18.05.18 - Sexta
De: [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: O tal passado tem nome...
Boa noite, amiga...
Como diria a Jack, parece que o universo está me testando.
Que dia ruim... Mas com partes boas (um detalhe, só). Mas... Ruim no geral.
Pra começar, achei diferente que em plena metade de outono amanheceu chovendo. Agora eu sei: era Deus chorando de tanto rir da minha cara.
Bom, eu não tenho um guarda-chuva (na casa da minha usávamos uns comunitários e, como não eram exatamente meus, acabei não trazendo). Eu mandei mensagem pra Jack falando que eu não iria mais, só que antes de eu ter tempo de responder já vi um "tô indo aí, vai pro portão", dela. Então eu fui...
Nos vários metros da minha porta até o portão me protegi com uma daquelas blusas de poliéster quase impermeáveis, parecendo plástico. E lá estava a Jack, me esperando com dois guarda-chuvas. O dela era florido. Já o outro tinha divisões brancas e vermelhas. Lembrei na hora daquela organização "Umbrella", de Resident Evil (e depois vi o logotipo do mesmo jogo numa etiqueta... deduzi que fosse do Nicolas).
Quando chegamos na casa florida deles, deixamos os guarda-chuvas molhados na varanda. Ao entrar, vi o Nick sentado no sofá, mas com a TV desligada. Ele parecia apreensivo. Olhou pra mim e deu um "bom dia" tenso.
Parecia velório.
A Jack me fez sentar no sofá também (mas não escolhi mesmo em que ele estava) e logo me trouxe um pratinho com o tal bolo de cenoura do Nick.
Eu quis muito aquele bolo na noite anterior, quando eu estava falando com a Jack pelo Whatsapp, mas naquele momento meu estômago estava girando... Mas achei que seria muito indelicado eu recusar. Peguei, e provei.
Nossa... Sem brincadeira: eu nunca provei coisa melhor! Além de macio que nem o céu, tinha pedacinhos de cenoura no meio, e cobertura de brigadeiro. Per-fei-to. E olha que eu não queria comer nada... Sabe o que eu reparei (com gelo na barriga)? Enquanto eu comia, o Nicolas ficou me olhando. Quando eu estava na metade ele quebrou o silêncio. "E aí, o que achou?".
Era uma pergunta simples, corriqueira... Mas eu quis abraçá-lo naquela hora. Por tantos motivos... Por ele ter falado alguma coisa (e saído daquele silêncio de DIAS), por ele ter estado curioso sobre o que eu achava de algo que ele fez, e porque... Ele deu um sorrisinho encabulado quando fez a pergunta... Ah, meu DEUS.
Achei que meu peito fosse explodir. E exatamente por causa dessa minha felicidade boba, acabei rindo pra ele, e falando a mais pura verdade: "Isso aqui tá divino". Ele balançou a cabeça, aceitando o elogio, e mordeu o lábio (eu queria morder também).
A Jack não estava por perto (percebi que ela estava enrolando com algo na cozinha, pra deixar a gente a sós – e pra bisbilhotar, aquela pentelha). E bem nessa hora, quando eu terminava de comer, ouvimos uma buzina.
O Nicolas respirou fundo e olhou tenso pra mim.
Caramba, que merda. Que sensação horrível. Parecia que tinha moléculas de chumbo no ar.
Quando ele abriu a porta, a Jack já estava do meu lado. O Nick pegou o guarda-chuva do Resident Evil (e também o florido) e foi com ambos até um Cross Fox verde lá na frente. Alguém abriu o vidro, e vi uma mulher loira, aparentando ter mais ou menos a minha idade. E da porta de trás saiu uma criança. Um molequinho de uns 3 ou 4 anos...
Eu não estava entendendo... Mas ao mesmo tempo eu estava. A Jack me olhou preocupada. Eu devia estar com uma cara deplorável.
O Nicolas abraçou o moleque e deu o guarda-chuva de Resident Evil pra ele. O garoto veio correndo pra dentro, mas parou quando me viu. Entrou com um olhar desconfiado, e a Jack pegou ele no colo. Eu olhei para os dois um tempo, e depois voltei a espiar lá fora. O Nicolas estava discutindo com a moça loira... Algo sobre não ter trazido o garoto nos dois últimos finais de semana. Não pareciam se dar bem.
"Quem é ele, tia?", o moleque perguntou, ainda no colo dela.
Tia... A Jaqueline é tia dele. Isso significa que... Putz.
