Capítulo 20 - Não no meu turno!

Abro os olhos somente para perceber que eu ainda estou no mesmo lugar em que o Tobias me deixou. Eu pensei que ele fosse me machucar mais, mas estou com os mesmos ferimentos. O sangue tinha parado de sair por elas. Tudo dolorido como deveria estar.

Mas todas as dores estão escondidas atrás da dor intensa que se instalou no meu peito.

Se alguém triturasse o meu peito não doeria tanto. Apoio a minha mão em cima da dor, e a pele debaixo da minha mão está bem quente. Não sei quanto tempo se passou, mas como ainda está de tarde, não imagino que tenha passado muito tempo desacordada.

E outra, se eu tivesse sentido essa dor estando desacordada, eu com certeza despertaria. Essa dor é capaz até de levantar defunto!

Olho para o meu peito e sei que não é normal poder ver o seu peito bater por cima da pele. Meu peito chegava a inchar mais ou menos um dedo com o movimento. A cada pulso era um grito que eu tinha que controlar.

Não consigo juntar as forças necessárias para me erguer do chão. A terra está fria e úmida. E eu enterrava os meus dedos com força nela sempre que eu era acometida com a dor. O que estava acontecendo comigo?

Nunca pensei que eu pudesse desejar aquilo, mas eu gostaria que o meu coração parasse de bater agora. Aquela dor era diferente de tudo aquilo que eu já tinha sentido. Era grande demais para aguentar.

Mas quando eu penso nas pessoas que eu quero ver, nas pessoas que estão sempre comigo, nas pessoas que dependem de mim, percebo que o que eu estou pensando é ridículo e eu tenho que lidar com aquela dor. Tinha que dar um jeito.

É então que eu vejo uma luz no fim do túnel. E o nome dessa luz é Nicky.

Ele vem na minha direção e me socorre de imediato. Tento falar para ele que aquelas feridas ali não doem tanto quanto a minha interna, mas me sinto melhor quando ele me dá um analgésico para dor.

- Onde está o Tobias Megan?

- Não sei, eu o perdi de vista... Ele me atacou e não pude mais segui-lo...

- Tudo bem... Ele vai deixar algum rastro depois... Ele vai ter que voltar, dar alguma nota sobre o casamento da filha... Não se preocupe com isso.

- E os outros?

- Estão bem Megan. Os ferimentos foram leves. Vamos superar essa...

Ele me leva para um hospital emergencial perto. Está lotado com os feridos do casamento. Uma confusão e gritaria. Mas mesmo assim fui atendida rapidamente.

Mas estou muito preocupada com o meu peito. Ninguém sabia o que tinha acontecido, mas todos perceberam que não era normal. Sorrio ao ver o Adam entrar no pequeno quarto compartilhado que estava.

- Megan - ele me abraça e meu coração dispara, não consigo segurar o grito. - Desculpe. Não sabia que você tinha se machucado assim...

- Tudo bem. Nem os médicos ainda sabem o que está de errado comigo ainda...

- Como assim?

- Isso mesmo que você ouviu... Meu peito está doendo, mas não sei o que está causando isso... Mas como ficaram as coisas no castelo?

- Não precisa se preocupar com isso agora Adam. Vai ficar tudo bem.

Não demora muito para dona Edith entrar como um furacão no quarto também. E é quando a dor piora muito. Rasgo o tecido que está me incomodando e me impressiono com o modo que a minha pele está.

E a partir tudo desse momento tudo só fez piorar.

Fui movida de hospital. Dias começaram a passar e a dor só era administrada.

A pele não só do peito, mas como do corpo inteiro está muito vermelha e eu estou com uma febre de esquentar até água. Sinto frio, sinto calor, sinto como se areia que corresse em minhas veias, sinto como se não houvesse ar o suficiente para respirar, sinto sono, sinto medo, sinto principalmente medo.

Minha avó entra no quarto de dez em dez minutos e ela parece estar muito mal.

Queria falar ou fazer algo por ela, mas no meu estado é impossível. Sempre que eu tento falar alguma coisa é como se milhares de lâminas pressionassem contra a minha garganta.

O pior de tudo era não saber o que estava acontecendo. Não foi detectado nenhum tipo de toxina no meu corpo, nenhuma magia, encantamento, nada que pudesse me fazer ficar desse jeito.

Já fui testada diversas vezes para diversas coisas e perdi a conta de quantos médicos vieram me examinar e concluíram a mesma coisa que os outros. Um grande nada. Mas o meu corpo estava entrando em colapso.

Mas pelo menos eu tinha agora o auxílio de poções poderosas que estavam me ajudando a lidar com a dor no peito. Tum. Dor. Tum. Dor. Tum. Dor. Não conseguia dormir, não conseguia descansar. Eu estava exausta.

Faziam mais de três dias que eu não conseguia pregar o olho, nem para um mínimo cochilo. Se pelo menos eu conseguisse me acostumar com aquela dor no peito, eu poderia fechar os olhos por pelo menos uns quinze minutos. Já me serviria.

