21.05.18 - Segunda
De: [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Luz no fim do túnel
Oi amiga! Como você está? (deu uma esfriada, né... Meu termômetro marcou 7ºC noite passada)
Sobre o "Assunto" marcado no cabeçalho do e-mail, eu e a Hellen costumávamos zoar que "A luz no fim do túnel é um trem vindo pra te atropelar". A gente ria muito da piada, mas hoje fiquei pensando a respeito.
Não que eu esteja jogando areia nos olhos da esperança, não é isso. É só que não quero cantar vitória antes da hora. Acho que, depois de tudo o que vem acontecendo, percebo que tenho que pensar trinta vezes antes de tomar minhas decisões. Tanto as boas quanto as ruins.
Ah, e desculpe por não ter escrito ontem... Mas não se preocupe, eu não me esqueci de nada. Usei o domingo pra pensar (numa volta de bike pela cidade), e foi útil pra arejar a mente.
Então, vamos para os acontecimentos de anteontem...
Bom, tive um sábado bem diferente, disso não tenha dúvidas. Depois que te enviei aquele último e-mail (aquela porcaria depressiva) não demorou muito até eu ouvir gente entrando em casa.
Eu estava no meu quarto, de pernas cruzadas sobre minha cama e de costas para a porta.
Tive certeza de que era a Jack (porque ela garantiu que ia me convencer a sair com eles), mas aí ouvi a voz do Nicolas falando alguma coisa que eu não entendi, para alguém que não era eu. Eu continuei de costas sentado na cama (não quis olhar para ele, porque não estava com coragem de encará-lo). Mas ouvi uns passos se aproximando, que não combinavam com o tamanho do Nicolas. Eram pequenos e curtos. Quando vi, uma mão minúscula se apoiou na minha coxa, e ao olhar para o lado vi o Lucas, aquele pingo de gente, me observando curioso. Aí ele falou alguma coisa que eu acho que era "blá-blá-blá, tio idáqui", me deu uma Margarida meio amassada e voltou correndo para a porta.
Eu fiquei, tipo: "o que foi isso?", e acabei olhando pra trás, na direção da porta. O Nicolas estava sussurrando algo para o menino, pedindo para ele vir e me dizer mais alguma coisa. Quando o Lucas voltou até mim, o Nick me olhou com um sorriso gentil (lembrando que ele tinha me deixado sozinho poucas horas antes, porque eu pedi). Senti meu rosto pegando fogo... Não tinha como evitar lembrar de tudo o que eu tinha feito ele passar na madrugada daquele sábado (que vergonha). A forma deplorável como ele me viu... e o fato de termos dormido na mesma cama (e minha cama é de solteiro).
Mas desviei meus olhos rapidamente pro Lucas, que estava do meu lado. Eu não tinha comentado antes (porque eu estava com certa raiva), mas o menino é bonitinho. Sei lá, ele é fofo, tem um "quê" de Nicolas nele, apesar de os olhos serem diferentes. Eu não tenho proximidade ne-nhu-ma com crianças (só conversei com crianças quando eu ERA uma), então eu não sabia como agir (sério, crianças me dão medo... eles te olham pra valer, e parecem enxergar tudo – bem mais que o Raio-X da Jaqueline). Ele deu aquela risadinha encabulada infantil, e falou "vem patiá cadente" (acho que ele quis dizer "passear com a gente").
... Ah, o Nicolas jogou sujo demais. Fazer uma criança vir me chamar pra sair de casa foi trapassa. E pra piorar, o Lucas ainda completou falando algo do tipo "meu pai disse que você vai me dar um sorvete" (pareceu isso, ao menos). Ele estava com a cabeça deitada na beirada da minha cama, e me olhava esperando alguma resposta.
Eu estava travado! Como se conversa com um ser desse tamanho? Eu nem sabia se ele entenderia se eu falasse (o ignorante ali era eu, agora eu sei – nem precisa me avisar). Olhei pro Nick e ele deu uma piscada, dizendo que ele mesmo pagaria pelo sorvete. E aí ele pediu, com aquela voz mansa, quase sedutora "Vem com a gente". E o Lucas pegou a Margarida que já estava jogada na minha cama, diante de mim, e fez eu pegar. Falou que era um presente. E repetiu o pedido do pai, para eu ir junto.
Algo me diz que levar o moleque foi ideia da Jack.
Eu peguei a flor e cheirei, por impulso. Não tinha perfume nenhum (eu já disse que era uma Margarida toda amarrotada?), mas quando eu fiz isso vi os olhos do garoto brilhando. Ele se virou pro Nick e falou todo feliz que eu gostei do presente.
Você nem imagina... Coisa besta, eu sei, mas isso me desconcertou de uma maneira que eu não achei ser possível. Eu não estava lidando com uma pessoa "comum". Quero dizer... É um ser humano normal, mas... Ele é só uma criança! Inocente, sem segundas intenções. Pareceu sincero naquela felicidade só por eu ter cheirado a flor que ele me deu. Eu não lembrava que crianças podiam ficar tão alegres por tão pouca coisa.
