17.A nova recruta

Molly continuava observando o rosto do moreno, prestando atenção em cada gesto que fazia com as mãos e o corpo enquanto explicava o que iria acontecer, a garota podia jurar que tudo aquilo era um sonho. Afinal, Sherlock havia passado a noite em sua casa, estava preocupado caso alguma coisa acontecesse com ela e a melhor parte, ele estava com ciúmes de Tom e assim como ela, o moreno também nutria sentimentos por ela.

– Qual será o plano desta vez? – A garota sorriu. Seu sorriso ao mesmo tempo mostrava a felicidade de estar ali com Sherlock e saber que ele confiava nela, como também demostrava o medo da garota perante a próxima loucura do moreno.

– Eu vou precisar que você faça exatamente o que eu mandar. – Passa a mão pelos cabelos da garota, escondendo uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. – Nada pode falhar.

O coração de Molly gelou, por um segundo começou a se pensar como havia entrado naquela confusão toda e que poderia por tudo a perder, mas a emoção e o sentimento de aventura falaram mais alto.

– Apenas fale o que devo fazer.

– Vá para o Hospital, na ala do necrotério e veja o corpo que mais se assemelha ao meu.

– Mas para isso eu levaria pelo menos dois dias ou mais para ter acesso a todos os corpos. – Molly franziu o cenho preocupada.

– Não vai demorar, já está com meio caminho andado.

– Como assim?

– Durante a Madrugada, comuniquei Mycroft sobre meu plano e ele nos dará toda a assistência necessária. Ele já comunicou alguns funcionários que tem acesso ao necrotério para selecionar alguns corpos parecidos. Passaram a madrugada trabalhando nisso.

– Mas por que já não escolheram o corpo?

– Porque você é a única que conhece verdadeiramente meus traços. – Sherlock permaneceu sério observando a mulher até uma lágrima escorregar e sentir as mãos da garota massagearem sua face. – Preciso que vá agora, não podemos perder tempo. – Segura a mão da garota, que continuava colada em seu rosto e pousa um beijo em suas mãos.

– E o resto? O que irei fazer depois disso?

– Uma ambulância estará a sua espera, você levará o corpo e colocará no veículo. Quando entrar, algumas pessoas irão estar te esperando. Serão pessoas da maquiagem.

– Por que maquiagem? – Molly riu sem entender.

– Irão maquiar o rosto do morto e mancharão as roupas com algo semelhante a sangue, para que pareça que a pessoa foi baleada.

A expressão no rosto de Molly se tornou desesperadora quando pensou na possibilidade de Sherlock ser baleado.

– Não se preocupe. – O moreno tentou acalmar a garota ao perceber seu nervosismo. – Ninguém sairá ferido. Vamos encenar. Ocorrerá um "assalto" em frente à residência Westminster e eu serei baleado, mas na verdade não.

– Como assim?

– Não tenho tempo de explicar com detalhes agora, nosso tempo é curto e sinto que Mari corre perigo.

– Por que ela correria perigo?

– Eu decifrei o joguinho desse tal Arantes, e tudo indica que o próximo livro, que no caso é o original dos poemas de Gregório de Matos, será deixado na livraria esta noite e Mariane morrerá.

– Como pode ter certeza disso?

– Ele quer acabar com a livraria, aquela em específico, porque tem raiva por seu livro não ter sido publicado ali, mas podia ir atrás de outras editorias, mas não, fixou naquela, ou seja, tem algo que está relacionado a Mariane.

– Como o que por exemplo?

– Ontem quando voltamos para casa, Mari recebeu uma mensagem no celular com mais um trecho do poema, só que havia algumas palavras sublinhadas, se tratando de algum código que apenas ela entendeu.

– Por que apenas ela?

– Assim que recebeu a mensagem ficou pasma, significando que ela entendera o significado. Mas agora estou começando a entender e se estiver certo ela não tem muito tempo de vida, assim como aquele prédio.

– O que significa o código?

– É muito cedo para falar, preciso executar o plano e se tudo der certo todos saberão o significado ainda esta noite.

– Você está pensando em invadir a livraria?

– Invadir não. Proteger. – O moreno levanta e começa a se arrumar. – Você teria coragem de pegar em uma arma mais uma vez? Você se saiu muito bem aquele dia.

– Creio que já posso me considerar uma experiente nesses assuntos. – A garota riu.

