26.08.18 - Domingo



De: [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Festa estranha, com gente esquisita


Eu não tô legal... Não aguento mais birita.

E a Mônica riu e quis saber um pouco mais sobre o boyzinho que tentava impressionar...

... Ok, parei.

É que estou com a música "Eduardo e Mônica" na cabeça desde ontem, quando tocou na Festa à FantaFlora.

Depois que terminei aquele e-mail que escrevi no motel, na madrugada de ontem, fui deitar com o Nicolas. Com minha aproximação ele deu aquela gemidinha de quem está acordando, e abriu só um olho para me ver. Deu um risinho de canto de boca... Um riso cúmplice.

Tanta coisa aconteceu naquela noite, em tão pouco tempo... Nossa transa, a declaração, nossos planos...

E depois que ele foi ao banheiro (coisas básicas, nada de mais) voltamos a nos enrolar na coberta. E não ficamos só nisso, claro... Ainda estava muito cedo, e tínhamos algumas horas somente para nós (e um certo "pique"). Eu, que estava deitado de barriga para cima, fui puxado para baixo dele. O Nick ficou de quatro sobre mim, e começamos a nos beijar.

Como já havia acontecido aquilo tudo que te contei, estávamos um pouco mais à vontade um com o outro. Aliás, não era "um pouco". Estávamos BEM mais à vontade.

E o Nick já estava pronto. Completamente duro, gostoso... Eu abri minhas pernas para recebê-lo, e ele entrou mais fácil do que antes. Desta vez, enquanto ele se movia sobre mim, arrisquei levar minha mão um pouco mais atrás dele... De início apenas uns carinhos, mas aí eu resolvi colocar o dedo ali.

Ah... Você conhece o termo, né? Fio terra, essas coisas...

Um. Único. Dedo... Enquanto ele me comia.

E ele arfou, meio que levando um susto. Parou os movimentos e arregalou os olhos para mim, sem dizer nada. E eu comecei a mover meu dedo lá dentro, procurando nele aquele ponto gostoso que ele já conseguiu encontrar em mim... O Nick não me impediu, mas deu para notar que estava achando o toque estranho (eu sei bem: a primeira vez que se enfia algo "ali" a sensação imediata não é tão boa). Mas fui girando o dedo, sentindo a maciez do interior dele...

Ah, é tão quente e liso... É como o lado interior da bochecha, só que super apertado.

Até que fui só um pouco mais para o fundo, e o Nicolas deu outra daquelas respiradas profundas. E fechou o olho quando disse: "Zak, o que você...? Ahh, isso é estranho...". Mas eu não parei, nem respondi nada (eu estava meio hipnotizado, acho). O Nicolas tinha parado os movimentos, e senti que o pênis dele pulsava dentro de mim. Ele ficou aquele tempo todo apenas sentindo meu dedo, de olhos fechados. Eu tinha encontrado o ponto dele, e estava massageando bem ali. A respiração do Nicolas ficou mais forte, e aos poucos ele voltou a me penetrar, só que bem devagar. Me olhando daquele jeito febril e maravilhoso só que não mais como um predador... Era mais como se o Nicolas estivesse confuso. E cá entre nós, sei que ele estava, mesmo.

Fazer isso foi maravilhoso para mim. Meu desejo pelo Nicolas (que já não é pouca coisa) ficou maior. Parecia mais gostoso ser comido por ele ao mesmo tempo em que eu sentia meu dedo ser apertado, sugado e repelido ao mesmo tempo... E foi com aquela expressão de prazer e confusão que o Nicolas gozou, sem tirar os olhos de mim um segundo sequer.

Depois disso, ele segurou minha mão, para que eu parasse os movimentos dentro dele. Como ele continuou me olhando daquele jeito, eu não sabia se ele queria tirar meu dedo de dentro dele, ou se ele apenas estava pedindo para eu não me mover. Durante alguns segundos, fiquei quieto... Até que ele finalmente afastou minha mão gentilmente, e foi ao banheiro.

Me senti um pouco mal por aquilo. Estava atormentado por aquela sensação de não saber se o que fiz foi errado, se eu avancei demais o sinal, essas coisas. O que eu queria era testá-lo à respeito do que eu escrevi ontem para você (sobre a inversão). E quando ele voltou, eu já estava afundado em um mar de pensamentos complicados.

Me sentei na beira da cama e não tive muita coragem de olhar para ele. Fiquei encarando o tapete felpudo e pedi desculpas. Ele me deitou de volta na cama, me abraçando, e passou a mão em meu cabelo. Ele não sorria, nem fazia cara nenhuma. Parecia pensativo.

"Não precisa pedir desculpas, Zak. É só que..."

"Eu fui além do que eu deveria, eu sei".

"Não!", ele contestou, quase urgente, sabe? Parecia querer me deixar tranquilo, porque eu já estava entrando num redemoinho de arrependimentos. "É que aquela sensação... É estranha".

"Estranha? Hum... Ruim?"

"Não. Apenas... estranha. Diferente. Acho que ainda não sei o que senti."

Bom, a verdade é que eu entendia bem o que o Nicolas havia sentido. Lembro de quando fiz isso pela primeira vez (com o dedo). E o fato é que aquilo é desconfortável. Arde, e parece que precisamos fazer o "número 2" imediatamente. É realmente ruim no início... Mas eu desconfio que o que causou nele a confusão foi o misto daquela coisa ruim com o prazer. Quando a gente encontra o ponto certo, aquele toque invasivo fica gostoso, e demora para o cérebro aprender a descartar a parte negativa e aproveitar somente o lado bom. Leva um tempo até relaxar os músculos e entender que aquilo é prazer.