Até agora fico tentando me lembrar se eu era assim quando pequeno. Mas devo ter criado algum tipo de bloqueio, porque não me vem nada à mente...
Desculpe por ter desviado do relato... É que eu realmente fiquei surpreso com aquela alegria tão... pura. Acho que essa é a palavra: "pureza". Depois dessa emoção que o Lucas demonstrou, ele olhou pra mim e ficou meio elétrico. Começou a falar uma porção de coisas todas juntas, quase gritando.
Não entendi bulhufas.
E até o Nick parece que não entendeu, porque ele mandou o menino "parar de falar ardido" (depois ele me explicou que o Lucas faz aquilo quando fica muito empolgado, e ninguém acaba entendendo nada).
Ver alguém genuinamente feliz por algo que eu tenha feito, e justo depois daquela manhã de merda que foi anteontem, foi algo diferente. O Nicolas e a Jack poderiam até estar me convidando por pena (ou por medo que eu ficasse sozinho), mas o moleque não tinha a menor ideia do que o "tio idáqui" tinha feito. Se ele estava feliz, estava feliz e pronto. É o que senti naquela hora.
Fiquei o tempo todo olhando pro Lucas, porque eu não queria cruzar meu olhar com o do PAI (ainda acho estranho esse fato... a digestão é lenta). Diferente da felicidade do pequeno, tão evidente e autêntica, eu não sabia o que o Nicolas estava pensando. Adultos fingem melhor. E eu sabia que ele não ia simplesmente chegar e colocar o tópico na mesa (acho que ele me colocou numa espécie de quarentena psicológica... deve estar me observando, e isso faz eu me sentir um hamster).
Bom, no meio daquela felicidade o Lucas resolveu abrir o meu guarda-roupas... Assim, do nada.
O Nicolas ficou bravo com ele, mas falei que não tinha problemas (não tenho objetos vergonhosos escondidos). E o que o Lucas encontrou foi um carrinho da Hotwheels que eu guardo há anos. Todo estourado, mas a tração na rodinha ainda funciona. O Lucas ficou olhando para aquilo como se tivesse encontrado a única coisa que fazia sentido no meio dessa minha casa vazia. Ele olhou pra mim e perguntou se eu gosto de brincar. Fique meio surpreso com a frase completa dele (por causa das coisas sem sentido que ele tinha falado antes, achei que ele não tinha dicção nenhuma para se comunicar, mas me enganei). Eu só mexi a cabeça em um "não" sem graça (porque eu não brinco mais com aquilo, ué... é fato), e ele veio até a cama (onde eu ainda estava) e me deu o carrinho.
Crianças não fazem sentido, né? O carrinho é meu... Foi eu que guardei (então não era novidade para mim que o treco estivesse lá)... mas ele veio e me deu como se fosse um outro presente. O Nicolas riu de onde estava (deve ter percebido que eu estava parecendo um gato eriçado contra a parede).
"Ele está tentando fazer amizade com você", explicou.
Era sério? Como o Nicolas pode saber tanto sobre o que se passa na cabeça do menino? Se isso for algum tipo de super poderes dos pais, Deus esqueceu de dar isso ao meu (mas ENFIM, não quero falar do meu progenitor, agora).
Eu não sei como se faz amizade nem com adultos, que dirá crianças. Quando eu era uma, ficava mais na minha, e só brincava com quem se aproximasse de mim (eu nunca fui o que forçou a aproximação)... Então, o que eu posso ter em comum com uma criança?
"Você quer sorvete?", perguntei (foi a primeira coisa que me veio à mente), e ele balançou a cabeça num "sim" tão frenético que eu achei que fosse desmontar. Bom, nisso a gente concordava. Estava frio, mas sou daqueles que tomaria sorvete mesmo no Alasca.
Olha, foi uma coisa incrível. Aquilo me deu um novo ar, como se uma ventania tivesse vindo e arrancado aquela nuvem escura da minha cabeça.
Justo o moleque... Huahuahua... Eu nem acredito!
Então eu levantei e fui pegar algo pra vestir. Eu já tinha tomado banho, mas estava com um moletom que uso como pijamas. O Lucas tentou me seguir até o banheiro, e por algum motivo eu achei isso muito engraçado. Eu fechei a porta (com ele para fora) e ele ficava dando três batidinhas, perguntando se o "tio idáqui" estava lá. Eu não ia responder... Ele sabia que eu estava.
Por que crianças fazem isso? Juro que tentei me lembrar de mim nessa época com essa pergunta na cabeça: por que crianças são como são?
