17| Sim.
2 anos depois...
Torneio de Wimbledon, Londres, Julho de 2024.
Rosamaría.
E então, num piscar de olhos, a minha época não preferida do ano acabou. Wimbledon.
Não odiava por ser Wimbledon ou porque era em Londres, eu odiava por ser um dos torneios mais vigiados aonde não temos paz.
Era a final do torneio jogo contra Novak Djokovic, o Sérvio estava à frente de Alcaraz no ranking, porém, ele tinha talento e mostrava estar pronto para vencer o veterano.
Eu estava sentada no hospitality de Wimbledon já que faltavam cerca de duas horas para a partida começar enquanto bebia algum drink de maracujá e conversava com Carmen Mundt namorada de George Russell.
A também então espanhola, me contava sobre sua vida sendo uma Wag, já que agora eu também tecnicamente era uma.
Eu e Alcaraz não tínhamos um rótulo, ele não me pediu em namoro então não éramos nada.
Não éramos nada a dois longos anos.
Mas eu gostava de estar com ele e ele gostava de mim, então somos como namorados que não namoram.
E também já fazem dois anos que eu escuto e também faço acompanhamento na fonoaudiologia, ou melhor, terapia da fala.
É muito bom conseguir me comunicar.
Alcaraz havia saído cedo do hotel e ido para a concentração por isso não o vi, então estava apenas com Carmen enquanto esperávamos começar.
— Você não acha que já tem que namorar?.
— Não tenho pressa. — falei.
— As assanhadas também não tem pressa. — Carmen falou e eu ri.
— Confio em Carlos. — engoli seco.
— Ele parece ser um cara legal, mas se ser namorada já é difícil, imagina um caso.
Carmen não estava errada, mas não é como se eu pudesse fazer muita coisa.
— Meu maior sonho também é casar, mas as vezes sinto que ele gosta de mim só não quer estar comigo.
— Siga seu coração. — ela me encorajou. — Vamos nos sentar, falta pouco tempo agora. — Eu concordei e fomos juntas até nossos lugares na arquibancada.
Nossos lugares eram os mais perto possíveis da quadra então quando Carlos passou para se preparar, ele passou por mim.
— Hola cariño. — ele sussurrou sorrindo.
E nesse exato momento todo o estádio gritou.
— Ele é fofo, não imaginava ele assim. — George falou e eu e Carmen rimos.
— Ele é fofo. — falei. — as vezes. — sussurrei para mim mesma.
Carmen riu.
— Eu escutei isso.
Envergonhada eu coloquei as mãos no rosto e ri.
Carmen me acompanhou na risada, mas logo, parou e me tocou um pouco confusa.
— Aquele não é o seu ex namorado?. — perguntou.
— Eu nem tenho...— e então, como em minhas lembranças, eu vi Gabriel Medina mais uma vez.
Ele estava mais forte e seus cabelos maiores, a pele mais bronzeada indicava mais tempo na praia, e o sorriso no rosto que o deixava sempre mais bonito.
Que raios ele faz aqui?.
Eu não estava acreditando que ele estava mesmo em Wimbledon, numa final entre Alcaraz e Djokovic.
Minha respiração ficou desregulada e eu fiquei nervosa.
Ele ainda tinha efeito sobre mim.
E dói me lembrar as últimas palavras que disse a ele dois anos atrás em Fiji.
Quando a partida se iniciou, vi Alcaraz nervoso e ele respirava rápido.
Eu tentava ficar menos nervosa mas sabia que isso era muito importante para ele, mas como sempre, Carlos consegue me impressionar.
O primeiro set foi dominado por ele desde o início. O espanhol teve um bom aproveitamento dos pontos com o primeiro saque e, por isso, só cedeu uma oportunidade de quebra ao sérvio.
Djokovic falhou muito nas subidas na rede - ganhou apenas quatro dos doze pontos que tentou.
E por isso 6/2 para o espanhol em pouco mais de meia hora.
No segundo set, Alcaraz seguiu no embalo e quebrou o saque do rival logo no início. Aos poucos, Novak entrou no jogo, mas Alcaraz se mantinha muito firme.
Fim do set, 6/2 novamente.
Nenhuma chance de quebra para Djokovic. Carlos era quase campeão de Wimbledon novamente.
Na pausa, eu me levantei e sai da arquibancada e fui direto para o hospitality usar o banheiro e beber algo quando ouvi uma conversa.
— O Alcaraz pediu para escondermos o anel, o que ele faz aqui?.
— Não sei, guarde isso e entregue aos comissários, ele vai pedir a amiga em namoro hoje.
Eu congelei.
Namoro?, com Medina aqui?.
O que mais me assusta é Medina aqui e nem o facto de ele me pedir em namoro.
Mas porque eu não me sinto pronta.
Voltei para a arquibancada sem a bebida e Carmen pergunta.
— Cadê a bebida.
— Carlos vai me pedir em namoro.
Ela arregalou os olhos.
— E como é que você sabe?. — perguntou.
— Escutei dois funcionários a dizer, ele vai me pedir em namoro com meu "ex" aqui. — falei fazendo aspas na hora do ex.
E como se o universo ou o câmera de Wimbledon tivesse me escutado, a câmera fica direto em Medina o apresentando como surfista medalhista olímpico e campeão mundial e ele deu um sorriso tímido fazendo um dois com os dedos.