Eu soube naquela hora que eu precisaria dar um tempo "sem dedos" ao Nick. Para ele digerir a ideia.

Estou aqui pensando... Se eu não tivesse comprado aquele vibrador, e se eu não tivesse já aprendido a gostar da penetração anal, provavelmente essa nossa primeira vez teria sido um fiasco. Com certeza eu não teria gostado de ser invadido por algo tão... grande.

Sabendo disso, e de como deve ter sido para ele, prometi que não faria novamente sem um consentimento (convenhamos... eu literalmente o invadi sem permissão). Mas o Nicolas pediu que eu não me reprimisse. Ele quer que eu seja "eu mesmo" em nossos momentos.

Ah, se ele soubesse no que isso implica... 9_9

Mas entendi a mensagem: se eu quisesse ter meu dedo tarado brincando com ele novamente, eu não precisaria ter medo.

Quando deu 7h30 fomos tomar o café da manhã que o motel serve. Tinha leite, pães, bolos e algumas frutas. De todas as mesas do refeitório, nós éramos os únicos homossexuais. E, preciso mesmo dizer que recebemos alguns olhares acusadores? Tinha um casal que ficava espiando e cochichando como se fôssemos criminosos.

Porra... que irritante.

Ao terminarmos, já era o horário de check-out. Nosso momento único, longe dos olhos do mundo e longe dos problemas da existência humana, havia acabado. Mas, entrar naquele carro com o Nicolas depois de tudo o que fizemos foi especial. Eu me sentia diferente... Mais conectado, mais consciente de mim, de meu corpo e... do corpo dele. Na minha cabeça eu ficava repetindo "Nós transamos... Nós transamos!", e aí veio outra voz e disse "Não... Nós fizemos amor!".

Eu estava sorrindo que nem bobo.

Antes de dar a partida no carro, ele se virou e me beijou. Segurou meus cabelos com força e mordeu meu lábio. "Vou querer isso mais vezes", ele sussurrou, fazendo meu peito querer explodir.

"Sou seu. Então... faça isso sempre que quiser", foi o que eu respondi...

"Você é meu?" ele perguntou, só para me provocar com aquele sorriso. Ele estava bem perto, então senti o hálito dele, de quem tinha acabado de escovar os dentes, tocando minha pele. "Hum... Meu Zak".

Ele deu mais uma mordida em minha boca, e finalmente deu a partida. À medida em que nos aproximávamos do Pântano dos Mosquitos ele começou a falar sobre os preparativos da festa, e o Nicolas gentil que eu conheci foi voltando. Já aquele Nicolas devasso, selvagem, foi se esgueirando para um interior misterioso e oculto de meu namorado.

Esse homem é simplesmente assustador (no bom sentido, se é que isso é possível). Eu realmente conheci um outro lado do Nicolas lá no motel, e simplesmente amei esse lado tanto quanto amo o Nick fofo, meigo e cavalheiro. Quero os dois para mim, sempre, e sei que com isso estou soando egoísta pra caralho. Mas, foda-se. Aquele homem é uma tentação, e eu não estou lá tão inclinado a ser um santo.

Eu ficava olhando para as mãos dele no volante, e também olhava quando ele trocava a marcha... Tentei não dar bandeira demais, mas em minha cabeça eu ficava repetindo "Foram essas mãos que me agarraram com força... que entraram em mim para abrir caminho... Foram essas mãos que me acariciaram e passearam por todo o meu corpo sem pudor algum...".

Que delícia de mãos!

Eu sei, sou um tarado. Mas não posso fazer nada, com ele perto de mim. Gosto dessa maneira.

Quando chegamos, a Jack estava separando alguns tablados de flores para serem levados ao salão da festa. Ela os colocava em uma carretinha (daquelas tipo reboque, que prendem com um gancho na traseira dos carros). Eu queria muito que ela estivesse em qualquer outro lugar durante nossa chegada, mas ela estava exatamente onde eu teria que passar. E o que você acha que ela fez? Bom, estamos falando de Jaqueline Belson... Ela correu até mim e me abraçou. "Aahh! Meu menino agora é um homenzinho crescido!"

Quanta vergonha, cruzes!

"Deixa eu olhar para você", e ela pegou meu rosto entre as mãos e ficou buscando por sei-lá-o-quê. Acho que ela queria ver como é o Isaac-não-virgem. "Espero que ele não tenha sido um bruto".

"Jack, fala sério", eu reclamei, sem conseguir me desprender dela. É claro que eu não daria detalhes, mas... Sobre ele ser bruto? Bom, eu garanti para minha cunhada que ele havia sido perfeito... Porque ele foi. "Não precisa ficar tão em cima, assim".

"Eu só queria ter certeza de que estava tudo bem", ela respondeu. E então veio aquela cara dela, de quem enxerga mais do que deveria nas expressões alheias: "E pelo jeito foi bem até demais, né Dáqui?". E começou a me zoar, chamando de garanhão (sério, ela poderia ter enchido o saco do irmão, mas eu fui o alvo... O Nick só achou graça da situação e foi acoplar a carreta no Gol.

Lá pelas 10h fomos os três para o salão, e enquanto organizávamos (com a ajuda de três pessoas contratadas) a Jack ficava fazendo pequenas perguntinhas para arrancar uma coisa ou outra. O bizarro é que, como amiga, ela estava super curiosa sobre como foi minha primeira vez, mas não quer saber de detalhes do irmão. Isso a deixou num impasse. Mas eu nunca, jamais, contaria a ela as coisas que te contei. Com você eu me solto... Falo cada um dos pensamentos sujos de minha mente. Mas com ela isso não é possível, por mais que eu goste de minha cunhada.