Quando abri, já vestido com jeans, camiseta e Allstar (e um cachecol para esconder os vergões horríveis no pescoço), o Lucas caiu para dentro do banheiro. Estava me esperando encostado na porta, e segurando o carrinho da Hotwheels. Eu achei que ele fosse abrir um berreiro por causa do tombo (já vi cenas assim por aí, de crianças chorando por bem menos), mas ele riu, e esticou a mão pra mim na maior naturalidade, me pedindo pra levantá-lo.
Não teve como não rir junto. Foi contagiante...
Olha... Sei o que está parecendo. Mas não, eu não gosto de crianças. Nunca gostei, e nem estou começando a gostar. Acontece que o Lucas tem essa coisa diferente (e saber que tem um pouco de Nick nele, e ver que é um pingo tão pequeno de ser humano, ajuda... nossa, ele é minúsculo demais).
Eu mal acreditei quando desci as escadas, já pronto para sair. Tinha jurado de pé junto que ninguém me tiraria de lá, e até falei que precisaria de vinte Jaquelines para me arrancar de casa, mas quem conseguiu isso (e sem esforço algum) foi um serzinho que não tem nem um metro de altura, e que não sabe comer bolo sem se melecar.
O Lucas foi me puxando (com aquela mão de miniatura) até a porta, onde o Nick nos esperava. E o garoto contou, todo empolgado, que tinha caído lá em cima...
Amiga, que menino doido.
Antes de sair, o Nicolas fez ele me devolver o carrinho. Eu disse que ele podia ficar, mas o Nick explicou que ele não pode aprender que está "tudo bem" sair pegando as coisas dos outros.
O Nick parecia até mais bonito, agindo daquele jeito com o filho. Não sei explicar... Tão responsável (aquele homem é perfeito...).
Enquanto a gente ia pelo caminho de pedras até meu portão, aproveitei para pedir desculpas por tudo. Ele disse que não era nada (ah tá, não é nadinha ¬¬), e que eu poderia contar com ele e com a Jack. O Lucas ouviu e gritou que também sabe contar, e foi contando as pedras em que pisávamos. Foi aí que eu entendi o que o Nicolas tinha dito na sexta, sobre eles (esses seres chamados "crianças") estarem atentos ao que falamos mesmo que a gente não perceba.
Crianças são perigosas. Nunca converse nada importante perto delas. São como papagaios: não entendem nada do que estão dizendo, mas repetem tudo.
Ou pior: talvez até entendam.
Eu dei uma ignorada no Lucas. Ele ia contando e olhando para mim (eu sorria pra ele não ficar muito no vácuo, mas não dei corda), e quando ele estava meio longe (ainda na contagem dele) eu pedi pro Nick apagar as besteiras que eu falei pelo Whatsapp.
E ele disse que não apagaria (eu quis entrar num buraco, sumir). Depois o Nick explicou (meio sério, olhando pro chão enquanto andávamos) que queria entender melhor aquilo tudo... Que queria ME entender melhor. E... Eu sabia que num ponto aquilo era positivo pra mim, mas ao mesmo tempo, era uma passarela delicada de gelo fino. E aí ele arrematou: "E tem outras coisas que eu preciso entender melhor, porque eu também estou confuso... Mas vamos com calma".
É, ele disse "vamos com calma". Eu sei que não devia ter bebido e falado aquele monte de merda. Ele está cauteloso, agora. Óbvio
=/
Não o culpo. Eu também estaria... =(
Bom, depois daquilo tudo (de ele ter precisado arrebentar o cadeado e talz), eu não tinha nem ido checar o lado de fora. Ele disse que traria um cadeado novo no domingo, já que tem uns modelos bons no mercado onde ele trabalha. A Jaqueline estava esperando a gente na frente da casa florida. Eu ainda não tinha visto ela desde o ocorrido, então... Ela veio me abraçar como se fizessem anos. Como se eu quase tivesse... Er...
Bem, ela veio me abraçar.
Ela estava meio desesperada, mas não falou nada além de olhar pra minha atadura e para os arranhões no meu pescoço, perguntando como eu estava (ela fez questão de tirar meu cachecol pra checar... preferia que ela não tivesse feito isso).
O fato é que, mesmo tendo passado pouquíssimas horas desde aquilo tudo, eu já estava melhor. O Nicolas ficava trocando olhares com a Jack, enquanto o Lucas ia pegar mais uma margarida do jardim. Dessa vez ele pegou três para me entregar (e os gêmeos se olharam de novo, sorrindo... caramba, eles conversam por telepatia?).
Eu me senti uma cobaia. Não aguentei e falei que eu tinha certeza de que tinha sido ideia da Jack levar o garoto. Os dois disseram que não tinham a menor ideia do que eu estava falando. Mas eu não quis insistir. Fiquei meio quieto, porque eu estava num momento mais introvertido (apesar de ter saído de casa, eu queria ficar na minha). Também achei que falar de qualquer outra coisa soaria artificial de minha parte.
