Capítulo 15 - Porta Selada

Fred já estava nos esperando do lado de fora.

- Faça o que tiver que fazer Fred, quero essa porta selada, nada entra e principalmente nada sai de dentro dela - minha voz sai incerta, cortando por dentro, mas sei que PE a coisa certa se fazer.

- Meg eu... - Fred me olha com uma sobrancelha erguida.

- Só agora Fred, só agora faça o que eu estou te pedindo, por favor... - falo não conseguindo segurar as lágrimas que querem se formar ali. E nem tinha como enxugá-las, pois ainda não consigo me mover.

Minha sorte é que o Adam vê a minha comoção e me ajuda a secar minhas lágrimas. Fred faz o que eu peço e a porta vai se dissolvendo e desaparece completamente depois de alguns segundos.

Somente quando eu não vejo mais nada daquela porta e daquele mundo é que eu consigo me mover. Meus braços automaticamente envolvem o Adam e ele me embala num abraço de conforto.

- Sinto muito Megan - ele fala dando um beijo no cabelo. Ele não me põe no chão. Me dou ao luxo de ficar alguns minutos ali, assim, daquele jeito, imersa no meu poço de solidão. E ninguém me incomoda.

Quando saio do abrigo dos braços do meu namorado, peço para que ele me coloque no chão e não consigo erguer os olhos. Tudo que aconteceu na minha vida nesses meses me desgastaram mais do que eu imaginava. Tanta coisa, que parece que a descoberta da Sarah sendo uma inimiga parecia ser décadas atrás. Sei que para mim foi há muitos meses atrás, mas tudo estava acontecendo na velocidade da luz.

Mas eu tinha pelo menos uma coisa boa acontecendo na minha vida agora, pelo menos uma notícia animadora. Minha avó tinha sido resgatada e eu vou poder falar com ela muito em breve.

- Onde ela está Fred? - pergunto.

- Ela está num hospital disfarçado há umas poucas horas de viagem daqui. Se vocês saírem daqui agora, ainda chegam antes do dia terminar.

- Podemos ir então? - olhei para o lugar onde antes estava a porta e me doía cada momento que passava ali.

- Podemos - Oliver confirma e ele começa a guiar o caminho.

Logo embarcamos numa pequena carruagem e vamos nos afastando cada vez mais do local. Minha mente fica um verdadeiro branco quando nos locomovemos.

Não vejo para onde estamos indo. Nem quero saber.

Me perco no verde da floreta que atravessamos e deixo minha mente viajar e ir a lugar nenhum. Por isso que nem percebo quando as árvores dão lugar a um pequeno vilarejo simples e bem escondido.

- Chegamos! - Oliver fala, saindo da carruagem e se esticando. Nem perguntei onde era que tínhamos chegado.

O sol tinha começado a se por e vejo algumas poucas pessoas caminhando pela rua que estávamos. Quase no fim, estávamos parados em frente a maior casa da rua, com dois andares e uma placa de bem-vindo na entrada.

- Vamos nos refrescar aqui e depois vamos direto para o hospital - Oliver informa e eu concordo com a cabeça, sem falar nada.

Ele pede três quartos para nós e a mulher simpática nos entrega três chaves com grandes chaveiros redondos. Nossos quartos ficam no andar debaixo e um do lado do outro. Eu fico com o da ponta esquerda, Adam com o do meio e Oliver com o da ponta direita.

Era simples. Todo pintado com um tom claro de verde, com flores bonitas que pareciam ser pintadas à mão. Oliver coloca a minha pequena bolsa em cima da cama e eu separo logo uma roupa para me trocar. Um banho agora até que não seria de todo mal.

A água está fria e fazia um bom tempo que eu não tinha que fazer o meu próprio chuveiro. Foi bom não ter que dominar nada naquele momento e é só me deixar lavar. Minhas mãos estão apoiadas no azulejo frio e aumento a força da água no máximo, causando até um pouco de dor quando a água bate em mim.

Depois de alguns poucos minutos já estou limpa. Saio do banheiro enrolada numa toalha e uma muda de roupas limpas está disposta em cima da cama do quarto.

Não tenho paciência para o meu cabelo, então, depois que eu me visto, somente passo os dedos por entre eles, retirando somente os maiores nós. Vejo meu reflexo pelo pequeno espelho pendurado do lado de dentro a porta do quarto, e estou bem.

