12. Bala perdida
Em poucos minutos o motorista particular de Mycroft deixou Sherlock e John em frente a uma pequena cafeteria em meio a Avenida Paulista, já eram quase seis e meia da tarde de um domingo com clima agradável, o ar era fresco e a avenida começava a se esvaziar sendo dominada pelas luzes dos prédios e comércios que começavam a substituir a beleza da multidão que caminhava pelo lugar, pela beleza da iluminada noite paulistana.
– Por que estamos aqui? Não quero café. – Sherlock se estressa ainda sentado no banco traseiro do carro.
– Não vai querer ir embora de São Paulo sem ao menos passar na Starbucks, não é? – O loiro, já do lado de fora mira o moreno emburrado.
– Já fui uma vez na minha cidade, para resolver um caso. – ainda sentado no banco de trás, vira o olhar para frente em direção ao motorista, mantendo sua face séria. – Tudo muito clichê e entediante.
– Clichê? – John riu sem entender a expressão. – Não entendi.
– Mesinhas em seus devidos lugares, atendimento tentando imitar os estilos europeus ou americanos ou seja lá que diabos eles tentam imitar. Docinhos perfeitinhos também tentando ser imitados, pessoas perdendo seu tempo conversando, musica de fundo e blá blá blá. – voltou a sua expressão séria de antes e cruzou os braços.
John respirou fundo algumas vezes, olhou ao redor observando a movimentação cada vez mais tranquila do lugar, voltou sua atenção para Sherlock.
– Ok. Mas depois não se arrependa caso não solucionar o crime por sua infantilidade. – deu meia volta e seguiu rumo a entrada da cafeteria.
Sherlock permaneceu alguns segundos parado encarando a parte da frente do caro, coberto por vidros escuros. Ao mesmo tempo que não queria dar o braço a torcer e seguir com sua ideia daquele lugar ser chato, iria então dar ordens para o motorista dar meia volta e arranjar um restaurante que vendesse batatas. Mas como sempre, sua curiosidade foi maior, sentiu um aperto quando John disse a palavra "caso", um breve pensamento habitou sua mente, pensando que ali poderia sim, ter alguma pista sobre o assassino.
Imediatamente pulou do carro, o que provocou o espanto do motorista, que por um segundo podia jurar que Sherlock havia morrido em seus pensamentos de tão paralisado que se encontrava o moreno.
– Ué, não trouxe as batatas consigo? – John perguntou ironicamente soltando uma risada.
– Rá Rá Rá, realmente você tem um grande senso de humor. – disse passando pelas portas de vidro, que se abriram automaticamente. Sherlock fez uma careta ao entrar no local. – Ainda não estou acostumado com o cheiro do café.
John parou e o encarou, agora realmente sem entender nada e a ponto de sacudi-lo e gritar "CAFÉ É UMA COISA MARAVILHOSA. COMO PODE DIZER ISSO?".
– Então me explique as injeções de cafeína que você coloca diariamente nas veias todas as manhãs? – John o encarava frustrado.
– É diferente, não sou obrigado a conviver com o cheiro nem com o gosto e o efeito é mais rápido. – Encara John. – E coloco porque preciso, vocês bebem por diversão. Não sabem a verdadeira utilidade do café. Vocês usam o café da maneira mais entediante possível e isso é ridículo.
John permanecia imóvel, se segurando para não dar um tapa no rosto de Sherlock. Inspirou o ar o mais profundo que pode, pedindo forças aos céus para não enlouquecer e ao mesmo tempo se deliciando com aquele aroma de café misturado com chocolate e outros ingredientes que dominavam o ambiente.
A expressão de enjoo sumiu do rosto de Sherlock e uma de espanto dominou sua face.
– Cuidado para não desmaiar com o cheiro. – Passou por John e dirigiu-se até um banquinho vazio ao lado do balcão.
John apenas sentiu o ombro de Sherlock esbarrar no seu e continuou encarando a porta de vidro fechada, observando a movimentação de carros e pensando como pode por um momento sentir atração por aquele homem. Gostava dele, mas como um grande amigo, sendo que ele devia parte de sua vida a ele. Sherlock cedera uma moradia para ele sem ao menos terem se conhecido ou se visto alguma outra vez, o detetive definitivamente confiava nele e isso o fazia sentir ainda mais importante e não um simples ex médico e fuzileiro do exército militar, logo uma sensação de desconforto e vergonha dominou seu corpo e sua mente com lembranças daquele dia em que tentou tirar seu casaco. Mas seus pensamentos foram interrompidos por um empurrão, provocado por alguém que vinha por traz carregando uma bandeja com um suco de laranja, cujo qual se derramou por completo na calça de John.