Eu mentia para a minha avó e para o Adam. Eles pensavam que eu conseguia descansar minimamente. Somente Oliver e Nick sabiam do meu estado real. Odiava fazer isso, mas os dois estavam tão perto no limite deles, não queria colocar mais nada para eles suportarem.

Um dos médicos me dá um poção que, em suas palavras, vai fazer com que eu consiga falar sem danificar as minhas cordas vocais. E cumpre a sua função. Pelo menos em partes, eu não tenho certeza se não vai danificar as minhas cordas vocais, mas sei que agora pelo menos eu estava conseguindo falar. Agradeço o médico.

Adam entra no meu quarto, e pelas olheiras abaixo de seus olhos ele estava descansando tanto quanto eu.

- Oi minha linda - ele fala e dá um beijo em minha testa.

- Oi meu lindo. Como você está Dam? Você me parece um pouco abatido...

- Fala a pessoa que está no hospital e ninguém sabe o que ela tem... Se alguém aqui tem o direito ficar abatido é você minha linda.

- Nada de abatimento Adam! Se tem uma coisa que a minha avó sempre me diz é que não importa a doença ou o problema, não devemos nos deixar abalar ou abater...

- Ela é sábia. Você tem que escutá-la... Mas espera aí um momento. Você está falando? - ele diz espantado.

- Sim. O doutor me fez beber uma poção que ajuda a minha garganta. É uma alegria sem tamanho poder falar... Minha mão já estava começando a doer de tanto que eu estava escrevendo.

- Isso é ótimo Meg - ele sorri, mas não deu para esconder a careta de dor que eu fiz quando senti a pontada no meu peito. Droga. O efeito estava passando. Daqui a poucos minutos eu não conseguiria mais suportar a dor no meu peito.

Estava percebendo que o efeito da poção que estavam me dando estava diminuindo. A dor voltava bem mais rápida com cada dose que me davam. E sei que não era somente impressão, mas o efeito também estava reduzindo. A dor não diminuía como na primeira vez.

- Já voltou? - ele pergunta e olha no seu relógio de pulso. Concordo com a cabeça e aperto o metal na lateral da minha cama. Isso vai ficar muito pior se eu ficar nervosa. Tenho que manter os batimentos baixos, se o meu coração acelerar, vou delirar com a dor.

- Você pode chamar alguém Adam? - minha voz sai cortada, sofrida. Mas eu tinha que suportar até que me dessem a próxima dose de alívio.

Ele nem responde, já sai do quarto como um raio de luz e volta trazendo uma enfermeira e um doutor. Meu coração pulsa com tamanha intensidade que eu tenho a certeza que ele vai sair por qualquer cavidade do meu corpo, até mesmo abrir uma cavidade para sair. Meus ouvidos zumbiam e pulsavam. Os dois avaliam os meus sinais vitais e quando sentem que meu coração vai começar a acelerar, me dão mais uma dose.

A dor cessa um pouco.

Meus olhos pesam demais. Tudo o que eu quero é dormir, e as minhas melhores oportunidades é quando acabo de tomar o remédio. Mas não dá. Simplesmente não consigo parar de sentir as batidas do meu coração.

Estou irritada e mal percebo quando as primeiras lágrimas escorrem pelos meus olhos. Estava exausta. O que eu não daria por cinco minutos de sono... Adam disse que ia sair e me deixar descansando mais um pouco.

O quarto está silencioso agora e fico de olhos fechados esperando que por algum milagre, meu corpo me deixe descansar. Os passos são tão silenciosos que fico em alerta. Mas reconheço o cheiro da minha avó em qualquer lugar.

- O que está acontecendo com você princesa - ela segura a minha mão e fala tão baixo que se ela não estivesse do meu lado, provavelmente não escutaria.

Ela não aperta a minha mão acredito que com medo de me acordar. É bom que ela ainda tenha a ilusão que eu estou descansando. E então ela começa a falar algumas palavras que eu não conhecia. Parecia um mantra, uma oração. Não sei ao certo. Mas sorri ao escutar.

- Eu vou descobrir o que você tem minha neta. É uma promessa, nem que eu tenha que ler todos os livros já escritos na história de Nihal - ela aperta de leve a minha mão e eu aperto a dela.

Mas não porque eu quero.

Gostaria que ela pensasse que eu ainda estava dormindo. Mas o motivo foi outro. Os músculos do meu braço arderam e começaram a se debater. Minha boca está aberta e sinto o gosto de sangue inundá-la. De onde vinha esse sangue?

- Megan, seu nariz... Seus olhos - minha avó fala alarmada e aperta um botão próximo a cama, chamando os médicos.

Uma mão vai no meu nariz e o outro em meus olhos. E como eu imaginava os dois estavam sangrando. O meu nariz tudo bem, mas eu não gostava nem um pouco de chorar sangue. Isso nunca era um bom sinal.

- Vó... - fico sentada na cama e tento estancar o sangue no meu nariz. Respiro fundo pela boca algumas vezes. Não vou me desesperar agora.

- Fique calma Megan. Agora vamos precisar que você permaneça calma... - minha avó fala com uma voz doce, e de certo modo, me acalmou.

Três pessoas entram no quarto. Não sei o motivo, mas não consigo focar em seus rostos para mim só são vultos quentes. Minha visão estava escurecendo e estava ficando difícil manter meus olhos abertos.

