¹¹ MEDO, PARANÓIAS E MAIS UM SEGREDO CAÍ POR TERRA
Olhei para Oliver caído ao chão com as mãos sustentando seu tronco, com uma expressão bastante assustada. Três passos foi o necessário para chegar perto dele, seus olhos arregalados olhava fixamente para um armário com as portas abertas, virei meu rosto na mesma direção vendo o que tanto lhe assustou.
Observei atentamente o armário graças a luz da lanterna, e meu queixo caiu ao ver o que conseguiu deixar Oliver naquele estado.
— Não acredito...
— T- Também não a-acredito Y-Yoongi...
— Não acredito que você está com medo disso, um homem que já viu corpos decapitados, estripados, das mais piores formas possíveis, e está com medo disso? — Apontei para o armário incrédulo.
— Não são bonecos comuns, olha a cara desses bonecos, transmitem medo, veja o sorriso dessas coisas feitas de madeira, os olhos... Parece até que estão nos vendo de verdade. — Oliver disse se levantando sacudindo a poeira de seu corpo.
— São apenas bonecos, por mais sinistros que sejam, não há motivos o suficiente para agir da forma que você agiu. Eu fiquei preocupado, pensei que algo sério tivesse acontecido, idiota. — O encarei sério.
— Me desculpe amigo, eu tenho certo medo dessas coisas, sou muito supersticioso, e tenho um pouquinho de medo de coisas que causam terror. — Sorriu sem graça, me fazendo balançar a cabeça em reprovação e me aproximei do armário.
— Hmmmm, o estilo usado nesses bonecos me é familiar.
— Estilo? Familiar?
— O estilo que foi utilizado na fabricação deles é idêntico ao... Louise...
— A não, você vai falar dela logo agora? Depois fica falando não está apaixonado.
— Não é isso, na casa dela tem um boneco bem similar. Qual era o hobby do pai dela mesmo?
— Entalhar.
— Hmmm, não me passou pela cabeça que o pai dela entalhava bonecos muito menos bonecos desse tipo.
— Será que o pai dela tinha duas faces? Uma face boa, outra possivelmente má?
— É uma Hipótese, só não podemos esquecer que isso pode não ter nada a ver. Pode ser que ele apenas gostava de entalhar bonecos assim.
— Um hobby um tanto estranho eu diria.
— Você diz isso porque tem medo de coisas do tipo. — Disse fechando o armário escancarado.
— Yoongi será que o boneco que você disse que Louise tem, foi um presente do pai dela? — O olhei por cima dos ombros franzido a testa.
— Mas é claro que deve ter sido. Por acaso está pensando que ela roubou isso do próprio pai? — Indaguei virando-me em direção a ele.
— Ou ela pode ter vindo aqui? Será que a mãe dela realmente se suicidou saltando da sacada? — Estranhei tudo o que Oliver indagava, cruzei meus braços prestes a dar corda as suas paranoias.
— O que está querendo dizer?
— Essa casa claramente anda bem movimentada, concorda não é Yoongi? — assenti mordendo o lábio inferior — Sendo assim, podemos supor que ela possa muito bem ter vindo aqui para eliminar alguma prova, algo que alguém pudesse encontrar e achar estranho, mesmo depois de anos. A morte da mãe dela nunca foi investigada a fundo, todos já saíram dizendo ser suicídio, mas e se ela foi empurrada...
— Você pode estar certo, como pode estar errado. Meu caro amigo, esse “se” atrapalha tudo. — Andei até a porta do quarto parando ao perceber que Oliver não havia me seguido para sairmos daquele lugar. — Você não vem?
— Por acaso está defendendo ela? Está tentando protegê-la? Se a investigação for reaberta ela...
— Não estou defendendo, nem protegendo ninguém, apenas achando que você está ficando paranoico demais, vai ser assim sempre quando eu me interessar por alguém? Sempre irá bancar o meu pai? — Apertei o punho.
