Capítulo 7: Finalmente minha vida adulta
*Eileen contando*
Quando a escola acabou eu passei a viver mais na casa de J.O do que em minha própria casa, não sei explicar, mas lá eu me sentia bem mais segura. Eu sempre saia muito cedo e voltava no final da tarde, tinha sempre que está em casa quando a caísse a noite, pois se meu pai chegasse mais cedo e não me visse em casa ele me machucaria muito, lembro-me da única vez que cheguei depois dele, abri a porta da sala e ele estava me esperando sentado em uma poltrona em frente a porta, quando entrei ele me perguntou aonde eu estava, inventei uma desculpa qualquer e ele me agrediu muito naquela noite, me deu murros e chutes na barriga e no rosto, eu nunca entendi de fato o motivo da agressão, mas eu evitava que ela acontecesse de novo.
Comecei a usar aplicativos de relacionamentos e frequentar bares para atrair pessoas para a casa de J.O, com o tempo fui ficando mais confiante, antes, durante e depois de fazermos as coisas no quarto eles e elas me chamavam de linda, diziam que eu era espetacular, me cobriam de elogios, J.O também me elogiava muito pelo meu bom trabalho, eu nunca tinha sido tão colocada para cima em toda minha vida, me sentia bem comigo mesmo toda vez que me elogiavam, eu amava esse "trabalho", me sentia mais amada.
Os abusos sexuais do meu pai ainda eram constantes, desde a primeira vez que aconteceu não havia um sábado sequer que não ocorressem, mas eu aprendi a lidar muito bem com tudo que eu passava naquele quarto, acho que está sempre chapada ajudava muito, quando descobri as drogas, todos os sábados ficaram mais fáceis, então acho que no final não foi de fato algo ruim, entretanto eu sabia que não queria aquilo para sempre, eu sabia que precisava me libertar daqueles sábados, estava me planejando para sair de casa desde que terminei o colégio e assim que fosse possível, sairia sem nem olhar para trás.
As drogas já faziam parte de mim e eu não conseguia viver sem elas, quando eu estava limpa por muito tempo vinha tudo que eu já passei com minha mãe e o que eu ainda passava com meu pai, e quando eu menos esperasse me dava falta de ar, quase desmaiava, eu surtava por estar presa em um corpo com minha própria mente, então será que alguém pode me julgar por ser assim? Por fazer isso? As drogas me ajudaram a superar tudo que antes me causava tanta dor e me ajudam a não perder a cabeça, me ajudam a viver.
Pouco depois de completar 20 anos eu acabei recebendo uma notícia maravilhosa, minha avó iria me dar um emprego em uma loja dela, eu receberia muito bem, tão bem que eu poderia alugar um apartamento e me sustentar, eu conseguiria viver por conta própria. Quando passaram-se algumas semanas eu entrei no emprego, trabalhava como uma espécie de atendente, mas não me importava, daria minha vida naquele trabalho se fosse necessário para sair de casa e assim que meu terceiro pagamento chegou tomei finalmente a decisão de sair, procurei vários apartamentos no meu orçamento, o mais longe possível da casa do meu pai e quando achei já fui alugando, fui comprando aos poucos moveis essenciais e colocando no apartamento, demorei meses para isso, quase um ano completo, mas quando finalmente o deixei habitável fui fazendo minhas malas e levando as coisas aos poucos para lá, não podia retirar tudo do meu quarto, só o essencial, já que eu não estava pronta ainda para contar para o meu pai que eu estava indo embora, acho que era medo do que ele poderia fazer ou medo de magoa-lo com minha partida.
Lembro que no último domingo antes da minha mudança, eu estava no quarto o meu pai, claro, depois de mais uma noite de abusos, levantei e olhei para o lado, meu pai ainda dormia, eu estava somente com roupas intimas, levantei e vesti meu vestido azul de dormir que estava jogado no chão ao lado da cama. Caminhei pelos corredores do primeiro andar até chegar no meu quarto, abri meu guarda roupas embutido e fiquei na ponta dos pés para alcançar na última prateleira uma mala vermelha grande, a coloquei em cima da cama, abri e comecei a colocar as últimas roupas que tinham em meu guarda roupas, eu dobrava e arrumava tranquilamente, quando terminei decidi tomar um banho, coloquei as roupas que eu estava vestindo em uma parte pequena da mala, peguei uma calcinha limpa, um vestido simples branco e um casaquinho florido, minha toalha e levei tudo até o meu banheiro, quando terminei o banho vesti minhas roupas, penteei e sequei o cabelo, peguei meu secador e escova, junto com outras coisas que estavam lá e que eu precisava, pus em um saquinho plástico transparente e sai do banheiro, assim que abri a porta vi meu pai somente de cueca em frente à minha mala aberta me olhando, gelei na mesma hora.
