Epílogo - parte 2 (rascunho)


De manhã cedo, Igor abriu a passagem para o Mundo de Cristal. A maioria dos magos já tinha ido na frente. Eles usavam grupos com quatro pessoas capazes de abrir portais. Assim, conseguiam chegar bem rápido porque cada um deles abria um portal em sequência e não precisavam de parar para descansar. Quando os últimos magos atravessaram, Igor fez sinal para os amigos da Lemúria, que foram recebidos do outro lado pela Caroline.

A primeira sensação que o conselheiro teve foi de choque e desorientação por ter perdido o senso de direção quando extrapolou o sétimo plano. Mas, depois, Kelvin ficou fascinado olhando a cidade que era ainda mais bela do que a imagem projetada pela Morgana. Estranhou, contudo, que não se via gente nas ruas.

– Onde estão todos? – perguntou Joyce, como se lesse os seus pensamentos.

– No grande anfiteatro para uma reunião extraordinária – explicou o mago. – Vamos?

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O grande anfiteatro era de fato bem grande e contrastava com o resto da cidade por não ser de cristal e sim de pedra granítica. A frente era mais para baixo e tinha um palco largo, coberto por uma concha acústica ainda maior, tão perfeita que não eram necessários equipamentos de sonorização. Depois, formando uma meia lua de mais de cinquenta metros de raio subiam as paredes ao estilo do Coliseu, cujo topo era irregular, com a ideia de inacabado e, em declive até perto do palco, ficavam os assentos onde cabiam mais de sessenta mil pessoas.

À medida que se aproximavam, ouviram conversas baixas que silenciaram quando Igor entrou, acompanhado de Kelvin e Joyce. Os outros lemurianos estavam na plateia. Igor aproximou-se da tribuna e todos os magos lançaram jatos de luz verde para o céu. Assim que pararam, Igor começou a falar:

– Meus irmãos, hoje nós podemos dizer que atravessamos uma das maiores crises da nossa história, talvez tão perigosa quanto o monstro do plano zero; nós passamos pela primeira guerra da nossa história e, ainda por cima, uma guerra interplanetária contra os nossos ancestrais mais remotos.

– O mais importante, contudo – continuou ele –, é que vencemos. Foi muito difícil, mas vencemos e resgatamos os nossos irmãos que foram abduzidos.

Novos raios verdes e assobios fizeram-no se calar por alguns segundos. Quando o auditório silenciou, o mago continuou:

– Os atlantes foram derrotados e sei que, em breve, cairão na razão. O que não podemos é manter conflitos com nossos próprios irmãos. E, por falar em irmãos, apresento-vos o Conselheiro Kelvin e a Conselheira Joyce dois dos governantes da Lemúria e nossos aliados na batalha contra a Atlântida.

Os dois foram aplaudidos e recebidos com raios verdes, respondendo com um aceno gentil.

– Será jogado nos computadores de cristal um relato completo de toda a história – continuou Igor –, mas alegro-me muito em dizer que vamos estabelecer relações diplomáticas com a Lemúria, coisa que tenho a certeza que nos trará grandes benefícios mútuos.

Nova série de aplausos e Igor fez sinal pedindo silêncio.

– Todos já devem saber que a guerra nos trouxe a descoberta de um cristal que é abundante neste mundo e que multiplica de forma absurda os nossos poderes, sendo esse o motivo de termos vencido, além da ajuda dos nossos novos amigos – disse Igor. – Agora, quero fazer um pedido e uma recomendação. Quem for usar não deve oferecer o deixar demasiado próximo de lemurianos ou descendentes deles porque faz mal para a saúde dos nossos amigos. E, o pedido, é uma recomendação para que não usem os cristais exceto em emergências ou quando necessário. Usar o cristal de forma indiscriminada foi um dos grandes motivos da decadência da Atlântida. Como Guardião Supremo, recomendo que evitem usar. Finalmente quero agradecer a todos por terem vindo para a reunião física. Espero sinceramente que a próxima seja tão agradável quanto esta. Por enquanto é só.

Aplaudido, Igor deixou a tribuna e fez sinal aos lemurianos que o acompanhassem para o palácio.

― ☼ ―

No terraço, Igor fez surgir algumas bebidas e ofereceu para os cinco novos amigos. Além dos lemurianos, a esposa, Morgana e Valdo acompanhavam-nos. Igor olhou para o sol poente e suspirou fundo.

– Imagino que tenha gostado da Cidadela, conselheiro – disse, pensativo. – Vou providenciar um pequeno edifício para fazer uma embaixada lemuriana.

– Isto é mesmo um paraíso – disse Kelvin. – Pode me chamar de Kelvin, também. Quando a comandante Lídia disse que nada se comparava à sua cidade, pensei que era muito exagero da parte dela, mas agora vejo que não.

– Ora, também recebi relatos maravilhosos sobre a Lemúria, Kelvin – disse Igor. – Morgana e Valdo ficaram encantados com a cidade.

– De fato, gostei muito e Marlon convidou-me a passar uns dias lá, coisa que aceitei com muito prazer – disse Morgana, sorridente. – Agora que não há mais guerra na Lemúria, acho que muitos de vocês terão bastante tempo vago.

– É verdade – disse Valdo. – Eu também gostei muito, mas o que mais me agradou foi saber que não sou uma aberração e sim um mago com predominância lemuriana em vez de atlante. Aliás, Lídia não tenho palavras para agradecer as lições.

– Foi um grande prazer, Valdinho – respondeu ela. – Vá-me visitar sempre que desejar.

– Obrigado. – Valdo sorriu e voltou a dizer. – Gente, se me perdoam, eu vou indo porque pretendo voltar para Céltia...

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