Eu quis mesmo desaparecer naquela hora. Porque doeu. E doeu muito. Tive que disfarçar e olhar pra cima, pra não chorar.
Eu sou tão idiota, né? Retardado mental. Saí me apaixonando por alguém, sem saber nada sobre ele. Como sou idiota. Idiota. Idiota. Idiota!!!
E além de tudo, um intruso, no meio de uma família.
Os Nicolas e a talzinha lá não discutiram por muito tempo. Logo o Cross Fox verde cantou pneu e se mandou, deixando o garoto lá com a gente. O Nick voltou e, do portão até onde eu estava, ele veio me encarando daquele jeito que faz meu coração se quebrar em mil pedaços. Seja lá o que ele estivesse sentindo, devia refletir o aperto que eu mesmo sentia.
Os três loirinhos me olhavam (Jack, Nick e o menino no colo dela) como se estivessem esperando eu explodir (mas não fiz nada disso... engoli aquela MERDA de vontade de gritar e sair correndo). Caramba, que coisa horrível. Eu era tipo a sujeira no meio da neve pura... Um ser totalmente desconexo entre pessoas que já tinham uma vida feita. Lembrei daquela merda que uns falam por aí, sobre homossexuais serem destruidores de lares.
Cara, como eu me odiei naquela hora.
Aquela encarada dos três não durou nem três segundos. Logo a Jaqueline me deu um beijo na bochecha, e falou para o garoto "vem comigo, vou te dar um bolinho bem gostoso... Deixa o papai conversar com o tio Isaac".
Até agora sinto um ácido me corroendo ao lembrar dessas palavras. "O papai". Nicolas é pai. O Nicolas é a porra de um pai! E eu comecei a gostar do cara... Eu beijei ele.
Ahh, que merda! Eu sei que estou parecendo dramático demais, só que... Foda-se! Que se foda tudo! Porra, descobrir que a pessoa que você gosta já tem um filho é um choque que leva certo tempo pra processar! Eu sei que isso é normal, e acontece, e que tem muitas pessoas com filhos que começam relacionamento, e "blá, blá blá"... Mas eu... Sei lá. Eu estava vivendo minha fantasia retardada de que o Nicolas era apenas um cara lindo, inteligente e um punheteiro SEM filho. Não passou NUNCA na minha cabeça que...
Ah, que se foda. Você entendeu.
E eu tenho certeza de que eu transpareci essa merda toda que te falei, porque o Nick estava me olhando com cautela. Nós dois ainda estávamos parados do lado de dentro da porta de entrada dele, com a chuva apertando ainda mais lá fora.
Aquela sensação de ser um intruso aumentou. Eu me virei pra porta e já ia saindo, mas ele me segurou. Droga, eu não queria que ele olhasse pra mim, não queria MESMO que ele me visse. Chorar na frente do Nicolas só porque descobri que ele já é pai é patético (eu sou patético, deplorável). Tentei me soltar, mas ele pediu pra eu esperar. Então fiquei de frente pra porta. Em vez de falar, ele ficou quieto.
Estava esperando algo da minha parte? Ou só não conseguia falar?
E foi eu que quebrei o silêncio. Aquela coisa toda de destruidor de lares estava girando na minha cabeça, então falei "Desculpa por estragar sua família". Doeu tanto em mim falar aquilo, como se eu estivesse apunhalando a mim mesmo. E foi aí que ele me virou à força, me segurando pelos ombros. Eu posso ter visto coisas (porque eu estava com uma visão caleidoscópica de olhos marejados) mas acho que ele também não estava exatamente "bem".
E aí ele falou algo que, na hora, odiei: "Zak... Me desculpa por eu ter feito aquilo". Eu já estava começando a ficar puto, e falei que não quero que ele peça desculpas por ter me beijado. Ele fez "shhh" e olhou pra trás, apreensivo. Eu debochei disso, na hora. "Com medo de o filhinho puro descobrir que o papaizinho beijou um homem?".
Eu sei, fui um babaca. Agora me arrependo. Como eu pude ser tão cretino? Um raio deveria ter caído na minha cabeça... Tem horas que escrever esses e-mails me faz mal por ter que relembrar tudo... Me desculpa, amiga, é que é foda.
Mas vou seguir em frente.
Quando eu falei aquela MERDA ele quase tapou minha boca. Ele estava sussurrando. Falou que "não é isso... O Lucas ainda é pequeno demais, e vive perguntando quando eu vou morar com ele!". Ele garantiu que as crianças prestam atenção, e entendem mais do que a gente imagina. Eu tenho lá minhas dúvidas... Mas calei a boca.
