Capítulo 7 -parte 2 (rascunho)

Igor só se deu conta que tinha acabado quando nenhum deles falou. Permaneceu calado um bom tempo, pensando e avaliando, até que Valdo falou em primeiro lugar:

– Bem que Irla me disse que acharia respostas. – Olhou para Lídia, com os olhos brilhantes de alegria. – Eu sou descendente de vocês e por isso a minha proteção é dourada e o meu portal é igual ao vosso.

– É verdade – confirmou Zéfiro –, mas não temos o dom de curar do jeito que fez.

– E Igor – disse Lídia –, deve ser o melhor de dois lados. Notei que usa abas as mãos sem dificuldade e os seus poderes extrapolam tudo o que existe. Sem bracelete, você é mais forte que eles, muito mais.

– Quer dizer que não foi o portal para Avalon que me tornou mago – comentou Valdo, pensativo. – Ele apenas me despertou.

– Exato, Valdnho – comentou Igor. – Acontece que tudo isso é muito bonitinho, mas continuo sem poder resgatar a minha família.

― ☼ ―

A porta da masmorra abriu e Morgana entrou, escoltada pelo guarda. Ele fez uma reverência para os prisioneiros e disse:

– Virei escoltá-los em meia hora. – Fechou a porta sem trancar e saiu.

Caroline correu a abraçar a amiga e até Eduarda levantou-se, mas ainda estava abatida demais. Morgana abraçou a mãe de outra vida e beijou a sua face.

– Ele está vingado, mãe – mostrou a espada. – Matei dois assassinos.

Eduarda abraçou-a e encostou a cabeça no ombro da filha. Poucos segundos depois, Morgana sentiu as pequenas convulsões do choro e tentou acalmá-la.

– O guarda disse que nos escoltará em meia hora – comentou Caroline, após Eduarda se acalmar. – O que aconteceu?

– Fiz um acordo com Argnos, o governante daqui – respondeu lacônica e sem entrar em detalhes. – Ficaremos no palácio, como convidadas e não devemos lutar ou arrumar confusão. Na verdade, pensem bem. Como podemos combater contra dois milhões?

– Quem são eles, como falam o Celta?

– Eles são atlantes, Carol, são o elo perdido conosco, os sobreviventes da Atlântida e que geraram os primeiros celtas.

– Caramba – resmungou o pai da Caroline. – Morgana, me conte que tipo de acordo você fez com ele. Esse tal Argonos não parece ser do tipo bonzinho.

– Isso importa? – perguntou ela, abatida.

– Claro que importa – resmungou a amiga. – Estamos todos juntos, na mesma desgraça.

– Ele quer que eu me ligue a si – disse com um suspiro. – Argonos deseja um descendente e eu sou a mulher mais poderosa que ele já viu. Aceitei a oferta com uma condição.

– Qual – perguntou a mãe da amiga.

– Que vocês nunca sejam maltratados e sejam livres, além da minha mãe ficar comigo.

– Oh, Morgana – disse Caroline, aflita e abraçando-a. – Não faça isso. Eu prefiro ficar na masmorra.

– Quanto tempo você acha que a minha mãe vai aguentar nesse estado, Carol? – perguntou a sacerdotisa em um murmúrio, apontando Eduarda. Levantou a voz e continuou. – Além disso, será apenas quando ele conquistar a Terra e temo que nunca consiga enfrentar as armas modernas. Ficaremos em quartos próximos.

― ☼ ―

– Lídia – Igor olhou para ela, olhos nos olhos. – Vocês não usam braceletes, por quê?

– Se usarmos isso, perdemos a força com muita velocidade. Eles nos desgastam demais e a diferença na potência dos nossos dons nunca compensou. Sempre fomos muito mais fortes que os atlantes.

– E se eu usasse?

– O seu poder certamente seria assustador – respondeu, sentindo um arrepio por todo o corpo. – Poder demais é perigoso e corrompe. Recomendo que não use.

– Eu já tenho poder demais desde criança e nunca me corrompi em todos estes anos – disse ele com um sorriso gentil. – Preciso de adquirir mais força para os enfrentar no mundo desses infelizes.

– E como irá para o mundo deles? – perguntou Marlon. – Os portais são impossíveis de rastrear.

– Darei um jeito porque preciso salvar a minha família – respondeu ele, determinado. – Vocês têm braceletes?

– Não temos porque são expressamente proibidos para o nosso povo. O uso contínuo deles pode provocar a morte.

– Bem, isso não é problema – comentou Igor. – O problema será atraí-los e descobrir onde fica o mundo deles.

– Isso também não é problema, Igor – comentou Valdo, decidido a abrir o jogo mesmo na frente dos estranhos. – Eu sou capaz de rastrear o portal deles sem qualquer dificuldade.

– Bah, cara – disse Igor, rindo. – Tu é mesmo sensacional.

