09.08.18 - Quinta



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Boa noite, amiga!

Lembra que falei, no último e-mail, que o Marcus estava na prisão preventiva, aguardando a audiência de custódia? Bem, na noite de sábado ele conseguiu um advogado que retirou ele de lá. Conseguiram isso alegando falta de provas conclusivas e também desequilíbrio (o principal motivo de ele ter sido detido foi o desrespeito com os policiais). Só que o Marcus foi avisado de duas coisas: 1) Se ele não comparecesse na audiência que foi marcada, seria considerado foragido, e 2) Se ele se aproximasse de mim ou de minha casa, seria preso.

Essas medidas foram tomadas para evitar exatamente o que eu estou temendo: a vingança dele, por ter sido denunciado.

Na segunda-feira eu e a Jaqueline nos encontramos com a advogada. O Nicolas não estava junto por causa da faculdade.

Ah é! Estou esquecendo deste detalhe: foi essa segunda-feira mesmo que ele começou na universidade de Eloporto. Ele vai de manhã e volta à tarde (quase o mesmo horário de quando ele trabalhava no mercadinho), e no primeiro dia ele surpreendentemente não voltou coberto de tinta. O Nick contou pra gente que deu um jeito de fugir dos "trotes" do pessoal. E, como ele está longe de se parecer com um adolescente (a maioria dos alunos novatos são) ele não teve muita dificuldade em escapar. Ele tem mais cara de professor do que de aluno (e ele estava irresistivelmente GATO quando o vi voltando, com aquela calça e jaqueta jeans junto com a barba rala e os cabelos meio bagunçados pelo vento – tenho certeza que ele deve ter sido notado pelas meninas).

Bom, voltando... Enquanto o Nicolas estava no primeiro dia de aula eu e a Jack nos encontramos com a advogada (e promotora) Lílian. Ela é um tipo de mulher que te olha de um jeito que faz você querer se encolher. Do tipo forte e resoluta, sabe? Parecia que ela estava procurando em mim rastros de hesitação, sei lá.

Sério, eu não sei explicar. Só sei que a Lílian é intimidadora (acho que deve ser um traço útil no cargo dela), mas quando viu a Jack se cumprimentaram com sorrisos e beijinhos (elas se conheceram por causa do ex-emprego da Jack no escritório ← grande fonte da maioria de conhecidos de minha cunhada).

E adivinha? Tive que contar toooooda a história de novo. A diferença foi que ela perguntou para a Jaqueline mais detalhes sobre o Marcus (já que ela o conheceu antes), e perguntou sobre minha frequência na boate, sobre encontros anteriores com ele (a maioria comentei com você) e com isso ela meio que foi criando uma espécie de mapa mental (ou fluxograma, não tenho certeza) para entender a coisa toda de forma mais abrangente.

E, depois de ela ter explicado minha situação de vítima (ela que usou essa palavra, eu não estou me fazendo de coitado), falou que vai fazer de tudo para colocar o Marcus no lugar dele. Ela também falou algo interessante: que iria dar uma volta nos lugares que ele frequenta e investigar a reputação dele. Ah, eu amei quando ela disse isso!

Nos outros dias da semana eu e a Jack fomos nos adaptando à nova rotina sem o Nicolas (ele tem voltado cada vez mais empolgado, contado tudo e mostrando fotos do campus, o que me deixa mais tranquilo com a questão do meu ciúme idiota). Algumas pessoas (nossos clientes) já estão fazendo encomendas de buquês e cestas (coisa que é especialidade da Jack), e eu cuido dos anúncios e da fanpage do Facebook, e atendo quando a Jack está ocupada (os anúncios estão funcionando).

E no meio dessas distrações do trabalho eu vi, mais uma vez, aquele cara rondando minha casa. Lembra que eu falei sobre isso há uns tempos? Então... Notei que era a mesma pessoa. Ele estava meio afastado, mas olhava fixamente para mim. Isso deu um medo enorme, mas criei coragem e fui até lá na intenção de perguntar se ele tinha algum problema pra tratar comigo. Mas antes de eu alcançar a rua ele vazou.

Eu falei pra Jack e depois pro Nicolas, e eles pediram pra eu descrever o cara. Porra, é difícil quando o sujeito fica tão longe. Eu só sabia que era o mesmo da outra vez. Queria ao menos que os gêmeos tivessem visto também, para eu ter certeza de que não estou vendo coisas. Mas é sempre quando eu estou sozinho.

Que merda.

Da próxima vez estarei com minha Canon por perto, pois comecei a deixá-la pendurada num prego na varanda de casa (é coberto, não vai pegar chuva). Agora até quero que ele apareça de novo. Pra tirar uma foto e provar que não estou vendo coisas.

...

No meio disso tudo chegou o dia da audiência. Foi ontem.