Acho que você me entende... Tem momentos em que até queremos estar próximo de quem gostamos, mas sem falar um pio. Eu só queria aproveitar a cidade (que é super arborizada) pra me renovar. Botar o nariz pra fora é bom, às vezes. E parece que eles entenderam o meu silêncio. Porque eu fiquei um pouco pra trás enquanto andávamos na calçada, e fiz questão de não ficar olhando pra baixo (eu não queria PARECER deprimido, mesmo que eu estivesse). E o curioso é que o Lucas, que estava entre os dois, se soltou deles e veio pro meu lado.
É, o pinguinho me pegou pra Cristo. E esticou a mão para eu segurar a dele como se fosse a coisa mais natural do mundo (bom... para ele, é).
E... Caramba, acho até engraçado lembrar dessa sensação: segurar na mão do Lucas (aquele ser humano de 4 anos) fez com que eu finalmente lembrasse de um lapso de minha infância, na época em que a mão de meus pais davam umas cindo da minha. Eu sempre pegava na mão deles para atravessar rua, essas coisas. E naquele momento EU era o adulto segurando a mão de uma criança. Ok, eu sei que é bobagem eu fazer essa observação, mas... Eu notei isso com uma estranheza tão grande!
Uma criança estava confiando em mim. Sei lá, isso foi... Totalmente novo e estranho. Mas legal.
O bom é que o Lucas não estava querendo conversar na língua marciana dele. E o Nicolas ficou batendo papo com a Jack (coisas sobre a entrega que eles iam fazer, e uns bagulhos que nem prestei atenção, coisa trivial). E isso me deu aquele tempo precioso pra pensar, e olhar para as costas largas do Nicolas. Ele estava relaxado, e super de boa. De vez em quando olhava pra trás, checar a mim e ao Lucas (as duas crianças, presumo ¬¬).
Fomos até um parque aqui em Vale do Ocaso, que fica um pouco depois do cemitério. É um gramado muito vasto, cheio de mesinhas de pique-nique espalhadas (bem distantes umas das outras), e com um parquinho infantil dentro de um banco de areia enorme. Uma parte do riacho (aquele que passa no fundo da minha casa) seguia ali por perto, e próximo à estrada tinha três daqueles carrinhos de lanches (na verdade, acho que um era de churros, mas agora não tenho certeza).
Tinha poucas pessoas. Umas lendo, outras comendo... E o sol estava TÃO bom que nem parece que deu uma esfriada esses dias. O cachecol que eu usava nem tinha mais sentido, só que... Você sabe. Eu tinha que continuar usando.
No fim das contas, eu propositalmente ignorei o Nicolas. Não porque eu estivesse bravo (porque não estou) nem nada. É que eu simplesmente estava me sentindo estranho quando ficava perto deles (Jack e Nick). Eu meio que estava dando um tempo para eles descansarem de mim, acho. E como o Lucas ficava me puxando pro parquinho, simplesmente fui.
Pois, é. Eu estava me sentindo melhor com uma criança de quatro anos do que com eles.
E fazia tanto tempo, mas TANTO tempo que eu não sentava num balanço... Amiga, como aquilo é bom. Eu sabia que o Nicolas estava me observando. Devia estar achando que sou muito infantil. Mas eu pensei "Quer saber? Que se dane". Aquele momento estava tão bom que até lamento pelos que dizem não gostar disso (não que o Nicolas tivesse dito). Eu tentava ir mais alto, mas parei quando vi que o pingo estava tentando me copiar.
Deus me livre e guarde se dá uma merda.
Teve uma hora que eu notei que a Jack pegou minha Canon (que eu tinha deixado com eles – porque sempre saio com ela) e começou a fotografar as coisas. Inclusive eu com o Lucas. Agora que tenho as fotos em mãos (e tive tempo para olhá-las) percebi que em todas o pinguinho ria bastante enquanto que eu estava com aquele riso contido (de quem ainda está se adaptando).
É bizarro como as fotos captam certas nuances nossas.
Os outros brinquedos (gangorra, escorregador, gira-gira, gaiola) não me interessavam nem um pouco. O Lucas até tentou, mas eu falei que ficaria ali mesmo (no balanço). E de vez em quando ele voltava até mim, conversando e contando alguma coisa todo empolgado enquanto apontava para algo (eu não entendia muita coisa), e percebi que na maioria das vezes bastava eu dizer que achei legal, que ele ficava feliz e voltava a brincar, dando um sorriso de realização plena. Fiquei com vontade de dar um abraço nele, mas achei melhor não fazer nada.
Era tudo muito estranho. Na sexta-feira eu estava fuzilando o moleque, e no dia seguinte queria apertar. E, mesmo agora, escrevendo esse e-mail, te falo: isso tudo é uma bagunça dentro de mim. Esse menino... E o pai dele.
Um pai lindo, gato, e que estava conversando algo aparentemente sério com a Jaqueline... =/
Às vezes ele me olhava de relance, mas eu não conseguia sentir que tipo de conversa poderia ser (não que eu seja um sensitivo, mas às vezes a gente faz alguma ideia por causa de pistas de linguagem corporal). Fiquei me perguntando: Eu tô ferrado? Posso enterrar todas as minhas esperanças de uma vez? Ou é melhor eu parar de fazer conjecturas e ficar na minha?
