⁴ O MORDOMO E SEUS MISTÉRIOS


Sabe aquela sensação de que tudo ao seu redor não está certo? Pois bem, é exatamente essa sensação que estou tendo desde que peguei este caso, todos parecem suspeitos naquela casa — exceto a Sra. Kim — e os mais próximos de Seokjin, vulgo Henri e Chloé me parecem bem suspeitos também. Tanto Henri quanto Chloé parecem esconder coisas das quais terei que descobrir.

Após conversar com a Sra. Kim saí de sua casa indo até a delegacia encontrar Oliver, tinha muitas coisas a conversar com meu antigo parceiro. Ao cruzar a rua da delegacia acabei dando de cara com o próprio, e fomos até o bar que costumávamos frequentar, trocar informações.

— Não avançamos em nada, Seokjin parece ter evaporado. — Disse colocando a caneca contendo cerveja na mesa.

— Hoje conhecia a namorada secreta de Seokjin e...

— Namorada secreta? Que história é essa Yoongi?

— Vocês não tinha conhecimento dela? Como pode? Henri me contou quando o interroguei. — Boquiaberto Oliver me encarou.

— Ele não mencionou namorada secreta do Seokjin em momento algum enquanto conversávamos. — Levei a mão até o queixo.

— Talvez a pressão de está sendo interrogado pela primeira vez, o fez esquecer de mencionar isso.

— Pode ser, mas o que você descobriu sobre ela?

— Nada demais, ela parece ser uma moça simples, porém não a descarto de ser suspeita, ela iria ver Seokjin na noite em que ele sumiu, no entanto ficou esperando e nada do rapaz aparecer.

— Hmmm, depois me passe o nome da moça, irei encontrá-la para conversámos. — Assenti bebendo um longo gole da cerveja.

— Sabe o que mais descobri?! — Indaguei sorrindo.

— O quê?

— A senhorita Dae ainda é viciada em jogos, descobri após blefar e a própria me confirmar algo que nem esperava. — Olhei para o cantor que se apresentava no pequeno palco do bar.

— E o que isso tem a ver com o sumiço do sobrinho dela? — Oliver indagou cruzando os braços sobre a mesa.

— Não a descarto de ser uma suspeita também, segundo o que já li no diário, Seokjin escreveu sobre a tia não parece gostar muito dele, além de que ele deixa claro que a tia e viciada em jogos. E para sustentar um vício ela precisa de dinheiro já que a irmã não o fornece mais, não seria conveniente sequestrar o próprio sobrinho para conseguir o dinheiro e continuar a manter uma boa vida e o vício em jogos?

— É uma boa hipótese, mas a senhorita Dae iria tão longe por isso?

— Nunca divide do que as pessoas são capazes meu caro... Aquele mordomo também não escapa, Seokjin também disse que Amtonie aparenta não gostar dele, e aquele carrancudo age de maneira suspeita. Segundo a Sra. Kim ele ultimamente tem saído às 21h:00 e sabe-se lá pra onde ele vai. — Encarei Oliver que me escutava atentamente.

— Também suspeito do Sr. Amtonie, ele foi bem frio quando o interrogamos, não estava nem um pouco sentido pelo ocorrido como os demais funcionários.

— Ele é o próximo que vou interrogar, vamos ver o que o velho mordomo vai me dizer.

Passamos mais alguns minutos no bar aproveitando um pouco mais a noite antes de cada um seguir para sua casa.

                                     🔍

A tarde voltei a mansão Kim afim de interrogar o último suspeito que tinha em mente, antes de começar a ir atrás de pistas concretas que me ajudasse a levar até Seokjin. Fui recebido pelo mordomo carrancudo, que me deixou com sua patroa na sala indo em direção a cozinha, parecia até que estava me evitando, ou seria impressão minha?

Conversei um pouco com a pobre mãe desesperada para encontrar o filho, para logo depois procurar o mordomo pela enorme mansão. Perguntei a uma das empregadas onde o Sr. Amtonie podia estar, e ela disse que provavelmente estaria em seu quarto, o caminho até seu quarto me foi indicado pela gentil mulher e segui por um corredor que dava acesso a cozinha e mais a frente quatro portas encontrando uma delas entreaberta.