O espaço que alugamos é assim: tem um terreno gramado bem grande, é cercado de árvores e fechado por um muro em todos os lados. Num canto tem uma construção pequena, e no outro canto do gramado tem um toldo super espaçoso. É basicamente uma estrutura para festas à céu aberto, mesmo. A "casa" não tem quartos, nem sala, mas tem lavanderia, cozinha, e uma dispensa cheia de prateleiras e freezeres. Nós decoramos todo o exterior com algumas de nossas flores (um vaso de violetas em cada mesa, algumas orquídeas penduradas nas paredes, e num canto o mostruário com nossas variedades – com exceção das violetas, tudo estava à venda).

No fim, ficou realmente muito bonito. E como o gramado era relativamente espaçoso (e a festa estava marcada para o início da noite), as luminárias precisaram ser acesas. Eram várias espalhadas, parecendo aqueles postes de luz de praças.

Quanto às comidas e bebidas, ficou também a cargo do pessoal contratado, mas foi um cardápio super simples: cachorro-quente, pão com vinagrete e rúcula, e tinha barquinhos com maionese, também. E a parte dos doces eram brigadeiros, beijinhos e cajuzinhos. Parecia-se muito com uma festa de aniversário que fui quando criança (de um conhecido de minha rua).

Todas as coisas ficaram prontas lá pelas 18h. E foi essa a hora que eu voltei para casa com a Jack, para nos arrumarmos (eu ainda estava com a roupa que tinha usado no motel, e tinha me sujado todo de terra, e cheirava a suor e produtos de limpeza). Quando eu disse a ela (uns dias atrás) sobre minha intenção de fantasia de Drácula/Vampiro a Jaqueline se empolgou e disse que já sabia exatamente o que fazer. Por isso, depois de um banho, coloquei roupas pretas (novidade?) e fui até a casa das flores. Foi estranho perceber que já fazia um tempo que eu não entrava lá. Ultimamente tanto eu quanto os gêmeos ficamos apenas na minha casa para quase tudo...

E eu entrei no quarto da Jack.

Agora, pense numa dimensão diferente... As cortinas são roxas com detalhes prateados (é lindo, mas bem espalhafatoso), tem pôsteres de um monte de banda que eu não conheço, luzes pisca-pisca em volta de uma estante, coisas místicas penduradas pra todo lado, uma mesa com estatuetas... Deu para entender, né? Bem o estilo dela: mágico, bonito e cheirando a frutas vermelhas. Personalizado ao máximo. Faz o meu quarto parecer um cárcere, de tão cinzento e sem graça que é.

Ela me colocou sentado diante da penteadeira, e abriu uns espelhos laterais rodeados de luzes (parecia camarim de artista), e pegou um (como posso dizer?) estojo gigante cheio de maquiagem de todo tipo. Eu fico me perguntando se todas as mulheres têm algo assim, porque ela tratava aquilo como se fosse precioso... A Jack parecia muito feliz quando olhou para mim, como se eu fosse um quadro em branco.

"Eu sempre quis te maquar, Dáqui... Não exatamente como um vampiro, mas tá valendo".

E ela começou. No início, não consegui ficar sério. Ela ficava olhando para meu rosto de forma analítica, e eu ria. É estranho ser encarado daquele jeito... Mas ela deu uma bronca para que eu ficasse quieto, então me calei. E passou pó em meu rosto, e mais uns trecos cremosos que não sei o nome. Tudo muito cheiroso... Em momento algum ela permitiu que eu olhasse no espelho. Foram varios minutos com ela pincelando meu rosto e passando coisas em meu cabelo.

O toque final foram umas lentes que ela disse que comprou para mim. Colocar aquilo nos olhos foi estranho, mas acabou dando certo...

A Jack abriu o guarda-roupas e me deu um sobretudo preto e uma capa para amarrar no pescoço. Era pesada e macia, preta por fora e vermelha por dentro.

Então fiquei pronto.

Ela se afastou, e ficou admirando a "obra de arte". Os olhos verdes dela brilharam: "Uau, Dáqui... Ficou simplesmente incrível", e virou a cadeira para que eu finalmente me visse no espelho.

Puta que pariu... Não me reconheci. Sério, de início eu estranhei demais olhar para aquele ser que não era eu... mas que ao mesmo tempo era.

Eu estava com a parte de baixo dos olhos esfumaçada em preto e roxo (tipo uma olheira exagerada) e tinha rímel (rímel!!!) em meus olhos, para acentuar. Meu rosto estava com um tom mais cinzento, e tinha uma gota vermelha escorrendo pelo canto de minha boca. Um outro detalhe: em vez de ocultar aquela minha cicatriz que tenho na bochecha esquerda, ela a destacou. Até que ficou interessante...

E minha íris passou de azul para vermelha (por causa da lente que comentei). Eu parecia mesmo algum tipo de monstro mitológico. Mas graças à Jack eu era um monstro bem estiloso. Olha, eu não sou de ficar me achando, nem nada... Mas ficou muito legal.

Fiquei uns bons minutos me olhando no espelho enquanto ela tentava me convencer a colocar unhas e dentes postiços. Eu não queria unhas compridas, nem dentes pontudos... Acabei sendo um vampiro sem os famosos dentes longos, e com unhas curtinhas, comuns.

Dessa maneira, quase todo caracterizado (um Drácula com AllStar preto e sem caninos afiados – mas com um sobretudo legal, capa, e uma maquiagem digna de um filme dark fantasy) fui para a sala, esperar que a Jack também se arrumasse. Acho que se passou quase uma hora até eu vê-la novamente. E, caramba! Era uma fada em minha frente. Quero dizer, literalmente. Ela estava com um vestido esvoaçante, azul escuro, cintilante e acima dos joelhos. Tinha asinhas transparentes e uma vara de condão com estrela acesa na ponta. Até o cabelo dela estava brilhando (era glitter pra todo lado).