Bom, eu não poderia fazer nada, além de ficar na minha. Se eles tivessem algo para conversar comigo, falariam na hora certa. Só espero que não venham com outra bomba sem preparar o terreno antes.
Chegou uma hora que eu cansei, e fiquei mexendo na areia. Quando o menino viu, correu pra checar. E ele ficava me chamando o tempo todo de "tio idáqui isso, tio idáqui aquilo" (o "idáqui" é a forma que ele arranjou pra falar meu nome)... Receber essa atenção toda dá uma moral pra gente. Bom, pelo menos eu me senti bem. E resolvi fazer com ele o castelo de areia mais alto que conseguíssemos (eu dei a ideia, e ele foi na minha).
Não ficou grande coisa, mas acho que para ele era um super feito. E ele ficou gritando pro "pai" ir ver. E o pai lindo dele veio, elogiando o monte de areia de mais ou menos um metro (com ele perto, eu já não conseguia ser tão "criança"... me sentia bobo). Aí o Nick sugeriu pro filho dele de fazer um túnel passando por baixo, e começou a cavar. Ele estava no lado oposto do meu, e falou (sem me olhar) "cava também, Zak, pra ir mais rápido", e eu comecei a tirar areia da base oposta.
Sei que isso vai parecer muito "adolescentinho", mas... Saber que nossas mãos em algum momento se encontrariam me deu um gelo na barriga. E de vez em quando ele me olhava e dava um riso enviesado. Ele pediu pro Lucas ir pegar uns gravetos para servir de bandeiras pro "castelo". Quando ele se mandou, ouvi do Nick "O Lucas gostou bastante de você... e ele é tímido, não se dá com estranhos assim".
Eu ousei perguntar (como quem não quer nada) o que isso significava, e ele deu de ombros. Ou ele não sabe mesmo, ou não quer falar.
E eu disse algo que é verdade: "Seu filho é uma graça... Deve ser um pai orgulhoso", e eu não falei debochando, nem nada. Eu estava sendo sincero. E ele me surpreendeu. "Quatro anos atrás, quando eu soube que seria pai, achei que era minha ruína... Mas depois que a gente vê e pega no colo, alguma coisa na gente muda. Eu me senti necessário diante de um ser tão vulnerável".
"Entendo", falei. Porque era verdade. Bom, é CLAAAARO que eu não tinha sentindo nem 1% do que ele sentiu como pai e talz, mas eu realmente entendia do que ele estava falando (por causa daquelas coisas que comentei mais acima).
E ele continuou dizendo que, depois que ficou órfão, o Lucas e a Jack foram a única família que sobrou. Ele não deu detalhes nem nada, mas explicou que o moleque foi um resultado de uma única noite de bebedeira, e que quando aconteceu ele nem sabia o nome da moça (a mãe do Lucas). Eles nunca nem namoraram, apenas concordaram que cuidariam dele porque a outra lá queria muito ser mãe (que bom pro Lucas).
Ele falava enquanto cavávamos o túnel (o Lucas ia vindo de lá pra cá espetando todo o tipo de gravetos, folhas e canudos no morrinho de areia). O Nicolas disfarçava o relato quando ele chegava perto... E finalmente senti os dedos dele, debaixo da terra. Eu ia retirar minha mão, mas ele a segurou, lá em baixo do tal castelinho. Ele segurou minha mão e acariciou com o polegar. Ele estava me olhando sem sorrir, mas... De forma profunda. Um olhar que fazia eu querer mergulhar nele para sempre.
Eu o agradeci. Finalmente, depois de tudo aquilo, eu consegui agradecer. Antes, tudo o que eu tinha feito era pedir desculpas e me sentir um merda (porque EU FIZ merda), mas o sentimento de gratidão foi tudo o que me dominou naquela hora.
Ele fez uma cara de quem não entendeu (ou fez que não entendeu), e eu não consegui falar a coisa toda. Murmurei apenas: "Se não fosse por você...". E ele apertou minha mão, fazendo com que as centenas de grãos de areia deixassem o toque áspero. Mas estava tão quente...
E ele apertou ainda mais. Era como se estivesse chamando minha atenção. Nessa hora, ele pareceu ficar um pouco bravo. "Nunca mais faça aquilo... Prometa para mim", ele pediu. "Eu não me perdoaria se algo tivesse acontecido".
... Ah... A onda que me dominou foi forte, quase me derrubando. Eu não consegui sustentar aquele olhar... (nem desvencilhar minha mão). Quando o Lucas chegou, ele abrandou o aperto de nossas mãos, e suspirou. "Você não é um intruso", ele falou. "Se disser isso mais uma vez..."
