Há muito perdi as esperanças de sair daqui. Pense em uma sala, coberta até o teto com seus piores e mais horripilantes pesadelos. É onde fui encarcerado, pelo meu maior inimigo. Faz exatamente 2 anos, 3 meses, 12 dias e 20 horas que estou preso. Ou, desde que eu comecei a contar, já que não há literalmente nada aqui. As paredes de minha prisão são totalmente lisas, com a ausência de cores. A única coisa com cor nesse lugar, são as linhas azuis que mantém meus braços levantados, me impossibilitando de fugir. Meu maior pesadelo era voltar para aquele lugar, onde tudo começou. E aqui estava eu.

Mas agora, o branco me parece a cor mais bela de todas. Minhas roupas são brancas, e um tipo de pedra está acoplada em meu tórax, sugando minha energia, roubando todas as chances de sair desse belo lugar. Ouvi o som de uma porta de metal abrir, e me virei para a direção do som. Lá estava ele.

-Oi de novo, Ink. Está na hora de tomar seu remédio.-Seu tom de voz, como se mostrasse para mim que ele era vitorioso.-Abra a boca.

Obedeci sem escolhas, bebendo devagar aquela maldita tinta negra, sentindo como escorria pela minha garganta, e subia aquele misto de sensações horríveis. Medo, dor, ódio, decepção, vontade de morrer. Minhas lágrimas saíram sem controle, observando meu captor estender suas falanges para meu rosto.

-Apenas desista...-Error acariciou suavemente minha face, se deleitando com a expressão de sofrimento estampada nela.- E poderemos juntos fazer aquelas anomalias pagarem...

Dei um mínimo sorriso, afastando meu rosto de seu toque. Forcei mais uma vez as linhas nos meus pulsos, arrebentando uma ou outra. Os glitches ao seu redor aumentaram, dando as costas para mim, outra vez.

-C-considere isso como uma negativa, s-seu monstro.-Meu sussurro quase inaudível, ecoou pelas paredes.- N-nem se você me f-forçasse a m-matar alguém de vez, t-te ajudaria...

-Whelp, eu ainda não desisti de te fazer sofrer, então já devia ter se acostumado com sua vida de agora, Kinky.

Outra vez a porta foi fechada, me deixando na solidão. Os sentimentos que transbordavam de mim, simplesmente sumiram. Demorei um pouco para aperfeiçoar essa técnica, sem usar minha magia, claro. Então as vozes dos criadores começaram a encher minha cabeça de perguntas.

"Ink! Tá tudo bem?"

"Oh meu santo da bicicletinha, se eu pudesse, eu espancaria o Error."

"Babaca! E meu ErrorInk, onde fica?"

Acho que enlouqueci de vez. Elas falam o tempo todo, me deixando à borda da loucura. É reconfortante também, ouvir alguma outra voz que não fosse a minha e a daquele idiota.

-Hey, se acalmem, minha cabeça dói.- Sussurrei, observando a parede oposta a em que eu estava, percebendo que elas diminuíam o tom de voz.- Bem melhor. Perceberam que as linhas se soltaram um pouco? Talvez antes da próxima visita eu me liberte.

"Inkrível, meu garoto, merece palminhas"

"SEM PIADINHAS, sua prostiranha"

"Parem de brigar, INKompetentes! Aliás, Ink querido, mandamos uma ajuda para você "

"Verdade! Mas era pra ele ter chegado aí faz uns 5 meses. Sua localização era desconhecida para ele."

-"Ele"? Ok, eu tô louco de vez. Fandom, me digam que é verdade. Eu vou poder sair daqui? E por que diabos vocês não me contaram antes?

A adrenalina corria pelos meus ossos, sentindo a mínima esperança de ser libertado desse inferno. Me ver livre, sentir outra vez o sorriso de meus amigos, Berry e Dream... De ter minha doce vingança, saborear o terror nas órbitas dele...

"Yep, mas melhor não ter muitas esperanças, tá difícil pra ele chegar aí."

"E não te contamos por causa das outras que estão ajudando o Error. Sorte que descobrimos como não deixar a informação vazar"

"Yep, aguente mais um pouco, sim? Te salvaremos daí."

Isso se colocava mais interessante.... Minha pouca sanidade estava se esgotando, quem sabe o que aconteceria se ela acabasse.... Não seria mais do que um mínimo erro...

ċȏṅṭıṅȗѧ :³

ṡıṃ

ṅãȏ

ṿoċєṡ ԀєċıԀєṃ.