– Eu sei – brincou Valdo.

– E convencido.

– Apenas detalhes – retrucou o amigo, debochado.

Igor virou-se para os três estrangeiros.

– Lídia, eu preciso de ajuda e conselho de quem já conhece o inimigo – pediu, sorrindo. – Prometo a vocês que, se me ajudarem, não se arrependerão.

– Vamos é morrer – resmungou Marlon, vendo que Lídia estava caidinha pelo mago e ia aceitar. Encolheu os ombros, deu uma boa risada e continuou. – Por aquela beldade da sua filha, vou até para os deuses da escuridão, se for necessário. Podem contar comigo.

– Queres que eu abra o portal agora, Igor? – perguntou Valdo, louco para lhe mostrar as novas capacidades.

– Calma aí, Valdinho – disse Igor, comedido. – Seria a nossa sentença de morte porque não estamos preparados. Por hora, vamos à Cidadela.

– O que é a Cidadela? – perguntou Zéfiro, curioso. – Decorei os nomes de todas as cidades deste mundo e não existe nenhuma cidadela.

– Há uns mil e seiscentos anos, nós colonizamos outro mundo e a maioria do nosso povo vive nele. A nossa capital chama-se Cidadela. Na verdade, somos poucos, comparados a vocês. Somos pouco menos de sessenta mil.

― ☼ ―

Quando o portal se abriu na praça dos portais e os três lemurianos viram a imagem da cidade até suspenderam a respiração em veneração a tamanha beleza. Igor atravessou primeiro porque sabia que os amigos seriam mortos após um alerta global ser ativado.

Assim que o viram, os guardiões relaxaram e sorriram. Lídia foi a primeira a passar, seguida pelos colegas e Valdo no fim. Um dos guardiões aproximou-se e fez uma mesura.

– Salve, Magnífico – disse, compenetrado. – Recebemos a ordem por intermédio de Hernandez e todos os capazes de combater estão prontos. Draco enviou cinquenta dragões para ajudar, a pedido do Guardião da Sabedoria Ezequiel.

– Obrigado, Guardião Salvatore – respondeu Igor, cortês. Viu os dragões por perto e acenou-lhes, sorrindo. Gwydion foi para o chão e voltou à forma natural, juntando-se aos seus pares. – Estes são Zéfiro, Marlon e Lídia, amigos de outro mundo. Oportunamente esclarecerei tudo. Por hora não há tempo. Mantenham a guarda, por favor.

– Igor – disse Lídia, angustiada. – Perdi contato com as direções. O seu portal deve ter ultrapassado todos os meus limites. Eu até arriscaria dizer que estamos no sétimo plano!

– Por que motivo o sétimo plano? – perguntou Igor, sem compreender. – O que tem ele de especial?

– Não existe mais nada além dele – disse Lídia, olhando Igor como olharia uma criança ignorante. – Qualquer um sabe disso! Não acredito que não saiba! Além disso, somos incapazes de passar direto mais de dois planos.

– O inimigo também pensa assim? – perguntou Igor, curioso e muito aliviado.

– Como o inimigo também pensa assim? – espantou-se a lemuriana. – É óbvio que sabem onde fica o limite do Universo, Igor, todos sabem!

O mago virou-se para o guardião dos portais do mundo de Cristal e disse:

– Guardião Salvatore – fez uma pequena vênia. – Estamos seguros aqui, então pode dispensar toda esta guarda, mas mantenha vigias atentos. Eles não serão capazes de chegar a nós.

– Como são incapazes de chegar a vocês? – perguntou Zéfiro, olhando para Igor como se olhasse um louco. – Eles são tão capazes de alcançar o sétimo plano quanto nós.

– Meus amigos – disse Igor com um suspiro. – O sétimo plano não é o fim do Universo, nem perto disso. Estamos no décimo terceiro plano e ainda há mais um.

– O quê?! – Os três arregalaram os olhos, assustados. – Não é possível!

– Mas é, meus caros – respondeu o mago. – Só não entendo como vocês foram limitados a passar apenas sete planos. Bem, vamos logo ver o que precisamos. Até breve, Salvatore.

– Até breve, Magnífico.

– Igor – perguntou Lídia, quando se afastaram. – Isto é estonteante, de tão belo. Você é o quê? O que significa Magnífico.

– É o meu título – explicou. – simplificando, a tradução mais próxima seria rei.

– Então você manda neste mundo!

– Sim, mando, mas não do jeito que pensam. As pessoas têm uma liberdade completa. Apenas mando em casos especiais, onde haja crises ou seja necessário intermediação. Seria de muito mau tom interferir na vida do indivíduo, exceto se for para beneficiar o bem comum.

– Vocês são muito avançados – disse ela. – Nem mesmo nós temos um governo tão liberal.

– Vamos ao laboratório ver o doutor Zeiss.

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