"Vamos voltar. Seu Romeu precisa voltar para se arrumar, também".

Quando ela disse isso, veio uma onda de ansiedade. O Nicolas não tinha revelado do que se fantasiaria. Eu insisti, mas ele foi firme em não falar... Por isso eu estava realmente curioso. Quando a Jack disse "Romeu" fiquei imaginando ele de príncipe, ou algo do tipo. Perguntei se ela sabia do que ele se vestiria, e ela disse que SIM.

Tentei perguntar de mil maneiras, mas foi em vão.

Quer uma pessoa maravilhosa para guardar segredos? É a Jack. Ela estava se roendo para que eu soubesse logo, mas não falou uma palavra. Guardou para ela, a pedido do irmão.

E lá fomos nós: uma fada deslumbrante dirigindo um Gol velho, e um vampiro ao lado. Combinação no mínimo curiosa. E com aquela capa eu estava me sentindo realmente uma espécie de lorde das trevas. Era como se ela tivesse me dado um poder. Quando chegamos ao salão, saí do carro e fui até a Jaqueline, que estava tendo dificuldade com as asas e o cinto. Depois de ajudá-la, girei a capa no ar (de forma meio teatral) e cobri parte de rosto: "Cuidado... Vampiros gostam de sangue de fada...".

"Eu é que digo para ter cuidado", ela respondeu, entrando na brincadeira e levantando a varinha de condão com um olhar pseudo-ameaçador: "Fui especialmente treinada para caçar vampiros, e posso aniquilar sua raça num instante!".

Ficamos nessa brincadeirinha boba enquanto andávamos até o portão de entrada do salão. Lá já havia sido colocado o letreiro que encomendamos escrito "1ª Festa à FantaFlora", com o logotipo da Belson Flora logo abaixo. Duas pessoas guardavam a entrada (eram dois dos caras que tinham nos ajudado na organização, e agora vestiam ternos e faziam cara de seguranças mal-humorados). Eles nos permitiram passar.

A festa estava só no início, mas já tinha algumas pessoas andando pelo gramado com copos nas mãos (Jonas, o namorado da Jack, era um deles – estava vestido de duende). Nossa entrada chamou um pouco de atenção, mas sei que foi por causa dela. Minha cunhada parecia emanar luz, sei lá. Enquanto o pessoal se distraía com ela, fui procurar meu namorado.

O Nicolas estava agachado, ainda mexendo em uma fiação das caixas de som. Eu cheguei sorrateiramente e tapei os olhos dele: "Se você se mover, vou te chupar até ficar seco" (hãã... eu estava sóbrio, mas minha intenção era dar uma de vampiro... só depois que eu percebi o quão pornográfico soou).

"Ah, é? Então quero mesmo me mover, e ser chupado...", e o Nicolas segurou minhas mãos e as retirou dos olhos dele. Puxou meus braços de forma que eu ficássemos frente a frente. E foi quando ele me viu "Zak! Caramba, é você mesmo? A Jack manja disso... Está muito legal! Quero dizer, está... putz, incrível! E seus olhos...". Ele ficou um tempo me encarando (eu quase nem sentia mais as lentes que tinham deixado minha íris vermelha). "Você é o vampiro mais atraente que já vi na vida".

Tentei dar um sorriso cínico. Tentei parecer um vampiro perigoso... Mas fiquei sem jeito com o elogio. Para disfarçar minha cara (que já estava ficando vermelha), mordi o pescoço dele rapidamente e logo me endireitei na frente do Nicolas. Fiquei com a coisa do "vampiro mais atraente" girando em minha cabeça. Por mais que eu tenha ficado sem saber o que dizer, gostei de ter ouvido aquilo.

"E você? A Jack não me conta por nada neste mundo sobre sua fantasia."

"Só preciso terminar isso, e aí vou para casa me trocar". Assim que o Nick falou isso, os olhos dele brilharam para mim. "Você não perde por esperar"...

Depois que ele foi, me distraí com as tarefas da festa. Já tinha ouvido falar que quem organiza quase nunca se diverte, e eu finalmente entendi que é verdade. Conheci a cozinheira porque fiquei de ajudar nas reposições das comidas. Havia uma espécie de barraquinha montada na frente da cozinha, e as pessoas trocavam fichas por lanchinhos e doces (na entrada elas recebiam algumas fichas, e depois tinham que comprar as outras por um valor praticamente simbólico, só para não termos prejuízos demais – e como a Jack estava no caixa, teve mais vendas). Como as pessoas chegavam já querendo comer, acabei ficando bem ocupado. Isso fez com que eu me esquecesse temporariamente de minha curiosidade sobre a roupa do Nicolas.

Festa à Fantasia é uma coisa bem interessante... As pessoas parecem sempre se vestir de acordo com a personalidade, ou com o estado de espírito do momento. Não demorou muito até que eu visse a Maria Onésia chegando (toda vestida de lã, não tive certeza se era uma fantasia de novelo o apenas uma roupa confortável) e junto com ela veio um homem-aranha minúsculo: o Lucas (que tinha ficado na casa dela durante a organização). Ele gritou, de longe "Tio Idáquiiiiiiii" e quando conseguiu entrar na barraquinha pulou no meu colo. Depois começou a jogar teias imaginárias em mim, tentando caçar o "monstro vampiro".