– Me desculpe, estava desastrada e não vi o senhor aí. – Uma voz feminina falava desesperadamente.
– Sem problemas.
Assim que John se abaixou para pegar o lanche que também havia caído da bandeja, se deparou com uma mulher loira de cabelo curto, aparentava ter entre 35 ou 36 anos, olhos verdes e que sorria envergonhada para o loiro.
John sentiu todo seu corpo tremer ao ver aquela moça, uma sensação de felicidade dominou sua mente.
– Sou John Watson. – Com um sorriso, que a dois minutos atrás era quase impossível de se formar, esticou a mão para cumprimentar a moça, que permanecia intacta olhando para ele.
– Prazer. – Disse também cumprimentado John. – Sou Mary Morstan. – Ela ergueu os lábios em um sorriso breve e rápido.
Os dois permaneceram parados durante um tempo apenas se entreolhando, até a voz de um homem se aproximar pedindo passagem. Os dois riram percebendo que ainda estavam parados no meio da cafeteria.
– Vamos sentar. – Sugeriu John. – Vou te pagar outro suco.
– Não, não precisa. – Olha rapidamente para baixo, observa a parte inferior da calça molhada de John e depois volta a encarar o rapaz. – Afinal, fui eu que fiz a besteira, quem deve lhe oferecer algo sou eu. Deve ir pra casa trocar de roupa. – começa a rir envergonhada passando a mão pelos curtos cabelos loiros.
– Para ser sincero. – John fixa o olhar na face da moça, que estava praticamente com as maçãs do rosto vermelhas de tanta vergonha. – A calça é o que menos importa no momento. Faço questão de pagar outro suco para você e não aceito "não", como resposta. – John riu guiando Mary até uma mesa.
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Sherlock acabara de se sentar no banco vazio próximo ao balcão, sinceramente estava a ponto de sair daquele lugar o mais rápido que pudesse. Como poderia ficar ali parado, em um lugar de gente idiota, sabendo que tinha um assassino a solta, mestre dos disfarces e que gostava de charadinhas envolvendo livros? Passou a mão pelos cachos, respirando fundo em busca de uma solução mas sua atenção foi quebrada com a doce voz de mulher ao seu lado.
– Oi Sherly.
Os pensamentos do moreno foram anulados e por pouco sua respiração também não era quebrada. Mesmo sem olhar quem era a pessoa a seu lado, apenas pelo tom da voz, o perfume com toque amadeirado e aquele apelido, só significavam uma coisa.
– Olá Molly. – O tom de voz do moreno saiu com um som elevado e cheio de alegria. Não vazia ideia que era capaz de carregar tanta alegria.
– Vejo que está animado com o caso. – Molly abriu um enorme sorriso, o qual vez Sherlock paralisar por completo, tendo como única ação, olhar para o rosto da moça e afundar naquele sorriso.
Sherlock não sabia o que estava acontecendo com ele, desde que conhecera Molly, a imagem da moça não saia mais de sua mente, vivia desesperado para reencontra-la novamente, toda vez que se aproximava da garota, não conseguia controlar seus sentimentos , por mais que dissesse para si mesmo que aquilo era sinal de fraqueza e com isso nunca iria conseguir resolver o crime mais importante de sua vida. Mas nada disso adiantava, quanto mais perto de Molly, maior eram as emoções e sentimentos jamais antes vividos pelo detetive, o pior era que ele estava começando a gostar desses sentimentos.
– Sherly? – Molly tentava chamar o moreno ao perceber que ele estava parado como uma múmia encarando seu rosto. Aquilo já estava ficando assustador, por mais que Molly ao mesmo tempo estivesse gostando daquela cena. – Sherlock?
– Oi. Me desculpe, estava pensando. – Suas bochechas começavam a ganhar um tom avermelhado.
– Achei que não iria vir. – Molly voltou a atenção para seu café e riu envergonhada.
– Como assim? – O moreno se ajeitou na cadeira, de modo que ficasse mais próximo da garota. "Por que diabos estava fazendo aquilo?" Era o que se perguntava.
– John me falou que não gosta de café. – Ri – Apesar de se injetar com cafeína. – Olha para Sherlock.