– Não se gabe. Mas mesmo assim se prepare, vamos precisar estar todos armados esta noite. – Sherlock puxa o casaco de Molly que estava sobre uma cadeira. – Pegue, se vista e vamos logo.

– Mas nem tomei café.

– Não se preocupe, você verá muito sangue, órgãos entre outras coisas mais hoje, acho que não quer que seu estômago tenha ações indesejadas hoje, não é mesmo?

A garota fez uma careta, mas mesmo assim foi rapidamente até a cozinha, pegou algumas bolachas para comer no caminho, vestiu seu casaco, já que o tempo estava meio ameno naquele dia, e seguiu Sherlock até o elevador.

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– Qual o seu problema? – John encarou o amigo assim que a porta do apartamento se abriu.

– Nenhum oras. Precisava pensar, não dormi bem a noite. – O moreno adentrou pela cozinha em busca de uma xícara de chá.

– Aqui com toda a certeza você não dormiu, mas que teve uma ótima noite de sono, isso eu posso afirmar.

– Pare de deduzir o que você não sabe.

– Sei que se meteu em confusão, pelo fato do seu rosto estar meio avermelhado e com marcas de socos. – John se aproxima do amigo e o encara. – Mas foram cuidadas porque eu, como médico, sei quando um ferimento foi cuidado e o seu foi cuidado por Molly Hooper. – John sorriu.

– Parabéns. – Sherlock deu meia volta e se sentou no sofá para digitar algo no celular. – Mais alguns anos e você me substituirá.

– Isso não é dedução Sherlock, isso é a realidade. Você gosta da Molly e ela gosta de você, pare de ser arrogante e assuma isso.

Sherlock permanece olhando para o celular evitando ao máximo olhar para John. Sem responder ou protestar algo, levantou e andou em direção a janela.

– Poderia pelo menos dizer alguma coisa. – O loiro cruza os braços.

– Fique quieto John. Estou observando. – O moreno olhava atentamente para a movimentação na avenida.

– O que você está olhando? – John se aproxima da janela.

– Estou esperando.

– Mary disse que está a caminho. – John checa o celular.

– Então é hora de agir. – Sherlock caminha em direção a saída e pega um outro casaco grosso e bem mais volumoso que o habitual e veste rapidamente.

– Mycroft trouxe esse casaco pela manhã, não entendi o motivo, mas acho que ele só serviria se estivesse enfrentando um inverno na Europa, aqui ele não tem tanta serventia.

– Tudo faz parte do plano meu caro John. – O moreno olha rapidamente para o amigo e segue para a saída.

– Tem certeza que isso dará certo? – John andava apressado atrás do amigo. – Molly já sabe?

– Ela será o ponto chave de tudo isso. Mas agora não posso dar mais informações, temos que agir.

A porta do elevador se abre, o movimento era constante na avenida, um grande número de pessoas e carros circulavam freneticamente pela região. Com toda certeza o plano de Sherlock teria uma ótima plateia.

– Assim que Molly chegar eu irei para o Hospital, em seguida ficarei na casa de Molly até o anoitecer. – encara o amigo – Espero que você e Mary estejam a postos. Mycroft vai dar cobertura.

Antes que John pudesse fazer alguma pergunta, Sherlock saiu pela portaria, imediatamente foi surpreendido por dois rapazes de capuz, um aparentava ter pelo menos 1,80 metros, pelo menos era o que John deduzira, já que era quase da mesma altura do moreno, já o outro era mais baixo.

Como era o plano, o loiro avistou Mary se aproximando junto com Arantes, significava que o plano estava correndo bem. Mary morava próximo a uma das supostas empresas montadas como fachada por Arantes, como boa atriz e observadora, sabia exatamente a hora que ele saia para o almoço. Bastou apenas esperar ele sair, para sair correndo desesperada gritando que Sherlock estava no meio de uma briga. Sabia que aquele nome chamaria a atenção do homem, e como o esperado, o desespero de Mary atraiu o homem até a cena do acidente.

Assim que John chegou na calçada, Sherlock foi apresentado com um soco do rapaz mais auto, fazendo-o perder o equilíbrio, mas conseguiu se segurar em um poste e socar a face do mais auto, o homenzinho que acompanhava o outro, ao ver seu companheiro cair, retirou uma arma do bolso e atirou contra o peito do moreno.

