu me livre dele? – Tobias fala.
– Não seja precipitado! – Megan fala e sinto o tom de ameaça em sua voz.
– Você que sabe... – o homem que não tinha um arranhão sequer no corpo começa a se afastar de nós. Eu não deixaria.
– Nos falamos em breve, certo? – essa não era a minha namorada.
– Estarei esperando – ele dá as costas e eu fico enfurecido. Crio uma lança de fogo e raio miro no seu peito. Ele não pode dar as costas para um inimigo assim...
Mas no meio do movimento do meu braço, uma sensação de queimação faz com que eu perca um pouco o movimento e só consigo atingir o seu ombro esquerdo. Meu sangue parece ferver em meu braço e começo a tremê-lo.
– Foi mal Tobias, deveria ter parado o movimento mais cedo – Megan se desculpa com um Tobias muito enfurecido que olha na nossa direção.
Ele retira a lança e a joga no chão. E sem dizer mais nenhuma palavra, se vira de costas novamente e continua a caminhar. Meus braços queimam, mas eu ainda tenho as minhas pernas, não vou deixá-lo fugir.
Mas não consigo dar dois passos quando as minhas pernas queimam na mesma intensidade que os meus braços.
– Vamos lá Adam, coopere comigo, deixe o Tobias sair daqui... – Megan finalmente vira na minha direção e seus olhos estão cheios de lágrimas vermelhas.
– Eu não posso deixar... – mesmo com a dor eu continuo a andar. Mas quando eu dou o próximo passo, se torna impossível continuar.
– Então você não me deixa outra escolha.
A dor chega a beira do insuportável e mesmo eu sabendo que a Megan não faria uma coisa dessas comigo, é horrível olhar em seu rosto enquanto sofro no chão. Tobias já saiu do nosso campo de vista e ela vai diminuindo gradativamente o seu domínio sobre o meu sangue.
Tudo o que compõe os meus braços e pernas doem e latejam compulsivamente. Essa é uma dor que eu não desejaria nem ao meu pior inimigo. Esse domínio é muito perigoso. E muito mortal.
– Você se aliou ao Tobias? – pergunto controlando a minha respiração.
– Não é bem uma aliança... São somente alguns interesses em comum que temos. Uma mão lava a outra. Simples.
– Nada é tão simples quanto você imagina.
– Aí é que você se engana Adam.
– E agora o que você pretende fazer? – não sei qual seria o próximo passo dela, mas sabia que tinha que ajudar a Megan.
– Eu pretendo dar o fora daqui.
– E o que você vai fazer quando a minha Meg tirar você daí? Quando ela te colocar no lugar que você insiste em sair?
– E quem disse que ela vai a algum lugar? – há um brilho esperançoso em seu olhar quando ela fala isso. Qual será o seu próximo passo?
– Como assim?
– Isso mesmo que você ouviu doce Adam. A Megan não vai poder fazer mais nada para me impedir. Não tem mais jeito.
– Impossível.
– É? Espere e veja.
Ela assume uma posição de ataque e meus braços e pernas demoram demais para me responder. Droga, não vai dar tempo. O jeito é tentar falar com ela.
– Megan não! – grito e é um pouco tarde demais. O chão treme e me joga longe.
Uma rocha praticamente brota no chão e não consigo fazer muita coisa além de me chocar contra ela e perder a consciência.
Minha testa queima e me tira do meu estado de dormência. Meu corpo estava fraco e mal consigo reunir as forças que precisava para sentar no chão em brasas. Não muito longe de mim eu consegui ver Oliver amarrado à um tronco de árvore, coberto com uma camada de gelo.
Megan! Onde ela estava? Olho ao redor tentando encontrá-la e um nó se forma em minha garganta.
Uma cratera de destruição nos rodeava. Troncos de árvore caídos, escombros de casas, tijolos, elementos, numa grande massa de horror.
Estava usando toda a minha força para manter os meus olhos abertos. O silêncio mortal que dominada é quebrado por um gemido de dor. Com muito esforço movo a minha cabeça para conseguir encarar a Megan.
Ela estava ajoelhada no chão e tinha as duas mãos em seus cabelos. Ela estava com o rosto escondido e abaixado.
Mas então a sua cabeça é jogada para trás, numa posição que não parece ser muito confortável.
Seu corpo começa a ganhar um brilho não natural. Começo a ficar preocupado com ela. Sua pele ganhou uma coloração esbranquiçada e parecia que o corpo dela estava aumentando de tamanho. Começo a piscar os olhos com força, somente para ter certeza daquilo que eu estava vendo.
Suas mãos e pernas começam a ficar negros. Isso não é nada bom.
Uma gota de suor frio escorre pela minha testa e desce com dificuldade quando tento me colocar de pé. Foi uma missão difícil e dolorida. E quando eu estou de pé, apoiado no tronco caído de uma árvore, o que eu vejo já me parece sem jeito.
