Capítulo 4: Melhores amigas eram tudo que eu precisava

*Eileen contando*

Sabe aquela frase que diz que: "se uma coisa é ruim, ela sempre pode piorar"? Acho que toda minha vida foi baseada nessa frase, nunca achar que aquilo é o pior coisa que poderia me acontecer, porque sempre pode e provavelmente iria acontecer algo pior, algumas pessoas podem interpretar como negatividade, mas no meu caso é realidade.

Quando fiz 10 anos eu tinha um grupo de amigas na minha nova escola, era eu e mais umas 4 garotas: Margaret, Greta, Christine e Mayla.

Sempre fui mais retraída, quieta e eu acabava sendo alvo muito fácil para bullying, eu não me achava bonita ou muito inteligente, os remédios me deixavam mais lenta e eu sofria muito na escola por conta disso, mas nenhum bullying era pior que o delas, pois as outras pessoas eram só estranhos chegando falando coisas cruéis e indo embora, já minhas melhores amigas eram uma armadilha escondida com um cupcake em cima, eu me aproximei achando doce, lindo e inofensivo e quando percebi estava presa em uma dolorosa armadilha, claro que na época eu não via assim.

Minhas melhores amigas me excluíam, faziam comentários maldosos, as vezes me machucavam fisicamente, elas me humilhavam em público, eu sempre era excluída na sala de aula, usavam meu dinheiro para as coisas delas, claro que elas sabiam do meu problema de abandono por conta da minha mãe, os abusos do meu pai e a negligencia do meus avos, na época eu não via nada disso como realmente era, eu nem sabia que eram problemas reais, mas elas sabiam e usavam isso para me manipular e chantagear. Sempre me diziam que se eu contasse a alguém ou revidasse elas nunca mais seriam minhas amigas e eu ficaria sozinha, diziam que era assim que amigas se tratavam e eu tinha tanta atenção assim delas porque eu era a mais amada, eu era uma criança muito sozinha então eu tinha medo de perde-las e eu realmente acreditava nisso tudo que elas falavam sobre amizade, afinal eu nunca soube de verdade como amigas se tratavam, já que elas eram as primeiras. Eu amava aquelas garotas de verdade, acho que era por isso que o bullying delas, que claro, na época eu não sabia que era bullying, era o pior que eu já havia sofrido até então.

Posso dizer que nunca havia descanso para todo maltrato que eu sofria nas mãos daquelas garotas, já que elas moravam na mesma rua que eu, Margaret morava no mesmo lado da casa do meu pai, há 5 casas a esquerda, Christine morava em frente à casa dos pais de Margaret, Greta e Mayla eram irmãs, Mayla era adotada, os pais delas moravam 3 casas a direita da casa dos pais de Christine, então os abusos não eram só na escola, eram na rua e até mesmo dentro da minha própria casa.

A medida que o tempo passava e eu ia crescendo alguns meninos se aproximavam de mim, tentavam ter algo comigo, eu não entendia na época o motivo, já que eu me achava horrível, mas eu nunca de fato consegui ter um relacionamento com nenhum daqueles meninos já que minhas amigas nunca deixaram, elas falavam que os meninos tinham interesse em me usar e somente isso, que elas como minhas amigas que se preocupavam muito com meu bem estar me proibiam de ficar com eles, então elas acabavam me fazendo afasta-los ou elas mesmas namoravam com eles e me diziam que elas eram mais espertas para isso e não seriam tão fáceis de serem levadas como eu, nunca contestei essas coisa, afinal, amigas compartilham tudo, foi o que elas sempre me disseram.

Quando fiz 15 anos acabei mudando de colégio e mesmo saindo da minha antiga escola as minhas antigas amigas ainda eram muito presentes em minha vida, já que moravam na mesma rua, com poucas casas de distância, eu só não as vias no período de aula, mas quando eu estava fora da escola, elas sempre estavam comigo, e como já deve saber, sendo muito cruéis.

Na nova escola acabei fazendo uma nova amiga chamada Estella, ela era uma pessoa muito legal e um pouco popular na escola, eu nunca entendi o motivo dela ter se aproximado de mim, mas eu era feliz por saber que uma pessoa como ela gostava tanto de mim, então eu nunca quis saber o motivo.

Eu e Estella sempre estávamos juntas, quer dizer, sempre que ela não estava com as amigas populares dela, Estella me falou um dia que elas não gostavam de mim e pediu que eu não falasse com ela quando eu as vise juntas, então eu evitava ficar perto dela quando estavam juntas, mas como elas estudavam em outras turmas, na sala de aula Estella ficava grudada em mim.

Uma coisa que eu gostava muito na minha nova melhor amiga era a proteção, ela era super protetora e ciumenta comigo, ela sempre me disse isso, Estella nunca me deixou namorar também, ela dizia que tinha medo que eu me machucasse, então para me proteger ela sempre ficava com os meninos que gostavam de mim, ela sempre ficava ao meu lado quando as pessoas sabiam alguns segredos e pensamentos meus, eu tinha certeza que eles ouviam quando eu os contava para ela, pelo menos era o que Estella me falava após os segredos estarem na boca das pessoas. Eu sempre estava pagando coisas para ela, eu me sentia bem agradando-a. Estella era minha melhor amiga e se importava tanto comigo, eu me sentia muito feliz com sua amizade.