— Yoongi, eu só quero seu melhor, dá última vez eu disse para você investir na Marie quando disse estar apaixonado por ela, e lembre-se no que deu... Não quero cometer o mesmo erro outra vez.
— Então não diga nada, diga quando realmente tiver provas. — Cruzei a porta a com passos largos o deixando para trás.
Ao descer a escada pude ouvir umas lamúrias, parei tentando escutar direito de onde elas podiam estar vindo, virei minha cabeça rumo ao o topo da escada iluminando com a lanterna vendo Oliver cobrir os olhos com o braço.
— Quer me cegar?
— Desculpe, ouvi umas lamúrias e estava procurando de onde elas podiam estar vindo. — Justifiquei abaixando a lanterna.
— Era eu, tinha batido meu pé contra uma mesa velha no corredor.
— Com uma lanterna em mãos você conseguiu essa proeza? Parabéns!
— Sua ironia me atingiu com tudo. — Sorriu me fazendo sorrir.
— Vamos logo Oliver! Não aguento mais respirar aqui dentro. — Reclamei coçando o nariz.
Saímos dali poucos minutos depois, e enfim aspirei o ar puro do lado de fora. A ida até ali não foi tão inútil quanto pensei.
🔍
Acordei cedo no dia seguinte com algo matutando em minha cabeça. A única pessoa que investigue mais a fundo foi Henri, ainda falta três pessoas na minha lista: Chloé, Amtonie e Min Yong. E meu sexto sentido dizia que deveria ir mais a fundo na vida da namorada secreta, ou melhor ex-namorada secreta.
Lembrei-me da movimentação bem suspeita no andar de cima da casa da jovem, e zarpei para lá ao terminar meu café da manhã. Bati na porta cinco vezes, toquei a campainha diversas vezes e nada, fui até a biblioteca recebendo a notícia de que ali ela não estava, passei as mãos pelo cabelo tentando pensar em algo.
A pousada é claro!
Um lampejo veio me pondo caminhar apressadamente, esse caso já estava se estendendo por demais, quanto mais pistas eu procurava mais elas fugiam de mim, minha única testemunha — até presente momento — foi encontrada morta, dopagem, a ligação pedindo dinheiro e nada de notícias sobre o paradeiro do jovem herdeiro Kim, fazia a raiva me consumir ao me lembrar.
Outra coisa, deveria parar de pensar em Louise por enquanto e focar ao máximo em meu grande caso, se quiser obter êxito.
Bastou virar a rua a direita para vê-la sair com um homem alto que continha um chapéu cobrindo parcialmente o rosto, e a distância da qual estava piorava na tentativa de identificar o indivíduo. Eles andavam apressadamente, e os segui sorrateiramente.
Vi quando eles entraram na casa de Chloé e não perdi tempo em ir até a porta tocando a campainha. Houve uma pequena demora até a porta ser aberta revelando a jovem loira completamente nervosa com minha presença.
— Olá Srta. Chloé venho mais uma vez conversar.
— Sinto muito Sr. Min, mas desta vez não poderei atendê-lo. — Estreitei os olhos.
— Ora! Mas porquê não? Há algo que eu não deveria ver? — Dei um passo para frente empurrando a porta adentrando a casa.
— Ei! Você não pode fazer isso, está invadindo a minha casa. — Disse com um tom de voz um pouco alterado.
— Então chame a polícia. — A olhei por cima do ombro, vendo engolir seco fazendo um pequeno sorriso brotar em meus lábios.
— Sr. Min... — Me chamou ao mesmo tempo que um barulho veio do andar superior.
— Se não estou enganado, da última vez um som parecido veio lá de cima... Seria seu gatinho novamente? Adoraria conhecê-lo. — Seus olhos esbugalharam.
— Não suba Sr. Min, ele é muito arrisco e pode acabar fugindo. — Será que ela pensa que sou trouxa?
— Não se preocupe, se ele fugir eu mesmo ajudo a trazê-lo de volta.
Comecei a subir os degraus quando meu pulso foi agarrado.
