Capítulo 6 - parte 3 (rascunho)
Depois da aventura noturna, os dois não fizeram novas tentativas e Mônica ficaria no Rio mais dois dias, período que Apolo aproveitou para folgar, apesar de a levar a conhecer o seu trabalho e acabar por concordar em aceitar um contrato com a empresa dela.
– Você não sabe como me deixa feliz com isso, amor – disse ela, atirando-se ao seu pescoço.
– Não, meu anjo, você é que me deixa bem feliz – argumentou, sorrindo e beijando-a. – Agora vamos para casa e pegamos uma piscina.
– Ótimo, com este calor é uma ótima pedida.
Em casa, a garota deitou-se na espreguiçadeira a pegar sol, mas Apolo desejava mesmo era divertir-se na água, então disse, intimidador:
– Venha prá água, sô.
– Tô com preguiça – respondeu ela, desafiadora. – Agora ninguém me tira daqui.
Não devia ter dito isso porque Apolo sentia-se muito bem e alegre, o que lhe deu um certo "espírito de porco". Mônica começou a escutar um barulho incomum que lembrava algo como um mar em fúria e, curiosa, ergueu um pouco a cabeça e abriu um olho. Já ia voltar a relaxar quando a imagem que viu do namorado fez sentido. Apolo parecia imponente sobre a água, a uns quatro metros de altura porque todo o conteúdo da piscina girava enlouquecido à sua volta, mais parecendo um pedestal de tormenta que o mantinha no ar.
Arregalou os olhos e atirou-se para o lado, caindo da cadeira para poder desviar, mas era tarde. O amigo tinha erguido as mãos e dois vórtices de água correram para cima dela tal como duas serpentes enfurecidas teriam feito. Apesar da tentativa de fuga, foi atingida em cheio e, encharcada. A seguir, foi jogada dentro do redemoinho que a transportou até ele. Sorrindo Apolo abraçou a garota.
– Todos devem obediência a Netuno, o Deus dos Mares – disse, para logo depois beijá-la.
Ela correspondeu e atracou-se ao amigo em um beijo frenético que Apolo estava a adorar. A primeira sensação que havia algo errado foi quando sentiu um formigamento que começou na boca, bem fraco, mas que se alastrou pelo corpo todo em poucos segundos. Sempre sorrindo, Mônica afastou-se um pouco enquanto o pobre coitado era tomado por convulsões bem fortes que o faziam tremer bastante.
– A água é um fantástico condutor de energia elétrica quando não é pura, amor da minha vida – disse, debochada. – Desconfio que Alexandre Volta não concordaria com Netuno.
Soltou o namorado e ambos despencaram dentro da piscina junto com toda a água, assim que ele perdeu o controle. Rindo, Mônica nadou até à borda e saiu, mas Apolo já fazia o mesmo, só que do outro lado. Ele ergueu-se e uma parede de fogo envolveu-o, dando a impressão que tinha quase o dobro da altura.
– Mas o que podes contra mim? – perguntou ele. – Eu sou Apolo, o Deus Sol e Senhor do Fogo, ó mortal.
Ergueu as mãos e chamas saíam em grandes arcos de um lado para o outro, criando a ilusão de uma templo de fogo sobre ele.
– Ajoelha-te perante o teu senhor, ó mortal.
– Sai fora, uai – disse Mônica que ergueu as duas mãos e criou uma parede de água à sua volta. – Eu vou mas é apagar esse seu fogo rapidinho.
– E eu cozinho você, mulher – respondeu –, fervo você na sua própria água.
– Não se você cair na água – respondeu, fazendo um gesto e Apolo descobriu o truque tarde demais.
Um guarda-sol estava na mesa bem ao seu lado virou-se com violência e acertou-o no ombro com uma certa força, fazendo o namorado cair na piscina. Com um barulho de lenha que se apagava na água, Apolo desapareceu na piscina.
Mônica começou a rir sem parar, muito divertida. Ria tanto que tinha até lágrimas e dobrava-se sobre a barriga.
