05. bulletproof coffee

Olá, cafeinados! Muitos devem estar surpresos ao receber a notificação desse capítulo após tantos meses sem atualização. Darei mais detalhes sobre essa e a próximas atualizações nas notas finais.

Minha recomendação é para quem leu os capítulos anteriores há um tempo dar uma relida, já que são curtinhos. Assim você fica com a história fresquinha em mente. Já deixa o seu voto nesse capítulo e, por favor, comentem muito para ajudar no engajamento. Boa leitura!


#DoceComoCafé

☕️🍰


Jimin

Assopro o líquido por alguns segundos e dou o primeiro gole na bebida quente. Sinto a ponta da língua formigar, mas nem isso é capaz de acabar com o meu bom humor. Amanhã começa um feriado prolongado e mal vejo a hora de mergulhar na minha cama e permanecer lá pelos próximos dias, levantando apenas para o necessário.

Dessa vez, escolhi um salgado para acompanhar a bebida. A combinação é um abraço caloroso no paladar e tudo parece estranhamente bom. Abro o Instagram, escolho um filtro e capturo a imagem do dia. Não leva sequer dois minutos para a primeira resposta aparecer, a qual ignoro. Estou disposto a aproveitar sozinho os próximos dias, sem flertes ou a esperança de uma nova paixão.

Prestes a dar a última mordida, a porta da cafeteria é aberta e pauso o movimento ao vê-lo entrar. Deixo o salgado na mesa à espera do instante em que ele me notará aqui. Seus olhos percorrem o estabelecimento e param em mim, logo brotando um sorriso discreto.

A cada passo em minha direção, sinto algo estranho no peito. Desconfio do que seja, mas prefiro me alienar a admitir que sou tão previsível.

— Algo me dizia que iria te encontrar aqui hoje — diz Jungkook.

— E por isso veio?

Oi? Eu realmente respondi isso? Caralho! Não tenho salvação.

— Talvez. — Ele ri, coçando a nuca, então move o olhar para a mesa e analisa o resquício de salgado. — Já vai embora?

— Não — respondo de imediato. Preciso dizer que me arrependo em seguida? — Tô esperando o meu amigo. Ele disse que vinha pra cá.

Felizmente, não era mentira. Taehyung veio com um papo de que quer saber o que há de tão bom na cafeteria a ponto de me fazer vir o tempo todo. Ele ficou na empresa para terminar um trabalho e virá em seguida.

— Posso me sentar com você? Acho que preciso de uma nova sessão com o doutor Park.

— Como quiser. — Exibo um sorriso estranho, minha especialidade.

Jungkook me oferece algo para acompanhar a conversa, mas digo que estou cheio. Ele segue até o balcão e aproveito para analisar suas costas enquanto faz o pedido. Ele deve malhar, sem dúvidas.

Quando volta com um salgado e um copo de café, comentamos sobre o feriadão. Ele come sem pressa e, após terminar, vejo o exato momento em que seus olhos adotam uma expressão cabisbaixa.

— A Dalgi viajou há pouco para outro estado. Tentei ir ao aeroporto para me despedir, mas ela disse que não precisava. Nossa última briga foi tensa.

— Ainda por conta do seu amigo? — Com o cotovelo na mesa, apoio a bochecha na mão.

— Agora o problema é o meu emprego. Eu precisei comprar um notebook novo e isso me deixou meio apertado já que pago todas as minhas contas sozinho. Dalgi acha que se eu me dedicasse mais, poderia ser promovido, mas nem sei se quero isso. — ele suspira, entrelaçando as mãos em cima da mesa. — Na verdade, eu sei. Detesto aquele emprego e por mim saía de lá o quanto antes.

— Mas não é tão simples. — Formo uma careta, completando o pensamento para ele.

— Querendo ou não, é esse emprego que me permite não passar fome. Se eu abrir mão dele, posso acabar em maus bocados.

— E por que a sua namorada ficou chateada?

— Ela contava comigo pra essa viagem e a deixei na mão. Então surgiu o assunto da minha família e acabei sendo grosseiro com ela.

— São tantos detalhes que tô ficando tonto. — Passo a mão pelo cabelo, tentando me concentrar melhor. — Onde a sua família se encaixa em tudo isso?

— Meus pais são bem de vida, mas abri mão de tudo que vinha deles quando não reagiram bem a minha bissexualidade.

— Porra! — Uma lufada de ar sai junto com o palavrão.

Jungkook abaixa a cabeça e pressuponho que ele está envergonhado por compartilhar isso. De alguma forma, sei que muitos se culpam pelo preconceito dos outros. Tive sorte pela minha mãe entender a realidade com o tempo e hoje isso nem chega a ser um tema entre nós.

O coração dá uma pontada mais forte ao vê-lo assim e estou perdido. Devo iniciar um discurso sobre o quanto a lgbtfobia é abominável, principalmente provinda da própria família? Acho que ele não precisa ouvir o óbvio agora. Um conselho realmente prático que o direcione para a resolução dos problemas é o ideal, algo que eu jamais conseguiria elaborar.

