Capítulo 9 - parte 3 (rascunho)
Na sala da casa da Caroline havia apenas três pessoas, Valdo, Marlon e Lídia, que se levantaram preparados para tudo tão logo a passagem abriu.
– É Igor e Ez – disse Valdo, aliviado. – Reconheço o tipo de portal.
Lídia, contudo, não se deixou distrair porque até poderiam ser eles, mas aprisionados. Por isso, arregalou os olhos quando viu Igor passar com um homem amarrado à sua frente. Ezequiel foi o último a passar e o mago fechou o portal. Na sala e mais tranquilo, fez com que o pretenso policial sentasse no sofá e soltou-lhe as amarras. Depois, guardou o bracelete dele no bolso e transformou-se em frente ao homem que ficou pasmo com ele. Do outro lado, Ezequiel fez o mesmo e sentaram-se de frente para o homem.
– Pelos deuses, que roupas horrorosas – comentou o Atlante abanando a cabeça.
– Onde estão os outros – perguntou Igor, olhando para Lídia e ignorando o comentário.
– Mandei-os descansar, especialmente Hernandez, que está uma pilha de nervos. Gwydion quis ficar com ele.
– Agora você está no nosso mundo e quero respostas – disse Igor, virando-se para o prisioneiro, ameaçador. – Nem pense em me enganar porque a minha paciência com o seu povo está perigosamente perto dos limites.
– O que deseja saber? – perguntou o atlante, amedrontado.
– Que lugar era aquele?
– Atlântida ou o Novo Reino, como preferir falar. Estávamos na cidade de Atlantis, a nossa capital, mais precisamente na região livre.
– O que significa essa região livre?
– Significa que ali não se pode usar o status social de castas. São todos iguais, mas também é uma região pobre e perigosa.
– E aquele lugar onde abri o portal?
– O palácio do governo.
– E eu estava vestido como um soldado?
– Sim. Essa cor de capa que usou era de soldados. O preto, como eu, corresponde a um policial. – Não fora esse o termo empregue, mas Igor entendeu.
– Quantos habitantes tem a cidade, e onde guardam os prisioneiros de outros mundos?
– Temos uns cinco milhões de habitantes, mas apenas dois milhões são da casta dominante – respondeu e Igor olhou para o sábio que fez um aceno de cabeça. – Não temos prisioneiros na cidade. Se houver prisioneiros, estão no palácio.
– Não sabem o que o governo faz? – perguntou Ezequiel. – Os prisioneiros têm que ficar em algum lugar.
– Em geral, ficam nas masmorras do quartel que ocupa boa parte do palácio. Eu ouvi falar de uma estrangeira que duelou com vários soldados e matou dois, mas os duelos não me agradam. Soube apenas que era uma mulher de fora e de beleza excepcional. Contudo, só os cidadãos têm o direito ao duelo, que eu saiba.
– Onde ficam os soldados, quantos são?
– Os três primeiros andares do palácio e os dois subsolos são os quartéis principais. O grosso da tropa mesmo fica em outro continente. Na nossa cidade devem ser apenas vinte mil soldados.
Igor voltou a olhar para Ezequiel, preocupado. Lídia interrompeu os seus pensamentos:
– Como vamos saber que ele não está mentindo? – perguntou, louca para o torturar.
– Ele não está, Lídia – respondeu Igor. Apontou o dragão. – O nosso amigo Saci saberia e avisaria. Ez, temos que atacar agora enquanto é noite, com discrição. Assim, evitaremos derramamento de sangue. Depois de libertarmos os prisioneiros, voltaremos com os nossos magos e eliminaremos a ameaça de invasão. Vinte mil é um número perigoso.
– Devíamos atacar agora sem dó nem piedade. Eu posso solicitar um exército de cem mil lemurianos que chegaria em duas horas do seu tempo – disse Lídia, decidida. Ao ouvir quem era a mulher, o prisioneiro gelou, apavorado.
– De forma alguma, minha amiga – disse Igor. – Aquele povo não tem culpa. Tu não viste como eles são. Não, a única ameaça é o governo.
– Espero que tenha razão – disse Marlon. – Os atlantes são demasiado cruéis.
– Podem até ser, Marlon, mas eu vi o povo comum e eles não se diferenciariam de um cidadão aqui da Terra. Não tenho coragem de os atacar ou maltratar.
– Muito bem, deseja atacar quando.
– Agora, apenas nós – respondeu Igor, levantando. – Vocês vão se preparando que eu vou levar o nosso prisioneiro para o Mundo de Cristal até tudo ser resolvido.
Igor fez sinal para o sujeito se levantar e olhou para ele por alguns segundos.
– Acho que o senhor entendeu a nossa conversa, não é? – perguntou, sem esperar resposta. – Não pretendo fazer mal a si ou ao seu povo, mas não me obrigue a retaliar. Por isso, eu peço que se comporte porque, onde vou levar o senhor, será bem tratado exceto se fizer bobagem. Nesse caso, as ordens são claras e será a sua morte.
– Prometo que me vou comportar – respondeu o atlante, um pouco emocionado com a decência que lhe foi dispensada. – E quero que saiba que estou muito agradecido por isso.
– Então demonstre a sua gratidão cooperando. Quando tudo estiver acabado e a minha família salva, voltaremos a conversar.
Sem esperar resposta, o mago abriu o portal para a Cidadela e foi logo recepcionado por um dos guardiões. Entregou o prisioneiro que observava aquele trecho da Cidadela, extasiado, e voltou, fechando a passagem.
Na sala da Caroline estavam todos os amigos prontos para agirem e ele começou a distribuir responsabilidades.
– Quando chegarmos lá, vou ver se aproveito o poder da floresta como a fada me ensinou. Assim que eu tiver as respostas desejadas, vamos nos dividir. Lídia, Zéfiro, Marlon e Valdinho formam um grupo, liderado por Lídia. Eu, Ez, Hernandez e os dragões, vamos formar o segundo grupo para invadir a carceragem e libertar os prisioneiros, enquanto vocês promovem a distração. Prontos?
– Prontos – disseram os outros, ao mesmo tempo.
Igor abriu a passagem para a beira da floresta, mas dentro dela. No seu ombro, Gwydion permanecia na forma de pássaro porque o mago achou desnecessário o disfarce. Ao lado, estava Ezequiel junto ao Saci e Hernandez. O outro grupo estava aglomerado e afastado uns três metros, aguardando. Igor concentrou-se e conseguiu logo contado com a floresta que lhe ampliou os poderes de forma absurda. Como os jardins estavam unidos à floresta, o contato mental alcançava o palácio com facilidade. Ele percorreu centenas de quilômetros quadrados em todas as direções, procurando informações adicionais que ajudassem até que se concentrou no palácio. A procura durou quase meia hora até que disse:
– Sinto a minha filha, mas não está nas masmorras e sim no alto. Ela está acordada e muito agoniada. Eu vou entrar lá, invisível, e investigar. Vocês aproximam-se e rebentam com tudo ao meu sinal, que será dado por Saci. Vão se posicionando que vou atacar na primeira oportunidade.
Não esperou resposta e dissolveu-se no ar, junto com o pássaro.
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