3 de Fevereiro, 2019 - Domingo (17h33)
Era para ter postado ontem, mas tive contratempos 😅
Mas eis o novo capitulo da semana, gente 💙
Atenciosamente,
Lyan K. Levian
3 de Fevereiro, 2019 – Domingo (17h33)
De: [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Às vezes tenho medo das coisa que desejo...
Ahh... O traste está dando trabalho de novo. Mas, dessa vez, de forma diferente. Olha só isso... Ontem a Hellen mandou mensagem dizendo que aquele merda saiu na noite de sexta e voltou só no sábado pela manhã. O detalhe é que ele voltou machucado e meio doente (do corpo, porque da cabeça já era normal). A conversa que se seguiu foi assim:
ZakRod: Como assim, "doente"?
Hellen: Ah, sei lá, Zaquinho... Tá tossindo muito, falta de ar e febre. Não consegui medir quanto de febre, porque bicho é arredio. Não para quieto, bebê.
Hellen: E parece que tentaram assaltar ele. Mas como o coitado não tinha nada e estava muito bêbado, bateram nele e deixaram na sarjeta.
Hellen: Eu levei uns remédios pra dor e pra tosse que tinha em casa. Ele tomou e dormiu. Vou mandar uma foto de como ele está.
ZakRod: Não! Não faça isso! Não quero foto dele. Não mande, por favor.
Mas ela mandou. Acabei vendo contra minha vontade. A coisa estava feia. Ele está com a bochecha e olho inchado. O Nicolas me viu parado no meio da sala, olhando para o celular. Eu devia estar fazendo uma cara estranha, porque ele perguntou:
"Que houve, Zak? Alguém morreu?"
Eu ri. Não devia ter feito isso, mas ri.
"Bem que poderia ter sido. Mas não", respondi, mostrando a conversa e a foto para ele. Fomos até o sofá onde me encolhi num canto. Outra mensagem da Hellen chegou, e o Nick leu antes de mim. Ele levantou as sobrancelhas e suspirou. Depois me mostrou.
Hellen: Amore, eu levei remédio e um pouco de sopa pra ele. Era para a mãe ou o filho dele estarem fazendo isso em vez de mim. Mas sua avó sumiu e você nem quer saber do pai, né. Espero que veja o que estou fazendo POR VOCÊ, viu? Se não fosse eu, sabe-se lá como ele estaria agora.
Hellen: Visualizou e não respondeu por que, amore? Tô falando sério. Você tem que ser grato pelo que estou fazendo em seu lugar.
Dei o mesmo suspiro longo que o Nicolas tinha dado.
"Ele bem que podia se afogar com a sopa e tossir até expelir a alma do corpo", murmurei sem olhar para o Nicolas. Sei que ele deve ter feito alguma cara de desaprovação, mas não me importei muito. Digitei um "valeu" para que ela sossegasse (o que não adiantou tanto, pois ela veio com discurso sobre minha frieza até na hora de ser grato), mas a verdade é que eu não ligava tanto.
"Eu preferia que ela nem o tivesse visto voltando, para que mofasse sozinho"
Ele se aproximou, beijou minha testa e sussurrou:
"Cuidado com o que deseja... Você pode conseguir"
Em seguida ele foi ate a cozinha esquentar nossa janta, me deixando numa poça lamacenta que misturava tanto o prazer de saber que o traste está sofrendo quanto a culpa de pensar que eu sou um filho de merda ao desejar que ele morresse afogado com o próprio catarro.
Bom, ontem não falamos mais sobre isso. Foi quase como um acordo silencioso de que o assunto havia terminado.
Mas hoje de manhã, mais ou menos na hora que a Jaqueline e meu primo voltavam de mais uma daquelas festas "inimigos do fim" (que iniciam no sábado à noite e acabam depois do café da manhã de domingo), minha ex-vizinha mandou outra mensagem, dessa vez por áudio. Pelo som deu para notar que ela não estava na casa dela, e sim num lugar mais movimentado.
"Zakinho, teu pai começou a tossir catarro com sangue, então chamei minha mãe pra dar uma olhada nele. Na hora ela falou que devíamos levá-lo no hospital. Parece que é pneumonia. E como não tem ninguém na casa pra ficar de olho nele o tempo todo, vai ter que ficar internado aqui até ter alta"
Eu estava sentado na mesa com o Nicolas, que revisava matérias da faculdade, mas a Jack e o Jonas se juntaram ao meu redor, ouvindo a mensagem.
