Capítulo 06 - Acorrentada e confusa
Ainda estou na escuridão, mas volto a sentir meu corpo.
Minha cabeça pesa cerca de mil quilos nesse exato momento. Parece que tem dois elefantes sentados em cima dos meus olhos pois não consigo abrir o olho de jeito nenhum. Faço um esforço enorme, mas não há nenhuma reação.
Tento mexer meu corpo, mas ele parece não responder aos meus comandos. Ah não... Já passei por isso uma vez, não estou nenhum um pouco afim de perder o controle do meu corpo. Mas minha mente está tão vazia que eu percebo que não pode ter ninguém ali dentro.
Sinto uma mão quente encobrir a minha.
Sei que é o Adam pelo pulo que meu coração dá nesse momento. O cheiro dele está por todo o lugar e se misturava com um cheiro de alvejante, e é quase como se eu conseguisse vê-lo. Se eu pudesse abrir os olhos, mas que merda!
Tento mexer meus dedos, minhas mãos, pra avisar ao Adam que eu estava acordada e bem, mas foi inútil.
Um bipe baixo ecoava em meus ouvidos e eu só pude deduzir que eu estava num hospital ou algo parecido, mas como que eu vim para aqui é um completo mistério pra mim. E o porque que eu não posso me mexer é mais um mistério.
Sinto algo quente entrar na minha veia e vou perdendo a consciência de onde eu estava.
Mais uma vez eu me vi no balanço da minha casa.
Era uma tarde ensolarada e meus pais faziam um churrasco de longe e se olhavam apaixonados. Mesmo perto eles me pareciam um pouco longe demais.
Sabia que era um sonho.
Sei que eu ainda estou em Nihal, estou na casa de uma velha muito esquisita e que aprece saber de um pouco de tudo do mundo. Eu tinha Adam ao meu lado para me apoiar e eu descobri que eu tenho o domínio de sangue.
Que mesmo sendo incrivelmente fantástico ele é muito perigoso e eu posso acabar com o mundo se eu não usa-lo direito. Minha avó ainda estava dentro de um castelo cheio de gente doida e que provavelmente quer me matar.
Minha vida está o ó!
Sou acertada na cabeça por uma noz.
- Ai! - reclamo acariciando onde a noz bateu.
- Nem joguei com tanta força assim...
- Martin!
Meu guardião está ao meu lado. Vestindo branco da cabeça aos pés e com seus pés descalços. Ele tem o mesmo sorriso fácil em seu rosto e me levanto do balanço pra dar um abraço bem apertado nele.
- Oi Megan - ele fala com um sorriso e se encosta no ferro que sustenta o meu balanço.
- Parece que eu não falo com você há séculos Martin...
- Sei como é a sensação, mesmo escutando e sentindo alguns de seus pensamentos, não é a mesma coisa que conversar com você... Mesmo que a nossa situação atual seja um pouco muito diferente.
- Nem me diga.
- Mas eu vim aqui porque eu preciso falar com você, e o assunto é bem delicado. Pra não esquecer de importante.
Senti os pelos da minha nuca eriçarem e um vento frio me bate. Já sei sobre o que vai ser essa conversa antes mesmo de Martin abrir a boca. Só espero que ele tenha algum tipo de solução... Só pra eu ter uma segunda oportunidade...
- Está tão complicado assim para você ter que vir aqui pessoalmente?
- Sim.
- Mas o que eu posso fazer Martin?
- Sei que parece bem impossível às vezes, mas você tem que tentar manter a sua calma. Só assim a escuridão não tomará conta de você...
- Escuridão?
- É, é como eu apelidei carinhosamente a sua maldade.
- Você pode vê-la? - pergunto assustada.
- Só quando você está extremamente irritada, quando não só consigo sentir a sua presença, como se obervasse tudo...
- Sinistro.
- Com certeza... Só imagino que ela está se esgueirando nos cantos da sua mente, só esperando o melhor momento para chegar em seu coração.
- Eu não irei deixar Martin.
- Vi como ela trabalha com você Megan. Te conhece, sabe exatamente como você pensa e sente. Tenho medo que somente a sua força de vontade não seja suficiente um dia...
- Você está falando sério?
- Sim, mas não porque eu ache que você é fraca, mas sim porque eu sei que depois que descobrir o seu ponto fraco, e irá se aproveitar dele.
- E qual é o meu ponto fraco?
- Aqueles que você ama Meg. Aposto que a sua escuridão despertou depois do acontecido comigo.
- Acho que os eventos coincidem...
Até que faz sentido, nunca tinha me sentido daquele jeito e as emoções que senti na morte do Martin mexeram muito comigo.
- Foi o que eu imaginei. Megan, não gosto nenhum um pouco disso...
- Eu também não Martin, sinto como se as minhas emoções estivessem por todo lugar, estou muito impulsiva e raivosa, nunca fui assim...