Nessa hora, ele relaxou um pouco. Deve ter percebido que eu tinha desistido de falar qualquer coisa. E aí ele se explicou "Eu não pedi desculpas pelo beijo, e sim por ter saído daquele jeito".
... Talvez ele não tenha se arrependido, então?
Ah, Nick... Por que ele bagunça tanto meus pensamentos?
E aí ele me chamou para os fundos da casa dele. A Jack tinha ido com o garoto (o tal Lucas) jogar videogame, então... Teríamos um tempo. Ao chegar lá eu fiquei impressionado. E deixe-me abrir um parênteses (sem de fato abrir um) para lembrá-la: sabe a vez que fiquei doidão pelo Dramin e vim espiar a casa do Nick? Naquela ocasião eu notei que nos fundos da casa tinha plantação de folhagens baixas plantadas na vertical, em várias elevações (e que na época não consegui ver do que se tratava por causa do escuro). Lembra?
Dessa vez estava claro, e aquele fundo todo brilhava com a chuva caindo nas folhas, e entre elas tinha morangos! Morangos e mais morangos, todos pendurados naquelas dezenas de fileiras. Eu nunca tinha visto plantações de morangos, e hoje tenho a certeza de que é uma das plantações mais lindas – quando estão com os frutos já vermelhos. O Nicolas ia começar a falar algo, mas viu que eu estava boquiaberto. Ele riu da minha cara (não foi um deboche, apenas um daqueles risos de matar Isaac) e pegou um morango. Um dos grandes. E me deu.
"Prova", ele falou.
E que voz linda... Ele só pediu pra eu provar o dito cujo de um morango, mas pareceu que tinha tanta coisa junta ali. Até agora, lembrando, não sei se era eu vendo coisas demais, ou se ele realmente estava com um olhar de predador.
E eu mordi o morango. Salivei muito. Que fruta linda. Azeda e doce, exatamente como o Nick. E aí... Ele se aproximou e me beijou. O Nicolas me beijou... mais uma vez.
Mas dessa vez foi mais simples, provavelmente porque ele não estava afim de ser pego. Foram, tipo... Dois selinhos molhados... e deliciosos... com gosto de morango.
Ele fez um carinho na minha bochecha e perguntou "o que está acontecendo comigo, Zak?".
Eu quase perguntei "o quê?", mas eu tinha ouvido perfeitamente bem. O que está acontecendo com o Nicolas...
O que está acontecendo com o Nicolas?
Percebi que ele estava triste. De novo. (eu causo dor e confusão nele? Bom, estamos quites, pelo menos)
Eu não tive o que responder, isso era óbvio. Segurei a mão dele, que ainda estava no meu rosto, e a beijei. Eu queria que ele entendesse que gosto dele mais do que um amigo. Não que isso não tivesse já ficado claro...
E ele falou "Isso nunca tinha acontecido comigo antes", e eu continuei só olhando pra ele, bebendo cada palavra que saía daquela boca, reparando que ele estava sem jeito com o fato de eu quase não piscar. E ele tentou se explicar: "Estou me referindo a...".
E ele ficou quieto. Mordeu o lábio de novo, e eu continuei encarando (quase implorando pra ele continuar falando).
A consciência de que há poucos segundos aquela boca linda estava tocando a minha deu uma onda elétrica. Huh, que coisa era aquilo... Se um beijo me deixa assim, imagine...
Ah... Minha nossa. Eu ainda estava segurando a mão dele, que estava apoiada no meu rosto. Naquele momento eu esqueci a existência do pivete. E insisti "Está se referindo a...?".
Sério, eu não estava tentando ser cruel ao forçá-lo a falar. É que eu realmente não sabia o que ele queria dizer com aquilo. Se eu soubesse, não teria dado uma de chato, pedindo pra ele completar a frase. Mas eu precisava saber.
E ele ainda mordia... aquela... boca...
E ele falou "Eu não sou gay...". A forma como ele abaixou a voz pra falar, como se estivesse proferindo um palavrão, machucou um pouco. E ele continuou, mas sem me olhar "Eu nunca na minha vida senti o menor interesse em caras... Nunca tiveram a menor graça pra mim".
