"Desde que consigo me lembrar meu corpo nunca foi exatamente meu, desde antes do meu nascimento minha mãe consumia drogas e mesmo se eu querer acabava consumindo também, depois que nasci ela usava meu corpo para liberar a raiva me machucando, então meu pai começou a usar meu corpo para o prazer sexual dele, mas mesmo quando eu soube que o que eles faziam era errado, isso nunca me machucou de fato, já que eu sempre soube o que estavam fazendo comigo. Lembro que o que mais me doeu foi perceber que J.O usava meu corpo para o negócio dele, eu sempre soube que eu estava dormindo com as pessoas para ajuda-lo, mas eu achava que ele estava fazendo uma parceria comigo, afinal, eu confiava cegamente nas palavras dele e ele nos chamava de sócios, mas eu só passava de um fantoche, ele usava meu corpo para atrair clientes, me pagava com drogas para que eu continuasse viciada e ajudando em seu negócio para conseguir mais drogas.

O dia em que eu percebi que J.O não era meu amigo e muito menos meu sócio foi doloroso, não lembro exatamente como aconteceu, minhas memorias daquele dia estão bagunçadas, mas entramos em uma discussão sobre eu não falar o nome dele quando fosse contar sobre aquela noite, mas eu lhe disse que éramos sócios e que ele deveria estar junto comigo e dividir tudo, mas ele me disse de forma dura que eu não era sua sócia, eu era apenas uma das suas várias vadias que ele usava para ser um dos maiores distribuidores de drogas da nossa cidade. Foi muito doloroso ouvir aquilo, por um breve momento eu não quis acreditar, mas infelizmente era real e naquele momento encerramos nossa amizade, e acho que a partir dali meu corpo começou a ser finalmente meu"