Não tinha parado para reparar, mas os meus músculos ficaram maiores desde a última vez que eu tinha visto. Também devo ter emagrecido alguma coisa, pois via minha silhueta mais esguia. Também pudera. Mais de três meses sem me olhar no espelho, me contentando com uma imagem borrada do riacho sempre que entrava.

Calço a bota e puxo as mangas da camisa para baixo. A noite tinha caído fria e a lã da minha camisa ia me manter aquecida. Aquele pequeno vilarejo parecia bem calmo e não havia muito movimento nas ruas à noite. Sentei num pequeno banco de cimento num parque em frente a nossa hospedaria. Encaro as estrelas.

- Demorei? - Adam pergunta sentando ao meu lado e passando seu braço pelos meus ombros. - Fazia um bom tempo que eu não tomava um banho em um banheiro com água encanada, acabei demorando muito mais do que o imaginado.

- Não... Está tudo bem Adam...

- Você está com fome? Quer comer alguma coisa antes de ir visitar a sua avó?

- Não estou com fome, se quiser eu faço companhia a você... Por que eu não estou sem um pingo de fome.

- Se não for pedir demais, eu amaria ter a sua companhia. Estou cheio de fome.

A parte boa de ficarmos escondidos nesse vilarejo pequeno é porque tudo é perto. Menos de três minutos de caminhada e já estávamos na frente desse pequeno restaurante vazio e aconchegante. Sentamos numa mesa afastada e o Adam pediu uma quantidade absurda de comida.

Ele pediu muita coisa que sabia que eu gostava para ver se conseguia me fazer comer alguma coisa. E conseguiu. Belisquei um monte de coisas que ele tinha pedido, e acabei percebendo que estava com fome.

A garçonete ficou espantada com tudo o que comemos. Até eu fiquei... Mas depois de pagar a conta fiquei nervosa para reencontrar a minha avó. Não sei como ela vai estar. E aquele sentimento de não saber estava me comendo viva.

O hospital não tinha a menor cara de hospital. Mais parecia uma casa simples. Grande, mas simples. Toda pintada de branco gelo com alguns detalhes, como janelas e bordas, pintados em azul claro. Entramos pela grande porta de vidro de entrada e um rapaz assim que nos vê abre um sorriso.

- Olá, em que posso ajudá-los? - ele pergunta solícito.

- Estou procurando por Edith - falo baixo.

- Edith... Claro, sim, me acompanhem por favor. O rapaz pula detrás do balcão e começa a nos guiar por dentro da casa.

Alguns corredores com paredes pintadas de branco. Cadeiras azuis quebravam a seriedade do local e davam um pouco mais de vida ao ambiente. Depois de fazer duas curvas para a esquerda ali dentro, o rapaz me aponta para a pequena porta de madeira.

- Aqui está, o quarto da Edith.

- Obrigada - falo com um sorriso amarelo.

- Disponha - ele se despede e logo some de nossas vistas.

- Então é isso - sorrio e olho para o Adam.

- É isso... Você prefere que eu entre com você, ou você prefere estar sozinha? De qualquer modo está bom para mim.

- Vai ser melhor se eu tiver sozinha com ela, pelo menos no primeiro momento Adam... Você entende não é?

- Claro que eu entendo - ele dá um beijo em minha testa e dá alguns passos para trás, me dando o espaço que precisava para criar coragem.

Olho a porta do quarto hesito um pouco coma mão na maçaneta. Não sabia ao certo qual quer o estado da minha avó, e tinha que tentar estar preparada para qualquer coisa. Sinto um aperto de leve no meu ombro. Adam está ali ao meu lado.

- Vou estar aqui fora se você precisar de qualquer coisa - ele fala, me passando conforto.

- Obrigada Adam. Mas preciso de alguns momentos à sós com ela.

- Leve o tempo que você precisar. Te espero aqui nesses bancos, tudo bem? - ele aponta para as duas pequenas cadeiras de couro azul que decoravam o corredor.

- Certo - fico na ponta dos pés e dou um beijo de leve em seus lábios, ele sorri de lado e vai sentar, e só então eu entro no quarto.

