12.06.18 - Terça (noite)



De: [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: A surpresa dos Belson


Boa noite, amiga! Uma noite meio fria, linda e estrelada... E você não vai acreditar de onde eu estou escrevendo este e-mail...

Eu

Estou

No quarto

Do Nicolas...

Mas, calma. Tudo a seu tempo. Nada de atropelar os coitados dos bois com a carroça.

Hoje, no fim da tarde, os gêmeos foram me buscar no hospital. Eu pensei que aquele carro (o Gol branco que às vezes eles pegam do casal hippie, amigos da Jack) fosse emprestado. Mas fiquei surpreso quando ela disse que o carro é do Nicolas. É que eles utilizam todo o espaço da casa das flores para os vasos, então não sobra lugar para mais nada. E como eles usam pouco o Gol, deixam com aquele casal (Mariana e Samuel, donos da mansão onde foi feita a festa de boas-vindas da Jack). O Nick riu da minha cara de surpreso (e deu aquela piscada linda... ele quer me causar um curto-circuito, só pode).

Eu fiquei ao lado do Nicolas, que dirigia... Ele estava de óculos escuros e jaqueta jeans... Ele fica tão gato com aquela jaqueta. E os óculos, tipo "aviador", então... Com aquela barba por fazer... Ahhh... Acho que fiquei encarando ele mais do que deveria, porque ele perguntou "o que foi?". E a Jack (que sentou atrás de mim) respondeu no meu lugar... "Ele está admirando o namorado novo, bobo, deixa ele te olhar".

Meu Deus, que vergonha eu fiquei... Dei uma bronca nela, de brincadeira, mas por dentro eu estava concordando. O Nick ficou com um sorriso contido, meio corado. Amo quando ele fica encabulado daquele jeito.

Não tem como descrever.

Eu estava com uma sacola cheia de remédios (vou ter que tomar algumas coisas por uns tempos), e enquanto o Nicolas guiava, a Jack ia conversando, com as mãos nos meus ombros. Ela sabe como fazer uma pessoa se sentir querida... Os dois sabem. Mesmo agora, lembrando de tudo, eu me emociono. Eles são foda, puta que pariu. Amo esses dois.

No caminho, eles passaram numa pizzaria, e pegaram uma enorme de frango. Nos dias anteriores a Jack e o Nick fizeram umas perguntas me sondando sobre gostos pessoais (principalmente relacionado a comida), e eles disseram que era só curiosidade. Mas nessa tarde eu entendi a intenção deles... Porque pizza de frango com requeijão é minha favorita. Depois a Jack mostrou uma latinha de leite condensado que tinha na bolsa, e disse que vamos cozinhar a lata na pressão, para fazer doce de leite (que era outra cosa que eu tinha comentado que estava com vontade)...

Nós não comemos na pizzaria. Viemos embora, comer "em casa". E quando eu demonstrei uma preocupação sobre não ter mesa no Pântano dos Mosquitos, a Jack riu.

Eles ainda não tinham me revelado a tal surpresa. E o Nicolas disse que eu comeria com eles. Nessa hora a Jack olhou pro irmão e perguntou "Posso contar agora?", e como ele respondeu que sim, ela meio que cantarolou "Você vai ficar na nossa casa por um tempinho, titio Idáqui".

Na hora eu não captei a mensagem. Eu achei que o "tempinho" a que ela se referia era o tempo da janta. Mas aí eles começaram a explicar que foram até minha casa e pegaram meu colchão, para que eu permanecesse com eles até que eu tirasse os pontos.

Amiga, imagine um Isaac de cera. Perdido. Sem fala.

Eu já tinha dado tanto trabalho para eles, e estava recebendo mais essa gentileza. Eu não soube o que dizer na hora, então a Jack começou a comentar empolgada sobre o que faríamos, sobre o que ela iria cozinhar e coisas assim. Eu acho que ela não tinha visto minha cara ainda. Foi o Nick que perguntou se eu estava bem, e eu expliquei que não queria dar mais trabalho.

Eu já estava me sentindo um estorvo há dias.

A Jack ficou meio brava comigo, quando eu disse isso. Explicou que eu não estou dando trabalho, e que é um prazer para eles ajudar dessa maneira. Mas... Aquela ideia de "invasor" estava na minha cabeça. Invadir o espaço dos irmãos, sei lá. Eu acabei falando isso pra eles.

Então o Nick falou que eu já faço parte dos Belson há dias. E que eles não iriam ficar em paz sabendo que eu, um convalescente, ficaria sozinho naquele casarão. A cada palavra dele, meus olhos ardiam mais e mais... Comecei a chorar lá mesmo, de tão feliz que fiquei. Nessa hora a Jack me pediu para me colocar na situação dela. Foi quando eu entendi... Eu nunca iria suportar que um deles ficasse sozinho depois de ter passado por uma situação dessas.