Sabe aquelas cenas de tribunais que você vê em filmes? Eu achei que seria igual, mas foi bem mais simples. O lugar era basicamente uma sala de reuniões, com uma mesa comprida. O Juiz ficou na ponta; a acusação (eu, Lílian e testemunhas) de um lado; e a defesa (Marcus, advogado e testemunhas) de outro.

Estar sentado naquela mesa com o Marcus me olhando foi um pouco tenso. O advogado dele precisou cutucá-lo algumas vezes (para que ele parasse de me encarar). Dava pra sentir o cheiro de ódio que vinha dele.

Então a Lílian começou contando uma parte da história que eu tinha relatado na segunda-feira. Enquanto ela falava, o Marcus ficava girando os olhos (só faltou ele falar "quanta baboseira", porque era o que ele estava gritando com a cara de merda dele), e depois foi pedido que eu comentasse uma coisa ou outra (não precisei repetir tudo, ainda bem).

Uma coisa esquisita é que, depois de eu ter repetido tantas (e tantas!) vezes, um dos efeitos que isso surtiu é que aquela estranha irrealidade aumentou. Ter pessoas empenhadas nisso, e ter falado com a Lílian (que já tratou de casos semelhantes) fez eu voltar a me sentir um ser humano normal. Aquela repulsa horrível passou em partes, e o que resta é raiva pelo que ele fez. Pela audácia, pela falta de respeito, essas coisas.

Não estou mais me odiando, como eu estava dias atrás.

Num dado momento, a Lílian (que ainda estava em seu momento de acusação) abriu um envelope e de lá tirou os resultados da perícia em minhas roupas. E foi confirmado pelo laboratório que de fato ele havia... Ah, você sabe. Aquela sujeira era do Marcus.

As testemunhas de acusação foram o Nicolas (que faltou à faculdade naquela manhã para falar do que ele viu no meu quintal), a Jaqueline (que falou da personalidade podre do ex), e duas meninas que a Lílian encontrou ao pesquisar os frequentadores da boate DouxFun. O testemunho que elas deram sobre o cretino foi de que ele já tinha tentado fazer coisas com elas, contra a vontade. Nessa hora o Marcus deu "pití", chamou elas de vadias mentirosas, e o Juiz teve que botar ordem na sala (ele não falou "ordem no tribunal" que nem nos filmes... teria sido divertido, mas ele só gritou "silencio, todos vocês" e bateu um martelinho diversas vezes).

Aquela audiência era basicamente uma guerra de nervos.

Quando a poeira baixou, Lílian começou a falar sobre as leis que definem o que é estupro, e ela mostrou, com as evidências e os relatos (meus e das testemunhas), que eu tinha sofrido um. Ela citou uma coisa que achei útil anotar (tive que pedir para ela depois, pois eu nunca lembraria as palavras exatas):

A categoria do Código Penal que se dedica aos crimes sexuais estabelece como crime de violência sexual o ato de ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.

Foi isso que ela leu, em voz alta, para os que estavam na mesa. E então ela perguntou para mim "O que foi mesmo que ele fez, ao se trancar com você dentro da cabine do banheiro?", e eu falei de como ele segurou minhas mãos e calou minha boca enfiando a manga da blusa em minha boca. E depois, na segunda vez, de como ele me prendeu no chão com o joelho.

Ou seja: o que tinha acontecido se enquadrava naquela definição.

O Marcus cruzou os braços e olhou pro lado, sempre rindo com um deboche que estava irritando até o advogado dele (!!!).

Quando chegou a hora da defesa, colocaram os pais do Marcus para falar. Começaram a desfiar elogios ao filho dedicado ao trabalho, e um monte de blá-blá-blá que eu nem duvido que seja verdade (o Marcus é mesmo bom em trabalhos braçais), mas que não convenceram ninguém da inocência dele naquela questão. E no meio daquilo o pai dele começou a me acusar de ser péssima influência, dizendo que depois que eu me mudei para lá os Belson "se corromperam", e que por minha culpa eles tinham quebrado as relações comerciais.

Olha, de boa... Eles são muito idiotas para terem levantado aquele assunto durante um julgamento de estupro. O juiz não deu bola para as reclamações dele (pois não há nada de errado em abrir negócio próprio e deixar de ser fornecedor). O advogado do Marcus teve que calar a boca do velho, e ele falou quase rosnando que "isso não está ajudando, pois não tem nada a ver com a acusação em questão".

Quando as testemunhas de defesa (que não defenderam porra nenhuma) saíram da sala, o advogado começou a tentar contornar a situação para diminuir o peso da acusação (já que o que ele tinha feito era evidente e sem escapatória). Ele começou a falar sobre "importúnio ofensivo ao pudor", e argumentou que o Marcus não é potencial estuprador para ser preso, e também falou que não tinha provas de que a coisa toda tinha sido forçada.

