Capítulo 10 - parte 2 (rascunho)
Allan juntou-se a eles, bastante calado. Matilde já tinha ido embora e estavam apenas os três.
– Apolo – começou o cavaleiro. – Os seus poderes são muito, muito grandes. Nem mesmo sir Morgan é tão poderoso. O demônio do Bryan foi incapaz de enfrentar você, apesar de usar o medalhão.
– É verdade – disse Helena. – A coisa foi tão forte que provocou um blackout em todo o bairro e nos vizinhos.
– Acontece que eu não saberia fazer isso de novo – comentou Apolo. – Bem, na verdade, a maior parte eu saberia mas não tudo e muito menos naquela intensidade.
Os pais da Mônica chegaram e ele levantou-se. A mãe aproximou-se dele e abraçou o jovem e voltando a chorar. O pai fez um um movimento com a cabeça e pôs a mão no seu ombro. Eles sentaram-se na mesa e Samuel, que vinha atrás, disse:
– Sinto muito, Apolo. Se precisar de um ombro amigo saiba que...
– Amigo, você disse? – interrompeu Apolo, hirto, sentindo a furia apossar-se dele. – Você nunca foi amigo, Samuel; graças a você e seus amigos, eu nunca tive amigos, nunca. Para ter um amigo ele precisou viajar mais de oitocentos e setenta anos no tempo. Você era o meu carrasco, você fazia parte da gangue que me perseguia e procurava humilhar todos os dias desde sei lá quando e agora tem o topete de me oferecer um ombro amigo? A mesma gangue que matou a sua irmã.
Samuel tentava falar, mas a impetuosidade do feiticeiro e o poder empregue nas palavras mantinha-o calado e quieto.
– Tudo em você sempre foi motivado no egoismo – continuou Apolo, irado. – Foi você e aqueles assassinos que me tiraram qualquer chance de ser feliz na vida, primeiro com Helena e depois com a Mônica. Você era um capanga daquele sem caráter e os seus atos culminaram nisto tudo, seu inútil. Você pode não ter puxado o gatilho, mas tudo o que fez contribuiu para a matar e a sua sorte é que eu não sou nem nunca fui como você, porque você merecia mesmo era...
– Chega, Apolo – disse Helena colocando-se na frente de Samuel enquanto Allan segurava o seu braço que brilhava em um tom intenso vermelho. – Samuel pode ter feito muitas besteiras na vida, mas você sabe que ele mudou e não tem nada a ver com isso. Você está em choque e é compreensível, mas para de o culpar.
Quando Apolo viu que quase perdeu o controle suspirou e acalmou-se. Baixou a mão e, depois, a cabeça, sentando de novo.
– Me perdoe, Samuel – disse, finalmente. – Eu não estou bem. Sinto muito.
– Quem tem que pedir perdão sou eu, Apolo – respondeu Samuel, com lágrimas nos olhos. – Isso que disse dói muito, mas é a mais pura verdade. Saiba que eu daria a minha vida agora para reverter tudo, se pudesse. Se souber uma mágica que inverta as coisas, pode dispôr dela.
Apolo levantou-se a aproximou-se dele. Estendeu a mão.
– Quem me dera saber fazer isso, mas seria com a vida do Carlos que eu barganharia. Vamos, vamos tomar café. Temos que nos acostumar que nunca mais a veremos.
– Olhem – disse Allan, reticente. – Há coisas que sir Morgan me contou e tenho uma grande dose de certeza de que Mônica não morreu, mas a possibilidade de voltarem a vê-la é realmente muito baixa; eu diria nula.
– O que foi que disse? – Apolo levantou-se de soco.
― ☼ ―
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top