O Nick parou aí. Eu estava com os olhos marejados... Acho que foi por isso que ele não terminou a frase. Mas é que, ouvir ele falar com aquela convicção que eu não sou um intruso foi... Bom demais...
E ele soltou minha mão. O Lucas se ajoelhou do meu lado e me abraçou. Aquele ser minúsculo viu que eu estava daquele jeito, e me abraçou... Eu não estava chorando (ao menos, as lágrimas não chegaram a cair), mas o pinguinho falou pra eu não ficar triste.
Por que é que quando alguém fala isso, para NÃO ficarmos tristes, é que a vontade vem ainda mais? Que maldição é essa, hein?
Mas eu consegui me segurar. O Nick tirou o celular do bolso e procurou alguma coisa. Me mostrou algumas mensagens do whats, que eu mesmo tinha escrito. Aquelas coisas relacionadas à familia (que horrível eu não me lembrar que escrevi aquilo). E ele disse que, independente de eu ter uma familia muito ruim, eles estavam ali.
Eu senti que, naquela hora, ele estava falando como amigo, mesmo. Sem nada nas entrelinhas. E aí ele falou mais uma vez que eu podia contar com eles.
Eu estava sendo tratado melhor do que eu merecia... Disso eu sei. Mas sou tão grato a eles por causa disso... Tão grato, tão grato...
Depois disso o Lucas já começou a querer atenção pra ele. E o que me choca até agora é que ele não queria atenção do pai. Queria a minha. Ele queria que eu visse como o castelo tinha ficado cheio de bandeiras (estava mais para um porco-espinho feito de lixo do parque), e ele amou o túnel que eu e o pai dele fizemos (ficava jogando objetos lá, para que saíssem do outro lado).
O Nicolas ficou um tempo com a gente (eu e o Lucas). Mas em vez de participar, ele ficou só observando. Estava atento ao que fazíamos (isso foi estranho, porque me senti analisado). Eu tentei deixar pra lá o receio de parecer infantil (já que eu estava de fato com uma criança), e brinquei com o moleque. Não era exatamente divertido transformar dois galhos em espadas (talvez eu esteja muito acostumado com os games), mas me mexer e correr de um lado pro outro fez bem. O Lucas tem um repertório imaginativo maior do que eu supunha. Falava de defender o forte... Desde quando crianças são tão inteligentes? O que ele anda assistindo? Parecia que ele tinha decorado algumas frases de filmes.
E aí eu percebi que não era impressão... O Nicolas estava mesmo me medindo. A gente cruzou nossos olhares algumas vezes, mas eu desviei fingindo estar muito "ocupado" em atacar o castelinho pro Lucas defender. Depois de um tempo ele falou "Gosto de ver que se dão bem"...
As malditas borboletas de gelo apareceram no meu estômago. Ele falou isso de uma forma tão linda... Estava sentando no chão de pernas cruzadas e inclinado pra frente, me encarando.
De todo o tempo que ele ficou nos observando "batalhar", foi só isso que ele me disse. Queria saber que reflexões ele estava fazendo pra chegar a essa conclusão. Mas pelo jeito que me olhava, acho que era coisa boa (a verdade é que eu espero que sejam coisas boas). A Jack estava sozinha, bem longe, rindo de algo no celular. Ela parecia bem de boa, mas quando nós três nos aproximamos ela jogou o telefone pro lado e me perguntou como eu estava.
E eu fui sincero quando abri um sorriso pra falar que "bem". Sim, eu realmente muito bem. Uma parte por causa da magia estranha que o menino lançou (ainda não desvendei o segredo dele... é um duende, só pode), e a outra parte (e a maior) porque o Nick estava falando normalmente comigo. Quem o estava evitando era eu ( porque eu estava envergonhado)... Mas aqueles poucos minutos me mostraram que eu não precisava tê-lo evitado.
E aí a Jaqueline pegou minha mão e pediu desculpas por não ter contado antes. Ela se explicou, falou que era assunto particular do Nick, e que não queria se meter, etc, etc... Bom, é verdade que eu preferia que ela tivesse dito algo por mensagem antes de eu ter ido lá e viso por mim mesmo. Mas... No fim, foi do jeito que foi.
O mais foda é que a Jaqueline ficou achando que era a culpada por eu ter quase morrido. Nossa, o que se passa na cabeça dessa menina?
Depois de eu ter prometido (de novo) que não faria aquilo novamente, nós comemos. A Jack preparou pães com mortadela pra nós. Fazia tempo que eu não comia isso. Tão simples, mas... Tão bom! E tinha uma tigela lotada de uvas e... morangos. Eu não consegui evitar um riso (juro que foi mínimo, rs) só que notei que o Nicolas me olhou e riu também (a Jack estava distraída com o sobrinho, não nos notou - e preferi assim).
Espero que ele estivesse se lembrando do mesmo que eu... (pra mim, agora morango tem gosto de beijo de Nicolas).