– Mas o que? Como... – Nem precisou de mais um segundo para Sherlock decifrar aquele enigma. – JOHN! – Bateu com a mão no balcão, ia se levantar quando sentiu a mão de Molly tocar seu braço, um calor percorreu seu corpo.
– Não brigue com ele. A ideia também foi minha. – Molly mordeu a parte inferior dos lábios, com medo do que Sherlock seria capaz de fazer, afinal de contas, Sherlock não batia muito bem da cabeça em certos momentos.
– Por que vocês não abrem uma rede virtual de relacionamentos? – Sherlock gritou enraivecido cedendo ao braço da moça e se sentando novamente na cadeira.
Um silêncio começou a ser formado, apenas o barulho das pessoas conversando ao fundo, da porta se abrindo e fechando e das batidas de xícaras e máquinas de café, quebravam a tenção entre os dois.
– Não é obrigado a ficar aqui. – Molly começou falar com a voz embargada. – Só achei que queria conversar sobre o caso. – Sua voz começou a falhar e se segurou ao máximo para as lágrimas não escorrerem.
– Acho que escolheu o lugar errado para falar sobre isso. – O moreno olhou para a garota, que estava fixa olhando a parte superior da xícara. Aquela imagem encheu seu coração de culpa, ver a garota chorando era uma das coisa que mais o incomodavam. – Mas posso me acostumar com esse lugar. – Olhou para ela e lhe lançou um sorriso reconfortante, deslizando cuidadosamente a mão em seu ombro.
Molly sentiu um arrepio passar pela espinha, as mãos do detetive eram grandes e fortes, mas aquele toque era suave provocando um mix de emoções inexplicáveis em sua mente, tudo que mais queria era afundar naqueles braços e bagunçar aqueles cachinhos que lhe cobriam parte do rosto.
Mas rapidamente Sherlock retirou sua mão de seu ombro, obrigando-a a sair de seus pensamentos e, como efeito de seus sentimentos e percebendo que estava vermelha, começou a rir.
– O que foi? Fiz algo de errado? – Sherlock perguntou preocupado.
– Não, só estou pensando. – A garota encarou o moreno e sorriu. – Vou te oferecer uma bebida e você vai beber sem questionar. Ouviu bem?
Aquela insistência de Molly atraiu Sherlock, aumentando ainda mais seus sentimentos pela garota. Ele a encarou completamente decidido a protestar sobre a ordem e afirmar que era dono de suas próprias escolhas e iria se recusar a tomar qualquer coisa daquele lugar, mas a resposta foi outra.
– Ok. Topo o desafio.
– Não é um desafio. – Riu – Só quero que prove uma coisa nova.
– O novo é uma coisa desafiante para mim. – O moreno fez uma pose, fazendo Molly rir e ficar cada vez mais vermelha.
Foi até o caixa realizar o pedido e em poucos minutos voltou com dois copos com canudos contendo um líquido que mais parecia um milk shake de chocolate.
– O que é isso? – Perguntou olhando para o copo que a moça havia acabado de colocar a sua frente.
– Apenas tome. – Molly encarou Sherlock e começou a beber sua bebida.
O moreno permaneceu alguns segundos observando cada detalhe do copo e do conteúdo, até levar a bebida a boca.
– Acho que posso começar a gostar de café. – Ele ameaçou a dar um sorriso satisfeito com a experiência.
– É Frappuccino. Um dos meus favoritos. – levanta a cabeça e olha para a pequena parte de vidro, onde pode ver alguns carros e pessoas caminhando na rua. – Sempre venho aqui depois do trabalho, gosto de me distrair.
– Interessante seu modo de distração.
– Cada um tem o seu. – Olha para o cacheado e se assusta ao ver que ele também a encarava. – O seu no caso é resolver crimes.
– Me tiram do tédio. – Respira fundo, agora já se acostumando mais com o aroma de café, permanece olhando para a garota até sua boca dizer uma palavra que em nenhum momento jamais pensara em dizer naquela ocasião. – Obrigado... Por salvar John e eu naquela noite.
– Já me agradeceu por isso. – A garota riu, já ia se virar para continuar tomado sua bebida até sentir a mão de Sherlock enlaçar as suas, um calor dominou seu corpo e sua respiração começou a falhar. Olha para baixo com a total certeza que agora já podia ser comparada com o tapete vermelho de uma cerimonia de Oscar. – Acho que o café não está te fazendo bem.