Sem muitas opções, tomo a má decisão de estender a mão direita na mesa até encontrar a dele. Pouso a palma na pele alheia e ignoro a minha respiração acelerada. Ele levanta o rosto e quando cruzamos os olhos, percebo a confusão cintilando ali. Afasto a mão com uma velocidade constrangedora e cogito usar dessa mesma velocidade para deixar a cafeteria.

Jungkook abre a boca e imagino diversas frases embaraçosas sendo despejadas no meu colo. Nenhuma delas é dita, pois a atenção dele é tomada pela porta recém aberta. Aproveito dessa distração para liberar o ar que estava a ponto de me causar um desmaio.

Espero que tenha sido tempo suficiente para juntar o mínimo de forças, pois me encontro prestes a encarar outra situação difícil: Taehyung está de pé em frente à mesa.

— Demorei, docinho?

Só pode ser brincadeira!

— Taehyung, não! — Com o meu olhar, tento avisar que o momento é péssimo para piadas internas. Diante do arquear das sobrancelhas dele, entendo que falhei.

Encaro Jungkook, vendo ele dividir a atenção entre a criatura recém-chegada e eu. Tenho algumas ideias, porém já esgotei a quantidade de decisões idiotas da semana. Opto por apresentá-los de uma vez.

— Jungkook, esse é o meu colega de trabalho, Kim Taehyung.

— Ah, você é o Jungkook! — Dispensando os bons modos, Taehyung senta na cadeira ao lado sem convite, tão animado que me causa arrepios — Sou o melhor amigo desse cara, mas ele finge o contrário na maior parte do tempo.

— Pelo visto, vocês já conversaram sobre mim.

Abaixo a cabeça quando Jungkook foca em mim. Kim desgraçado Taehyung, você me paga!

— O Jimin me conta tudo. Mas sobre você ele até tentou esconder. Será que está me trocando? — Ele coça o queixo, exato local em que imagino um punho acertando em cheio.

— Não acho que seja isso. — O coitado tenta acompanhar o ritmo do meu ex melhor amigo. — Nos conhecemos há pouco tempo. Na verdade, é apenas nosso terceiro encontro.

A dubiedade da frase arranca um risinho de Taehyung e eu ergo o rosto, chutando-o por debaixo da mesa.

— Sinto muito, Jungkook. — Mordo o lábio, querendo mesmo é arrancar a língua, assim terei uma desculpa para nunca mais falar nada. — Eu contei bem pouco sobre você, mas o Taehyung é meio obcecado por tudo que me envolve.

— Como vai a sua namorada?

Tentei preservá-lo até quando pude, mas hoje preciso me despedir de você, querido réu primário.

— Bem. Ela viajou nesse feriadão.

— Ah, que bom que tocou no assunto. — Tae vira em direção a mim. — Jimin, descobri que aquele bar novo estará aberto no sábado. É claro que você também vai, né Jungkook? Ou pensa em passar o feriado todo chorando de saudades?

— Eu...

— O Jimin tem o seu número? — Tae se adianta.

Fuzilo esse projeto de humano e o sorriso cínico dele é a prova de que está agindo propositadamente. Capaz até da ideia de ir nesse bar ter surgido apenas agora. Jungkook parece ponderar e quase afirmo que não pretendo ir quando ele responde.

— Pode ser. — E então dita o número dele e eu não tenho opção a não ser salvar.

Sendo honesto, preferia que a minha relação com Jungkook permanecesse em encontros casuais na cafeteria. Agora já tenho o número dele e um encontro marcado com bebida alcoólica envolvida. Há um sinal vermelho entoando uma buzina dentro da minha mente.

— Agora eu preciso ir — diz Jungkook. — Nos vemos sábado.

Após um sorriso, ele se despede com um aceno e caminha até a porta. Antes de atravessá-la, olha para a nossa mesa e acena outra vez. Suspiro ao ficar a sós com Taehyung. Sei que a qualquer momento ouvirei coisas que me deixarão estressado, então já planejo a fuga.

— O que você me recomenda pedir? — Seu tom é risonho e posso apostar que possui os dentes à mostra.

— Veneno. De preferência quente, quem sabe assim faz efeito mais rápido.


☕️🍰

Antes de tudo, o que acharam do capítulo? Deixem aqui a sua parte favorita que eu adoro saber.

Quem me acompanha nas redes deve saber que eu estava inteiramente focado na produção e divulgação do meu primeiro livro, Os Fios Voltam a Crescer. Logo depois eu comecei a estudar para um concurso e agora preciso conciliar a escrita com o estudo. Levarei um tempo para me adaptar à nova rotina, mas tentarei trazer atualizações com mais frequências, pelo menos de 2 em 2 semanas, já que os capítulos são menores.

Me sigam no Twitter (@vminoshi), no Insta e no TikTok (@elielvitorsemc) para mais informações. E estarei de olho na tag #DoceComoCafe pra interagir com vocês. Podem deixar suas opiniões sobre o capítulo, sobre a história, partes favoritas, memes e essas coisas.

Um beijão e até a próxima 😘🤎


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