Capítulo 7 -parte 3 (rascunho)

Cinco pessoas entraram no centro de pesquisas e o físico responsável estava quieto, lendo algo na tela de um computador de cristal. Ergueu o rosto e viu o seu sobreano, sorrindo para ele.

– Salve, Magnífico – disse ele, levantando-se e curvando-se ligeiramente. – Suponho que veio por causa da peça de cristal.

– Exato, doutor, Zeiss – respondeu Igor. – conheça, Zéfiro, Lídia e Marlon, três legítimos lemurianos.

Quando ouviu isso, o sábio arregalou os olhos, impressionado. Devagar, soltou um assobio e Valdo riu.

– Agora algumas coisas parecem fazer sentido – disse ele. – Eu imagino que o bracelete foi feito por eles. É que Hernandez estava demasiado nervoso para explicar tudo e entendo como ele se sente. Só de pensar na nossa querida Carol aprisionada, eu já fico nervoso.

– Imagino que sintam falta dela – disse Igor rindo. – Às vezes acho que ela devia ter sido cientista e não guardiã dos portais. É de longe a nossa melhor matemática.

– É sim – concordou o sábio com um suspiro. – Bem, voltando ao assunto bracelete, suponho que foram eles que o fabricaram, então gostaria de alguns esclarecimentos.

– Quase acertou, doutor – respondeu Igor. – Na verdade foi feito por atlantes que são inimigos deles e pretendem invadir a Terra, logo, não poderão esclarecer grande coisa. O que apurou?

– Para começar, o bracelete tem mais de cinquenta mil anos, segundo um teste que fiz – disse o sábio. – Depois, o cristal usado é de um tipo bastante raro de localizar no nosso Universo conhecido. Só sei de dez planetas onde encontrá-lo e, em forma tão pura quanto este, apenas três.

– É tão raro assim?

– É. Eu pesquisei muito o uso dos cristais, então conheço algumas centenas deles em variadíssimos mundos. Neste estado de pureza, o cristal existe em um planeta do sexto plano, outro do décimo e aqui mesmo, no polo sul. Em um alto estado de pureza, mas não assim, também existe na Terra, mais precisamente, na América do Sul, só que a grande profundidade e de muito difícil extração.

– Foi de lá que este veio – disse Igor, pensativo. – Onde aqui, no mundo de Cristal, encontramos?

– Nesse caso, devem ter tido um trabalho dos infernos para purificar o cristal. Computador, apresentar o mapa do planeta – ordenou o cientista.

Uma imagem cristalina em três dimensões surgiu na frente deles e Marlon olhou uma reprodução daquele mundo, fascinado. Ele notou que a maior parte dele era formada por oceanos. O doutor Zeiss tocou no polo sul e a imagem ampliou-se para lá, dando detalhes impressionantes. A voz do cientista tirou-o dos devaneios.

– É aqui e há cristais em abundância.

– O que mais apurou?

– Foi moldado com magia e tem uma finalidade que ainda desconheço – disse ele. – Segundo Hernandez, eles usam os cristas para lutar.

– Concentram os nossos poderes, aumentando-os de forma absurda – explicou Igor. – Onde está a peça? Preciso dela.

– Interessante – comentou o sábio, pegando o bracelete em uma gaveta e entregando a Igor, que o colocou no braço. Não sentiu nada, mas ali não seria possível testar.

– Doutor, podemos pegar mais matéria prima e tentar moldar braceletes destes?

– Sim – respondeu. – Resta saber se funcionarão direto ou precisam de uma programação adicional.

– Temos que experimentar – disse Igor, pensativo. – Doutor, o senhor conseguiria fazer um dispositivo que imitasse uma bomba cristalina, emitindo as mesmas assinaturas mas que fosse inofensivo?

– Isso é muito fácil.

– Ótimo, providencie uma para as próximas horas. Agora, vamos ao polo sul pegar mais cristais.

– Vou solicitar um avião...

– Não precisa, apenas pense com força no lugar e deem-se as mãos.