Parecia que a coisa só piorava. Eu jurava que ele estava pronto pra me mandar embora. Falar pra eu nunca mais aparecer na frente dele (eu apertei a mão dele... estava tremendo). Mas aí ele disse "Mas você é diferente".
Mas eu sou diferente... Eu? Eu sou? Diferente como? Eu queria muito saber a que tipo de "diferente" ele estava se referindo, e só agora, escrevendo esse e-mail, eu pensei nisso. Como sou tapado de não ter perguntado. É que naquela hora eu fiquei tão surpreso... Não sei, talvez uma parte de mim tenha entendido o que ele quis dizer, mas a outra parte (a parte maior e mais forte) não tem ideia.
Existe alguma possibilidade de que eu possa ter alguma esperança com aquele cara? O Nicolas Belson? AQUELE cara?
Eu devo ter ficado com uma cara de besta boquiaberto pra ele. Sei lá... Eu não conseguia prestar atenção direito em mim mesmo porque toda a minha atenção e todos os meus sentidos estavam fixos nele, e eu não conseguia fazer nada além de encarar e de sentir a mão dele passando pra minha boca... Ele passou o polegar no meu lábio.
Me olhava como se eu fosse um daqueles morangos dele...
Ah, Deus. Tudo bombardeava minha cabeça. Eu fechei os olhos pra continuar sentindo ele me acariciar... Eu era todo dele, naquela hora.
Aliás, ainda sou. Aquele homem pode fazer o que quiser comigo, que eu não vou me importar.
O... que... ele... quiser.
De dentro da casa surgiu um tropé, e senti a mão quente dele me abandonar. O pivete estava vindo, chamando pelo pai... Chamando pelo Nicolas. =( Quando o Nick pegou ele no colo, deu um abraço e um beijo na bochecha toda melecada de chocolate. A boca que há uns minutos estava na minha, agora estava no rosto daquela criança que nem sabe comer um bolo sem se sujar.
Deus que me perdoe, ou me castigue logo de uma vez, mas senti ciúme. Ciúme de uma criança que não tem culpa de nada. Ciúme de um ser de uns 4 anos que nem deve se conhecer por gente, ainda (e que não sabe comer direito).
Uma coisa eu percebi hoje de manhã: não importa o que aconteça... Aquele garoto vai ser sempre o número 1 do Nick. Senti um amor enorme dele para com o pivete. Coisa que eu nunca tive do meu pai. E ele percebeu que eu fiquei mexido, porque ficou me olhando, quieto. E quando o moleque notou para onde o pai olhava, perguntou quem eu era. Todo tímido, e com a mão toda babada na boca. "É o tio Isaac, uma pessoa de quem o papai gosta muito", ele falou.
Aquilo mexeu comigo de um milhão de maneiras... Morno, ácido, aconchegante, dolorido. Tudo ao mesmo tempo... "Uma pessoa de quem o papai gosta muito".
E aí o moleque resolve perguntar por que eu estava chorando.
Puta que pariu, eu nem estava EXATAMENTE chorando. Mas a verdade é que aquela mistura toda... Nicolas já pai... o garoto no colo dele, recebendo tanto carinho da família dele... e aquela resposta que o Nicolas deu (sou alguém que ele gosta muito? Mas de que forma?) fez aquela dor no meu peito explodir toda de uma vez. Eu realmente não estava chorando, mas depois que o pirralho falou, eu acabei não aguentando.
O Nicolas perguntou se eu estava bem, e eu respondi que "vou ficar, relaxa", e saí de perto deles... A Jack me encontrou no caminho para a porta e olhou pra mim, depois olhou pro Nick e ralhou com ele ("O que você fez pro Zak, animal?") e tive que defendê-lo antes de me mandar correndo debaixo daquele aguaceiro.
Ele não tinha feito nada... Apenas foi maravilhoso demais, lindo e cavalheiro demais, carinhoso demais... E eu não aguentei a enxurrada no peito.
Até agora, eu não estou aguentando.
Eu nunca amei ninguém. Já gostei de um cara, óbvio! Mas... Eu nunca amei ninguém. E acho que com o Nicolas... Que merda, acho que eu amo esse cara. Porque isso que estou sentindo é novo demais.
Qual é a medida do amor? O que define quando estamos apenas apaixonados, e quando realmente amamos uma pessoa? Eu não tenho ideia. Mas se for o tamanho da dor que sentimos, então eu devo amar o Nicolas.
