Capítulo 11 - parte 4 (rascunho)

Apolo acordou fraco e com uma sensação enorme de abandono, mas sabia que era uma questão de tempo até conseguir. Enquanto pudesse visitá-la, ficaria mais tranquilo. Lavou o rosto e voltou a se deitar, dormindo um sono pesado o resto da noite, que foi muito curto.

Acordou mais sereno e foi tomar café, encontrando Allan e Helena rindo. Ele notava o sentimento que nascia nela e isso agradava-lhe porque Allan era um bom homem e sabia que o guerreiro sempre foi apaixonado pala garota.

Sorriu para ambos e sentou-se, servindo-se.

– Você está com olheiras, Apolo – disse Helena. – Isso não é bom. Significa que anda abusando da sua saúde.

– Não tenho dormindo muito bem – respondeu o feiticeiro.

– Imagino que isso envolve certas visitas no passado, não é, meu querido? – perguntou ela, vendo que acertou em cheio. – Então conseguiu mesmo uma forma de a ver, mas isso está consumindo você.

– Só até descobrir como a trazer de volta – disse o amigo, determinado. – Ou trago Mônica de volta ou morro tentando.

Helena e Apolo trocaram olhares e o guerreiro disse:

– Pode ser que nos mate a todos, Apolo. Já lhe ocorreu que pode ser localizado se usar muito isso?

– Acho que posso dar conta deles – disse o amigo, sério. – Estou cada vez mais forte.

– Espero que tenha razão porque se ficar muito cansado, pode ser que não consiga nada – afirmou Allan. – Helena disse que você comentou que sabe manejar uma espada. Gostaria de combater consigo.

– Não tô a fim de levar uma surra, uai.

– Ora – disse Allan, rindo. – Já levei várias surras suas, então seria justo que lhe desse uma, mas estou certo de que deve ser um excelente espadachim.

– Não sou, não; apenas mediano – disse o mago. – Se lhe agrada tanto, concedo-lhe a honra após o café.

– Isso me deixa bem feliz, Apolo.

― ☼ ―

No jardim, Apolo segurava a arma coreana, muito parecida com as japonesas, agarrando o punho com as duas mãos. Já Allan empunhava a sua espada com uma mão e o escudo com a outra.

O guerreiro medieval avançou, veloz, e quase apanhou Apolo de surpresa, mas o jovem girou o corpo e aparou o movimento dele com a espada, ao mesmo tempo que o chutava no traseiro.

– Ei! – reclamou o bretão.

– Lembre-se que, para mim, tudo são armas. A espada é apenas mais uma como as minhas mãos e pés. Eu golpeio com tudo o que posso usar. Esse é o princípio para uma vitória com menos esforço.

– Que seja – disse Allan, atacando com muita velocidade. Usou o escudo para bloquear os pés do amigo e esgrimia sem dificuldade, obrigando Apolo a recuar. Quando o jovem feiticeiro bateu com as costas em uma árvore, atirou-se para o lado e deu um rolamento, levantando-se e empunhando a espada, passando ao ataque, mas Allan era muito mais hábil e, nem trinta segundos depois, Apolo estava mais uma vez em maus lençóis.

Derrotado, o jovem rendeu-se e, sorrindo, entraram em casa, encontrando Helena que os olhava da porta da sala.

– Vocês são bons – disse ela. – Muito bons mesmo.

Sentaram-se e Apolo olhou para os amigos. Os pais da Mônica juntaram-se a eles e ouviram a última parte:

– Não sou não. Allan é muito melhor. Nunca fui fã de espadas. Eu queria que soubessem que em breve vou tentar trazer a Mônica de volta. Hoje vou me encontrar com ela e combinar tudo.

– E como pretende fazer isso, Apolo? – perguntou a mãe dela, cheia de esperança.

– Vou tentar a conexão quando ela for atacada pelos dragões. O dragão pensava que a matou no passado. Pode ser que na hora de maior adrenalina, quando ela for atingida, a magia se inverta. Ainda não sei, mas de alguma forma vou dar um jeito de a trazer de volta.

– E se não der certo? – perguntou o pai, preocupado.

– Nesse caso ela morre, mas o que temos a perder, se eu posso fazer isso muitas vezes?

– Só espero que você também não morra, meu jovem, pense nisso.

– Traga a nossa filha, Apolo, traga a nossa filha – pediu a sogra, apertando o braço dele. – Por favor.

– A senhora pode ter certeza que nada me faria mais feliz que isso, dona Cecília.

― ☼ ―

– Oi, meu amor – disse Apolo, sorrindo do espelho. – Trocando de roupa de novo?

– Você me mata de saudades e tristeza, Apolo. Tem ideia de quantos anos se passaram?

– Não, minha amada – para mim, foram apenas vinte e quatro horas. – Não tenho controle sobre o tempo que se passa, ainda. Além do mais, você não mudou absolutamente nada. Então, posso sair do espelho?

– Vivo sozinha, agora – respondeu ela, sorrindo e estendendo os braços. – Por que está parado aí? Espero você há mais de cinquenta anos! Precisa de incentivo, ainda?

– Já não preciso de incentivo – respondeu, surgindo nos seus braços. – De qualquer forma, você é todo o incentivo para mim.

– E Helena?

