Capítulo 03 -Acerto
- Oliver, estamos aqui! - falo sem medo e segundos depois Oliver aparece entre o verde da floresta.
- Finalmente encontrei vocês... - ele fala colocando a mão no coração, me parece bem mais aliviado.
- Finalmente um rosto conhecido... - fico feliz por encontrá-lo aqui.
- E eu por finalmente encontrar vocês, nossa mas como foi difícil...
- Nem imagino - dou um abraço apertado nele e ele mesmo sem entender muita coisa devolve.
- Ei, aconteceu alguma coisa? - ele perguntou quando nos separamos.
- Tudo o que não deveria acontecer...
- Como assim? E onde está o restante do pessoal? Acho que tinham mais pessoas com você - nesse momento não aguentei mais uma vez e uma lágrima escorre pelo meu rosto.
Junto todas as forças que eu tenho dentro de mim e coloco na ponta da minha língua, quem sabe assim eu não consiga falar...
Passo alguns segundos gaguejando, sem saber como começar a falar. Adam até tenta começar a falar por mim, mas não sei porque, sinto que a responsabilidade de contar para o Oliver é minha. O interrompo e acho que foi isso que me deu forças.
- Perdemos uma pessoa inestimável Oliver... - falo de olhos baixos, não tenho coragem de olhar para ele agora.
- O que aconteceu Megan? Quem você perdeu? Perdeu como? Fala, por favor, Estou nervoso agora.
- Martin - falo em um tom baixo, não querendo falar.
- Quem? - Oliver se aproxima de mim, como se não tivesse escutado o nome.
- Martin - falo, levantando a minha cabeça e olhando bem fundo em seus olhos. Percebi o momento que a sua ficha caiu.
Oliver me olhava como os olhos vazios. Ele não falou nada, mas sua boca abriu com a surpresa. Percebi também o momento em que os olhos dele perderam o foco e ele desabou sobre os seus joelhos.
Seu corpo estava parado, junto ao chão e ele então olhou para cima, como se quisesse observar as estrelas. Seus olhos tinham um brilho fraco de lágrimas, mas não caiu nenhuma.
- Como? - ele pergunta em um sussurro fraco.
- Ele morreu para me dar a vida, ele me salvou...
- Isso é bem a cara dele - Oliver pega um punhado de terra em sua mão e o amassa, fazendo com que os nós dos seus dedos ficassem brancos.
- Eu ainda tentei salvá-lo, mas não pude fazer muita coisa...
- Sei que você fez o seu melhor Megan - ele me lança um sorriso, mas esse nãoa alcança os seus olhos.
- Juro que tentei - vou para o lado dele e repouso a minha mão sobre o ombro dele. Oliver segura minha mão, num gesto bem reconfortante.
- Eu sei - Oliver fala e me olha. - Sei que eu não deveria estar assim... Mas não consigo evitar, a imagem que eu tenho do meu amigo ainda está intacta na minha mente. Todos esses anos, eu sempre vi de longe como ele continuava em seu caminho do bem, sempre. Sei que a minha imagem com ele só foi de mal a pior nesse tempo, mas agora que eu pensei que pudesse ter uma chance de ter o meu amigo de volta - as palavras parecem presas na garganta dele e eu o entendo.
Não consigo nem imaginar Martin partindo dessa vida chateado comigo... Eu sei que ele não está mais chateado com o Oliver, mas não era a mesma coisa. Os anos que Oliver tinha passado nas garras do Tobias fizeram uma ferida no coração do Martin que só o tempo curaria.
Mas agora ele não tinha mais tempo.
Esperei um pouco Oliver se recompor, e esse foi o tempo do Calvin e da Sarah acordarem.
- Ora, ora, ora, se não é a marionete preferida do Tobias - Sarah fala rindo.
Minha nossa Senhora! Acho que eu nunca tive tanta raiva de uma pessoa, estou pensando seriamente em costurar essa boca malvada da Sarah para que ela não possa mais me tirar do sério.
- Essa não era... - Oliver pergunta intrigado, percebendo agora a menina amarrada na árvore.