A rua havia parado para observar a briga, mas assim que ouviram o tiro e o sangue escorrer pelo enorme casaco do detetive, foi o suficiente para que pelo menos uns 80% das pessoas esvaziarem o local, deixando apenas as mais corajosas ou as que eram atraídas pela euforia do momento.

John gelou ao ver aquela cena, mas estava seguro de que aquilo não passava de uma encenação e aquele colete misterioso já era proposital, mas ao mesmo tempo ficava na dúvida, pois Sherlock gritava desesperadamente após o tiro acertar seu peito e respirava profundamente como se o simples ato de capturar o oxigênio fosse uma das coisas mais difíceis que fizera na vida. Sherlock realmente havia se ferido ou realmente era um ator digno do Oscar.

Imediatamente Molly chegou com a ambulância, John conseguiu avistar Mary atravessando a rua rapidamente para "socorrer" Sherlock, enquanto Arantes permanecia intacto do outro lado da calçada observando atentamente aos detalhes do acontecimento.

O loiro ficou mais aliviado quando a ambulância cobriu a cena do acidente, impedindo a visão de Arantes, e como o previsto, pelo menos umas 20 pessoas contratadas por Mycroft, apareceram e cobriram qualquer visão que podia se ter de Sherlock.

John correu e adentrou na multidão de figurantes, que impedia qualquer brecha que pudesse ser vista por Arantes ou qualquer um que passasse naquele momento.

Tudo aconteceu em menos de segundos, John conseguira entrar no meio da multidão, gritando por Sherlock desesperadamente, ou pelo menos tentava se passar por um bom ator. Quando percebeu que estava fora da visão do suposto morador de rua, levantou rapidamente e pulou para dentro da ambulância, o enorme casaco estava coberto por um líquido avermelhado.

Molly jogou o outro corpo que havia achado no necrotério, que agora estava com um tiro no meio do abdômen devido a maquiagem que fizeram, e jogou-o na calçada, certificando que estaria na mesma região que Sherlock caíra e sujara com sangue.

– Como conseguiu escapar do tiro? – John entra na ambulância exigindo explicações.

Sherlock abre seu casaco, pequenas bolsinhas revertidas com uma espécie de plástico jamais vista por John, cobria todo o peitoral do moreno, com toda a certeza aquilo era criação de Mycroft. As bolsas tinham um líquido vermelho, muito semelhante a sangue, tendo uma delas com um pequeno furo que fazia o líquido escorrer.

– Mesmo uma bala de verdade atravessaria as bolsas e você morreria. – John cruzou os braços.

– Balas de verdade sim. – Deita na marca. – Mas lembre-se, tudo não passa de uma mera encenação. – Encara John e observa Mary acenando do lado de fora desesperadamente. – Vá John, estamos perdendo tempo, siga Mary eu irei para o Hospital.

John se enfureceu, mas sabia que a vida de todos ali estariam correndo risco caso o plano falhasse, e com certeza não queria ser o responsável pela desgraça. Saiu imediatamente do veículo, Mary agarrou sua mão. O loiro viu Arantes se aproximando e logo sumiu com Mary em meio a multidão. Por sorte a outra ambulância havia chego bem na hora em que a de Molly checara, fazendo com que Arantes não duvidasse da qual Sherlock estava, ao mesmo tempo olhando perplexo a imagem do corpo ensanguentado no chão, como previsto o plano de Sherlock estava funcionando, Arantes acreditava que o moreno era uma pessoa morta.

A ambulância corria freneticamente pela avenida, Molly ajudava Sherlock se livrar das roupas sujas e minimizar aquela sujeira provocada pelo líquido, mas logo sua atenção foi voltada para a trajetória do caminho.

– Para onde estamos indo? – Molly olhou apreensiva para o moreno. – Esse não é o caminho do hospital.

– Exatamente. – O moreno encarou a garota e sorriu. – É para sua casa.

Se Molly já não aparentava ter um pouco se quer de melanina em sua pele, agora o pouco que lhe restava havia sumido, podia jurar que seu coração pararia naquele momento. Em um ato inesperado agarrou as mãos do detetive.

– Por que minha casa? O que você vai fazer? Não me disse nada sobre isso.

– Lógico que não, você negaria.

– Se você tivesse comentado antes eu não me importaria.

– Ia demorar, até te explicar e tudo mais...

– O que devo fazer?

– Nada, apenas preciso de abrigo até o anoitecer. Como é óbvio devo ficar próximo da livraria e sua casa é a melhor opção nesse momento.