Escuto um monte de apitos ao meu lado. Minha avó grita para alguém ali dentro para me salvar. Eu sentia suas mãos em mim. Ouvia tudo. Mas o meu coração não estava batendo. O zumbido característico do aparelho do meu lado indicava que eu não tinha mais batimentos.

E eu ainda estava lá.

Um grito tão característico de dor do Adam me faz querer encolher e abrir os olhos. E então... Tum. Abro os olhos. Tum. A dor volta a me assombrar. Tum. Meus olhos enchem de lágrimas.

Tum. Tum. Tum. Tum. Tum. Tum. Tum. Tum.

E foge ao meu controle como ele acelera. Grito e aperto com força o meu peito. A vontade que eu tinha era de enfiar a mão no peito e arrancar aquela maldita fonte de dor. Respirava com muita dificuldade.

Eu não estava delirando, o meu peito estava quente. A pele estava vermelha e sensível. Mais um grito sai da minha garganta e os médicos que estavam ao meu redor caem no chão, gritando em suas próprias dores.

Suas peles ficam vermelhas e bolhas aparecem. Parece o meu domínio de sangue, mas eu tenho certeza que eu não quis fazer isso... Fico logo preocupada com a minha avó que está ali. Se acontecesse o mesmo com ela...

- Vó a senhora tem que sair daqui - grito para ela.

- Não vou a lugar nenhum.

- Mas e os médicos... Deve ser o meu domínio de sangue, deve estar fora de controle... Não posso deixar que o mesmo aconteça com a senhora.

- Isso não é obra sua Megan.

- Como pode ter tanta certeza? Olhe nos meus olhos e diga que eu sou maluca por pensar nisso.

- Você nunca mataria alguém Megan - ela fala com convicção que sinto o meu estômago se contorcer no mesmo momento.

- Tem certeza sobre isso? - falo e sinto uma lágrima escorrer.

Sinto uma força me puxar para trás e me deito na cama. E uma pressão na minha cabeça. Ao olhar para baixo perco a fala diante do que eu estou encarando.

Minha pele logo acima do coração está esticando. Crescendo, inchando e tomando forma. Era como se tivesse uma mão pressionando a minha pele pelo lado de dentro. Doía como um inferno.

Minhas mãos tremiam e por puro reflexo eu tentei abaixar a mão que tentava sair.

- Você acha que somente isso vai me impedir? - então era isso. Aquela voz. Aquela maldita voz. Era ela que estava fazendo isso com o meu corpo. Era isso que ela queria.

Liberdade.

A mão arrasta as unhas por debaixo da pele e nem consigo começar a descrever a dor. Só não digo e torço para isso ser um sonho, pois é muito real, tudo o que eu sinto é real demais.

Mas definitivamente é surreal demais olhar para o seu peito e ter um par de mãos ali querendo sair de você, parecendo até um daqueles filmes de alien. Assustador.

A combinação dos meus dias sem dormir, com aquelas ondas de dor estavam querendo levar a minha consciência. E eu não tinha um pior momento para perder o controle de mim.

Faço o que mais tem sentido para mim, me fecho numa bola e abraço com toda a força que ainda tenho os meus joelhos.

Adam entra no quarto e leva uns dois segundos para olhar para tudo ao seu redor e tirar a sua conclusão. Ele vem ao meu lado e põe a mão em meu ombro.

Ele não me pergunta se estou bem pois é bem óbvio que não estou. É para completar mesmo a situação, meus olhos começam a se fechar sozinhos.

- Megan! Não se entregue! - minha avó grita, mas ela já parece tão distante...

- Meg! Não se deixe abater! - a voz do Adam me parece mais distante ainda, mesmo sabendo e sentindo que ele está segurando o meu ombro.

- Por favor Adam, não deixa isso sair de mim - e não consigo mais afastar a escuridão dos meus pensamentos.


Boa noite dominadores@! Como vocês vão? Eu vou bem. Bem atarefada. Geeeeente, como está difícil encontrar um tempinho pra escrever. Mas como eu sou brasileira e não desisto nunca, vou continuar a minha saga para escrever ^^ Sempre que tiver um tempinho livre vou escrever uns parágrafos ^^

Saudade de vocês! Poxa, parece que eu não venho aqui há uma eternidade! Mas então, o que vocês acharam do capítulo. Um pouco sofrimento e dor demais, eu sei, mas esse capítulo é tão importante para o desenrolar da história... E se vocês gostaram do capítulo, não esqueçam de deixar seu voto, e comentário, adoro ler cada um deles <3

E esse capítulo é dedicado à @maniju, @JessyRodrigues33 e @carlafrancynemello Muiiiito obrigada dominadores queridos por participarem da jornada e por me acompanharem há muito tempo. Sei que parece que sempre me repito por aqui, mas é que a minha gratidão é igual para cada um de vocês.

E alcançamos a marca de 15k UHUUUUUUUUUUUUUL Muito obrigada gente *--* Vocês me fazem muiiiiiiiito feliz :D Um beijo enorme e até o próximo capítulo <3


Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top