Nunca.

Só depois disso que eu aceitei, e falei um "obrigado" meio embargado, porque eu não acreditava na bênção daqueles dois. Aliás, é claro que eu acreditava. Esse "não acreditar" que falo é só um modo de dizer. É quando a coisa é boa demais para parecer verdade.

Mas aqui estou eu, sentado na cama do Nick, com a porta do quarto fechada (estou sozinho no quarto) e escrevendo este e-mail com meu notebook (que está apoiado numa bandeja suspensa parecida com a do hospital).

Desculpe, estou novamente atropelando o relato.

Quando entramos na casa das flores, a Jack ficou pedindo para a gente se beijar (eu ainda vou matar ela de vergonha algum dia, para me vingar). Ela foi tão insistente... E demos um selinho, só para ela parar (mas eu gostei).

Na mesma hora, já começaram a me tratar como rei (muito exagerados esses dois). Foram cozinhar a lata de leite condensado enquanto eu tomava banho (já tenho conseguido fazer isso sozinho, mesmo que seja ainda difícil), depois eles me colocaram no sofá (meu sonho de consumo, de tão macio e confortável) e me trouxeram coisas para comer. Não vou mentir... Eu estava com vontade daquela pizza de frango e de um suco de laranja natural.

E ficamos os três sentados no sofá grande (eu estava entre os gêmeos... me senti realmente o máximo, você não tem noção) enquanto comíamos e fazíamos uma maratona de "O Vazio" (uma série de animação que a Jack insistiu que é o máximo - eu e o Nick acabamos concordando: bom demais). Às vezes pausávamos para falar de nossas teorias (o Nick é muito de querer debater o episódio antes de ele acabar, rs).

No fim, assistimos a série inteira de uma vez. Como eu realmente tenho que ficar em repouso, foi perfeito.

Quando acabou, o Nick levantou e disse que ia pegar algo... Assim que ele voltou, (você não vai acreditar) me deu um buquê de morangos com chocolate.

Sim... Um BUQUÊ de MORANGOS... cobertos com uma casquinha de chocolate. Eram vários deles, todos espetados num palitinho e arrumados na forma de buquê. Assim que eu peguei (sorrindo que nem criança) o Nicolas disse que "Essa é a primeira vez que comemoro o dia dos namorados".


... ... ... ... ... ... ← Essas reticências é para tentar expressar como fiquei.


Meu Deus, o que foi aquilo? Eu estava mesmo sem fala, e sorrindo de orelha a orelha! Eu sabia que ele já tinha tido uns rolos no passado, que ele chamou de "namoricos não duradouros" (conversas em chat ajudam a falar sobre essas coisas), então ouvir aquilo dele foi realmente muito bom. Porque, mesmo que ele tivesse se relacionado no passado com outras pessoas (mulheres), eu sou o primeiro com quem ele quer algo sério.

E isso é alguma coisa! =)

Ah, e olha só... Sabia que até aquele momento eu não tinha me dado conta de que hoje é dia dos namorados?

Pois é... Eu estava perdido no calendário.

Eu peguei o "buquê de morangos" (cultivados pelo meu namorado!!!) e falei que era minha primeira vez, também (ele já sabia, mas mesmo assim falei... porque eu não sabia realmente o que dizer!). Nessa hora a Jack parece que tomou um chá de sumiço, porque não vi mais ela na sala... E ter o Nicolas me olhando daquele jeito, na meia luz da tevê ligada, tão perto... Ahh...

Eu vibrei quando senti a boca dele na minha. Foi um beijo tão calmo... Como se fosse toda a essência de cura dos últimos dias, me passando tranquilidade e carinho... Mas quando senti a língua dele, molhada, quente... Percebi que o hospital não tinha acabado com minha libido coisa nenhuma! Ela estava ali, muito bem, obrigado.

E o beijo ficou um pouco mais quente. Eu ouvia ele respirando mais rápido, assim como eu (esses sons da respiração dele, somado aos estralos dos beijos, e o perfume do Nicolas... e aquele hálito delicioso... Humm...).

Mas, apesar de estamos daquele jeito, percebi que o beijo foi bem diferente daquele sábado (quando ele me arrastou para dentro e me encostou na parede). Foi mais profundo e erótico, porém mais tranquilo. Não tinha uma urgência desesperada, mas sim uma espécie de cumplicidade. Era um momento muito nosso, e eu simplesmente aproveitei para explorar aquela boca linda que amo... E no meio de um beijo e outro, ele parava e me olhava... Acariciava de leve o meu rosto, perto de onde levei um dos cortes.

"Acho que vai ficar uma cicatriz", ele disse, baixinho, e continuou me beijando devagar. Aquelas mãos gostosas deslizaram para minha perna, por cima da calça moletom. E ele ficou esfregando a mão lá, muito perto da minha virilha... De propósito, só pra me deixar louco...

