Capítulo 9 - parte 1 (rascunho)

Anoitecia quando Igor abriu a passagem para Céltia e quase um milhar de seres vivos atravessou, alguns deles com o tamanho superior a vinte metros. Na praça dos portais, em Nova Andécavos, os grupos afastavam-se e perfilavam-se, aguardando os líderes. Atrás de dos magos, os dragões também aguardavam. O último a passar foi o guardião supremo, que fechou a passagem. Ele colocou-se à frente dos correligionários e olhou para eles com um sorriso de aprovação. Quando viu Shayla e Gwenhwyar, fez sinal para que se aproximassem.

– Irmãos, espero que não seja necessário chegar às vias de fato, mas vocês serão a força de ataque e contra a tentativa de invadir a Terra. – Olhou para Shayla e puxou-a pela mão. – Esta, para quem ainda não conhece, é a minha neta Shayla e cuidará de todos vocês, mas devem estar sempre de prontidão. Eu e um pequeno grupo vamos tentar chegar e os infiltrar dentro do planeta deles. Tentarei obter informações e resgatar os cativos. Assim que for chegada a hora, abrirei um portal e um de nós surgirá com instruções para a invasão. O mais provável será Hernandez ou Ezequiel. Vocês, responderão diretamente ao Guardião Salvatore e lembrem-se de evitar derramamento de sangue,pelo menos entre o povo. Que os deuses nos acompanhem.

O grupo de magos lançou raios verdes para o céu, em um grado silencioso e Igor abriu a passagem para a casa da Caroline. Saci e Gwydion iam com eles, mas mantinham as formas disfarçadas. Quando viu o estado da casa da amiga depois do confronto com Valdo, Igor arregalou os olhos. Sacudiu a cabeça e estalou os dedos, fazendo tudo voltar a ser como antes. Sentaram-se na sala a discutir como fariam. De um lado, Valdo e os lemurianos pensavam nas melhores opções. Hernandez não se manifestava por causa da preocupação, enquanto Saci e o pássaro escutavam e aguardavam. Igor foi o primeiro a falar:

– Acho que é mais seguro ir apenas um de nós disfarçado para obter informações iniciais – comentou. – Acredito que eu seja o elemento mais indicado.

– Não sei se concordo – disse Ezequiel. – Se formos em grupo, talvez tenhamos mais sucesso.

– Mas o risco de chamar a atenção é maior.

– Sim, até pode ser, especialmente com o nosso sotaque, mas ninguém disse que não correríamos riscos, Igor – insistiu o ancião. Olhou para os lemurianos. – Vocês são capazes de imitar os atlantes?

– Somos – disse Lídia –, mas o nosso ponto fraco é o bracelete, não o podemos usar, nem o seu amigo.

– Quase esqueci – disse Igor, levantando e tirando do que o amigo chamava de "o bolso sem fundo" quatro braceletes. – Tomem. Esses são imitações dos verdadeiros. Falsos, mas idênticos em forma e cor.

– Maravilha – disse Valdo pegando o seu.

– "Nós só podemos ir quando identificarem algum animal que possamos imitar, a menos que seja para atacar de imediato" – disse Gwydion.

– Pois é – disse Igor. – Também pensei nisso e foi um dos motivos de desejar ir apenas eu, no início.

– Bem – começou Zéfiro, o mais calado deles. – A forma canina pode ser mantida. Na Lemúria muitos animais domésticos também se salvaram e o cão era a grande preferência. Não vejo por que não seria assim com os atlantes.

– Tem razão, mas existe um risco – decidiu Igor. – Por isso, decidi o seguinte: eu e Ez vamos fazer uma avaliação preliminar e vocês aguardam aqui.

– É um bom meio termo – disse Marlon. Olhou para Valdo e continuou. – Acho que agora é a sua vez de abrir a passagem.

– De forma alguma – disse Igor. – Valdinho, se tu abrires a passagem, pressuponho que eles rastrearão com a mesma facilidade com que tu rastreias as deles.

– Tem toda a razão – disse Lídia. – Igor, você é a pessoa perfeita para abrir a passagem. Lembra-se que eu disse que é dificílimo rastreá-lo? Se, além disso, usar o método que lhe ensinei, é certo que será indetectável.

– Certo – disse Igor, levantando-se. – Vamos a isso.

Os demais levantaram-se e assistiram Igor metamorfosear devagar. Foi reduzindo a altura para apenas um metro e setenta e emagreceu tanto que parecia subnutrido. A seguir, as roupas transformaram-se e ele finalmente parecia um atlante.

– Que tal fico? – perguntou.

– Pa-vo-ro-so – disse Valdo, rindo. – Que horror. Isso até me lembra aquela vez que invadimos a delegacia da polícia federal em Porto Alegre para procurar a Dudinha.

– O pior é que a intenção volta a ser a mesma – disse Igor.

– Igor – começou Lídia, interrompendo. – Mude a cor dos seus cabelos. Os atlantes não têm loiros nem ruivos, apenas nós. Faça-os mais compridos atrás.

– Obrigado – disse ele, fazendo os cabelos focarem pretos e lisos. – Acho que agora deu.

Virou-se para Ezequiel e aguardou que passasse pela mesma transformação. A seguir, olhou para Valdo e disse

– Tchê, tu tens que tentar rastrear o portal. Eu vou me conectar com a tua mente e seguir junto. Assim, acredito que consigo absorver a localização.

Valdo não respondeu, apenas seguiu para a cozinha onde um dos fugitivos abriu uma passagem. Concentrou-se e sentiu todas as linhas planares e os fluidos. Devagar, seguiu as delicadas partículas subatômicas, acompanhando o distúrbio provocado atravez dos planos e do espaço. Em pouco tempo descobriu a interrupção e localizou o local de destino. Sorriu e virou-se para o amigo.

– Pegaste?

– És um rastreador sensacional, cara. Peguei sim, mas saberemos daqui a pouco. – Estendeu a mão e abriu uma fresta minúscula. Do outro lado era escuro e achou ótimo. – É noite, que maravilha.

Igor ampliou a passagem e fez sinal a Ezequiel para atravessar. A seguir, atravessou e fez um aceno para os amigos antes de fechar a passagem. Assim que se viram a sós, afastaram-se um pouco, para o acaso do portal ter sido detectado, e passaram a avaliar o local.

Eles viram jardins muito bem cuidados por uma extensão de quase duzentos metros, senão mais. Um brilho para trás deles mostrou uma construção grande e que emitia uma fosforescência leve e que iluminava os jardins de forma suave.

– Isso aí só pode ser um tipo de palácio – comentou Ezequiel, pensativo.

Igor não respondeu de imediato, mas olhou na direção oposta e tudo o que via era um negrume alto e o céu azul, muito escuro. A noite era desprovida de luar, motivo pelo qual a iluminação do suposto palácio era insuficiente.

– Este lado dá para um bosque cerrado – disse, por fim. – Tá escuro demais. Caramba, não se ouve nem um barulho qualquer. Da saudade de ouvir aqueles sons todos da floresta do cânion do Itaimbezinho.


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