E então o Lucas falou a palavra mágica: "Blá blá blá, meu papai, blá blá blá pegar você". Eu não entendi bem porque ele estava empolgado demais (a dicção dele fica terrível quando se anima). Mas isso fez eu me ligar de algo: A Dona Maionese não dirige... E se ela estava ali com o Lucas, significava que o Nicolas os havia trazido.

E veio aquela onda de ansiedade: onde estava ele? E o que o Lucas quis dizer com "meu papai" e "pegar você"?

Fiquei olhando para os lados, mas não encontrei nada porque tinha que ficar atento aos pedidos (pegar as fichas, entregar lanches, doces, refrigerantes ou cervejas). E mesmo que eu focasse na busca, acho que não daria certo. Afinal, eu sequer sabia o que procurar (não tinha ideia de como o Nick estaria). Então a Jack chegou para me socorrer. O "duende Jonas" tinha ficado no caixa, e ela ajudou um pouco nas entregas dos lanches. Em seguida pediu para que eu fosse pegar mais garrafas de vinho, porque as de lá estavam quase no fim.

Inocente, fui. A dispensa daquela casa estava cheia de freezers e prateleiras lotadas de suprimentos (pães, copos de plástico, várias caixas de papelão e mais umas bugigangas que já estavam ali antes de alugarmos). Abri os freezeres um a um procurando pelas garrafas, mas não encontrei vinho algum. Até que ouvi um clique da porta. Alguém entrou, e a trancou por dentro.

Como eu estava entre as prateleiras, não vi quem era. Aquilo foi tenso... E ouvi o "cloc, cloc" dos sapatos. Então a pessoa falou: "Agora te encurralei, monstro".

Era a voz do Nicolas... Meu coração deu três saltos. A prateleira ainda impedia que eu o visse.

"Me encurralou, é? E quem é você?", perguntei de brincadeira, esperando vê-lo surgir no corredor em que eu estava.

"Eu caço seres das trevas...", ele respondeu, e então apareceu diante de mim. Estava com uma grande capa marrom, chapéu de feltro estilo fedora, botas masculinas combinando, e dois coldres com pistolas de mentira num cinto. Ele se parecia muito com algum personagem de faroeste, mas o que fazia eu saber que a fantasia dele não era de "cowboy" era o sobretudo, o crucifixo prateado no pescoço, e alguns dentes de alho pendurados pelos bolsos. "Você pergunta 'quem sou eu', monstro? Bem, uns me chamam de 'professor', mas para você sou Van Helsing, o caçador de vampiros".

... Van Helsing. O Nicolas estava com a fantasia de Van Helsing! É, seu sei: foi perfeito. Todo o conjunto das roupas dele havia sido alugado (assim como minha capa e sobretudo), e ver o Nicolas com roupas tão diferentes e tão... sei lá, teatrais... fez meu coração dar uns três pulos fora do compasso. Eu sei, é brega dizer isso. Mas... O Nicolas estava simplesmente lindo. Aliás, essa palavra é fraca perto dele.

Se eu fosse realmente qualquer tipo de monstro, ele com certeza não teria dificuldades para me destruir, se quisesse. Em um mundo daqueles medievais fictícios, trevosos e cheios de monstros, eu não me importaria em ser caçado por ele. Aliás, ELE seria o único que poderia me derrotar, com suas balas de prata me queimando por dentro (ok... viajei demais... deixa pra lá).

Eu estava no fundo do corredor, encurralado, quando ele começou a se aproximar devagar. Tinha um sorriso presunçoso no rosto, e eu me encostei na parede, amando o fato de nossas fantasias combinarem daquela forma. Era bem o que tinha acontecido pela manhã, no motel: o Nicolas predador me devorando por inteiro...

Naquele momento percebi uma coisa que talvez soe meio estranha: eu gosto de me sentir vulnerável perto dele. Gosto de dizer, nem que seja secretamente em minha cabeça, que eu "sou dele" (se bem que eu já havia falado isso mais cedo para ele, em alto e bom tom). Ser dominado por ele nessas horas é tudo o que eu mais quero...

Sou um tarado sem conserto... Sei disso.

Bem, assim que ele chegou perto de mim, consegui sentir o perfume. Era um que eu já conhecia, mas estava misturado ao cheiro diferente da roupa alugada. Por algum motivo, gostei disso. Gostei demais...

"O que vai fazer comigo?", perguntei.

"Vou fazer o que os caçadores de vampiros fazem". Ele apoiou as mãos na parede, uma em cada lado de minha cabeça.

"Hum... E o que eles fazem?"

Quem respondeu foi o corpo dele. Se encostou em mim, me prendendo, e me beijou. Depois me cheirou, e segurou minha cintura.

Amo aquelas mãos tomando conta de mim...

Com o tempo, e à medida em que sentia a língua dele dentro da minha boca, fui ficando mais e mais excitado. De certa forma, isso é uma droga. Não havia como disfarçar, mesmo que eu quisesse (afinal, ele estava mesmo se esfregando em mim com vontade, e acabou sentindo minha ereção). Enquanto continuava o beijo, ele agarrou minha bunda. Neste momento eu já estava com as pernas tremendo na base. Derretendo.

Tentei me lembrar, como um aviso a mim mesmo, de que estávamos trancados num depósito, em uma casa lotada de pessoas durante uma festa à fantasia de nossa floricultura. Mas aquela luz incandescente fraca e o cheiro dele estavam tendo um efeito hipnótico. Parecia mesmo que tudo lá fora estava se afastando à medida em que eu ouvia a respiração dele entrecortada. Eu não conseguia ver os olhos verdes do Nicolas porque enterrei meu rosto no pescoço dele. E o mordi ali, fraco o bastante para que não o machucasse, mas forte o suficiente para que ficasse uma marca de meus dentes.