- ERA - falei não segurando o ódio. - Longa história Oliver, te conto no caminho.
- Caminho da onde?
- De onde quer que vocês estão Oliver, quero tirar essa traíra da minha cara antes que eu vire uma assassina. Também preciso dar um jeito de voltar para o castelo. Minha avó ainda está lá e eu não quero que nada de ruim aconteça com ela.
- Sua avó ainda está aprisionada?
- Sim, não sei o que vão fazer com ela, mas só espero que eles a mantenham viva para usar como uma possível moeda de troca.
- Moeda de troca?
- Sim, a minha vida pela da minha avó.
- E você bem acredita que a Edith vai deixar você fazer isso...
- Ela não precisa saber... E quem disse que eu vou fazer isso? Planejo sair de lá com a minha vó sã e salva.
- Então vamos, que o caminho é longo, acho que conseguimos chegar até a noite.
- Vamos.
Oliver começa a nos guiar pela floresta e foi exatamente como ele disse. Ao entardecer estávamos dentro do esconderijo.
Adam deu um jeito de levar o Lucas para casa. Ele vai viajar de volta para terra, mas não sem antes passar por uma sessão de limpeza de memória. Ele vai voltar para casa em pouco tempo, sem memória de Sarah ou qualquer acontecimento em Nihal.
Nem me pergunte como eles vão fazer isso, não quero saber o método, vai que eu me interesse em saber, e queira deletar algumas coisas da minha mente também.
O Martin não merece o meu esquecimento. Vou dar um jeito de aceitar a Sarah, ainda não sei como, mas vou coseguir.
Estou num pequeno quarto cinza e bem modesto. Já tentei de todo o jeito, mas o sono parece não estar de bem comigo hoje. Minha cabeça também não consegue pensar em nenhum jeito de voltar para o castelo.
Sei que não estamos de um todo longe de lá, mas são dois dias de caminhada, e isso é bem considerável.
Sento na cama e abraço o meu travesseiro na esperança de magicamente alguma ideia brotar na minha cabeça e eu saber o meu próximo passo.
Uma luz fraca da lua banha o meu quarto e o deixa à meia luz. Escuto o som de grilos por todo o lugar e só. Não tem mais nenhum movimento, nada. Não sei se vou conseguir dormir assim, quem sabe se eu der uma voltinha...
Levanto da cama e troco o pijama que me deram pelo meu jeans e minha camiseta. Abro o aporta do quarto e começo a andar meio que sem rumo por aqueles corredores. Como eu vi ainda algumas pessoas passando, não fiquei com medo de me perder e não saber voltar.
Mesmo ali naquele esconderijo, tínhamos uma brisa suave e gelada que vinha de fora e eu fui caminhando, sem saber muito para onde eu ia e fui ganhando terreno lá dentro.
Falei cordialmente com as pessoas que passavam comigo pelos corredores, mas para ser bem sincera eu não consegui prestar atenção em nenhum rosto em particular. Os corredores iam ficando mais apertados e sua iluminação ia diminuindo.
Até que quando eu dei por mim eu estava na frente da pequena cela em que a Sarah estava presa. Eu estava escondida na penumbra de um canto de parede e acho que ela não tinha notado a minha presença.
- Burra, burra, burra, burra - ele falava sem parar, como se xingando.
Ridícula. Sem noção. Duas caras. Eu poderia continuar um bom tempo com isso, mas ver ela se xingando me trouxe um sentimento bom.
Ela tinha as mãos e pés presos por grossas correntes de metal e batia a cabeça levemente na parede atrás dela repetindo essas palavras. Pequenos feixes de luz entravam pelas pequenas frestas da parede. Ela ainda usava a mesma roupa e olhando ela assim de longe ela me pareceu assustada.
Poderia dar meia volta e fazer todo o caminho de volta? Poderia.
Mas alguma coisa dentro de mim me puxou para aquela cela.
Sai daquela penumbra e comecei a pisar forte, para avisar que estava chegando. E Sarah parou de falar. Mas quando viu que era eu a se aproximar dela, vi a máscara de ódio caindo sobre o seu rosto.