E aí aconteceu... (ai, amiga, que vergonha...).

É que eu...

Aaahh! Não quero escrever issooo! Merda.

Ok, vai de uma vez, então! É que, durante aquele beijo, eu acabei gozando. PRONTOFALEI. >_<

Mesmo sem me tocar "ali", mesmo sem ter tirado nada para fora... Apenas sentindo a língua dele, e os dedos na minha coxa, foi o suficiente para... Putz. Nunca tinha acontecido.

É que... antes, eu tinha o costume de me aliviar todos os dias. E no hospital, não fiz isso uma vez sequer. E hoje, aquele beijo e aqueles toques... Eu simplesmente explodi, sei lá. Eu sei, sou um virjão sem experiência, e blá, blá, blá... Odeio isso.

E a pior parte: o Nicolas notou... =__=

Mas ele sorriu (foi um sorriso entre o gentil e o tarado, uma cara que quero ver nele mais vezes) e disse que gostou de presenciar aquilo, porque eu dei um gemido sexy... (minha nossa, ele disse que eu dei um gemido sexy...). Eu pedi desculpas, mas ele insistiu falando que gostou mesmo de ter visto isso.

Foi quando eu lembrei que já vi ele gozar (lembra, quando eu saí na madrugada e espiei ele com minha Canon?). Bom... Aqui se faz, aqui se paga. Estamos quites.

E ele perguntou se eu quero ajuda.


Ajuda.


Ajuda...


Ajuda?


Hein?

Hã?

Quê?

Ajuda para quê?

Eu disse que não, e fui me limpar no banheiro. Uma coisa que nos fez rir é que eu estou andando que nem um senhorzinho com dor nas costas (não dá para andar reto ainda, sinto os pontos repuxando dentro do meu corpo, porque eu tive várias camadas de sutura... é horrível a sensação).

O fato é que eu estava mesmo precisando dar uma gozada (desculpe meu palavreado, mas é verdade). E o Nicolas apenas adiantou o que eu deveria ter feito sozinho. E, se eu dissesse que não gostei daqueles toques mais ousados dele, estaria mentindo.

Queria fazer ele gozar, também. Mas antes eu preciso voltar a andar que nem um cara de 20 anos que sou, e não como um centenário.

No início da noite, a Jack saiu com o namorado dela, para terem a comemoração deles. E foi aí que fui apresentado ao lugar onde eu ficarei durante uns dias: o quarto dele. Eu pensei que o Nicolas fosse ficar aqui também, mas ele disse que preciso de privacidade. Então agora eu estou na cama do meu namorado (aahhh!), e ele está com o meu colchão (que ele buscou na minha casa), no chão da sala.

Eu queria que ele ficasse aqui, porque me sinto estranho sozinho num quarto de outra pessoa. Mas, ao mesmo tempo, esse período sem ninguém é importante pra eu me recompor, e fico muito grato por ele ter essa sensibilidade.

Ficar sozinho nesse quarto é muito diferente da solidão no hospital, onde eu sabia que eles estavam há quilômetros de distância, em outra cidade. Já aqui, eu sei que ele está na sala. Basta eu abrir a porta e andar uns passos, que o vejo... O meu namorado. O meu amor. O homem mais incrível que eu poderia conhecer.

Depois daquele beijo quente e do meu desastre gosmento, não voltamos a nos "pegar" daquela maneira. Ele apenas me deu um beijo de boa noite (e um abraço gostoso, reconfortante), e disse que se eu precisasse bastaria chamar.

Será que ele sentiu que ultrapassou algum limite?

Eu não sei. Acho que tenho que dar tempo ao tempo. Parar de ficar tentando interpretar tudo.

Mas... Estou realmente feliz, aqui... O quarto cheira a Nicolas (é excelente!). Minha ceia está sendo morangos com chocolate. Já foi metade do buquê. Um buquê com gosto de Nicolas.


... se bem que eu não provei "aquele" sabor dele ainda.


... E quero muito provar.


... ok, melhor eu escovar os dentes e tentar dormir. Apesar de minha cabeça estar cheia pra caramba, eu estou cansado demais. Depois desse final de tarde com os Belson, é até bizarro pensar que ainda hoje eu estive internado no hospital.

Foi a semana mais absurdamente louca de toda a minha vida.


Louca.

Louca.

Louca.


Mas eu estou na casa dos gêmeos...


Louca.

Louca.

Louca.


E agora eu namoro o Nicolas Rafael Belson.


Louca.

Louca.

Louca.


E estou vivo, depois de tudo.


No fim, talvez o louco seja eu. Louco por fazer o que fiz, sem pensar.

Louco por ele.


Tenha uma boa noite, amiga querida <3




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Exatamente há um ano eu estava postando no Wattpad o conto especial do dia dos namorados: "Dois gatos e suas artes" ^_^  

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