Bati três vezes na porta não obtendo resposta, já sem paciência a abri dando de cara com Amtonie de costas mexendo em uma espécie de baú encostado na parede ao lado do pé da cama.

— Com licença. — O homem que aparentava ter seus 50 anos se virou assustado com as mãos para trás.

— Como o senhor entra assim no meu quarto sem autorização? — Ergui uma sobrancelha vendo sua postura um tanto estranha, analisando suas reações.

— Desculpe, mas bati na porta três vezes e como não obtive resposta, e a porta estava entreaberta resolvi entrar. Atrapalho? — Amtonie crispou os lábios me encarando sério, parecia até que estava disposto a me matar a qualquer momento.

— O que o detetive quer? — Fugiu da minha pergunta.

— Quero fazer umas perguntinhas ao senhor, será rápido.

— Sinto muito, estou muito atarefado não poderei lhe ajudar agora. Se puder me dar licença ficaria grato. — Sorriu sarcástico me irritando.

— Sr. Amtonie será bem rapidinho, prometo...

— Detetive não me escutou? Tenho muito o que fazer, saía. — Apontou para a porta aberta com o queixo.

Saí daquele quarto fechando a porta completamente irritado. Se ele pensa que vai escapar de mim está muito enganado.

Voltei para a sala me sentando em uma das poltronas de couro ao lado de uma pequena mesinha de madeira. Amtonie terá que passar por mim em algum momento, e irei esperar ansiosamente; algo nesse mordomo me deixa encabulado, um homem que dedicou sua vida ao trabalho, aparentemente não tem família... E porquê diabos se assustou a ponto de ficar irritado com minha presença em seu quarto?

Oliver diria que estou começando a ser implicante, mas o que esse mordomo tem de esquisito tem de misterioso, porém sou curioso demais a ponto de minha vocação não me permitir deixar o que acabou de acontecer passar.

As horas se passaram, a Sra. Kim que ficou um longo período em seu quarto desceu me fazendo companhia contando mais sobre a sua vida, mencionando como seu falecido marido era grato por estar rodeado de pessoas boas incluindo seu fiel mordomo. Falando no diabo, ele sempre se esquivava de mim quando me via, a todo momento arrumava uma desculpa para fugir.

Anoiteceu e com a noite uma chuva chegou, tinha planejando ir embora, contudo a matriarca da família Kim não permitiu que fosse debaixo da chuva me convidando para dormir em sua residência. Aceitei o convite vendo como maneira de continuar no pé de Amtonie.

O jantar foi deveras delicioso assim como o banho relaxante na banheira do quarto de Seokjin que foi cedido a mim, a Sra. Kim gentilmente me ofereceu o quarto dizendo que era o segundo melhor quarto da casa, e ali teria uma excelente noite de sono. Às 21h:00 Amtonie não saiu com ontem, mas recebeu uma ligação cuja aparentemente o tinha deixado bem animado; estava encostando no corrimão na parte superior da casa que ia até o final da escada, o observando de cima.

Seus olhos grandes e escuros me encontraram, vi seu corpo se mover calmamente até sumir pelo corredor com um estranho sorriso nos lábios. Voltei para o quarto de Seokjin observando o cômodo pela quinta vez, me deitei na cama macia sentindo meu corpo relaxar, e fechei os olhos.

Um vento frio tomou conta do quarto fazendo meu corpo se arrepiar me despertando do cochilo, sem abrir os olhos senti que estava sendo observado e ao abrir deparei-me com Amtonie me encarando com uma bandeja em mãos.

— Quer me matar de susto? — Indaguei me sentando na cama, olhando para o homem parado sem esboçar qualquer reação.

— O senhor não poderia morrer apenas com isso, seria necessário mais. Uma vez Seokjin me disse que viu vultos nesse quarto depois que o pai morreu, seria a alma dele vagando por aqui? Ou outras pobres almas? — Franzi as sobrancelhas vendo o quanto esse mordomo pode ser estranho.