Depois de alguns meses de amizade, ela começou a frequentar minha casa, em algumas dessas idas acabou conhecendo as 4 meninas da minha antiga escola, ficavam conversando e com o tempo acabaram fazendo amizade, mas de todas daquele grupo ela ficou mais próxima de Margaret, quase sempre estavam juntas e eu fiquei feliz que elas se davam bem e que todas minhas melhores amigas se gostavam.

Quando eu fiz 16 anos fui pela primeira vez em uma festa adolescente, eu não queria ir mais Estella me obrigou, ela disse que ficaria sozinha lá, só que eu realmente estava sem clima, então decidi não ir, meus remédios estavam começando a parar de funcionar e meus avos estavam ocupados demais para me levar ao médico para ele me receitar outros, eu estava ficando deprimida sem eles, mas naquela noite meu pai fez aquelas coisas novamente e acabei indo, não queria ficar em casa depois de tudo. Quando cheguei na festa acabei conhecendo um garoto do último ano, ele era bem alto, tinha cabelos pretos e ondulados, era branco, malhado e tinha olhos castanhos, eu nunca soube de fato o nome dele, mas todos no colégio o chamavam de J.O, ele era bastante popular, quase todo mundo do ensino médio o conhecia, mas não pelos motivos certos. Naquela noite experimentei pela primeira vez drogas e eu amei, tudo que me doía tanto naquela noite havia desaparecido, elas eram mais potentes que meus remédios e eu finalmente me sentia feliz de verdade, pela primeira vez na minha vida eu estava feliz de verdade, aquilo era incrível.

Quanto mais os meses foram passando eu fui ficando mais próxima de J.O ele me dava drogas quase sempre, na época eu achava que era de graça, mas descobri mais tarde que não eram. Minha amizade com J.O já era vista por todo mundo, já que quando eu ficava sozinha eu ia atrás dele, ele me dava o que eu queria ou só ficávamos conversando, Estella acabou sabendo disso e não gostou nem um pouco.

Um dia em que não tivemos aula, Estella me ligou dizendo que estava indo na minha casa, obvio que aceitei, quase no final da tarde ela chegou, pedi que as pessoas que trabalhava na casa do meu pai preparassem algo para nos duas comemos, logo fomos até meu quarto, sentei na cama e ela ficou em pé na minha frente, ela estava de braços cruzados e com uma cara de raiva, logo fiquei nervosa.

- Você é amiga do J.O? -Estella falou.

Meu nervosismo passou, achei que eu não estava realmente em um problema.

- Digamos que sim -Sorri

Ela pareceu ter ficado com mais raiva ainda.

- Por que está falando com ele? E por que está com esse sorriso?

- Só gosto da companhia dele, desculpe pelo sorriso -Tirei sorriso do rosto e franzi as sobrancelhas.

- Ele é um vendedor de drogas, ele não tem amigas, tem clientes e pessoas que trabalham para ele, então o que está acontecendo de verdade?

- Eu não sou cliente e nem trabalho, juro.

- Então quer dizer que ele não te da drogas?

- Sim, as vezes -Desviei o olhar.

- Olha, eu não vou ser amiga de uma drogada nojenta, então ou você se afasta dele ou eu paro de falar com você.

- Mas...

- Mas nada, sua vida é ótima para ficar se drogando, tem tudo que alguém poderia ter, então para de ser fraca.

Eu senti meu coração acelerar com aquilo e eu não sabia o motivo.

- Mas isso me ajuda -Fiz uma expressão triste.

- Não quero saber, depois do lanche vou embora e se amanhã não tiver parado de falar com ele, já nem fale mais comigo.

Ela desceu para a cozinha, fui atrás dela, lanchamos e após isso ela foi embora, eu sabia que ela falava sério e eu realmente não poderia ficar sem a amizade da minha nova e mais especial melhor amiga, então tomei a decisão de me afastar de J.O.

No dia seguinte a bronca de Estella fui até J.O e falei que eu não poderia mais pegar aquelas coisas e que achava melhor que mantivemos uma distância, ele não conquistou e eu nem expliquei o motivo, só dei de costas e sai, quando cheguei na sala contei para Estella que deu só um sorrisinho, no fim do dia a escola inteira estava me chamando de drogada nojenta, ela disse que tinha contado para todo mundo para que eu aprendesse a nunca mais usar essas coisas, eu aceitei a lição que ela queria me passar, eu sabia que ela sempre faria o melhor para mim.

Nas semanas seguintes desde que parei de falar e pegar as coisas com J.O eu comecei a ficar mais triste, depressiva, não tinha muito interesse de ir as aulas e eu estava ficando mais irritada, na época eu não entendia o motivo daquilo, então acabei somente ignorando aquele problema, pelo menos eu tentava ignorar.

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