— Já que está subindo suba devagar, essa escada está precisando de uma reforma. Cuidado! — Alertou-me com a voz demasiadamente elevada.
Subi os degraus rapidamente notando sua verdadeira intenção com aquele aviso, dobrei o corredor encontrando quatro portas, crispei os lábios escolhendo em qual porta deveria entrar primeiro, optei pela segunda dando de cara com um banheiro. Abri a última porta do corredor e entrei, o quarto aparentemente de hóspedes estava vazio, olhei embaixo da cama, dentro do guarda-roupa e nada, voltei a abrir silenciosamente a porta vendo pela fresta um corpo se movimentando saindo de dentro da primeira porta vestido um terno aparentemente de grife eu diria.
Meus olhos se sobressaltaram com a possibilidade que me ocorreu a cabeça: E se aquele homem fosse Kim Seokjin?
Sai de onde estava correndo até o quarto onde o indivíduo entrou. Girei a maçaneta redonda devagar abrindo a porta tentando não emitir qualquer ruído. Atravessei adentrando o quarto, a primeira coisa que vi foi as persianas da sacada balançarem demais, caminhei lentamente atento a qualquer coisa indo até lá.
Olhei de um lado para o outro não vendo nada nem ninguém, quando de repente um estalo chamou minha atenção e ao virar-me vi o sujeito caminhando de costas para mim na intenção de sair do quarto. Observei em volta vendo dois vasos em cima de uma cômoda, os peguei e lancei o primeiro contra a porta o fazendo parar.
— Mais nenhum passo, ou o próximo será bem na sua cabeça. — O ser misterioso parou bem próximo a porta e aos poucos eu me aproximava. — Quem é você? Se revele, tire o chapéu e vagarosamente vire-se para mim.
Ele levou uma mão até o chapéu, e rapidamente levou a outra abrindo a porta saindo correndo, corri atrás dele parando no topo da escada o vendo no quinto degrau, pedi desculpas a Sra. Kim mentalmente, pois se aquele fosse Kim Seokjin certamente ele iria parar no hospital.
Mirei sua cabeça lançando o outro vaso acertando em cheio sua cabeça fazendo com que perdesse o equilíbrio, e rolar os outros seis degraus.
— Está maluco detetive Min? Veja ele está sangrando. — Encarei Chloé depois o corpo caído desacordado colocando as mãos atrás da cabeça, descendo tranquilamente os degraus.
— Nada disso teria acontecido se ambos, — apontei para ela e para o corpo — não tivessem inventado brincar de gato e rato.
Aproximei do homem de bruços estirado no chão com a cabeça sangrando, com a jovem chorando ao lado agachei o virando vendo não se tratar de Kim Seokjin.
🔍
Minutos depois a polícia e a emergência chegaram, eu mesmo os chamei já que Chloé só sabia chorar. O homem foi levado para o hospital enquanto eu recebia uma bronca de Oliver que veio acompanhando outro policial.
— Onde estava com a cabeça? Aquele homem podia ter morrido. — Revirei os olhos.
— Duvido muito, ele apenas foi golpeado de leve na cabeça e rolou seis degraus, seria impossível ele morrer.
— Você diz isso com tanta calma. É claro que ele poderia ter morrido, e você seria preso... Pense antes de agir, não faça besteiras. — Cruzei os braços olhando de soslaio para a mulher sentada no sofá ao lado.
— Já acabou com a bronca? Será que posso voltar a fazer meu trabalho? — Oliver olhava incrédulo para mim.
— Deveria levar você para a delegacia, por tentativa de homicídio...
— Não tentei matar ninguém, nem passou isso pela minha cabeça.
— Vai Yoongi! Continue a fazer seu trabalho antes que eu cumpra o que disse. — Deixei Oliver ali indo até Chloé parando em sua frente.
— Então, vai me contar o que está acontecendo? Ou prefere que a polícia resolva tudo? Quem era aquele homem? — Sua cabeça se ergueu, e seu olhar fixou no meu.
— Meu amante!
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