Nem Sherlock havia percebido o fato de sua mão estar segurando a dela, mas mesmo assim não queria soltar, aquilo tudo era ótimo, aquela sensação, a alegria, o calor e a atração que sentia por ela, tudo era ótimo para ele. Aquelas emoções foram interrompidas com a entrada de um homem, que se dizia ser um vendedor de doces.
Ele era alto, robusto, tinha um corte de cabelo curto preto com alguns fios brancos já ameaçando aparecer. Tinha uma barba rala que lhe cobria a face, mas que ao mesmo tempo trazia um ar charmoso. Vestia uma camisa social, calça jeans e um All Star preto.
A sensação de conforto logo desapareceu da mente de Sherlock, retirando sua mão da de Molly e fazendo o se arrumar na cadeira, facilitando sua visão para analisar o homem que se aproximara do balcão oferecendo os doces para os atendentes.
O moreno prestou atenção em toda a conversa, mas as seguintes palavras ditas por ele lhe intrigaram ainda mais.
"Minha família é portuguesa, vim para cá ainda criança pelo fato da nossa cidade não ser tão farta com tecnologia entre outras coisas, mas minha mãe insistia para que eu fosse morar em Paris, porque lá sim é uma cidade tecnológica. – O homem encarou Sherlock, que imediatamente virou o rosto tentando disfarçar. – Foi o que eu fiz, estudei, enfrentei problemas econômicos e familiares, consegui passar na universidade de medicina. Mas nada era como pensei, muita tecnologia me ajudava sim, mas ao mesmo tempo me sufocavam, era horrível, não tinha mais vida. – Para e respira como se estivesse segurando fortes sentimentos. – Me dei conta de que estava ficando alienado, tudo aquilo não era para mim, estava tentando agarrar o mundo com as mãos. – Olha novamente para o detetive. – Resolvi voltar para minha pequena fazenda, que pertencia a minha família em Portugal, agora resolvi voltar para o Brasil e vender doces, por que isso sim me traz felicidade."
Os atendentes, assim como Molly não entenderam muito bem aquela história de vida. Após uns cinco minutos de conversa o homem saiu sem ter feito alguma venda, mas antes que saísse do estabelecimento deixou cair um saquinho aos pés de Sherlock.
– Que homem estranho. – Molly observava o homem atravessar a avenida e sumir em meio aos prédios. – Ainda deixou cair isso. – aponta para o pequeno embrulho nas mãos de Sherlock que acabara de pegar.
Assim que o moreno desfez o laço azul que amarrava o saquinho de pano, deixou o embrulho cair no chão fazendo pequenos biscoitos amanteigados ficarem a mostra, biscoitos estes muito parecidos com os da Sra. Hudson. A expressão de pânico dominou seu rosto até agarrar o braço de Molly.
– Molly, o que acha... – Mas foi cortado pela garota.
– De jantar?
– Mudar sua rotina?
Os dois falam praticamente juntos, ficando segundos em silêncio até Molly tomar coragem e falar.
– Como assim? O que está acontecendo?
– Apenas me responda. Quer ajudar a resolver esse caso?
Molly permaneceu congelada durante algum tempo, sem entender o que estava acontecendo, mas sabia que o que mais queria naquele momento era fazer parte da vida de Sherlock e se isso significava enlouquecer com ele na resolução dos crimes, ela faria. Encarou seus olhos, que agora ganhavam um tom de mel meio acinzentado e disse com toda a certeza do mundo.
– Sim. – Um sorriso ameaçava aparecer em seu rosto.
Sem dizer uma palavra se quer, Sherlock a puxou pelo braço, fazendo com que levantasse bruscamente da cadeira. Foi até a mesa onde John conversava com uma mulher, cuja qual nunca havia visto e antes que pudesse informar John que precisavam correr para o 221B foi interrompido pelo amigo.
– Sherlock, está é Mary Morstan. – olha para a moça, impressionada com a presença do detetive. – Minha nova amiga.
– Meu Deus! – Levantou surpresa. – Então você é o famoso Sherlock Holmes. Ouvi falar muito de você.
– Que bom. – Sherlock apenas da um sorriso e volta a atenção para John. – Temos que ir para o apartamento agora.
– Sherlock. – John o repreende. – Não é assim que se cumprimenta as pessoas.
Sherlock bufa e faz uma careta, olha para Mary e se apresenta.
– Prazer sou Sherlock Holmes. Obrigado pela sua atenção. – Volta novamente a atenção para John. – Agora por favor me escute, temos que ir agora para o apartamento. – Puxa o loiro pelo braço.
– Espere. Por que essa euforia? Descobriu algo sobre o assassino? – Disse John tentando se soltar.