- Megan - ela fala com uma voz fraca, quase rouca.
- Olá Sarah.
- O que você veio fazer aqui? Estava com saudades da sua querida amiga e resolveu fazer uma visita?
- Só nos seus sonhos Sarah...
- Eu não sonho com você Megan... Pelo menos não com você viva - ela fala e abre um sorriso de escárnio.
- Você não vale nada Sarah! - falo ficando bem próxima a ela.
Sarah se levanta e vem se aproximando de mim também. Até que a nossa distância é somente essas enormes barras de ferro.
- E você não está cansada de ser a mocinha perfeita? - ela fala estreitando os seus olhos.
- Nunca fui perfeita. E nem tão pouco quero ser. Mas o que você quer dizer com isso?
- Não é bem óbvio?
- Pra mim não é...
- Ai minha nossa. Tenho que explicar tudo mesmo... Você Megan, sempre a menina perfeita. Notas boas, sempre se alimentou bem, bonita, grandes olhos azuis, com amigos e agora um namorado que é o seu complemento... Sei lá, não sei como você não enlouquece com essa sua vidinha parada e perfeita...
- Nunca disse que a minha vida é perfeita.
- Mas tinha tudo pra ser...
- Claro que não tinha, você estava nela...
- Bem observado Megan, tá vendo como você sabe das coisas... Não precisava nem estar aqui conversando com você...
- E você preferia o quê?
- Sei lá, acho que isso não é uma coisa muito justa com você aí fora, com sua liberdade para ser desfrutada e eu aqui dentro, presa...
- Você quer sair então?
- Pergunta óbvia Megan...
- Espere.
Analiso aquele pequeno ambiente e encontro uma cômoda lá, procuro minuciosamente lá dentro e dentro de um fundo falso eu encontro um molho de chaves. Isso deve servir. Pego o molho de chaves e o jogo dentro da cela.
Eu posso confrontá-la. Eu quero confrontá-la.
- Isso é... - Sarah pergunta, acho que ainda um pouco confusa com o que eu tinha acabado de fazer.
- Sim, a sua liberdade Sarah. Esse passo pra sua liberdade eu te dou de graça, mas se você a quiser por completo terá que passar por mim.
- Vai ser como tirar doce de criança.
Ela corre para as chaves e começa a procurar a chave que a libertará. Enquanto ela faz isso eu me preparo. Um calafrio percorre a minha espinha, como se algo de muito errado pudesse acontecer. Mas não vai.
Eu vou vingar a morte do meu guardião, e a Sarah vai se arrepender de ter tirado a vida dele.
Escuto o barulho de algo pesado cair no chão. Pronto. A Sarah estava livre de suas correntes e eu estava pronta para enfrentá-la.
- Como você quer fazer isso? - Sarah pergunta e vejo seu sorriso brilhar como pequenas pérolas sob a luz da lua.
- Do jeito mais rápido... - falo e ela some do meu campo de visão.
- Como desejar - ela fala e eu já sinto a sua respiração quente atrás de mim e sinto o baque em minhas costas.
Vou para frente com o impacto e apoio minhas mãos no chão para aparar a minha queda. Sinto uma sensação quente tomar conta de minhas costas e é como se aquilo tivesse me dando forças para levantar.
Droga, por esse golpe eu não esperava.
Escuto o barulho de correntes sendo arrastadas pelo chão.
- Isso era para me fazer ter medo Sarah?
- Não necessariamente, mas pra quem está com as costas abertas e indefesa no chão, acho que seria bom você começar a ter medo.
- Não tenho medo de você - falo determinada e me levanto do chão. Com esse movimento a dor ecoa por todo o meu corpo, mas não dou a satisfação para ela me ver sofrendo.
- Acho que eu estou em vantagem.
Outro golpe me acerta em cheio no estômago. Aquele lugar mal iluminado estava me dando uma desvantagem terrível. Tenho que fazer alguma coisa pra iluminar o ambiente. Seguro minha barriga e vejo minha mão um pouco avermelhada. Merda, estou sangrando e ela está se divertindo com tudo isso. Não posso deixar que tudo isso seja em vão. É isso!