Minha avó estava deitada numa cama hospitalar. Não tinha nenhuma máquina ligada a ela, mas alguns aparelhos repousavam desligados ao lado da cama. Fiquei nervosa minha avó naquela situação, ela que sempre foi uma mulher forte, ali parecendo tão frágil, quase sem vida.

O peito dela descia e subia com dificuldade até, e ela nem deu nenhum sinal que tinha percebido que eu tinha entrado no quarto. Ela tinha pequenos pontos roxos espalhados pelo braço. Me senti mal ao ver aquilo.

Os nós de seus dedos estavam tortos e arroxeados. Meus dentes apertaram quando eu vi que duas unhas tinham sido arrancadas. Sangue preso em todo lugar. Diversos cortes em toda a extensão do seu rosto. Escoriações de todos os tipos. Minha garganta lutou contra o fluxo que queria subir.

Não tinha muito mais a fazer a não ser sentar ao lado da cama dela e esperar para que ela acordasse. Não entendi o motivo, mas seus pulsos e tornozelos estavam amarrados por tiras grandes de couro, igualzinha as minhas que eu usei quando estava lidando com a outra Megan.

O nó da garganta só piora e pensa no pior quando vejo minha avó assim. Me sento numa cadeira de plástico ao lado da cama dela e solto um suspiro do fundo da alma.

- Ah minha vó, como é que chegamos aqui? Como é que vamos conseguir passar por tudo isso, como é que vamos um dia olhar para trás e encarar as nossas ações? Será que vou poder perceber qual foi o momento em que tudo deu errado?

E como eu já esperava, minha avó não respondeu nada. Nenhum sinal. Nada.

- Não sei como estou seguindo em frente vó. Só estou seguindo. E ainda bem que agora eu estou te vendo. Não suportaria muito mais tempo sem a senhora - confesso e abaixo minha cabeça.

Automaticamente minhas mãos procuram a dela para buscar o conforto que sempre foi ela. Mas assim que encosto nela, minha avó treme. Levanto a cabeça para ver a minha vó apertar todo músculo de seu corpo com uma força e o medo que vi em seus olhos me quebrou por dentro. Seus olhos estavam fechados

- Não! - ela tenta puxar os braços, mas ao ver que estava aprisionada, ela começa a lutar com muita força contra as amarras. Seus olhos abrem e se focam nas grandes tiras de couro fivelas de aço.

- Vó, sou eu - eu falo, tentando alcançá-la.

- Megan - ela para de se mexer de imediato. Seus músculos ainda estão tensos, mas ela não força as suas amarras.

- Sim vó, sou eu... - falo e aproximo a minha mão lentamente do rosto dela.

- Não, se afaste de mim! - ela vira o rosto e tenta se afastar. Minha mão congela na hora no ar. Não quero que ela tenha medo de mim. Eu recolho a mão e as aperto em meu colo. - Cansei dos seus jogos Tobias, e vejo que você está ficando verdadeiramente desesperado, tentando usar a minha neta contra mim.

- Não é isso vó, sou eu de verdade!

- Guarde suas palavras Tobias, você não me engana. Não te direi nada sobre o grupo. Perco a minha vida, mas não falo nada!

- Para com isso vó, a senhora já foi resgatada. Fora das garras do Tobias, não corre mais nenhum risco - tento trazê-la para realidade.

- Isso não é possível, eu... - de repente ela para de falar, acho que parando para lembrar-se de algum fato. - Não, eu não lembro de nada e...

- Estou falando a verdade vó, a senhora foi resgatada, te trouxeram para cá, a senhora está em observação ou sei lá o que seja. Não sei o motivo pelo qual a senhora está amarrada, mas se quiser, eu te desamarro agora.

- Pois me desamarre - ela fala tentando se mover.

- Claro - retiro as amarras dela com muito cuidado. Minhas mãos vacilam um pouco ao ver os ferimentos em seus pulsos e braços. Mas faço o meu melhor para livrá-la o mais rápido. Depois passo para as amarras em seus tornozelos, e consigo ser bem mais ágil, já que os ferimentos ali são um pouco reduzidos. - Pronto - falo de olhar baixo sem saber o que eu faço agora e sem nem saber se eu poderia libertá-la daquele jeito.

Me pegou totalmente desprevenida quando senti os braços da minha avó ao meu redor, me abraçando com força.