– Não, mas sei quem será a próxima vítima.
– E quem será? A rainha da Inglaterra por acaso? – Caçoou John.
– A Sra. Hudson.
– Pare de brincar com essas coisas, ela está segura. – Uma expressão de nervosismo dominou o rosto do loiro. – Como pode ter certeza disso? Recebeu algum bilhete?
– Recebi biscoitos.
– O que?
– John por favor, não tenho tempo para explicar agora, se quiser me ajudar a salvar a Sra. Hudson venha comigo, não sei se temos muito tempo. – Olha para Molly, que permanecia calada atrás do detetive observando a cena. – Molly, vá imediatamente para o Hospital e peça para prepararem o melhor quarto.
– Mas não tem ninguém internado? Como vou fazer isso?
Sherlock apoia as duas mãos nos ombros de Molly e fixa a visão em seus olhos castanhos.
– Molly apenas faça. Eu confio em você.
Aquilo foi o suficiente para a garota sair correndo, chamar o taxi mais próximo é ir para o hospital.
Sherlock imediatamente saiu correndo. John não estava entendendo nada mas toda aquela preocupação e agitação do detetive, fez seu coração se encher de desespero, não podia pensar em alguém fazendo mal para Sra. Hudson. Se despediu de Mary com um beijo na bochecha e saiu atrás de Sherlock.
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– SHERLOCK! – O porteiro gritou ao ver os dois entrarem correndo pela porta giratória.
– Sim. – Sherlock mal conseguia pronunciar as palavras, mas se comparado com John, que estava quase desfalecendo ao lado do elevador, estava bem mais recuperado da corrida.
– Veio um entregador aqui deixar uma encomenda para você, mas como você não estava, pedi para a Sra. Hudson receber. Deve estar com ela.
– Como assim deve? Ela não desceu aqui para pegar a encomenda? – A preocupação do detetive aumentou.
– Não. Eu liguei para o 221B e ela pediu para subir a encomenda, pois ela estava limpando.
Uma preocupação ainda maior dominou Sherlock e um excesso de raiva começou a crescer. Antes que pudesse gritar ou algo parecido, o elevador chegou e imediatamente foi em direção ao apartamento.
Depararam-se com dois embrulhos em frente a porta do 221B. Uma cesta pequena estava embrulhada em um saco de plástico transparente, dentro estava um radio de pilha bem antigo envolto com feno ao redor e do outro lado havia uma caixa pequena contendo um Iphone.
– Será que a Sra. Hudson se esqueceu de abrir a porta? – John observava os pacotes. – Mas quem te daria um presente desses?
– É uma charada. – Sherlock pegou a cesta ao ver um papel dentro do meio de feno que cobria parte do rádio. – E essas pistas são referentes ao próximo livro.
– E qual é o próximo livro? – Encara Sherlock que lê um pedaço de papel? – O que está lendo?
– "Volte para as Serras de onde veio.". – Leu em voz alta para John. – Assinado "A.S.R.".
– Quem é A.S.R.?
– Boa pergunta.
Sherlock abre a porta e se depara com a Sra. Hudson com o aspirador de pó ligado no meio da sala, com os fones de ouvido e tentando cantarolar alguma música.
– Meninos. – A senhora se espantou com a chegada dos rapazes, retirando imediatamente os fones do ouvido. – Chegaram cedo hoje.
– Viu Sherlock, ela está bem. – John mira sério para o moreno. – Não precisava se preocupar tanto.
Sherlock permanece calado, apenas observando o ambiente e nota que a cortina de uma das janelas estava meio aberta.
– A senhora abriu alguma cortina enquanto limpava a casa? – Sherlock se aproximou do local e analisou o movimento de carros da janela.
– Não. Será que não vi que estava aberta? – A senhora foi em direção a cortina, enquanto o moreno ia em direção ao meio da sala.
– Por céus Sherlock, não está achando que vai acontecer algo só porque a cortina está aberta, está? – Questionou John. – Talvez ela tenha esquecido.
Mal acabara de pronunciar as palavras e um barulho de vidro quebrando interrompeu o diálogo dos dois.
Quando Sherlock se virou, não pode acreditar no que via, parte do vidro estraçalhado com a marca de uma bala na parte inferior, gotas de sangue na borda da janela e a Sra. Hudson caída próximo ao sofá.
– SENHORA HUDSON! – Sherlock e John gritaram indo em direção ao corpo da senhora, que gritava desesperadamente.
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