O cientista obedeceu e segundos depois estavam no polo sul. Não era tão gelado como na Terra, mas a temperatura estava em torno de vinte e cinco graus negativos, provocando um susto no grupo. Reagindo como se fossem um só, todos eles ficaram com os corpos rodeados de barreiras de proteção que os isolavam.

Zeiss pôs-se a caminhar com as mãos apontadas para o solo até que, vinte minutos depois, parou e fez sinal.

Igor aproximou-se e ajudou-o. Concentrados, ambos procuraram os veios cristalinos e forçaram-nos a soltar alguns quilos de pedra, que começaram a subir à tona tal como bolhas de ar na água. Valdo fez surgir uma mochila e começou a colocar as pedras dentro. Quando estava perto do fim, começou a sentir-se estranho, mas não deu atenção até à hora que se levantou. Nesse ponto, ficou tudo preto e ele desmaiou.

Assutado, Igor deu um salto até ao amigo e envolveu-o no seu campo protetor para não congelar. Pouco depois, Valdo voltou a si e olhou para eles, espantado.

– Eu fiquei tonto!

– São os cristais – explicou Lídia. – Valdo, você parece demais conosco e precisa de saber os seus limites e poderes. Posso ajudá-lo nisso, mas também terá sempre algumas incógnitas no caminho porque você não é um lemuriano puro.

– Já as tenho até demais, Lídia – respondeu, agradecido. – Um pouco de informação adicional sempre ajuda.

– Estás melhor? – perguntou Igor, em português. – Queres que te leve de volta?

– Não, Igor, estou bem – respondeu, erguendo-se. – Mas temo que não consiga tocar nessas pedras por muito tempo.

– Por falar nisso – disse Igor, voltando a usar celta. – Aqui é uma boa forma de testar o poder de ampliação deste bracelete.

– O que pretende fazer? – perguntou Lídia.

– Infelizmente, a minha necessidade consiste em lutar com o inimigo, logo tenho que testar as minhas capacidades bélicas, especialmente de ataque – respondeu, olhando em volta. Estendeu o dedo para o cume de uma montanha de altura mediana, não muito longe deles. – Acho que aquela montanha deve servir. Com um raio normal, o máximo que eu faria sobre aquela rocha do cume, nesta distância, seria arrancar umas lascas. Vejamos como eu me saio.

Valdo olhou para cima, encarando o pequeno morro que devia ter uns duzentos metros de altura, no máximo. O topo era uma rocha maciça, enorme, talvez de uns trinta ou mais metros, e devia pesar muitas toneladas. Vendo a posição dela e o fato de a base ser um tanto quanto estreita, notou que havia um certo risco.

– Acho, Igor, que é um pouco perigoso...

Valdo não terminou a frase porque o mago já havia estendido a mão e um raio da grossura do seu punho atingiu a pedra perto da base. Nem mesmo Lídia esperava o que aconteceu porque, com um estrondo de assustar, todo o suporte do cume explodiu e a pedra gigantesca virou-se, começando a rolar montanha abaixo e provocando uma avalanche de grandes proporções.

– Corram – gritou Marlon, puxando Lídia com ele. – Essa coisa vem direto para nós.

Boquiaberto, Igor olhava para a avalanche e, depois, para o bracelete. Só então ouviu os gritos e se deu conta do perigo que corriam. Com toda a calma, ergueu a mão e bombardeou as pedras que foram destruídas junto com parte da montanha.

– Pela Deusa – resmungou, abalado.

– Pela Deusa digo eu – comentou o cientista. – Acho que preciso de calças novas.

Lídia aproximou-se dele e colocou a mão no seu ombro. Devagar, Igor tirou os olhos da montanha e mirou a lemuriana.

– O seu poder aumentou milhares de vezes, Igor, mas lembre-se de não deixar isso subir à cabeça.

– Não é com isso que me preocupo, minha querida – respondeu ele, com toda a sinceridade. – A minha preocupação é não matar gente inocente.

Pegou a mochila e esperou que os outros se dessem as mãos. A seguir, transportou-os de volta para o laboratório.

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