— Porquê está me dizendo isso? — Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.

— Por nada detetive Min. Vim lhe trazer um copo de leite, o senhor parece está cansado e não tem nada melhor que um leite quente para ajudar a dormir bem.

— Obrigado pela atenção Sr. Amtonie, pode deixar o copo em cima do criado, por favor. — O homem vestido com seu uniforme preto depositou o copo onde pedi ainda sorrindo.

— Espero que tenha uma boa noite de sono detetive, Com licença.

— Espera! — Disse antes que ele cruzasse a porta branca. — Amanhã de manhã reserve um tempinho para mim por favor, quero conversar com o senhor e de amanhã não passa.

— Tudo bem, depois do café da manhã errei o esperar no jardim. Descanse com os anjos. — Virou um pouco o rosto exibindo novamente um pequeno sorriso fechando a porta.

Olhei para o copo em cima do criado mudo, pensando mil e uma coisas. Estaria envenenado? Algo para me dopar? Peguei o copo contendo o líquido branco indo até o banheiro jogando todo o líquido na pia, não arriscaria tomar algo de alguém suspeito. Deixei o copo onde Amtonie havia deixado me deitando novamente me cobrindo, tentando voltar a dormir.

                                         🔍

Tive uma noite péssima, revirava na cama buscando por uma posição que fosse agradável e nada, Amtonie devia ter jogado uma praga em mim quando esteve aqui. Me levantei fiz minha higiene saindo do quarto.

O café da manhã foi servido e olhar para aquela mesa farta repleta de talheres, jogos de porcelana me fazia perceber que tanto luxo não é para mim. Peguei a xícara delicada bebericando um pouco do café enquanto a Srta. Dae conversava com a irmã sobre banalidades.

Após o café encontrei Amtonie sentado num dos bancos do enorme jardim me esperando.

— O detetive teve uma boa noite de sono? — Indagou enquanto me aproximava.

— Não escutou quando respondi essa mesma pergunta para a Sra. Kim?

— Sim escutei, mas não me parece que dormiu bem. — Sorri sarcástico sentando na outra ponta do banco.

— É apenas impressão sua Sr. Amtonie.

— Pode me chamar apenas de Amtonie... Bem, o que deseja me perguntar? — Olhei de soslaio para o homem ao meu lado, vendo ele sentado com as pernas cruzadas e nariz arrebitado, nem um pouco nervoso.

— Você estava em casa quando Seokjin saiu?

— Que pergunta mais idiota, é claro que estava, a Sra. Kim conversava comigo quando ele surgiu dizendo que ia sair.

— Vocês se davam bem? — Vi ele crispar os lábios.

— Não somos próximos o suficiente para dizer que sou amigo dele e vice versa, porém não tínhamos muito o que conversar um com o outro, então posso dizer que nossa relação não era ruim. — Não é isso que Seokjin parece pensar, de acordo com o diário.

— Onde você vai todas às noites por volta das 21h:00? — Seu rosto se virou para mim com um olhar sério.

— Isso é algo pessoal.

— A ligação de ontem a noite também?

—Sim, isso não lhe desrespeita.

— Tudo bem, você não é obrigado a me dizer nada não é? — Está atiçando minha curiosidade Amtonie. Serei sua pedra no sapato. — Me diga, você sabe se há outro lugar além do bar que Seokjin frequentava para se divertir?

— Não, ele frequentava apenas aquele bar com seu amigo. — Me levantei olhando para ele sorrindo e ajeitei meu terno.

— Obrigado por responder minhas perguntas, espero que esteja disposto a responder as próximas que viram.

O deixei sentado lá saindo do jardim indo me despedir da anfitriã, precisava ir embora para anotar tudo que recolhi nesses dias. E voltar a ler o diário de Seokjin. Algo me diz que em breve terei uma pista, e irei agarra-la com tudo.


Olá amores! A atualização demorou hoje pq tive uns probleminhas com a internet aqui, mas tá aí o capítulo fresquinho. Relevem os erros por favor e até o próximo.

Beijos Bear 🐻

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