E ele gemeu... Ahh, aquele gemido do Nicolas que me faz querer vê-lo de quatro em minha frente! E meu Van Helsing particular perguntou, meio que atuando como o caçador de vampiros: "Ah, então quer meu sangue?".

"Seu sangue? Não... Sou um vampiro diferente... Me alimento de outra coisa". E como eu já estava naquele torpor, passei a mão pela virilha dele, notando que também estava duro. Então tirei minha boca do pescoço dele e o encarei. Eu o queria inteiro em mim. Naquele momento. Independente de tudo...

Mas alguém tentou abrir a porta.

Amiga, você já foi escaldada com um balde de água gelada? Bem, eu nunca fui, mas tenho certeza de que a sensação seria mais ou menos a que senti naquele momento. Alguém do lado de fora disse "Ué, está trancada", e continuou tentando girar a maçaneta. Foi tão frustrante sentir aquele fogo se esvair... Quando olhei para o Nicolas, ele estava com uma cara que só posso descrever assim: sapeca.

"Acho que você se safou por enquanto, vampiro", e me deu um selinho rápido, se virando para ir destrancar a porta. "Da próxima vez que nos encontrarmos, você não vai sair inteiro", e piscou.

Bom, talvez o Nicolas não tenha percebido, mas eu já não estava inteiro... Para ele talvez tenha sido mais fácil fingir que estava tudo bem e ir encarar a festa. Quem estava tentando entrar era o Jonas. Parece que o vinho que eu tinha ido buscar estava sendo requisitado na barraca. O Nicolas deu uma explicação esfarrapada de que estava arrumando a porta por dentro, e depois foi até uma das prateleiras pegar uma caixa cheia de garrafas (ouvi o Jonas murmurando um "aham, sei" de quem não nasceu ontem).

Na hora que vi o Nick equilibrando duas caixas cheias de garrafas, pensei "Oh, e eu estava procurando pelo vinho no freezer... Que burro".

Em momento algum o Jonas me viu. O canto em que eu estava era relativamente escondido pelos vários objetos que lotavam as prateleiras. Apenas o Nick, que sabia onde eu estava, deu uma ultima espiada antes de sair. Piscou, e se foi.

Ahh... Já eu, não tinha condições de sair. Eu estava num ponto que não tinha como parar (parecia impossível relaxar... eu ainda estava duro, mesmo depois do quase flagrante). Então, o que eu fiz? Bem... Tirei ele para fora e me masturbei ali, torcendo para que ninguém resolvesse entrar na dispensa nos próximos minutos (e ninguém entrou).

Demorei bem mais que o normal. O que eu queria mesmo era o Nicolas me tocando... Queria o cheiro dele, a boca gostosa e quente dele em mim... Mas tudo o que tive naquele momento era minhas mãos frias.

Em minha fantasia sexual non-sense, o Nicolas me encurralava em um cemitério, apontando as duas pistolas para mim. Por algum motivo, desistia de atirar. Ele olhava para meus olhos e decidia que eu não era seu inimigo... Me levava para um casarão abandonado, e lá ele percebia que podia absorver meus poderes através do sexo... E me comia... sem pudores... sem limites... a noite toda.

Acabei gozando no chão. Foram apenas algumas gotas, porque eu já tinha gasto bastante sêmen ao longo da madrugada e durante a manhã. Sabe, depois que se conhece o sexo, a masturbação solitária perde 80% da graça. Sei disso porque não senti nem metade do que sinto quando o Nicolas está me tocando, me beijando e se esfregando em mim, com aquele cheiro gostoso dele.

Antes de sair do depósito, usei uns guardanapos de papel para limpar minha sujeira. Por alguns segundos, senti vergonha de ter feito aquilo sabendo que tinha tanta gente do lado de fora (e fiquei me perguntando se o Nicolas não sentiu vontade de se aliviar também). Assim que voltei para o ar friozinho da noite começou a tocar "Eduardo e Mônica". Foi por isso que comecei o e-mail com aquele trecho. A música simplesmente grudou em minha cabeça e não largou mais. Era mais pegajosa do que a porra que estava enrolada no papel em minhas mãos.

Me livrei do papel numa das várias lixeiras espalhadas pelo local, e voltei para a barraca de comida. O Nicolas estava lá, junto com um ajudante. Fiquei um tempo meio perdido, olhando para ele. Deus, como meu namorado é perfeito... Nem se eu houvesse feito um pedido aos céus, colocando detalhes de um par perfeito para mim, não seria tão maravilhoso, porque eu não saberia conceber alguém assim nem em sonho. A maneira como ele se movia na barraca, pegando os cupons e entregando os pedidos, era admirável. Eu cheguei a ouvir comentários: as garotas o achavam um gato delicioso (eu sabia disso mais do que elas poderiam supor – e fiquei vaidoso e orgulhoso por isso), e os caras o achavam "da hora".

Enfim... não tinha um ser que não fosse hipnotizado por ele, de uma forma ou de outra.

Eu não sei quanto tempo fiquei parado que nem uma estátua de vampiro no meio do gramado. A Jack surgiu (me dando um senhor susto, sem querer) e sugeriu que eu tirasse fotos para nossa fanpage. Ela explicou que estava tudo sob controle no caixa e na barraca, e que eu poderia ser o fotógrafo oficial da Festa à FantaFlora. Ficou enfatizando que eu era o único ali que sabia pegar bons ângulos e talz, e isso fez eu me sentir importante. Sei lá, foi legal...