Eu não acredito que, depois de eu ter falado tanta bobagem, ele ainda veio, sentou do meu lado, e começou a falar de trivialidades. Eram coisas amenas, mas que fizeram meu dia se tornar simplesmente... esplêndido.
Pra alguém que acordou no sábado pensando que tinha feito burrada (até quero fazer aquilo com ele, só que sóbrio!), e com o braço enfaixado e pescoço arranhado... Eu estava mesmo tendo uma tarde boa até demais (eu ficava o tempo todo pensando que não merecia aquilo tudo, pelo que fiz). E o Nick do meu lado, apoiado sobre o braço, com a mão encostando na minha... E perceber que ele estava juntando as pontinhas dos dedos deles com os meus "sem querer" foi tipo uma viagem para o céu. E não dava pra ninguém ver nossas mãos se entrelaçando, porque o pano em que estávamos sentados estava meio embolado. Mas não passou disso, porque logo o Lucas veio querendo sentar no colo.
O meu colo.
(passaram pó de fada em mim? Açúcar? Que houve? Eu NUNCA tive jeito com criança, elas sempre se afastavam de mim... então... o que há com o Lucas???).
Ele aproveitou que eu estava com as pernas cruzadas e me usou de poltrona. De vez em quando ele olhava pra cima (pra tentar me olhar) e falava a língua dele, tentando me contar alguma coisa. A Jaqueline disse que ele não fala daquele jeito (enrolado e incompreensível). Que estava fazendo isso por minha causa, tipo gracinha de criança. Aí o Nicolas dava uma carcada pra ele falar direito, e era como se tivessem ligado a tecla SAP. Ainda saía tudo enrolado, mas eu conseguia pegar umas palavras-chave pra formar a mensagem na minha cabeça.
E ele começou a contar que eu era como um fulano da escola dele. Eu não estava entendendo aquilo (e ninguém estava). Ele insistia que eu era igual o "Raul e o Paulo". E foi a Jack que entendeu primeiro. Ele estava querendo dizer que eu era como um irmaozão bem mais velho...
... O que se fala pra uma criança numa hora dessas? Eu queria explodir em "obrigados", mas ele não tinha a menor noção do que tinha acabado de fazer. Pra ele, se eu falasse "obrigado" ou "queda da Bastilha", daria na mesma. Eu fiquei meio embasbacado... olhando pro Lucas enquanto ele comia uma uva... (aquela coisinha pequena, no meu colo).
O Nicolas parecia que tinha engolido a mesma coisa que eu (estava quieto, meio admirado). Mas a Jack comentou algo semelhante ao que o Nicolas tinha falado quando estávamos no banco de areia: que o Lucas nunca se aproximava fácil assim das pessoas, e menos ainda para chamar de irmão. E ela ainda acrescentou "Ele sempre fala que quer ter um, mas nunca nomeou alguém assim.
Ela estava falando aquilo como quem anuncia uma coroação... E, eu meio que me senti coroado, mesmo. E o pingo de gente estava cutucando a uva para tirar as sementes, nem aí com o que tinha feito comigo. E eu finalmente fiz o que estava querendo: dei um abraço (bem rápido), nele.
É como abraçar um brinquedo macio e quentinho. Amiga, eu nunca tinha abraçado um ser humano tão pequeno (eu não zoei quando disse que só tive contato com crianças quando eu era uma...). Dá medo de quebrar, sei lá...
Pra quebrar aquele silêncio que tinha se formado, a Jack brincou com o Lucas, perguntando "Mas o tio Isaac não é muito velho pra ser seu irmaozão?", e ele mexeu a cabeça num "não", falando a língua dele todo sorridente. Não sei o que ele disse, mas pareceu que estava me defendendo. "Bla bla bla meu imãozão", ou algo assim... É engraçado que quando ele se empolga, nada que ele diz faz sentido (e quando ele fala certo, eu entendo uns 40%, só).
Se Deus existe, ele está tentando se provar pra mim... Tentando dizer que está de olho, que não me abandonou. Que não desistiu do Isaac-descabeçado-que-não-sabe-beber...
É no que pensei. E ele não enviou um anjo pra mim. Enviou três de uma vez só...
E o mais lindo deles, o Nicolas, começou a me zoar porque e não conhecia aquele desenho que nem lembro mais o nome (Rick alguma coisa), porque, claro... a Jack deve ter feito o favor de contar da conversa que tivemos no Zap quando eu estava sentado no túmulo, lá no cemitério. Eu aproveitei e entrei na brincadeira, tentado falar coisas que ele também não conhecia, e percebi que ele manja mais de games do que eu. Eu perdi a batalha, porque meu último console de mesa foi um PlayStation2, há muitos anos... Estou meio limitado aos games antigos e os dois jogos da Blizzard que gosto (StarCraft e HoTS – que são para PC), mas a brincadeira serviu pra descontrair. E o Nick prometeu que instalaria HoTS (Heroes of The Storms) no computador dele pra gente jogar junto, em dupla. O jogo é grátis, então... É bem simples de começar =)
Esse sábado (anteontem) foi um dos melhores, para mim. Ao relembrar tudo aqui, neste e-mail para você, eu fico meio bobo, até. Pasmo.