- Megan! - sua voz era doce como eu lembrava. Eu a abraço com tudo o que eu tenho. Mas quando escuto um pequeno gemido de dor, eu alivio um pouco.

- Vó! - meus olhos enchem de lágrimas e abro um sorriso aliviado. - Finalmente percebeu huh?

- Demorei um pouco, mas quando vi o tremor em suas mãos, soube que era você. Você sempre vacila quando vê machucados. A dor nos seus olhos me disse tudo o que o meu coração recusava a acreditar. Desculpe a demora minha neta. E também tenho que desculpar pelo trabalho que deve ter dado para vocês me encontrarem...

- Nada disso dona Edith, nada de desculpas, a senhora não fez nada de errado, e se alguém tem que pedir desculpas, esse alguém sou eu. Não deveria ter saído do castelo daqueles malucos sem a senhora!

- Então não vamos nenhuma das duas pedir desculpas. Simplesmente vamos aproveitar o fato de que estamos juntas novamente e estamos vivas. Ficamos combinadas assim?

- Claro que sim vó.

- Que tal você me contar o que eu perdi hein mocinha? - ela encosta da cabeceira da cama e tenta encontrar a melhor posição para ela.

- Aconteceu muita coisa vó. Muitos meses e muitos guardiões para a senhora ficar sabendo.

- Espera aí. Meses? - ela pergunta espantada.

- Longa história vó.

- Ainda bem que eu tenho muito tempo para ficar deitada... - ela ri e me pede para continuar a falar.

Começo a minha narrativa sobre tudo o que aconteceu nesse meio termo para ela. Nem cheguei a contar metade das coisas que ocorreram quando vi o quanto ela estava cansada. Disse que continuava a história depois. Sai do quarto me sentindo bem melhor.

Adam dormia todo torto na cadeira azul. Toque seu cabelo de leve e ele abriu seus lindos olhos.

- Como foi a conversa amor? - ele pergunta com a voz alterada de sono.

- Maravilhosa. Estou muito feliz porque a minha avó está de volta - espreguiço meu corpo e bocejo.

- Vejo que você está tão cansada como eu... Que tal dar o dia por encerrado e recarregar as nossas baterias Meg?

- Nem precisa falar duas vezes.

Adam me acompanha até um pequeno quarto aconchegante perto do hospital e antes que ele pudesse me desejar boa noite eu o arrasto para dentro.

- Fica aqui comigo hoje Dam? Sempre durmo melhor com você por perto...

- Claro - ele dá um sorriso fraco e depois de retirar os sapatos e a camisa, deita na cama, batendo no espaço vazio do lado.

Retiro meus sapatos e faço meu caminho para a cama. Conversamos algumas amenidades até o sono me pegar. E eu durmo tranquila, nos braços do cara que eu amo, sabendo que a minha avó está sendo cuidada e o mais importante, está comigo.



Oi Oi Oi dominadores ^^ Como vão vocês? Espero que bem :D Capítulo novo e Edith voltando na parada! Desconfiada, mas na parada! Tenho uma notícia não tão agradável. Meu pc deu um probleminha e tive que colocar ele no conserto. Se tudo der certo eu recebo ele sexta feira. E só aí eu voltarei a escrever. Não consigo escrever direito pelo celular... Espero que entendam :X

E outra coisa, contei os votos do capítulo, de mensagens particulares, de emails, sinais de fumaça, enfim, de todos os lugares que vocês falaram e o ganhador do bônus de 10k é..... Sim, nosso esquilinho Martin ^^ Obrigada a todos que participaram da votação e se o personagem que você votou não foi o ganhador, nada temam! Mais votações virão mais pela frente :D

Esse capítulo é dedicado à três leitores super especiais. @Ca88ssiele, @leh_leuzinger e @LuDream. Ca, Leh e Lu, vocês nem imaginam a felicidade que é para mim poder conhecer (mesmo sendo pelo computador) vocês e conversar :D Obrigada por acompanharem a minha história. E Lu, sei que seu niver é só amanhã, mas espero que sirva como presente de aniversário ^^ Beijo grande no coração de cada uma <3

Tenho surpresas preparadas para o próximo capítulo ^^ Não se esqueçam de deixar o voto de vocês, é muito importante!! Nos vemos em breve dominadores! Beijos ;**


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