Acredita nisso? Ele estava inferindo que eu cedi pro Marcus, como se eu fosse um mentiroso de merda.

Isso foi complicado pois gerou um falatório inflamado que demorou um pouco para abaixar. Aquilo foi cansativo... Eu sentia que a cada momento meu espírito se rasgava um pouco mais, de tanto que as coisas se repetiam, e de tanto que o Marcus me olhava como se jurasse minha morte.

De uma coisa tenho certeza: se ele pudesse, teria me espancado ali mesmo.

A minha sorte é que ele tem pavio curto (é estranho dizer isso... em outras ocasiões esse "pavio curto" dele seria meu azar, mas ontem foi uma SORTE, mesmo). No meio das discussões ele acabou abrindo a boca. Me insultou e falou que "essa vadia merece ser arrombada mesmo, e se eu colocar as mãos em você quando sair daqui, você é uma bixa morta, seu putinho".

Quando ele disse isso, a sala meio que silenciou.

Nossa, como ele é burro.

O advogado de defesa teve a reação que eu menos esperava: suspirou, esfregou o rosto, e jogou a caneta na mesa. Tipo: ele desistiu. O Marcus tinha acabado de fazer uma ameaça mostrando que tudo o que o advogado estava tentando defender era mentira.

A Lílian olhou para o Marcus com uma cara que eu espero que ela nunca olhe para mim. Era um "cheque-mate" sutil, dito com olhos tão agudos e ácidos que ate o bombadinho sentiu. Ele ficou com raiva (não sei se dela ou da própria burrice) e deu alguns socos na mesa. Isso foi o bastante para que os guardas que estavam na porta corressem até ele para contê-lo (com algemas).

Eu imagino que, se o Marcus tivesse sido tranquilo o tempo todo, ele iria apenas ter uma pena mínima. Mas as explosões (e o desrespeito ao longo de todo o julgamento) assinaram a sentença dele: vão ser 5 anos de prisão por estupro, desacato à autoridade e umas outras coisas relacionadas às atitudes que ele demonstrou.

Lembra que eu falei, no e-mail anterior, que o Marcus estava cavando a própria cova? Pois ele cavou cada palmo.

Enquanto o arrastavam (sim: ARRASTAVAM) para fora da sala, eu vi o demônio surgir na cara dele. De uma coisa eu sei: agora tenho um inimigo mortal, e isso tem me visitado nos sonhos das últimas noites. Eu o odeio e o quero longe de mim... Ele me odeia e me quer morto.

Espero nunca mais ter que olhar pra cara daquele ser. Nem daqui a 5 anos, nem daqui a 50.

Depois disso ainda ficamos nós três (eu e os Belson) conversando um pouco com a Lílian. Ela disse que vai ficar de olho no caso dele, e vai garantir que ele permaneça lá para minha segurança e segurança de todos (caso alguém recorra pedindo fiança, essas coisas). Ela comentou que, devido ao comportamento que ele apresentou, ela pode conseguir um pedido de avaliação de sanidade mental para o Marcus, e o resultado pode fazer com que seja ainda mais importante manter ele confinado.

...

Quando voltamos para casa (a minha), almoçamos meio que em silêncio. Eu tenho feito o almoço para mim e para a Jack ao longo dessa semana, e foi legal ter o Nick pra comer com a gente (eu falo em "almoço", mas já era mais de três da tarde – a audiência demorou bastante). Foi só depois, quando eu estava lavando a louça, que agradeci a eles. Os dois estavam na mesa, assistindo alguma coisa na TV, e eu achei que não tivessem me ouvido (eu não falei muito alto). Logo ouvi o som de uma cadeira arrastando, e era o Nicolas, que tinha se levantado para vir até mim. Ele fechou a torneira, segurou em minha mão (que estava cheia de espuma) e disse que era para contar com ele sempre que eu precisasse. A Jack veio em seguida e bagunçou meu cabelo, me olhando com um sorriso.

Quando eu ia agradecer novamente (dessa vez, olhando para os olhos deles), a Jack fez aquela cara de quem teve uma ideia brilhante. Eu fico tenso quando ela faz essa cara. Nunca sei o que está por vir...

Ela me chacoalhou pelos ombros e disse "E se a gente for lá novamente na sexta-feira à noite?". Eu ia perguntar "lá onde", mas o Nicolas fechou a cara. "Você tá zoando, né? Depois daquilo você acha que o Zak vai querer pisar naquela boate de novo?". Eu meio que concordei com ele... Não estava nem perto de ter um clima de querer sair para outra noitada na DouxFun, mas a Jack insistiu. Disse que era uma oportunidade de eu obliterar as memórias ruins do lugar, porque se eu continuasse evitando aquilo nunca acabaria.