Fico pensando o que eu teria feito se eu tivesse ficado mesmo em casa (se eles não tivessem insistido em me arrastar junto para o parque). Eu chuto que eu teria me afogado em Netflix ou talvez em games, mesmo (e remoeria aquela coisa toda por um bom tempo). Mas seria uma fuga, e não diversão. E eu teria continuado com aquela coisa ruim, engasgada.
SÓ
QUE
FOI
TUDO
TÃO
DIFERENTE
(e melhor)
DO
QUE
IMAGINEI
... Sorte? Será que eu posso chamar isso de sorte? Eu não tenho a menor ideia... Só sei que estou me sentindo como se tivesse tomado um banho na alma. Todo aquele lodo que estava em mim saiu (embora eu ainda queira pular num bueiro sempre que me lembro).
Eu fiz um bom passeio, conversei um pouco mais com o Nick sobre ele, fui nomeado "irmaozão" pelo Lucas, e convenci o Nick a instalar HoTS, tudo num dia só (e acordei na mesma cama que ele). Apesar de ter sido nesse mesmo sábado que aconteceram aquelas coisas ruins, eu considero que o saldo do dia todo foi bem positivo!
Eu só acho doloroso ter que ficar olhando para o que fiz no meu braço, quando tomo banho e troco a faixa. O corte que eu fiz não foi sério, mas eu fiz muitos riscos, e arranhei demais... Está formando casquinhas de ferida, como se eu tivesse esfolado o braço no asfalto, ou algo assim. E em meu pescoço, também... cheio de vergões vermelhos.
As marcas no meu corpo vão permanecer por um tempo, mesmo que e não queira. Não importa o quanto eu me arrependa, não tem como desfazer o que foi feito. Não tem como "des-enviar" as mensagens, nem como apagar a memória do Nicolas para que ele não se lembre de minha imagem caído em convulsão no chão da minha sala vazia.
O que tenho que fazer é: não deixar acontecer de novo.
Nunca mais.
NUNCA
MAIS.
Eu pensei que tivesse superado, mas me enganei. E entrar nessa fraqueza é horrível. Cair nisso é como meter o pé na mesma armadilha que sempre me ferrou. Antes era por causa das discussões dos meus pais. E agora foi...
Porra, nem sei bem o motivo.
Não foi por causa do Lucas. Foi por um milhão de coisas. Eu já estava com a mente e o coração conflitando, confusos, cheios de dúvidas quando soube que o Nicolas tem um filho... Bom, eu simplesmente surtei. Bebi que nem um retardado e surtei com uma gota d'água que fez minha represa ruir.
Se eu pudesse te dar um conselho, amiga, é este: não beba além de sua conta. Aliás, melhor ainda: não beba.
...
O restante de tudo foi tranquilo. Na noite de sábado eu só joguei (mas sem o Nick, ele ainda não tinha instalado), e no domingo saí à tarde de bike um pouco com a Canon (sozinho mesmo, pra pensar em tudo isso que te contei), mas à noite o Nicolas me mandou uma mensagem dizendo que tinha instalado o jogo (HoTS). E jogamos juntos por várias horas, ontem... Nossa, Heroes of The Storms nunca foi TÃO legal. O Nicolas joga mal pra caralho (kkk... é engraçado de ver), mas a gente ficava conversando via áudio (com headphones, cada um em sua casa, porque o jogo é online) e tirando sarro do povo que reclamava da gente por estarmos atrapalhando o time. Eu ficava do lado dele, porque o pessoal em jogos assim não perdoam novatos... xingam, mesmo. Mas como eu fui na dele (não levei o jogo a sério) acabou sendo o máximo.
Sabe quando a bochecha dói de tanto rir? Então. =D
Sobre hoje, descobri que tenho pouco tempo no cemitério (caramba, essa frase ficou dark). É que o Seu Antônio disse que logo vai poder pegar no batente de novo, e que eu vou ter que "pegar o caminho da roça"... Eu não fiquei chateado nem nada, já que aquilo não é um emprego (eu só estou cobrindo ele... nem sei se o patrão dele sabe disso). MAAAS não muda o fato de que eu vou ter que voltar naquela saga novamente.
Dá desânimo só de pensar. Se ao menos eu tivesse algum diploma...
Bom, é isso, amiga! Agora vou enviar logo essa mensagem e jogar um pouco com o Nick! Ele mandou uma mensagem dizendo que está curtindo o jogo, e que é mais legal comigo.
(é... mais... legal... comigo! =D)
Eu estou sorrindo de orelha a orelha!!!
Boa noite, querida irmã! Minha outra anja que me observa, onde quer que você esteja!
Até a próxima!
PS: no fim, ninguém tomou sorvete... =P
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