E claro, a câmera focou depois em Carlos que estava terrivelmente alterado e bravo com a imagem do surfista.
Vai ser uma ótima final de campeonato.
Logo a câmera também focou em Novak entrando na quadra sendo recebido com vários aplausos e a partida reiniciou.
À princípio, eu não sabia se Medina havia me visto mas eu sabia que ele sabia que eu estava aqui.
E eu me perguntava se ele estava curioso para me ver ou se isso era só coisa minha, mas provavelmente era.
No início do terceiro set e provável último set, Djokovic começou colocando pressão no saque de Alcaraz, mas ele fez e cravou ótimos saque e, variando muito os golpes, conseguiu fechar o game.
Na sequência, teve três break points no saque do rival, não concluiu, e Djokovic, pela primeira vez na partida, soltou um grito de vibração. No 4/4, Alcaraz fez um game perfeito, conseguiu a quebra e sacou para o jogo. Mas ali, o sérvio salvou três.
Eu via de longe a frustração de Alcaraz, e pela primeira vez na partida nossos olhares se cruzaram.
— Você consegue. — falei baixo.
Eu não sei se ele entendeu, só sei que depois disso ele sorriu e saiu de um 0/40 e quebrou o serviço, empatando em 5 a 5 com Novak.
Depois de um game para cada, tie-break. O desempate foi equilibrado, mas por duas vezes Alcaraz esteve com um mini-break. Com dois match points, conseguiu um belo saque e fechou 7/4.
Quando ele deu o último remate na bola e Novak não completou, ele gritou e se ajoelhou chorando ali mesmo.
A multidão se levantou animada e ovacionou os dois tenistas profissionais que estavam cansados porém lutaram até o último segundo.
Carlos merecia seu campeonato e meu coração saltitava de felicidade por ele, mas não era só por isso que meu coração estava saltitante.
Eu estava sentada um pouco mais para o meio das arquibancadas, e não sei como, mas no meio de mais de 100 mil pessoas, eu consegui ver os olhos castanhos do brasileiro que fez meu coração acelerar dois anos atrás.
Não existia mais Carmen, Novak, e muito menos Alcaraz.
Meus olhos estavam focados apenas nos do brasileiro.
Ficamos assim por alguns segundos até Carmen me tirar do meu transe fazendo ele, envergonhado, desviar o olhar.
— Rosa, Rosa, Alcaraz está te chamando. — ela me chacoalhou eufórica apontando para a quadra aonde o espanhol apontava para mim e me chamava.
Eu apontei para mim e vi ele chacoalhar a cabeça dizendo sim e então eu desci as escadas da arquibancada.
Não era um caminho longo, mas pareceu uma eternidade quando percebi que para ir até aonde ele estava, teria que passar por Medina.
Ele me chamava para adentrar o campo, e para isso, as escadas para chegar ao local era a frente do brasileiro.
No fundo, eu sabia que ele havia feito de propósito, mas estava eufórica demais para julgar.
Eu finalmente iria namorar.
Quando passei pelo surfista, ele não me olhou, apenas deu espaço para a minha passagem e notei uma mulher de olhos claros ao seu lado, ignorei mas não totalmente.
Ao me aproximar do então campeão, ele me puxou para um abraço apertado e toda a multidão ovaciona-vá-nos, e então, um dos rapazes que os ajuda com os remates partidos, o entrega um buquê de rosas e uma caixinha de anel.
Eu prometi fingir surpresa mas quando vi e percebi que era real, eu realmente comecei a chorar.
Ele me entregou o grande buquê de flores brancas e se ajoelhou.
— Casa comigo?.
Eu gelei.
Não saiam palavras da minha boca, apenas lágrimas.
O estádio gritava e eu só concordei mesmo não sendo aquilo que eu queria.
Isso parecia errado, meu coração batendo pelo homem que estava atrás de mim vendo tudo.
Mas uma mulher não fica com o homem que ela realmente ama.
Não quando ele foi o que também mais a machucou.
Alcaraz colocou o anel em meu dedo e me beijou me rodopiando enquanto abraçava forte a minha cintura.
Ele estava um pouco suado porém eu teria que me acostumar, afinal, agora ele é o meu noivo.
Quando me colocou no chão, assisti a sua premiação de dentro do gramado enquanto a multidão ainda o ovacionava, aquilo era lindo de se ver, o amor do público.
Ele era um ótimo homem, atencioso, gentil, um verdadeiro cavalheiro.
Mas, jamais como ele.
Na hora que a premiação acabou, vasculhei as arquibancadas com o olhar mas não o encontrei.
Queria que tivesse sido um vulto ou algo do tipo, uma miragem.
Mas quando o vi sentado no hospitality com uma cara não muito boa, percebi que não era miragem.
Entrei de mãos dadas com Alcaraz e fomos recebidos com aplausos e música de casal, as mais melosas possíveis.
Baby do Justin Bieber ecoava bem alto quando eu fui ao banheiro e me dei de cara com ele lavando o rosto que estava vermelho.
Ele estava chorando.
— Você está bem?
Ainda gosto de você
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TRÊS CAPÍTULOS PRA FIC ACABAR...
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Não seja um leitor fantasma. Faça um(a) autor(a) feliz.
Até a próxima💞
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