Se o amor for definido pelo bem que você quer do outro, então eu o amo. Se a felicidade dele depender de viver com a família dele, o filho, e talvez arranjar uma mulher (para a vida dele não sofrer dos olhares maliciosos da sociedade podre), então eu prefiro a felicidade dele, do que o meu egoísmo.
Só não sei como viver com isso sem me destruir aos pouquinhos... Não sei como viver com isso sem querer, a cada instante, desaparecer desse mundo.
E ele me beijou mais uma vez essa manhã, por vontade própria... Um beijo leve, mas que me alcançou de forma que ele não imagina. E acariciou minha boca com aquele dedo que eu queria chupar. Eu devia ter feito isso... Mas na hora eu estava tão hipnotizado que... Ah...
Nicolas... Nicolas... Nicolas... Se ele não tiver intenção nenhuma de seguir adiante com isso, então o que ele fez hoje é crueldade. Ele aceitou minha visita, sabendo que eu ia ficar chocado ao ver aquela criança. Ele sabia, porque vi a apreensão na cara dele e da Jack. Eles sabiam que eu ficaria assim.
Por que não me avisaram antes? Lembrando agora, como tudo aconteceu, eu definitivamente preferia que a Jack tivesse me contado ontem pelo zap. Ter descoberto dessa forma foi tão mais doloroso...
E eu ainda tive que ir pro cemitério, trabalhar debaixo de um dilúvio. Foi o pior dia lá. Dava vontade de me jogar naquelas covas e não sair mais...
Tudo o que te contei ficou em looping, na minha cabeça. A Jack mandou várias mensagens de voz, perguntando se eu estava bem. Fui breve, menti que "sim", e que eu apenas tinha que digerir o ocorrido dessa manhã.
A "digestão" não está sendo fácil. E olha que é um fato simples... Quase corriqueiro, até.
A Jack me disse que o menino, o Lucas, tem realmente 4 anos recém completados. Isso significa que 4 anos atrás ele se envolveu com aquela loira do Cross Fox verde (ele tinha a minha idade na época!)... Eu nem perguntei pra Jaqueline o tipo de envolvimento que eles tiveram. Deixa pra outro dia... Uma bordoada de cada vez, né?
O que está me atormentando não é só o fato isolado de ele ter um filho. É tudo o que isso envolve... O fato de eu ter me sentido um peixe fora d'água entre os três, quando eles me olharam como se eu estivesse prestes a ter um colapso...
O Nick disse que não gosta daquela mulher (a mãe do filho dele). Que "nunca gostou", foi o que ele disse. Mas aquele moleque nasceu, não foi? O Nicolas teve lá a contribuiçãozinha dele para isso ao enfiar o pau duro onde não devia.
Aff... Não estou com cabeça pra pensar nisso... Pra um virgem babaca e (des)iludido que nem eu, é doloroso demais imaginar o homem que gosto transando com outra pessoa. Dá vontade de sair por aí, dando o cu pra qualquer um que queira comer um virgem.
... Ok, eu já notei que tenho que terminar esse e-mail porque estou começando a falar merda.
Ao menos a chuva parou...
Vou ter que passar pano no chão de casa, porque eu voltei do trabalho coberto de lama até os joelhos, e imundiciei tudo aqui.
Eu preciso arranjar outro emprego rápido... O Seu Antônio já está ficando melhor, e logo vai mandar eu pastar (aqueles trocados que ele está me dando é parte do ganha-pão dele).
De qualquer forma, e em vários sentidos, eu estou perdido.
Se ao menos a gente pudesse escolher por quem se apaixona... Eu nunca teria escolhido um cara com aquele tipo de passado. O pai de uma criança.
Sou um veado cuspido de um escroto, e que veio ao mundo contra a vontade da própria mãe... e que tem a audácia de se interessar por um cara decente.
O Nicolas merece coisa muito melhor.
... Eu vou enviar esse e-mail agora e desligar o PC, amiga. Nem pra jogar eu tô com ânimo. Vou pegar o vinho que comprei (aquele "Chapinha", bem baratinho) e torcer pra aquilo me deixar com sono. Tem uma garrafa daquele "Stock" de chocolate, também.
Acho que só apagando de vez é que vou parar de pensar merda. Dormir que nem uma pedra, é do que eu preciso (pelo menos o Seu Antonio não precisa de mim amanhã).
Eu nunca bebi até cair, porque sou muito fraco pra isso. Mas sempre tem uma primeira vez, não é o que dizem? E que se foda.
Boa noite, amiga...
Ame com cautela...
Não cometa meu erro.
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