Capítulo 11 - parte 3 (rascunho)

Apolo ia calado. Sentia-se cansado, mas não estava fraco como da primeira vez. Ele sentia que os seus poderes cresciam sem parar, mas salvar Mônica era uma coisa que ainda não sabia como fazer. Abriu a passagem para casa e foi para o quarto, trocar de roupa. Entrou na piscina e começou a nadar.

– Lá vai ele de novo – disse Helena para Allan. – Sempre que alguma coisa mexe com ele, começa a nadar feito um louco.

– E como nada bem – respondeu Allan. – O que achou das respostas do filho dele?

– Morgan esclareceu muitas coisas que nem você sabia, mas o fato de que Mônica está presa no passado é o mesmo que estar morta para ele.

― ☼ ―

Alana tinha acabado de se lavar e as crianças brincavam na rua, enquanto Bryan fora à cidade atender uma solicitação. Olhou-se no espelho por algum tempo, tentando se conhecer a si mesma, mas continuava a ser uma completa estranha. Era bela e muito bem-feita, além de jovem. Sabia que era desejada pelos homens e Bryan mais de uma vez pediu para o desposar. Ela tinha muito carinho pelo homem que a salvou da morte, mas algo lhe dizia que, em algum lugar, Alana tinha um grande amor, um amor que apenas estava sozinho, aguardando.

Uma voz em uma língua que ela não se lembrava de ter ouvido antes, mas que compreendeu, deu-lhe um susto.

– Sabe, meu amor, você pode não ser a mulher mais bela do mundo, mas, para mim, não há nada mais belo.

Assustada, cobriu a nudez com o vestido que tinha na mão e olhou em volta, procurando. Não demorou muito a encontrar a origem da voz e isso deixou-a perplexa. Ao lado, no espelho onde antes estivera a se observar, espelho esse criado por si usando seus poderes, estava um homem que a observava. Ela aproximou-se e prestou atenção a ele. Achou engraçado porque o seu filho Morgan tinha muitos traços dele. Era um homem lindo, exatamente o tipo que a atraía.

– Quem é você? – perguntou, descobrindo que falava a língua dele. – Como pode estar dentro do espelho?

– Eu sou Apolo, meu amor, e você não imagina a saudade que tenho de você. Pelo que vejo, ainda não recuperou a memória.

– Você e meu filho são parecidos!

– Somos sim – disse Apolo, sorrindo. – Nosso filho é muito lindo, meu amor. Queria tanto ajudar você, mas ainda não sei como.

– Qual... qual é o meu... verdadeiro nome?

– O seu nome é Mônica, meu amor, e uma grande maldade nos afastou de forma cruel. Não tenho muito tempo, mas, pelo menos, agora já posso falar com você.

– Por favor, me conte tudo o que sabe – pediu ela com uma súplica. – Me ajude a me lembrar.

– Claro, meu amor. Ainda não descobri como libertar você, mas isso é uma questão de tempo...

― ☼ ―

Apolo saltou da cama, suado e tremendo. Mas estava feliz porque a sua suposição dera certo. Se ele foi capaz de rastrear Helena no passado dela, então conseguiria fazer isso com a Mônica. A única coisa que não conseguiu, foi transferir-se de corpo físico para ela. Ele não fazia ideia de quantas horas passaram, mas agora ela sabia tudo. Talvez na próxima visita conseguisse mais porque não desistiria até atingir o seu objetivo.

Exausto, Apolo adormeceu e acordou tarde. Quando se levantou caiu debaixo do chuveiro e, depois, foi tomar café direto. Quando terminou, viu Aplla treinando com a espada no pátio e, da porta, Helena observava-o.

– Ele é rápido, não acha? – perguntou para Helena que se assustou e virou-se de um sobressalto.

– Você me assustou – disse, sorrindo. – Sim, ele é rápido. Na época dele era o grande campeão do rei. Ele me contou muito sobre o passado. Você é muito mais rápido, mas não tem treinado.

– Tem razão – respondeu Apolo. – Mas uns dias de folga não me farão mal. Afinal pratico artes marciais desde criança.

– Sabe usar uma espada?

– No aikido, temos espadas chamadas jim kum, semelhantes às katanas japonesas, as dos samurais. Sei manejar uma de forma razoável, mas não estou certo se eu seria páreo para Allan, por exemplo.

Allan aproximou-se deles sorrindo e disse para Apolo:

– Bom dia. O que acha de treinarmos um pouco? Eu sinto falta.

– Desculpe-me, Allan, mas hoje não desejo lutar – respondeu, indo para a piscina. – Pretendo nadar um pouco.

– Acho que ele pensa em alguma coisa – disse Helena. – E tenho até medo do que possa ser.

– Por que acha isso?

– Eu o conheço bem – disse ela. – Apolo é a pessoa mais determinada que já vi na vida. Quando mete um objetivo na vida nada no mundo o fará mudar de opinião e ele quer Mônica de volta; eu sei disso.

– Mas o que ele poderia fazer? – perguntou Allan. – Eu adoraria ajudá-lo a recuperar a felicidade. Se você visse a tristeza dele quando ela roubou o medalhão. Mas sir Morgan disse que é perigoso mexer com o passado.