Durante um bom tempo eu fiquei só fazendo isso: pegando detalhes da decoração da festa (e deixando as pessoas fora das fotos propositalmente). Depois é que comecei a registrar as fantasias, sorrisos, momentos e tudo o mais. As fotos que ficavam mais legais eram as que não tinham poses artificiais (gosto de chamar de "pose orgânica" – não sei se isso existe). É incrível: sempre que as pessoas viam a câmera voltada para elas mudavam a expressão natural e abriam um sorriso forçado (e tinha umas que viravam a cara para o lado oposto, o que era ainda mais irritante – se bem que não posso falar muito, visto que eu mesmo não gosto de ser fotografado).

A Dona Maionese estava sentada numa mesa junto com duas amigas (uma vestida de abelha, e a outra de Willy Wonka) e o Lucas. Nunca vi um Homem-Aranha tão entediado. Ele estava com o tablet da Jack em mãos, e assistia a um desenho. Não sei como ele conseguia ouvir algo em meio a tanto barulho (provavelmente nem ouvia).

Continuei tirando fotos, e tentei mostrar tudo da festa através das imagens. Sempre que entrava alguém diferente, eu ia atrás. Fiz uma espécie de "área da fama" ao lado da entrada (tinha uma decoração bonita na parede, ideal para enquadramentos), e quando o pessoal de dentro da festa percebeu que eu fotografava todos os que chegavam, começou a formar uma fila. É incrível como as pessoas gostam de aparecer e se sentirem importantes, mesmo que seja apenas para que suas fotos sejam publicadas numa simples fanpage de floricultura. Bem, isso meio que facilitou o meu trabalho.

Tinha de tudo: Branca de Neve, Elfos, Magos, Harry Potter, Gregos, Bruxas, Batman, Mulher Maravilha, Boneca Emília, Zumbis, Vampiros (pois é, eu não fui o único) e tinha uma galera que não estava exatamente fantasiada... apenas colocavam a cara em um buraco de cartaz com alguma coisa escrita em volta.

Oh, sim. Fui assediado nesse meio tempo. Nada com que você tenha que se preocupar... mas algumas mulheres eram meio ousadas. Depois que tirei uma série de fotos de um grupo de amigas, elas passaram para o meu lado e pediram selfies com os celulares. Me beijavam no rosto, e algumas até no canto da boca, fingindo ter sido sem querer... Ahhh, nossa. Eu não sei me livrar de situações assim.

Se não fosse o pessoal do jornal, eu acho que seria comido vivo no meio delas. Oh, sim! É que mais tarde chegou um pessoal sem fantasia, com uniforme do jornal da cidade, o Semanário do Vale (aquele que fez uma matéria sobre meu ataque na Parada LGBT). Eles foram recepcionados pela Jaqueline, e logo ela mexeu uns pauzinhos para que os ajudantes cuidassem do caixa e da barraca, para que os gêmeos e eu pudéssemos dar uma "entrevista". Nos reunimos com a jornalista e um fotógrafo em um canto, e lá nos fizeram algumas perguntas. O Lucas nos viu reunidos e veio até nós. Em vez de ficar no colo de um dos Belson, que é a família dele, o pinguinho estendeu os braços para mim.

Quem respondia a quase todas as perguntas era a Jaqueline. Ela tem uma desenvoltura sem igual com as pessoas. Parece que é uma magia de fada, mesmo: cria uma espécie de aura em volta de todos que faz com que a conversa fique fácil. As perguntas iam desde coisas sobre a floricultura até as curiosidades sobre a decisão da festa. Em momento algum foi citado o fato de ser uma "comemoração de quatro meses" de minha mudança (eu havia deixado claro que isso era apenas entre a gente), então veio a explicação mais óbvia: que aquela era uma ação de marketing para a Belson Flora.

Eu imaginei que a entrevista estivesse terminando, mas a moça resolveu perguntar sobre nossa relação (algo do tipo: o que esse cara tão diferente está fazendo no meio do trio loiro?). Ela sabia que o Nicolas e a Jack eram gêmeos (mesmo sem perguntar, isso está meio que evidente na cara dos dois), mas quis saber o que o pinguinho e eu tínhamos a ver com a coisa toda.

Eu gelei um pouco. A pergunta foi feita para mim, mas continuei na minha e olhei pra Jaqueline. Ela olhou para o Nicolas, passando a batata-quente para ele. E ele me olhou, pensativo, e respirou fundo. Percebi que o Nick ficou apreensivo quando disse "Esse aqui é o Lucas, meu filho... E esse é o meu namorado, Isaac".

Tanto a jornalista quanto o fotógrafo ficaram olhando para nós: os três homens. Acho que eles tentavam, na cabeça deles, nos encaixar como se fôssemos as pecinhas de um quebra-cabeça excêntrico. Mas essa estranheza durou cerca de três segundos, apenas. Logo a mulher recuperou a fala e disse, meio animada: "Nossa, então é uma família bem moderna". O comentário dela foi um sopro de alívio. Mas ela pediu uma foto nossa junto com o "nosso filho".

Pois é: ela falou de mim e do Nicolas como se ambos fôssemos os pais do Lucas. Você tem noção de como eu explodi em fogos por dentro? Tipo... Eu sendo colocado como pai do pinguinho, junto do amor de minha vida, foi... Putz. Fiquei feliz demais, e acho que não consegui esconder muito, porque fiquei sorrindo que nem bobo para a foto. A Jack se afastou para o lado (também parecendo radiante com isso) e a foto foi tirada assim: o Lucas em meu colo, e o Nicolas abraçando a nós dois, com o rosto ao lado do meu (como ele é bem mais alto, precisou se curvar para isso).

E então o fotógrafo do jornal mostrou, no visor da câmera dele, o resultado. Falou "É uma bela foto em família".