Meg flutua uns cinco palmos acima do chão e tem metade do seu corpo emanando uma luz branca, brilhante e vívida. Já a outra metade é somente um breu, uma massa escura e tenebrosa. O que está acontecendo aqui?
As duas metades continuam a expandir e a cada centímetro que se separavam, começavam a ganhar uma forma que eu conhecia muito bem. E quando a luz se separa da massa escura, consigo ver dois corpos idênticos da mesma Megan. Um pedaço de luz foi com a sombra e um pedaço de sombra permaneceu na luz.
O corpo que se originou da massa brilhante, cai no chão, completamente imóvel, parecendo até sem vida.
Já o que se originou da massa escura, cai ao chão de uma maneira mais "viva". Seus braços e pernas amenizaram o seu impacto com o chão, mas ela parecia muito enfraquecida. Veias grandes e negras cobriam o seu corpo.
Eu não queria acreditar no que eu tinha presenciado. Forço o meu corpo para frente, mas os meus músculos não querem mais me obedecer. Eu atingi o meu limite.
O chão começa tremer debaixo dos meus pés e para continuar de pé, praticamente me jogo contra o tronco. Ergo a cabeça e o que eu vejo gela o meu sangue.
O sangue que estava espalhado por todo aquele local começa a flutuar no ar. Flutua e começa a se acumular próximo da Megan que tinha saído das trevas. Não sei como, mas o sangue começa a penetrar em sua pele.
A cada gota que entra, ela parece mais forte, e vai se erguendo mais facilmente. E quando não há mais nada para que ela possa absorver, seus olhos abrem e brilham como dois diamantes banhados em sangue.
O sorriso que ela abre é perverso. Faz movimentos circulares com o pescoço, como se aquilo tivesse sido apenas um aquecimento. Dá dois pulinhos e mexe as pernas como se tivesse passado muito tempo com elas paradas.
Vejo quando ela olha para a outra Meg deitada, desacordada no chão e seu sorriso estica um pouco mais. Pensei que fosse se aproximar do corpo no chão, mas ela não o faz. Em vez disso, seu olhar crava no meu.
Seus olhos travam nos meus e ela vem se aproximando. Deveria estar preocupado, pois meu corpo está paralisado, mas não consigo sentir nada nesse momento.
Ela para na minha frente e não fala nada, me analisa da cabeça aos pés e seu rosto não demonstra nenhuma emoção. Me lembro da última vez que estive cara a cara assim com ela e não é uma lembrança muito agradável.
– Você – encaro os olhos vermelhos da cópia que tinha acabado de sair do corpo da minha namorada.
– Adam – ela sorri e sinto um arrepio percorrer a minha espinha. A semelhança era de assustar.
O cabelo, o formato do rosto, o jeito como o cabelo caía sobre os ombros, até mesmo o seu cheiro era igual ao da Megan. Somente os seus olhos as diferenciavam. Enquanto os da Megan eram de um azul agora nebuloso, os dela brilhavam no tom de vermelho assustador.
Não existiam olhos assim. Não deveriam existir.
– Manda um beijo pra Megan quando ela acordar,certo? – fico sem reação quando ela cola os seus lábios nos meus por um breve momento e fica de fé, praticamente saltitando para longe dali.
Eu não tinha enxergado errado, eu não tinha enlouquecido. A outra personalidade da Megan tinha acabado de ganhar vida.
E agora? Meu forninho tá no chão GENTE, A COISA RUIM SE LIBERTOU. O que vocês acham que irá acontecer agora? Louca para saber o que vocês acham que vai acontecer aqui agora!!!
Tão curiosa pra saber, que nem falei direito com vocês não é? kkkkkkkk Boa noite dominadores!!! Como estão nessa linda noite? (ou belo dia ou tarde dependendo da hora que você for ler) Espero do fundo do meu coração que vocês estejam bem.
Serei beeeem sincera com vocês. O capítulo demorou pois estava (estou) passando por um bloqueio terrível. Estava empacada há um tempo nessas páginas que acabei de postar. kkkkkkk mas uma luz de inspiração veio hoje e consegui terminar ^^ E de tamanha felicidade, ele está indo assim mesmo, sem revisão.
Esse capítulo é dedicado à @Lohsantoss, @Jediho e @NinaNeves Mais de quinze mil vezes obrigada por acompanharem o livro. Seus votos e palavras positivas me ajudaram a sair dessa mizera de bloqueio kkkkkkkk Um beijo enorme e especial no coração de vocês ;** Continuem sendo esses leitores lindos e perfumados que vocês são ;D
Obrigada a vocês que me acompanham com todo o amor do mundo. Beijos e até breve (assim espero). Ahhhh, eu ia me esquecendo. Não se esqueça de deixar seu voto aqui se você gostou. Ele é MUITO importante para mim. E estou com um bônus em mente, aguardem :D
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