- Sei que não, te conheço Megan, sei como você é controlada com suas emoções, e sei que isso não é do seu feitio. Vejo o que está querendo fazer com você.
- E você não pode fazer nada, sabe, daqui de dentro?
- Não consigo Meg, eu juro que tentei, mas meio que fui perdendo as forças, fiquei até com medo de não conseguir mais falar com você. Não sei se consigo pará-lo daqui de dentro.
- Então não sei mais o que fazer Martin, ninguém pode me ajudar...
- Aí é que você se engana, você tem pessoas importantes que sempre estão ao seu lado para te ajudar.
- É, eu sei disso...
- Eu sei que no momento pode parecer que elas não são de muita ajuda, mas acredite em minha palavra quando eu te digo que são muito importantes.
- Às vezes é difícil se manter com fé e concentrada.
- Mas sei que você consegue Meg. Sei que você vai conseguir contornar essa situação.
- Você tem muita fé em mim.
- E sempre terei. Enquanto você não tiver fé suficiente por você mesma, vou estar aqui.
- Obrigada Martin.
- Sempre que precisar...
- Então, como é o céu?
- Tranquilo. Não posso falar muita coisa, mais saiba que sempre que posso tenho meu olho em você.
- Entendo...
- Como é que vai a Felícia? - ele me pergunta num sussurro baixo e no mesmo momento ele desvia seu olhar do meu.
Acho que deveria ser uma das pessoas que ele mais sentia falta. Ainda nem contei pra ela! Merda! E agora, como falo isso pra ele?
Uma nuvem preta aparece do nada e cobre todo o vestígio de luz que tínhamos. A única coisa que consigo ver em meio a essa escuridão repentina é o brilho nos olhos do Martin.
- De novo não... - ele fala frustrado e antes que eu pudesse falar alguma coisa sinto meu corpo sendo puxado para trás.
Um barulho de uma chuva torrencial me faz não escutar nada do que acontece ao meu redor e mesmo gritando loucamente o nome do meu guardião, acho que ele não pode escutar.
Nem sei por quanto tempo fiquei escutando aquele som. Quando se está na escuridão, perdemos a noção do tempo.
Acordo sentindo meu corpo esquentar. Olho para os lados e vejo que estou numa floresta. Ou pelo menos deduzo que é, pela quantidade folhas verdes que me rodeiam. Flores vermelhas liberavam um cheiro de sangue.
Uma lua branca ilumina o céu e clareia o meu caminho.
O caminho vai ficando mais estreito a cada passo que eu avanço, mas continuo em linha reta. Até que não consigo mais avançar. E quando eu tento voltar pelo caminho que estava vindo vejo que o caminho também está bloqueado.
Como?
Gritos ecoavam na minha mente. Muitos deles eu desconhecia, mas um deles eu preferia não conhecer. Adam gritava alguma coisa que não conseguia identificar.
A única coisa que eu conseguia identificar era a dor em sua voz, e aquilo me cortava profundamente. Ele estava machucado? Onde estava?
Uma gota molha minha bochecha e sinto que o líquido tem dificuldade em escorrer pelo meu rosto. Não era água. Já sabia até o que era.
Olho para as minhas mãos só para ter certeza que aquilo era um sonho maluco.
Elas estavam cobertas de sangue. E sangue começa a cair de todo pedaço do céu. Não posso ir nem para frente e nem para trás. Fico no meu lugar, recebendo as grossas gotas de sangue na minha pele.
O buraco que eu estou começa a encher e tudo o que eu consigo fazer é afogar no sangue.
- Porque você está fazendo isso? - a voz de Adam é tão clara que me assusto com suas palavras.
Adam.
O que está acontecendo? Porque não consigo acordar desse sonho?
Olhos castanhos são a última coisa que eu penso antes de perder o ar por conta do sangue. Só espero que ele esteja bem.
Luzes tremiam em minhas pálpebras e agora eu consigo abrir meus olhos. Minhas suspeitas anteriores se confirmaram quando me vi em um quarto de hospital.
O quarto era todo azul claro e branco e eu estava ligada a uma infinidade de máquinas. Olho em meus braços e vejo que ele está cheio de furos e recebo alguma coisa em minha veia. Meus pulsos estão presos a cama por grossas correntes e um cadeado em cada braço.
Puxo um pouco o braço e fico feliz em ver que eu estou no comando dos meus movimentos novamente. Mas o fato de estar presa a essa cama não pode ser um bom sinal. Minhas pernas também estão presas com correntes semelhantes.
Tento falar alguma coisa, mas minha garganta está seca demais para que eu consiga falar alguma coisa. Minha língua áspera, parece uma lixa dentro da minha boca. Adam está deitado num sofá perto da minha cama e está adormecido.
Ou não, ele estava parado demais.
Ao perceber que estava completamente presa, sem saber onde estou e Adam perigosamente imóvel ao meu lado começo a ficar nervosa e o equipamento monitorando meu batimento cardíaco dispara, chamando a atenção do Adam.