– Nós terminamos desde a sua "morte", amor – respondeu ele, rindo. – E acho que ela vai se enrabichar com Allan.

– Ele baba por ela – disse Mônica, beijando Apolo. – Tentava ser discreto por sua causa, mas eu notava.

– E não era capaz de notar o meu amor, Mônica? – perguntou o mago, sorrindo enquanto a aninhava nos braços, deitados. – Eu estava cego por causa do que aconteceu, mas você sempre foi mais esperta e perspicaz.

– Eu estava triste e preocupada, amor.

Apolo viu o medalhão na mesa ao lado. Junto, viu uma turmalina negra e um quartzo rosa. Ergueu-se, hirto.

– Amor, essas pedras são as que nosso filho mandou para o futuro, não é?

– Sim, exceto o medalhão, por quê?

– Talvez parte da solução esteja aí – disse, voltando a se deitar.

– Solução de quê?

– Eu vim combinar com você que a próxima vez que virei será para tentar levá-la de volta para o nosso tempo.

– Como pretende fazer isso? – perguntou ela com uma carícia.

– Seu filho adotivo tentará matá-la para roubar o medalhão e conseguirá pegá-lo, mas nada indica que ele realmente mate você. Nosso filho Apolo acha que sim e disse para a gente na caverna, mas depois ele me contou muitas outras coisas. Você precisará de enfrentar três dragões. Lembra-se do que aquele dragão disse?

– "Eu matei você, Alana, a Imortal" – disse ela. – Mas qual é a ideia?

– Pretendo aparecer e ajudá-la a combater os dragões. Se for ferida, apele para o poder do cristal e deseje voltar para o nosso tempo. Lembre-se que nosso filho avisou que só pode ser usado uma vez, então cuide para que ele esteja consigo nessa hora. Amor, eu preciso de você comigo. Sem você, não dá mais pra viver.

– Eu também quero você, Apolo – disse Mônica. – todos estes anos é como se o tempo houvesse parado para mim, como se eu fosse acordar de novo nos seus braços lá no Rio de Janeiro. Mas agora, eu quero curtir você mais um pouco, mais uma vez, pelo menos.

Ambos relaxavam quando Apolo pensou em algo e disse:

– Escreva uma carta para os seus pais, meu amor. Vamos colocar no bolso e vejamos se ela atravessa comigo a volta.

Alana estalou os dedos e riu. Depois beijou o namorado.

– Já está no seu bolso, meu amor, mas você precisa vestir-se.

– Você quer casar comigo, meu amor?

– Quero, mas no século XXI, então trate de conseguir resolver isso logo.

– Tenho que me preparar. Nunca fiquei tanto tempo aqui e começo a me sentir fraco – disse, Apolo, levantando-se e vestindo a roupa. – Faz quanto tempo estou aqui?

– Umas doze horas, eu acho – respondeu ela, levantando-se e fazendo o mesmo. – Já está amanhecendo.

– Caraca, vou passar mal pra Dedéu.

– Sai, seu mineiro de araque – Mônica riu e abraçou-o. – Já tô morrendo de saudades, amor.

Apolo beijou-a uma última vez e desapareceu. Acordou aflito, cheio de tremores, e notou que estava perto de amanhecer. Tentou levantar-se mas estava tão fraco e o mal-estar era de tal forma intenso, que se deixou ficar deitado e acabou adormecendo para acordar com o despertador, levantando-se muito cansado. Só então notou que se deitou com a roupa do dia e foi ao banheiro para tomar um banho. Quando meteu a mão no bolso para procurar objetos esquecidos, lá estava a carta. Eram três, na verdade.

Colocou-as na mesa e pôs a roupa para lavar, esquecendo-se que ia tomar banho. Vestiu-se e saiu com as cartas na mão. Estavam todos na sala e Helena soltou uma exclamação de susto ao olhar para ele.

– O que houve com você? – perguntou-se, levantando e aproximando-se dele. – Você parece acabado, Apolo... este cheiro, você tá com o cheiro da Mônica!

Apolo estendeu a mão e entregou um envelope para Helena, um para Samuel e outro para os pais dele. A seguir, deu meia volta e sentou-se na cozinha para tomar um café. O cansaço era tanto que apoiou o queixo na mão e quase dormiu na frente da comida.

― ☼ ―

Helena e Allan juntaram-se a ele na cozinha. Ela estava calada, mas a preocupação era grande.

– Apolo, isso está consumindo você.

– Fiquei lá tempo demais, apenas isso – respondeu dando um salto e acordando de vez. – Vou fazer bastante repouso e me preparar para esta noite. Se tudo der certo, será a última vez.

Apolo deu um grande suspiro e o seu olhar era perdido, tão perdido que Helena o abraçou.

– Eu não aguento mais, Lena, não aguento – disse com a voz embargada. – Primeiro foram dez anos sem saber de você e agora isto. Não é justo!

– Eu sei – disse Helena e Allan pousou a mão no braço do amigo. – Mas você tem que se cuidar. Tem que estar em plena forma, se pretende enfrentar dois dragões com ela.

– São três dragões, mas de fato tenho que deixar o terceiro vivo e pior, sem me ver. Ele não pode saber a meu respeito, Bem, meu anjo, eu vou descansar bastante durante o dia e planejar como agir.

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