– Você apagou igual na fazenda, quando falta luz e minha mãe vai apagar a vela para irmos dormir. Ela molha o dedo na boca e aperta o pavio que faz, pfsh – disse, voltando a rir. – O Deus Sol apagado que nem uma vela.
Apolo voltou a sair da água. Apesar de parecer bravo, ele adorava a brincadeira com ela, que também servia como um treino. Parado de fronte à namorada que estava a uns dez metros de distância e não conseguia parar de rir, Apolo olhou para cima e começou a escurecer sobre eles, enquanto nuvens negras aglomeravam-se. Ergueu as mãos e relâmpagos despencavam do céu direto para ele, coisa que por si só já seria caso para lhe provocar morte instantânea, anda mais com o corpo molhado.
Mônica assustou-se e olhou para cima, parando de rir. Ela deu um passo atrás, mas um vento fortíssimo impediu-a de se afastar ao mesmo tempo que tudo à volta dos dois começava a voar e rodopiar, levado pelo furacão artificial. A garota concentrou-se um pouco e o seu corpo foi envolvido por uma luz azul. Ao mesmo tempo, ela criava esferas de luz da mesma cor e jogava nele, mas a força da natureza não o deixava ser atingido por nada.
– Parai! – O brado violento de sir Allan foi tão forte que se sobrepôs ao barulho que ambos faziam. Olharam para o lado e viram-no a se aproximar, ignorando os perigos à volta. O casal parou no mesmo momento, mas Apolo lembrou-se que ele tinha uma certa imunidade à magia, por isso a preocupação desapareceu.
– O que foi, Allan? – perguntou ele. – Estávamos brincando e aproveitando para treinar...
– Já tereis visto em algum lugar do mundo inteiro uma tempestade furiosa que aconteça apenas em uma residência?
– Claro que não, por quê?
– Ele tem razão, sô – disse Mônica, que foi a primeira a compreender a besteira. – Acabamos de mostrar ao mundo onde estamos, amor. Basta um azar de algum dos nossos inimigos ter visto a nossa batalha e pronto.
– Caraca! – exclamou o jovem. – Não me atinei para isso!
– Temos sempre que ter muito cuidado – comentou o guerreiro, preocupado. – Eles observam e estão perto. Lembrai-vos da vossa aventura noturna.
― ☼ ―
Carlos aguardava no carro em uma das entradas do Vidigal, aguardando. Um sujeito passou pela frente do carro e fez sinal. O jovem abriu a porta, ele entrou e o carro arrancou.
– Posso saber por que demorou tanto? – perguntou, com a voz irritada.
– Desculpa, patrão, mas tava difícil descobrir alguma coisa.
– E o que foi que descobriram?
– Nada di mais, senhor – disse o homem. – Só o que a TV já mostrou, di que foi em Copacabana e apenas num lugar, mas ninguém sabe nada. O problema é qui foi muito rápido, nem cinco minutos.
– Eu imagino – respondeu ele. – Mas na certa é aquele desgraçado. E a mulher?
– Os boneco tão cuidando dela, chefe – disse o homem. – Pode ficá tranquilo que ninguém vai encostar um dedo naquela belezura. Ela tá meio apavorada.
– Ótimo – disse Carlos. – Em breve meu pessoal de Minas vai trazer mais hóspedes. Cês devem prender eles, mas ninguém deve ser maltratado e as mulheres não podem ser molestadas. Elas são minhas, entendeu?
– Tô ligado, chefe. Se o senhor terminou, me deixe ali naquele bar – pediu, apontando. – Di lá eu arrumo carona.
― ☼ ―
– Quando você pretende voltar? – Apolo perguntou para a garota, de frente para a sala de embarque.
– Já tá com saudades? – Ela riu e beijou-o. – Primeiro você quer me ver longe dos seus inimigos e depois...
– Pare, Mônica – pediu Apolo. – sim, estou com muitas saudades, mas sei que precisa de ficar longe deste perigo. No momento, nosso filho é mais importante.
– Fácil, uai – disse após beijá-lo. – Você vai me visitar em Belo Horizonte.