"Ué... O tio tá doente?"
Concordei com a cabeça, vendo que a Hellen estava gravando mais um áudio. Assim que chegou, dei play para todos ouvirem:
"Amore, quando eu disse que queria ajudar, era sério, viu? Espero que você perceba que estou fazendo por você. Seu pai é tóxico, e foi difícil ficar indo lá pra ver como ele estava. Veja isso como uma compensação por aquilo, tá bom? Você não pode ficar me dando gelo pra sempre por causa de uma transa casual. E vê se vem aqui visitar ele, vai que bate as botas. Aí você aproveita pra me ver também"
Eu quis morrer. Além de ela ter falado aquilo por áudio, tinha o fato de que todos estavam em volta, ouvindo. Eu... Quis... Morrer... Mordi a pele de minhas bochechas para resistir à tentação de responder aquela puta da Hellen. Larguei o celular na mesa, em silêncio, cruzei meus braços sobre a mesa e escondi ali meu rosto. Quando eu achei que o clima de velório fosse se alongar, a Jack disse:
"Dáki, você precisa contar pra sua avó que ele está mal"
Minha cabeça ainda martelava o fato de todos terem ouvido sobre meu deslize com a Hellen (se bem que eles já sabiam, mas eu preferia que esquecessem). E então veio a sensatez lembrando que minha avó deveria ser informada que o pedaço de merda estava internado no hospital, com pneumonia.
"Não quero fazer isso", murmurei com voz abafada por ainda estar com a cabeça escondida nos braços cruzados.
"É o filho dela, Dáki..."
Me levantei, olhando para baixo para evitar os olhares que eu sequer sabia se estavam ou não sobre mim. Esfreguei o rosto com as mãos, como se isso fosse lavar a culpa pelo que fiz.
"É que... Se eu contar, ela vai querer ir até lá"
Espiei minha cunhada com o canto do olho. Ela estava de braços cruzados, e séria. Não parecia julgar o fato de eu ter traído o Nicolas sem querer com a ex-vizinha, mas sim julgava o fato de eu ser um filho de merda que está pouco se fodendo para o pai podre. Essa energia de Jaqueline Belson sensata às vezes é sufocante. Bufei.
"Ah, porra... Tá bom, eu vou lá falar com ela"
E eu fui, naquela hora mesmo. Minha vontade era desaparecer da face da Terra. Ou, pelo menos, dar um jeito de fazê-los "desouvir" o que aquela maldita falou. Como ela consegue ser tão escrota o tempo todo? Eu sei que ela não quer esquecer o que fizemos, mas que mantenha essa lembrança de merda só com ela. Sem falar que ela estava no hospital, e sabe-se lá quem mais ouviu. Deus queira que os pais dela não estivessem por perto.
Já em minha avó, eu resumi por cima o que houve. Falei que o filho dela estava doente, mas que já estava recebendo ajuda. Sim, fui extremamente sucinto, evitando palavras como "hospital" e "pneumonia", pois essas seriam as senhas para fazê-la pegar o primeiro ônibus e ir até lá.
Olha, amiga... Sei que qualquer pessoa veria isso como errado. Talvez até você, não sei. Mas eu não confio em deixá-la ir até lá novamente. Se eu pudesse, cortaria os laços dos dois para sempre. Na verdade, eu meio que lamentei o fato de a Hellen de repente ser tão prestativa. Se ela não tivesse visto ele chegar em casa todo fodido, o trabalho que o defunto daria seria menor. Afinal, defuntos não agridem a mãe (ou o filho), e defuntos não fazem ameaças que me tiram o sono.
Se bem que, de acordo com a Jaqueline, o espírito do defunto pode tirar nosso sossego de outras formas.
Aiai. Ok, eu não quero pensar nisso. Não mesmo. Implicaria aceitar que posso agora mesmo estar sendo atormentado por um fantasma vingativo.
Ok, esse e-mail está ficando estranho, então vou parar, amiga. Desejo que você não tenha um espírito obsessor vingativo te observando no canto mais escuro do quarto.
Já eu... Bom, talvez eu mereça.
Grata pela leitura ^_^
KISSES~KISSES
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