Sinto a terra vibrar perto de mim, e sinto que ela está vindo pela minha direita. Me abaixo acho que somente o suficiente para me livrar do seu golpe e incendeio aquele lugar com minhas chamas.
Agora o cômodo estava rodeado por fogo e muito bem iluminado. Sarah esbarra numa chama, fazendo seu braço queimar um pouco e ela recuar.
- Isso é o melhor que sabe fazer?
Sarah tem uma corrente de metal na mão. Nem me pergunte como ela consegui isso, mas agora que estávamos no claro, posso ver melhor o estrago que ela fez. Estava bem feio o machucado em minha barriga, imagino que o das costas está pior, pois ele está latejando até agora.
- Você ainda não viu nada - falo e Sarah começa a vir para cima de mim novamente.
Não sei se é por causa do ambiente bem iluminado, mas agora eu consigo prever seus movimentos. Sarah fica frustrada tentando me acertar com aquela corrente e eu consigo desviar e a empurrar para longe enquanto isso.
- Isso é o melhor que sabe fazer? - falo cheia de graça e Sarah fica vermelha de tão furiosa.
Ela está com tanta raiva e falha em seus movimentos por poucos segundos. Agora eu consigo dar um contra-ataque e a pego de surpresa.
Enquanto ela sacudiu a corrente na minha direção eu consegui segurar o ferro - mesmo sentindo uma dor bem forte em minha mão - e a puxei na minha direção. E com a velocidade que a puxei e a velocidade do meu punho, dei o soco mais forte de toda a minha vida em seu rosto. Ela foi alguns metros para trás com o impacto.
Senti quando o osso do seu nariz cedeu em minha mão e agora eu tinha as duas mãos doloridas. Mas quando a Sarah levantou a cabeça e me mostrou um nariz deformado e ensanguentado, a dor diminuiu um pouco.
Ela cuspiu uma quantidade considerável de sangue no chão e estralou o pescoço dela.
- Tudo no próximo golpe? - ela fala e exibe seus dentes avermelhados.
- Tudo no próximo golpe.
Sacudo um pouco a minha mão para amenizar a dor e olho para Sarah. Ela sorri e começa a correr na minha direção. Antes que eu a alcance sinto duas mãos fortes me puxarem de volta.
- Isso não Meg. Você não pode sucumbir - a voz de Martin é clara, mas não o vejo em lugar nenhum.
Sinto o impacto com o chão e abro meus olhos. Maldito sonho!
Passo a mão pela minha testa que está encharcada com suor e respiro fundo algumas vezes. Ao passar a mão pelo resto do meu rosto sinto um cheiro metálico.
- Mas o quê?
Olho para a minha mão e ela estava avermelhada. Merda! Estava chorando sangue novamente!
Dominadores meus amados, sei que estava em falta com vocês e com o livro, mas é que nas últimas semanas eu tenho andado tão ocupada com a faculdade que eu tive que sacrificar o meu tempo de escrever para virar tempo de estudar. hahahah
O pessoal do grupo já sabia, mas tá tão difícil de entrar no Watt que eu não tenho tido tempo nem de responder os recados tão fofuras de vocês. Me desculpem pela demora. Sério mesmo <3
Bem, esse capítulo também é um motivo para comemoração já que ultrapassamos a marca de 100k de leitura em OOD (abriram até champanhe pra comemorar, livro chique, kkkk) E OND já se aproximando das 2 mil leituras :D
Sinto muito se o capítulo foi meio parado, mas é que a minha cabeça ainda está meio em prova, e foi o melhor que consegui, hahaha
Esse capítulo é dedicado à @Nica_Lannister, @ericadesantana7 e por último, mas não menos importante, @juliaisabela10. Obrigada pelo apoio de sempre pessoal e fico muito feliz por ter leitores tão atenciosos e lindos como vocês ;D
Bem, isso aqui tá ficando bem grande, então vou encerrando por aqui. Por hoje é só pessoal. Beijo no coração e até a próxima ;*
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