- Vai viajar, Eileen? -Ele falou calmo.
Fiquei em silencio.
- Responde -Ele parecia começar a ficar com raiva.
- Eu só vou passar um tempo na casa da vovó -Falei caminhando levemente até o lado esquerdo da cama.
Quando cheguei puxei minha mala e guardei o saquinho plástico que eu havia trazido dentro da mesma e a fechei.
- Sério? E eu não fiquei sabendo de nada? -Ele estava ficando assustador por conta da calma com que falava.
- Eu não contei porque são só alguns dias, volto na sexta, desculpe pai.
- E precisou esvazia quase que complemente o seu quarto -Ele olhou para meu guarda roupas que estava aberto e vazio.
- Eu só fiz uma limpeza, doei algumas roupas.
- Para seu bem, espero que seja só isso mesmo -Ele saiu do quarto.
Meu coração estava acelerado e eu estava gelada, aquilo foi assustador, acabei percebendo que precisava sair naquele mesmo momento, tive a certeza que se eu ficasse, ele poderia fazer algo comigo. Fiquei em silencio no meu quarto e esperei uns 30 min, fui até a porta, olhei os dois lados do corredor e vi que provavelmente ele estava em seu quarto, peguei a mala, desci as escadas e atravessei a sala, tudo isso de maneira calma e silenciosa, demorei quase uma eternidade, quando cheguei na sala fui logo em direção a porta, abri a mesma.
- Aonde pensa que vai? -Ouvi meu pai falar atrás de mim.
Gelei completamente, mas tomei forças rapidamente para virar completamente assustada para ele.
- Pai...
Ele estava com uma calça e um casaco moletom preto e uma xícara branca na mão, parecia ter tomando um banho, trocado de roupa e ter ido na cozinha tomar o café da manhã.
- Sabia que estava se arrumando para ir embora, você mentiu para mim Eileen -Ele parecia está começando a ficar com raiva.
- Eu ia te contar, mas não sabia como.
- Você vai mesmo me deixar?
- Eu preciso viver sozinha.
- Você é mesmo uma vaca mal agradecida -Ele colocou a xícara em uma mesinha que estava perto.
Fiquei calada olhando para ele, fiquei com vontade de chorar.
- Foi eu quem não te abandonou, o único que ficou com você e está me abandonando, você realmente foi a pior coisa que eu já fiz.
- Meus avos não me abandonaram -Falei furiosa.
- E como é que abandona uma pessoa a quem nunca esteve presente de fato -Ele fez uma cara de superioridade e cruzou os braços- Seus avos nunca te quiseram também, eles nunca quiseram criar você, mesmo sabendo que seria o melhor, mesmo eles sabendo de tudo que acontece aqui dentro, elas nunca quiseram tirar você dessa casa, sabe por quê? Porque você é um parasita, você destrói todo mundo que você se aloja, ninguém queria que você nascesse, nem eu, nem sua vagabunda da sua mãe e nem seus avos, nenhum dos 4, mas ninguém teve coragem de se livrar de você antes que saísse do útero daquela vadia, mas eu fui o único que aceitou te criar e o único que você mesma está abandonando.
Meus olhos encheram de lagrimas, eu sabia que ele tinha razão, eu sabia que ele era o único que ficou por mim e por um minuto eu pensei em desistir, mas no fundo também sabia que precisava ir.
- Desculpa pai, eu preciso ir -Virei de costas e peguei minha mala com a mão esquerda.
Quando estava prestes a sair ele me pegou pelos meus braços.
- Não -Ele falou brusco- Você não tem o direito de me deixar.
Eu vi um pessoal saindo da casa da frente e ele me soltou instantaneamente para que eles não o vissem daquela forma assustadora, fui caminhando até a calcada e chamei um táxi, alguns poucos minutos ele chegou, coloquei a mala dentro e entrei, olhei para o lado da minha casa e vi meu pai parado na porta me olhando, respirei fundo, voltei a olhar para a frente, disse o lugar ao taxista, ele começou a dirigir e eu fui chorando o caminho todo pensando no meu abandono ao meu pai. Com algumas poucas semanas que eu havia me mudado senti que minha vida estava dando mais certo, eu não falava com meu pai desde aquele dia, mas sempre acabava pensando no dia que fui embora e acabava ficando mal, entretanto ao em vez de ligar ou ir na casa dele, acabava indo me entorpecer.