Ahh... Se eu fosse um balão, teria explodido de tanto que me inflei de alegria. Sério, amiga. Eu não tenho a menor dúvida quando digo que este foi o melhor fim de semana de toda a minha vida.

Fazendo o balanço das coisas, teve motel com o Nicolas (sexo delicioso com uma declaração mais deliciosa ainda), um caçador de vampiros mais gato do que qualquer um poderia imaginar, e depois aquela "foto em família" para o jornal.

Como eles ainda vão dar uma passada hoje à tarde para conhecer a floricultura, a matéria vai ficar para o jornal de domingo que vem. Já que a festa foi um evento diferente (pois Vale do Ocaso nunca teve algo do tipo) eles vão fazer uma seção especial na próxima edição. Passei algumas fotos de minha autoria para eles, e vão ser impressas a cores junto com a matéria. Me sinto bobo por estar ansioso por isso... Mas é fato: é como se eu estivesse ganhando uns 5 minutinhos de pseudo-fama. Haha... XD

Voltando á festa de ontem... Depois que eles nos liberaram (para que pudessem ver o evento e ter o que escrever) o Nicolas me olhou de uma forma doce, e passou a mão em meu rosto. Não falou nada, e nem precisaria. Me lembrei de nossa conversa na banheira do motel, sobre nossos planos de morarmos todos juntos, e tudo o mais.

Quero que isso se realize logo. Nunca tive tanta certeza de algo em minha vida como tenho agora.

A festa durou até as três da madrugada deste domingo. E olha só: eu não havia conseguido dormir de sexta para sábado (usei o tempo de descanso para escrever o e-mail anterior). Ainda bem que minha fantasia era de vampiro e a maquiagem já trazia olheiras, porque eu estava um bagaço.

O Lucas foi embora com a Maria Onésia lá pelas onze (ele dormiu na casa dela), e eu mais os gêmeos, o Jonas e os ajudantes vimos a festa ir minguando aos poucos. Tudo o que restou foram copos de plástico, guardanapos e bitucas de cigarro espalhados pelo chão. Mesmo com todos os latões de lixo que colocamos, o pessoal não se toca.

Neste momento, estou em minha casa enquanto o Lucas toma um banho na casa das flores para que a Sônia venha pegá-lo. Acordei faz pouco tempo e pedi licença ao Nick para escrever esse e-mail.

Daqui a pouco vamos voltar ao local da festa para recolher as coisas que sobraram (nem tudo foi consumido), e no período da tarde a mesma jornalista de ontem vai dar uma passada aqui, conhecer a Belson Flora para completar a matéria da semana que vem.

Apesar de eu ter dormido feito uma pedra, ainda estou com um sono terrível. Não sei como vai ser esta tarde, nem a noite... (só para constar: não consegui tirar toda a maquiagem antes de me deitar pela madrugada, eu estava cansado demais para isso... agora, em vez de vampiro eu me pareço com um zumbi recém desenterrado).

Bem, conto para você assim que der. Agora vou ter que finalizar o e-mail. Estou vendo a megera (vulgo "Sônia") buzinar na frente da casa das flores. De onde eu estou (sacada de meu quarto) ela não me vê. Tem umas árvores altas que bloqueiam a visão. Eu vejo só o borrão do carro vermelho.

Vou nessa, porque o domingo ainda vai ser longo. A sorte é que ele vai estar junto o tempo todo.

E você também estará comigo. Sempre sinto isso.

Um grande abraço, amiga-irmã!




Cartinha de Lyan a vocês 


Hey, readers! ^_^

Dei uma sumida, e com isso o Isaac some junto. Peço desculpas porque sei como é chato estar acompanhando uma história e acontecer coisas assim.

Bem, eu cheguei a avisar em alguns lugares que estou com alguns contratempos em minha rotina, mas caso você não tenha visto, falo novamente: a falta de capítulos não é desistência de minha parte (pois não desisto de escrever nem depois da morte... se bobear eu vou encher o saco de um médium e psicografar, kkkkk). O motivo foram diversos problemas na vida pessoal, profissional, saúde, enfim... Um monte de abacaxis que eu estou precisando me virar para transformar numa salada de frutas adocicada o suficiente para descer goela abaixo.

Ah, e um pedido singelo: me segue nas redes sociais que estão listadas mais abaixo? =)  Isso ajuda na divulgação de meu trabalho e faz eu sentir que o que estou fazendo vale a pena (pausa para momento dramático... rs).

Uma última coisa, queridas e queridos: VOCÊS SÃO LUZ. Espalhem essa luz e iluminem o mundo com amor, tolerância e compreensão. Estamos precisando disso. Ficar apontando o dedo neste momento, criticando, não nos levará a lugar algum.

Não importa se você é de esquerda, direita, centro, diagonal, horizontal, cima, baixo, ou o caralho à quatro na política... O fato é que estou vendo ódio em TODO lugar, inclusive de quem luta pela liberdade de expressão e tolerância (todos estão intolerantes e querendo calar o coleguinha à tapas). Apontar, julgar, criticar e xingar só tornará a salada de frutas em que vivemos mais azeda.

Quem planta ódio, colhe ódio. Quem planta intolerância, colhe intolerância.

Então vamos plantar essas sementes:  Amor Compreensão Paciência

Refletir com calma, conversar e ouvir com respeito é difícil, mas traz bons resultados. 


K I S S E S 💋 K I S S E S

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PS inútil: eu quase perdi esse capítulo, por pura burrice de reposição de arquivos... Por sorte moro com alguém mais esperto que eu, e tudo foi recuperado... Quase evaporei de susto, mas agora está tudo certo 😎



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