Capítulo 11

A ansiedade e o medo... ah! essa coisa MEDO que a limitou desesperadamente toda a sua vida.

Esse MEDO, não das coisas, nem das pessoas, mas daquilo que não controlava por mais que tentasse: as emoções... Quando amava, amava sem limites e não falava de homens, falava do sentimento, era feroz e profundo bem como a dor que ele provocava. E já não se dececionava, apenas, uma profunda tristeza a dominava, minando toda a sua personalidade, seu desejo de viver...

Provavelmente, um dia acordaria num lar, sem memória e sem alma, sozinha, como sempre foi o seu percurso, mas também já nada importava...

Portanto, "Carpe diem" Raúl!

Raúl, era sem dúvida algo que ela há muito desejava, sem ter plena consciência disso.

Seria ele capaz de gostar, amar, desejar, viver, com uma mulher que na verdade não conhecia, sendo que a ideia dele era que todas as mulheres eram iguais com pequenas diferenças, e como tal eram distintas nesses pormenores?

Na verdade Flávia pensava o mesmo dos homens.

Mas os seus fantasmas eram tão absurdamente imutáveis e ininterruptos, possessivos, que Flávia não sabia se poderia conviver com todos e Raúl, pior, não sabia se Raúl seria capaz de aguentar tanta coisa numa relação.

A pessoa que ela era, quando todos estavam presentes (os demónios), sem Raúl, transformavam-na.

Falava com eles e sempre a impeliam para o abismo. Tinham mais força quando ela sofria. E tantas vezes esteve lá. Um dia caiu mesmo, no abismo, mas não sabe porquê, saiu ilesa.... Bem, ilesa é uma forma de falar. A filha foi "obrigada" a vir ter com a mãe e claro nunca a perdoou, e todos aqueles que a conheciam, acharam que era apenas uma chamada de atenção.

A próxima vez que se atirasse do abismo tinha a certeza que iria ser definitivo. O tempo tem vindo a dar-lhe a possibilidade de pensar bem nisso. Quando o fizesse seria definitivamente o ADEUS! Sem mágoa, sem tristeza, sem culpa, ah essa culpa de que desejava tanto livrar-se, sem amor, sem emoção ou sentimento.


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