Certo dia eu tinha saído para uma noitada com o J.O e os amigos dele, acabamos bebendo na rua e usando muita droga, eu fiquei muito chapada, mas do que o normal e a única coisa que eu lembro antes de apagar completamente e só agir no automático foi de precisar voltar para casa. Acordei na minha cama, ou era o que eu pensava antes de olhar ao redor, não era o quarto do meu apartamento, ainda estava um pouco chapada, mas logo reconheci o quarto em que estava, era o meu antigo, o que ficava na casa do meu pai, vi que J.O estava dormindo na cama junto comigo e tinha mais 3 amigos dele largados no chão, com saquinhos cheios de pó, maconhas e bebidas espalhados por todo o quarto, entrei em desespero, acordei todo mundo e os coloquei para sair de casa pela porta da frente antes que meu pai ou alguém visse aquele tanto de homem no quarto comigo, voltei correndo para o quarto e peguei as bebidas, joguei pela janela que ficava ao lado da minha cama, corri para o banheiro, peguei uma tolha que tinha lá e limpei toda sujeira do chão e joguei o pano pela janela também, arrumei a cama e comecei a catar toda droga que estava espalhada pelo chão, quando eu estava com as coisas na mão ouvi a porta do quarto abrindo atrás de mim, coloquei tudo de maneira rápida dentro de uma bolsa pequena que eu estava, olhei para trás e era meu pai na porta.
- Eileen? O que está fazendo aqui? -Ele parecia ter bebido um pouco.
- Nada, errei a casa e já estou indo embora.
- Por que? Esta bêbada?
- Não, mas preciso ir embora.
Fui andando tentando fechar a bolsa, mas o fecho estava travando, fui até a porta, quando passei pelo meu pai ele a puxou do meu ombro e olhou dentro, puxou um saquinho e um baseado de dentro.
- Estava se drogando aqui? Nunca mais entrou em contato comigo, mas veio até minha casa para usar essas merdas? -Ele me olhou furioso.
- Não pai, eu...
Ele me pegou e me jogou na cama, fechou a porta e começou a caminhar na minha direção tirando a roupa, comecei a tremer e entrar em desespero.
- Acho que você estava com saudade de mim, enquanto estava chapada até voltou, acho melhor matar logo essa saudade, não é?
Ele avançou para cima de mim, tentei fugir, mas falhei e então fui violada novamente, mas dessa vez ele foi muito brutal, eu pensei que me mataria no processo, ele me enforcava para valer, várias vezes eu senti que meu pai não soltaria meu pescoço e eu morreria sem ar, ele violou minha parte de trás, coisa que nunca havia feito, toda aquela dor demorava uma eternidade, parecia que nunca acabava e parecia que eu morria um pouco mais a cada vez que ele entrava em mim, mas o fim finalmente chegou, ele levantou e foi se vestindo.
- Se estava se drogando para ficar feliz, por causa da vida de merda que deve ter por ter me deixado. Espero que tenha uma overdose da próxima vez que invadir minha casa, mas foi bom te vê, Eileen, na verdade eu estava precisando muito -Ele saiu.
Eu fiquei no quarto deitada, eu não sabia como reagir aquilo, eu sentia medo, revolta, nojo, raiva, tristeza e tudo que eu precisava era ir a casa de J.O para esquecer tudo aquilo. Me vesti e fui até a casa dele, quando cheguei já fui entrando e fui até o quarto das drogas, ele estava lá com um amigo, sentei em uma poltrona que tinha uma mesinha na frente que já havia algumas carreirinhas já prontas de um pó que eu não sabia o que era.
- O que é isso que está aqui em cima? -Olhei para J.O.
Ele deu um sorriso.
- Uma coisa faz esquecer todos os problemas -Ele sorriu de novo.
Eu ainda não sabia o que era aquilo, mas eu só não ligava, então tirei uma nota de 20 euros que eu tinha na bolsa e embolei, me inclinei cheirando 3 carreiras de uma vez
- Vai com calma nariz nervoso -J.O pegou a nota que estava embolada e cheirou uma carreirinha.
Deitei na poltrona e fiquei esperando bater, mas havia passado muito tempo e nada, então peguei a nota novamente e cheirei mais 3, J.O já estava chapado e o amigo dele já estava apagado, eu não entendia o motivo de não está funcionando comigo, deitei esperando o efeito, o tempo passava e nada, então cheirei mais 3, deitei e depois de um tempo eu comecei a me sentir bem, fiquei olhando teto me sentido maravilhosa por muito tempo, então deitei na mesa que não tinha mais pó, estava tão relaxada que acabei dormindo.
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