A garota não sabia o que responder, estava feliz por Sherlock estar confiando tanto nela, mas estava com medo do que ainda poderia vir pela frente.

– Molly? – Disse o moreno em uma voz calma.

– Sim? – Ela olha rapidamente para o rosto do moreno.

– Solte minha mão por favor, está me deixando sem pulso.

Molly permanecia segurando as mãos de Sherlock, mas só depois percebeu que estava pressionando seus pulsos, ao tirar a mão uma marca vermelha cobria a região em que pressionara.

– Desculpe. – Ela senta em um pequeno canto ao lado da maca e passa a mão pelos cabelos.

– Molly. – Sherlock levanta, senta na beirada da maca e observa a garota. – Eu decidi incluí-la neste plano, no meu caso. Você significa muito para mim.

– O que isso quer dizer Sherly? – Molly ergue a cabeça, seus olhos se enchem de lágrimas.

Mas Sherlock foi interrompido pelo motorista que anunciava a chegada no apartamento da garota.

– Preciso ficar no seu quarto. – O moreno pulara do carro e já se dirigia para a entrada do prédio.

– Ok mas... – A garota já não conseguia compreender o rumo de tudo aquilo, poderia ter protestado mas sua confusão mental era tanta, que resolveu apenas aceitar os acontecimentos futuros. – Eu tenho que fazer alguma coisa?

– Me mantenha vivo até o anoitecer. – O moreno passa pela portaria, após toda a loucura de Sherlock nos últimos dias o porteiro já nem se importava com as atitudes do moreno, dando carta branca para sua entrada.

– Mas preciso voltar para o Hospital. – A garota corre tentando alcançar o moreno.

– Não precisa. – Sherlock se volta para a garota. – Eu já providenciei isso e você está dispensada por hoje. – O detetive deu meia volta e seguiu em direção ao elevador.

Molly permaneceu parada no meio da entrada, se antes já estava preocupada e confusa sobre aquele plano, agora a situação estava pior, além de saber que precisava as pressas achar um defunto parecido com o moreno, agora precisava mantê-lo a salvo em sua casa e por alguma razão não podia ir trabalhar e tentar esquecer tudo aquilo, Sherlock literalmente pensara em tudo, cada detalhe, sem nenhuma falha, aquilo ao mesmo tempo a deixava assustada mas a atração pelo detetive crescia cada vez mais.

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Sherlock chegou primeiro no apartamento da garota, abriu a porta e correu para seu quarto, se sentou na enorme cama da garota e imediatamente se pôs em sua velha pose, como se estivesse meditando com as mãos próximas ao queixo.

– Como conseguiu entrar? – A moça aparece na entrada de seu quarto e encara Sherlock. – Não tem a chave.

– Peguei a cópia da chave que era de Tom.

– Como assim? Como você...

– Quando dormi aqui, vi duas chaves iguais no porta chaves pendurado atrás da porta, obviamente uma era a cópia de Tom. – O moreno abre os olhos, olha para frente e sorri. – Fico feliz por ele não ter mais a chave. Então eu peguei para facilitar a entrada.

– Isso é muito atrevimento da sua parte.

– Atrevimento? Humm... Não. Chamaria de agir na hora certa. – Faz uma breve pausa, volta a fechar os olhos e se concentrar no plano. – Agora precisamos nos preparar para o anoitecer.

– Como?

– Vá para a sala, feche a cortina, deixando apenas uma pequena parte aperta. Não acenda luzes ou ligue algo que faça barulho. Sente-se na poltrona ao lado da janela para ninguém te ver no prédio ao lado. Não saia da sala por nada. A sala de Mariane fica visível no ponto de vista que lhe indiquei. Observe o que estará acontecendo lá, quando anoitecer veja se após o fechamento da livraria alguma luz irá se ascender. Quando isso acontecer me chame, estarei em meu palácio mental.

Molly apenas encarava o detetive, sem saber se o expulsava de sua casa ou atendia aquele pedido.

– Vou ter que ficar o dia inteiro sentada na poltrona espionando? Sem poder pelo menos ir ao banheiro ou comer? Quem você pensa que sou?

– Você é Molly Hooper, uma das pessoas em que depositei minha confiança para me ajudar a solucionar um dos crimes mais complicados da minha vida e te dar a chance de salvar vidas como a de Mariane e a sua. – Sherlock a encara. – Por favor, faça isso, se não for por mim não importa, mas faça pela vida de pessoas que não tem nada haver com isso, já que não me importo com elas, mas pelo menos que tenha alguém que se importe.