- Você acordou - ele fala com um sorriso amarelo e se ajeita na cadeira como pode.
Seu olho tinha uma linha roxa e sua boca tinha um corte que transpassava os dois lábios. Nossa, o que aconteceu com ele? Ele se meteu em uma briga ou algo do gênero?
- O que houve com você?
- Você não lembra?
- Não, o que aconteceu?
- Não finja que você não sabe o que aconteceu...
- Eu juro que não sei do que você está falando.
- Olha aqui, não estou com muita paciência para seus joguinhos confusos tá certo, só quero que isso acabe logo... - ele remexe em seu canto, parecendo inquieto demais.
- Adam, você está me deixando confusa... O que aconteceu? Porque estou aqui? Porque estou amarrada? Isso não está certo... Onde estou? Por favor, fala comigo...
- Você não acha que já falou demais? - ele tem seus olhos frios como um gelo, e me olha com desprezo para falar o mínimo.
- Não sei porque você está sendo tão grosso assim comigo... O que foi que eu te fiz? - falo não conseguindo esconder a tristeza da minha voz.
- Seu senso de humor é sinistro...
- É o seu que nesse exato momento não estou entendendo.
- Não sei nem porque eu ainda estou aqui... Não sei se você vai voltar... Isso não está certo. Só não quero parar de lutar... - ele levanta da sua cadeira e começa a andar sem rumo pelo quarto. Ele estava bem perdido.
- Você faz cada vez menos sentido pra mim Adam.
- Eu posso dizer a mesma coisa de você.
- Você deveria me dizer alguma coisa, afinal eu estava dormindo, em coma, em sei lá o quê. Me dizer o que está acontecendo aqui...
- Tem certeza que é o que você quer nesse exato momento?
- Na realidade eu queria que você parasse de agir como um verdadeiro babaca e pudesse falar comigo normalmente...
E nesse momento Adam explode. Ele vem na minha direção e para bem na minha frente. Seus olhos estão cheios de raiva. Por um pequeno momento eu fico com medo, mas logo depois me acalmo. Sei que ele nunca fará nada contra mim...
Ou fará?
Sei lá, com as coisas do jeito que estão, não duvido de muita coisa.
- O que você quer de mim? - ele pergunta cheio de raiva e lágrimas nos olhos. - Quer me ver completamente destruído e sem esperança?
- Não!
- Então o que é?
Minha garganta seca agora se fecha num nó horroroso. Com muita dificuldade meus olhos se enchem de lágrimas. Viro meu rosto para que ele não me veja assim. O que deu nele?
Mas não me virei rápido o suficiente. Ele viu a lágrima cair.
- Você voltou? - ele pergunta segurando meu rosto com suas grandes mãos e me olha por alguns segundos no fundo dos meus olhos. Queria mandar ele pra merda, porque ele estava sendo tão groso comigo a ponto de me fazer chorar? Mas não saía nada nesse exato momento.
Ele abre um sorriso cansado e me abraça com força. Mas que diabos estava acontecendo? Vi o momento que seus olhos amansaram e pude ver lá no fundo o namorado que estava sempre ao meu lado me apoiando.
Não podia me livrar do abraço dele. Mesmo ele sendo um brutamonte comigo sem motivo aparente, não posso negar que o abraço dele me trouxe uma grande calma.
Mas... Eu voltei da onde?
- Você que fez isso Meg - ele fala com uma ponta de tristeza em sua voz e aponta para o olho roxo e ainda um pouco inchado.
- Mas porque eu faria uma coisa dessas?
- Isso é o que eu me pergunto há uma semana...
- Eu não faria uma coisa com você Adam, eu te amo, isso não tá certo... Mas só um momento, você disse uma semana?
- Sim... Você está aqui tem uma semana.
Minha nossa! Acho que eu tenho que me atualizar com muita coisa...
Boa quase madrugada dominadores! Desculpem um pouco a demora em postar, eu ia colocar ontem, mas aconteceram alguns problemas com a minha internet e não consegui postar.
Mas aqui está o capítulo. Sei que parece estar um pouco confuso, eu sei, mas é que eu queria que você tivesse na pele da Megan por alguns momentos. Próximo capítulo prometo que conto pra você tudo o que aconteceu fora dos sonhos da Meg ^^
E outra coisa, geeeente do céu, é muita felicidade ver os números desse livro crescerem e o amor que vocês estão tendo com ele. Sério isso é demais ^^ Obrigada por tudo dominadores divos.
E esse capítulo é dedicado à @MeyHua, @Daniela_Felix e @nelsoncentersul ^^ Obrigada vocês que pegaram o livro já com um andar da carruagem longe, mas que acompanham e sempre apoiam ele ^^
Por hoje é só pessoal, não se esqueçam de colocar um enorme sorriso no meu rosto e votar e deixar suas opiniões e sobre o que vocês acham que vai acontecer em seguida :D Beijos no coração e até breve ;*
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