Capítulo 1 - parte 4 (rascunho)
A garota acordou e olhou para o amigo com quem sempre sonhou nos tempos da escola e sorriu, satisfeita com o que aconteceu. Com um beijo terno, acordou-o e ele sorriu.
– Estou com muita fome – disse Apolo, levantando-se. – Acho que já é quase hora do jantar.
– Também estou – afirmou Mônica. – Vamos tomar um banho rápido e jantar.
– Tá morando onde, agora? – Apolo quis saber. – Você é como eu, não participa ativamente do grupo.
– Estou em BH.
– Gosto de Belo Horizonte, mas prefiro o Rio – disse ele.
– Seu mineiro de araque – brincou Mônica, rindo. – Você sabia que fala dormindo?
– Não – respondeu. – Nunca permiti que um relacionamento com uma mulher chegasse ao ponto de dormir com ela. Sexo, tudo bem, mas mais que isso é intimidade que não desejo compartilhar com qualquer uma e você foi a primeira. Falei alguma coisa?
– Agora você me deixou muito lisonjeada – respondeu a garota, sacudindo a cabeça e rindo. – Meu amor, depois de dez anos, seu coração e sua cabeça só têm lugar para um nome e esse não é o meu
– Vou lhe confessar uma coisa, antes de me apaixonar pela Helena, era a fim de você. O meu erro mesmo foi ser tímido.
– Sério? – Mônica riu. – Então não fui a única a realizar uma fantasia antiga. Gostou? Eu amei.
– Pode ter certeza. Também gostei muito e também acho você mais linda agora que na escola.
– Você devia procurar por ela, se significa tanto assim para você.
– Vixe, nem saberia por onde começar – respondeu. – Dez anos, Mônica. Não acredito que ela tenha esperado por mim todo este tempo. Eu é que sou um romântico incorrigível que gostaria de chegar como um cavaleiro para resgatar o seu amor, mas sou maduro o suficiente para saber que isso é tudo ilusão de cinema. Infelizmente para mim, esse sentimento jamais me abandonou e olhe que não foi por falta de tentativas.
– Pra isso existem os detetives particulares – comentou Mônica, encolhendo os ombros. – Resolva as pendências enquanto pode porque a vida é um grande clichê, meu amor. Quem é Morgan?
– Pelo jeito não só falo dormindo como falo demais – disse Apolo, rindo. – Se eu lhe dissesse quem é o mister Morgan, você mandava que me internassem em um hospital psiquiátrico, Mônica.
– Uai, é o mister M que dava na TV antigamente? – perguntou, debochada. – Acho que nem tínhamos nascido, ainda.
– Claro que não – respondeu o jovem rindo bastante. – Esqueça que vai me achar doido varrido.
– Por que não tenta? – insistiu ela, mandando um beijo. – Eu não internarei você porque tô mesmo a fim é de passar uns dias bem desvirtuados curtindo você bem gostoso para aproveitar as minhas fantasias. Desembuche logo.
– Bem, para começar, foi a primeira pessoa que me disse que tenho o dom da magia e, por isso, as minhas pragas são reais. Isso aconteceu hoje de manhã entre este hotel e outro mundo. Morgan é um mago da antiguidade.
– Sei, igual ao Merlin? – brincou ela.
– Acho que o Merlin não falava tão esquisito quanto este aqui, meu anjo.
Mônica deu uma gargalhada bem grande. Só estavam os dois no restaurante porque quase todos os que escaparam da intoxicação, desistiram do encontro e foram-se embora um dia antes. Apolo decidiu que ficaria aquela semana toda ali e Mônica brincava com a ideia de fazer o mesmo. O jovem voltou a ficar pensativo sobre o que aconteceu durante o dia até que a garota o trouxe de novo à realidade.
– Então, vai fazer? – perguntou ela.
– Fazer o quê? – quis saber Apolo.
– Não ouviu a minha pergunta, seu bobo? – questionou ela, olhando de olhos brilhantes e apoiando o queixo na mão. – Eu pedi uma demonstração dos seus poderes mágicos. Se fizer isso, não mando internar você.
– A questão é que eu apenas sei proferir umas maldições bem bobinhas – explicou, debochado. – Foi Morgan que disse que possuo poderes.
– Então tente – pediu ela. – Seria muito legal, poder fazer algo.
– Dê uma sugestão.
Mônica pensou um pouco e sorriu:
– Lembra do filme Matrix? – perguntou a moça, pegando um talher do prato ao lado e estendendo para Apolo. – Experimente entortar uma colher que nem a criança fez no Oráculo.
– E se eu conseguir – quis saber. – O que ganho?
– Euzinha toda pra você por esta semana, ora.
– Hum – riu. – Não preciso de entortar a colher para conseguir isso, sua taradinha.
– Você também não é santo. Afinal, fantasiei com você por um bom tempo e precisava compensar – estendeu a colher mais uma vez, insistente. – Vai lá, meu amor, entorte pra mim.
– Eu não sei fazer isso, mas vamos tentar disse, pegando o talher.
Apolo concentrou-se na colher e tentou imaginar como poderia fazer aquilo. Procurou seguir o esquema da história do filme, mas por mais que se concentrasse, os grandes olhos negros da colega fixos nele não o ajudavam muito. Tentou de várias formas e meios, fez caretas que arrancaram boas risadas da amiga, fez força até ficar vermelho e nada. Frustrado, desistiu e devolveu a colher.
– Não consigo. Sou um bruxo fracassado – riu.
– O que fez? – perguntou ela, sorrindo e colocando-a de volta no lugar.
– Tentei de tudo, mas, basicamente, desejei que a sua colher entortasse. Não deu certo. – O garçom trouxe a sopa e Apolo aspirou a fumaça, maravilhado. – Amo sopa de ervilha.
– Eu também – comentou Mônica, pegando a sua colher. Quando a mergulhou no creme, começou a rir muito.
– O que foi? – quis saber o amigo, sem entender nada.
– Você disse minha colher, não foi? – perguntou em meio às risadas. – Você desejou entortar a minha colher.
– Isso mesmo!
– Pois é, meu amor – continuou, erguendo a colher do prato, toda deformada. – Acontece que a minha colher estava ao meu lado. Aquela colher era do prato do meu vizinho. Você não fracassou, ou melhor, fracassou apenas o alvo. Que legal!
– Vixe, isso dá é medo! – comentou. – Oh trem louco, sô!
– Vai, agora você tem que me contar tudo tintim por tintim.
― ☼ ―
Matrix: filme de ficção do início do século onde máquinas teriam escravizado os Homens e uma profecia falava de um libertador.
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