– Apolo é super-inteligente – disse Helena. – Não é à toa que se tornou milionário aos vinte e dois anos e triplicou a sua fortuna em dois anos. Afinal você viu o que se fala dele na internet; é considerado um grande gênio. Não o viu falar para o filho deles que se ela voltar na hora da morte, como Morgan fez com você, não mudaria o passado?

– Sim, mas...

– Mas ele me visitou no meu passado, Allan – interrompeu, Helena –, e só Deus sabe como aquilo foi importante para mim, especialmente quando meus pais foram mortos.

– Isso me dá medo – confessou o guerreiro. – E se ele nos deixar vulneráveis?

― ☼ ―

– Oi, Mônica – disse Apolo.

– Você gosta de aparecer quando estou nua, não é? – perguntou ela, cobrindo-se, mas sorrindo.

– Não foi premeditado, mas não nego que gosto. Afinal conheço muito bem o seu corpo.

– Eu sei – disse Alana com um suspiro, parando de esconder a nudez e voltando a se vestir. – Eu agora lembro de tudo. Senti a sua falta.

– Passou muito tempo?

– Bastante, meu amor – respondeu Mônica. – Queria poder tocar em você, sentir você.

– Eu também. A sua falta chega a provocar dor. Queria entender o motivo de nunca conseguir ser feliz.

– Tente vir de corpo físico para mim, Apolo.

– Acha que não tentei? – perguntou ele, triste. – Tentei muitas vezes, mas ainda não sei controlar nem o tempo nem isso.

– Você conseguiu isso duas vezes com Lena, não lembra como fez?

– Havia um fator emocional forte envolvido. Primeiro o desespero dela pela morte dos pais e a segunda vez a tentativa de estupro – respondeu o feiticeiro. – Só pode ter sido isso.

– Então explore o fator emocional, meu amor – disse ela provocante. – Talvez se eu me despir, em vez de vestir.

Mônica decidiu mesmo provocá-lo até que Apolo disse:

– Pare que isso é tortura, Mônica.

Ela virou-se e disse, rindo:

– Mas funcionou – estendeu os braços. – Me dê um abraço que há alguns anos que sinto muita falta de você.

Os dois estavam sentados, conversando muito abraçados. No meio de um beijo longo, a porta abriu-se de rompante e uma criança de dez anos irrompeu no quarto. Era alta, de olhos azul-claros, muito vivos. Notava-se uma musculatura bem desenvolvida e o tórax grande, sinal que também devia nadar. O feiticeiro reconheceu logo o filho e olhou para ele, emocionado.

– Mãe, mãe – disse. Estacou e encarou Apolo. – Quem sois vós?

– Apolo... – começou Mônica. Sendo interrompida pelo filho.

– Mãe, vós não dissestes que meu nome era secreto?

– Filho, este é Apolo, seu verdadeiro pai; lembra-se do que lhe contei? – perguntou ela. – Seu pai é um grande feiticeiro e conseguiu vir aqui, mas não conseguirá ficar muito tempo.

A criança aproximou-se do pai e olhou para Apolo. Abriu um sorriso grande e abraçou-o com força.

– Meu pai! – disse, emocionado.

Quando a criança saiu, Mônica disse:

– Minha nossa, cinco minutos mais cedo e ele pegava-nos na tampinha.

– Verdade – disse Apolo, rindo. A seguir, ficou sério. – Amor, me diga como fez para acabar no passado? Quero descobrir uma forma de a trazer de volta.

– E o nosso filho, Apolo?

– Também quero trazê-lo junto. Depois do que descobri, resolveria cem por cento dos problemas.

– Você sabe que isso não pode acontecer, Apolo – disse ela, muito séria. – Eu talvez consiga voltar, sei lá, mas não podemos alterar tanto assim o fluxo do tempo. Ele apareceu para nós no nosso passado como um velho. Ele cresceu e teve filhos neste mundo. Se o tirarmos, só Deus sabe as catástrofes que podem ocorrer no nosso presente. Vamos esperar ele crescer e estar preparado para viver sozinho e enfrentar a ameaça. Nesse momento, só nesse momento, estarei pronta para tentar retornar. Se você prestar atenção, algum efeito colateral não me deixa envelhecer um dia sequer. Por isso, estarei igual, quando voltar. Eu até poderia matar o Bryan, mas não tenho coragem de fazer isso, amor, sem falar que também provocaria outro caos. Infelizmente, nada do passado pode ser mudado.

– Mas como veio parar aqui?

– Não faço ideia, Apolo – respondeu, encolhendo os ombros e ficando triste. – Na hora eu só desejei estar em um lugar longe de tudo e onde pudesse me curar. Daí, ficou tudo escuro e depois caí quase que na frente da carroça de Bryan. Aliás, prefiro que ele não saiba de você.

– Eu vou pensar um jeito, amor, juro que vou – disse Apolo que sentia a conexão enfraquecendo. – Estou perdendo a ligação, lembre-se que amo você.

– Eu também, meu amor. Juro que jamais o esquecerei.

Ela via o namorado ficando transparente e deu um último beijo antes de ele desaparecer no nada. Com um suspiro, terminou de se arrumar e foi preparar o jantar porque depois daria aulas para as crianças.

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