– Combinado.
– Amor – disse ela. – Tenha muito cuidado. Lembre-se que aquela notícia na tevê do temporal em Copacabana no meio da tarde deve ter chamado a atenção de muita gente. Sorte que as imagens vinham de longe e não deu para descobrir onde foi, mas não custa ter olho aberto. Eu amo você e se lhe acontecer alguma coisa eu morro, viu?
– Prometo que terei cuidado – respondeu o namorado. – E Allan sempre fica de olho em tudo. Parece um cão de guarda.
– Gosto dele.
– Eu também. – Apolo beijou-a de novo. – Agora, trate de entrar aí antes que perca o seu voo.
O jovem feiticeiro esperou até que o avião decolasse e sentiu-se triste com a partida dela.
No carro, a caminho de casa, pensava nas coisas. Tão logo chegou, foi para o escritório, encontrando Allan muito entretido com o computador. Ergueu os olhos da tela e sorriu.
– Salve, Apolo – disse, alegre. – Essa tal de internet é simplesmente incrível. Fiz várias pesquisas históricas interessantes, só que há muitos fatos que fogem à realidade. A maior parte dos cavaleiros não era tão grande nem tão forte como se pensava. Eu mesmo sou muito acima da média. Na verdade o Homem da atualidade supera o do meu tempo em quase tudo. Mas, no geral, é uma fonte de informação maravilhosa.
– É verdade, meu amigo – disse Apolo, sentando-se no sofá à frente. Pensou um pouco e um café surgiu na mão. – Eu queria conversar com você porque estou preocupado.
Allan recostou-se na poltrona e fechou a tampa do computador, olhando para Apolo e dizendo:
– Imagino que seja pela inatividade e a espera.
– Não se trata só disso – retrucou o feiticeiro, suspirando. – A pessoa que eu e Mônica procurávamos naquela noite era alguém muito importante.
– Sim, a mulher que sir Morgan disse que poderia ser o seu ponto mais fraco – comentou Allan. – E parece que ele tem razão.
– O inimigo sabe dela e sabe que eu a procuro – Comentou Apolo, compenetrado. – Eu, de alguma forma, coloquei essa mulher em perigo e isso tira-me o sono.
– Acredito, Apolo, que a primeira tentativa de usar a magia para a encontrar fará o inimigo correr para si – afirmou o cavaleiro, preocupado. – Acho que devia tentar alguma coisa com meios comuns, como o tal de detetive particular que lady Mônica disse.
– Vou tentar isso, mas se não conseguir, passarei a usar a magia para encontrá-la. Já descobri uma forma de resolver parte desse problema, mas preciso da sua ajuda.
– Posso saber como?
– Claro, Allan – disse Apolo, sorridente. – É simples, na verdade. Vamos usar dinamismo, movimento. Nada será feito na minha casa. Iremos a lugares públicos porque tenho a certeza que aquele lixo do Carlos não se quer expôr; não quando se está envolvido com o crime organizado.
– Acho que tem razão, mas sairemos com a minha espada no seu carro, do contrário é um risco.
– Combinado. – Apolo sorriu de novo. – Vejo que está começando a falar melhor.
– Eu me esforço – respondeu Allan com outro sorriso.
Apolo levantou-se e foi nadar na piscina. Sempre gostou de meditar enquanto praticava algum esporte e a natação dava-lhe um prazer especial. Ele desejava definir prioridades e Helena era uma das principais. A outra prioridade de suma importância era manter Mônica a salvo para não virar alvo.
As demais preocupações eram como enfrentar Carlos. Felizmente, aquele diabo não tinha como descobrir onde morava porque poderia usar o poder de fogo dos traficantes contra si. Há muito que vinha treinando uma barreira de defesa que fosse capaz de resistir a tiros e achava que tinha obtido sucesso, mas faltava coragem para fazer o teste final, que era levar um tiro. Talvez se desse um tiro na mão ajudasse a testar, só que não se podia dar ao luxo de ir para o hospital com um buraco de bala, mesmo na mão. Seriam explicações demais a dar.
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