Capítulo 6 -parte 3 (rascunho)

Valdo acordou em sobressalto quando sentiu o portal ser aberto, portal esse que estava tão perto que ele achava que foi aberto naquela casa. Gwydion soltou um pio quase inaudível e ele teve a certeza de que havia gente na casa, gente que poderia rastrear a ambos. Levantou-se rápido e murmurou:

– Não te mostres nem respondas que já entendi. Vamos ver se consigo alguma coisa. Se eu estiver em perigo é contigo.

Devagar, Valdo foi andando. Ainda teve tempo de pensar que, se isso tivesse ocorrido há cerca de um ano, estaria morrendo de medo, mas agora tinha confiança em si, mesmo sabendo que enfrentava um perigo terrível, tão grande que ele tinha a certeza de que Igor estava em perigo por causa deles. Felizmente havia deixado aberta a porta do aposento porque assim não haveria risco de se trair com um rangido. Quando chegou ao corredor, ouviu barulho na escada e preparou-se para erguer uma barreira protetora o mais rápido possível. Só não deveria fazer naquele momento porque era certo que o brilho o delataria. Devagar, andou os poucos metros até à escada e viu o sujeito subindo as escadas. Não se preocupou em perder tempo com o péssimo alfaiate dele e ergueu a sua barreira de energia, chamando a atenção do homem.

Desde as primeiras experiências com magia Valdo vinha enfrentando algumas dificuldades, mesmo ajudado pelos magos da Cidadela. O motivo era o fato de que não se enquadrava no padrão. Ele adquiriu os seus poderes na passagem de um portal natural e comportavam-se de formas diferentes, começando porque era destro, ao contrário dos outros, canhotos puros. Mesmo com toda a paciência e carinho da Nealie, a mãe do seu filho, Valdo nunca teve resultados iguais aos dos seus próximos, embora nem por isso fosse inferior, apenas não sabia como funcionava e precisava de descobrir. O dom de ressuscitar, por exemplo era algo que o assustava muito, mas explorou-o com animais mortos, aprendendo a controlá-lo e descobrindo que tal poder funcionava nos dois sentidos. Ele podia dar a vida, mas também tira, coisa que jamais lhe ocorreu. O Valdo de um ano depois que estava naquela casa era muito diferente do anterior. Era mais confiante e conhecedor das suas capacidade. Os seus poderes eram muitíssimo mais fortes, mas ainda nutria um pouco de dúvidas e medo.

A sua barreira, por exemplo, era dourada e não verde que, segundo os amigos, era a mais forte, apesar de Igor ter inventado uma ainda mais poderosa, mas Valdo sabia que a sua barreira aguentava muito mais que as azuis, talvez até se equiparando às verdes.

Foi com um certo espanto que viu o inimigo ficar muito pálido no momento em que ativou a proteção. O sujeito nem mesmo tentou atacar, deu meia volta e tentou fugir, mas Valdo reagiu e ergueu a mão direita, berrando:

– Pare imediatamente. – Quando terminou de falar, deu-se conta de que o estranho era um alienígena e não deveria dominar o português, mas concluiu que o tom imperativo mostrou o que desejava. Como o invasor não parou, Valdo atacou.

Avançou a mão para a frente em um movimento sutil e uma luz forte, algo que lembrava uma manta de energia, ou uma tênue neblina luminosa saiu muito veloz e envolveu o sujeito, que caiu e perdeu os sentidos. Valdo ouviu um ruido na cozinha e desceu as escadas correndo para se deparar com outro invasor fugindo por um portal. Ele sentiu com clareza a direção e intensidade. Ao contrário do que Ezequiel dissera, Valdo podia sentir sem a menor dificuldade aqueles portais. Ia abrir a passagem quando o tom de alarme de Gwydion lhe chamou a atenção:

– "Não, Valdinho. Não faças isso que não sabemos quantos há para enfrentar do outro lado. Teoricamente é um mundo inteiro contra apenas nós dois. É melhor pegar o prisioneiro e levá-lo para interrogatório."

– Tens toda a razão, Gwydion – respondeu o amigo. – Acho que podemos saber de Igor com ele, mas que língua ele falará?

O jovem mago não esperou resposta e tão-pouco ela veio. Voltou para a sala de forma a pegar o prisioneiro no preciso momento em que outro passagem se abria bem no meio do aposento. Preparou-se para atacar, mas tudo o que viu foi uma mulher com roupas comuns sair da passagem e deparar-se com o corpo do invasor. Com uma exclamação, ela aproximou-se dele, notando que estava vivo. Alegre, sorriu, mas a sua felicidade durou pouco quando uma voz falando um inglês precário mas bem compreensível disse:

– Eu não gostaria de a matar ou ferir, moça, por isso não faça movimentos bruscos e vire-se.

Ela obedeceu e viu a barreira dourada. Arregalou os olhos e falou, no seu idioma:

– Quando chegou? – perguntou. – Quem o mandou e como derrubou este desgraçado sozinho?

Valdo ficou de tal forma impressionado ao ouvir falar em celta que baixou as defesas, em especial depois de notar que ela não era uma invasora.

Mal o viu ao natural disse:

– Você não é dos nossos!

– Não – disse Valdo na mesma língua. – Mas gostaria que me explicasse o que está acontecendo.

– Desculpe – respondeu Lídia. Ergueu a mão e uma pancada forte atingiu Valdo, deixando-o atordoado. Ela correu para o invasor desmaiado e pegou nele, abrindo um portal e fugindo com ele.

– Gwydion, desce aqui o quanto antes. Vamos seguir essa mulher – pediu Valdo, assim que se recuperou da pancada. O passaro planou escadas abaixo e pousou ao seu lado. A seguir, antes mesmo de Valdo pedir, começou a mudar de forma, destruindo muitas coisas naquela sala pequena demais para um dragão. Valdo concentrou-se e abriu a passagem.

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