Olha, sei que ao replicar isso num e-mail parece meio nada a ver... mas a forma como ela falou foi mais do que convincente: foi lógica (sem falar que ela dá uma ênfase tão emocionante ao falar que fica difícil discordar daquela doida).

Eu tenho evitado qualquer lugar que não seja o cemitério desde aquele dia (dei umas voltas por lá essa semana novamente, mas foram passadas rápidas), e depois que ela ganhou nossa atenção com a explicação garantiu que não aconteceria nada comigo, pois ela ficaria colada em mim.

"E você não vai mais sozinho no banheiro... Parece que sempre que você inventa de ir em banheiro público alguma merda acontece". Ela estava se referindo ao dia em que fui atacado com o canivete, na Parada do Vale. Isso fez eu pensar no assunto, e olhei pro Nicolas. Eu queria a opinião dele.

Se ele não fosse, eu não iria.

Mas aqueles olhos verdes estava igualmente esperando que eu tivesse uma posição. Acabei perguntando "E aí, você topa?". Ele torceu a boca, olhou de mim para a irmã, e mordeu aquele lábio lindo. Eu sei que ele estava com receio que eu tivesse uma recaída, ou algo assim. Mas apertei a mão dele (que ficou ensaboada junto com a minha), e acho que foi o que bastou para ele murmurar um "ok" de derrota.

Eu sei que o Nicolas não curte este tipo de lugar, da mesma forma que eu não curto. Mas, fora a merda que deu naquele dia, foi legal. Eu dancei com meu namorado, e não posso negar que foi divertido.

"Mas, sem beber", ele disse, olhando especialmente para mim (acho que tô ganhando uma fama ruim no que se refere a bebidas alcoólicas).

Agora eu estou aqui, escrevendo este e-mail, e já ansioso por amanhã. É uma ansiedade que mistura um pouco de medo e outro pouco de empolgação. Sei que a intenção da Jack é das melhores, mas lugares assim sempre são antro de possíveis confusões, e ultimamente eu tenho sido ímã de coisa ruim. Por isso vou ficar na minha quando estivermos lá. O máximo que puder, ficarei colado no Nicolas e na Jack (e parece que eles vão chamar aquele casal de amigos do Nick de novo junto com uns amigos da Jaqueline).

Aiaiaiai. Estou respirando fundo aqui, tentando ficar de boa.

O Nicolas está, neste momento, cuidando dos tomates-cereja (sim, durante a noite... é que instalamos lâmpadas pelo terreno, então dá para mexer nas coisas mesmo sem sol). Ele espalhou sementes dos tomatinhos nos cantos da propriedade, onde não atrapalha ninguém, e já estão brotando. Ah, falando na propriedade, está muito diferente agora. Desde a primeira limpeza (aquela em que conheci o Marcus – a mesma tarde em que beijei o Nick pela primeira vez) nós temos feito ajustes aqui e ali. Agora isso realmente parece uma floricultura... E minha casa de madeira (pintada de branco, como já comentei) ao fundo faz com que pareça um cartão postal.

Sério, é de desacreditar a mudança que aconteceu no "Pântano"... Está realmente lindo! Não parece mais um pântano, mas continuarei chamando de Pântano dos Mosquitos.

Até os gêmeos já se acostumaram com o apelido (a gente só não colocou isso como nome da floricultura porque achamos que soaria sombrio e estranho demais, e afastaria clientes). E falando no pântano, que me lembra o córrego que passa no fundo de minha casa, nós tivemos permissão de usar apenas 5m³ de água por mês. Para a irrigação de todas as plantas é pouco, mas é melhor que nada (o resto vai ser da torneira mesmo, pago com a verba da empresa).

É incrível como a vida é uma montanha russa de emoções. Num momento estamos lá em baixo, pensando em morte e querendo ficar perto de defuntos (eu, ao menos, sou desses – vide as visitas ao cemitério) e em outro momento tudo o que eu quero é ouvir Trapt bem alto e beijar meu namorado até minha boca ficar dormente...

Bom, Trapt já está tocando no meu celular (coloquei "Headstrong", pra variar). Acho que agora vou lá em baixo checar o Nicolas e cumprir a segunda parte...

Porque... eu amo esse homem... Mais que tudo em minha vida...

Querida irmã, eu vou nessa. Boa noite, e que tudo se arranje em nossas vidas!



🎵

Para quem estiver a fim, sugiro um clipe (não oficial) com a música citada pelo Zak (Headstrong - Trapt), e com imagens de Final Fantasy Advent Children (uma obra-prima de animação).

Não canso de assistir...

https://youtu.be/yM0DdSF_ku8

Agradeço pela companhia de vocês! É especial demais saber que estão gostando desses e-mails de nosso querido Isaac 

Com carinho,

Lyan K. Levian


🌺


CURIOSIDADE: Até o momento, você já leu 123.800 palavras neste diário. Isso equivale (mais ou menos) a 485 páginas de um livro!

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