A figura de mulher de jaleco e um rabo de cavalo preso bem abaixo da nuca, permanecia parada sem ação perante a imagem de Sherlock, que a encarava com aqueles olhos de cores indecifráveis. Aquilo com toda certeza destruía qualquer mulher, e o jeito como ele falava e o fato de seu perfume estar em sua cama, já era o suficiente para ceder qualquer coisa.

Molly respirou o mais fundo que seus pulmões conseguissem aguentar, fechou os olhos e tentou se concentrar ao máximo no que estava acontecendo e tentar voltar daquele transe que sempre ficava quando estava próxima do moreno. Se virou sem dizer nada ou voltar o olhar para Sherlock, foi para a cozinha, preparou um sanduíche, pegou algumas guloseimas, água, foi para o banheiro, voltou para a cozinha, pegou seus suprimentos e se dirigiu para a sala, sentou-se na poltrona e mandou ordens para seu cérebro mantê-la firme e forte até o anoitecer.

Já passavam das 21:00h e Molly tentava se manter o mais concentrada possível, fazia pelo menos umas seis ou sete horas que ela estava ali, logicamente que a cada uma hora ela saia para ir ao banheiro, desparecer ou até mesmo ir até seu quarto e analisar Sherlock, que nem se quer movera um dedo da posição que se encontrava desde o início, permanecia com os olhos fechados, Molly sentia que qualquer movimento que fizesse seria o suficiente para despertar o moreno, fazendo com que andasse na ponta dos pés por toda sua casa.

Após o término de seu vigésimo passeio pela casa, se jogou na poltrona, já não aguentava mais manter seus olhos abertos quando uma luz se ascendeu na altura onde se encontrava o escritório de Mariane.

O sono de Molly sumiu imediatamente e sentiu uma pontada no peito. Já fazia pelo menos uma hora que a livraria havia se fechado, todas as luzes estavam apagadas, mas a da sala de Mari ficava com uma pequena luminária acesa, indicando que ainda estava no local, mas a luz que se acendera transmitia uma claridade que podia ser notada de longe, não era coisa de Mariane, uma vez que a menina tentava agir o mais discretamente possível.

– Sherlock! – A garota deu um salto da poltrona e correu em direção ao quarto. A euforia foi tanta que não viu que o cacheado estava parado na entrada da porta, fazendo com que Molly trombasse bruscamente contra o peito do moreno. – A luz se ascendeu. – Molly falava quase sem folego, se segurando nos braços de Sherlock para não perder o equilíbrio.

Os dois ficaram alguns segundos se entreolhando. A respiração de ambos ficava cada vez mais ofegante, o espaço entre os corpos ia se estreitando. Molly tentou ficar na ponta dos pés para que seu nariz tocasse o do moreno, mas quando tentou alcançar seus lábios, Sherlock se afastou.

– Molly, preciso que me deixe na pequena sala atrás da sala de Mari, assim que entrarmos na livraria. – Inclina o corpo para trás e pega uma arma que colocara na estante ao lado da cama da garota. – Pegue a arma, abra a porta devagar quando eu der o sinal. Não faça barulho, vá imediatamente para a parte de baixo da mesa, observe o movimento do local e levante apontando a arma para a pessoa que estiver lá.

– Quem vai estar na sala? – Molly pega a arma. – Como vou saber a hora de levantar? – A voz da garota começava a falhar até seu braço ser envolvido pelas mãos do moreno e definitivamente perder as forças que tinha pra falar.

– Não importa quem vai estar lá. Apenas faça o que eu disser e você saberá a hora que deve se levantar. – Segura sua mão e a encara nos olhos. – Molly, eu confio em você. Vi como atirou naquele homem na noite em que John foi sequestrado, você é habilidosa, faça uso disso esta noite, por favor.

– Devo atirar?

– Não, apenas aponte a arma engatilhada.

Não tiveram tempo de dizer mais nada, ouviram um grito ensurdecedor que vinha da livraria, pelo fato de estar no meio da noite, o silêncio enalteceu ainda mais o eco. Em seguida Sherlock ouviu o carro de Mycroft estacionando na rua ao lado.

– Temos que ir. – Sherlock puxa Molly e a única coisa que a garota consegue ver é a sombra do moreno a sua frente guiando-a até a pequena entrada da livraria.

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