Capítulo 5 - parte 4 (rascunho)

Rimon e mais um guarda entraram na cela dos prisioneiros. Ele olhou para todos, muito sério. O invasor só não aplicava um corretivo neles porque Argonos o havia proibido de tomar qualquer atitude, mas estava furioso por ter sido feito de tolo.

– Não precisam de fingir mais – disse, por fim. – Sei perfeitamente que entendem a nossa língua.

Ninguém respondeu porque achavam que era um subterfúgio.

– Acham que estou blefando? – preguntou, rindo. – Não, eu não preciso de blefes. Acontece que estive no seu mundo e entramos em combate com um sujeito de lá que falou a nossa língua. Por sinal, ele queria saber da sua família, logo, presumo que se tratava de vocês.

Eduarda não sabia se foi o jeito de falar ou a cara dele, mas o fato é que começou a empalidecer e tremer.

– Infelizmente, ele era muito forte e matou quatro dos nossos homens, além de deixar um tão ferido que não deve passar de hoje. Assim, não tivemos escolha a não ser matá-lo.

Virou-se para o guarda e pegou uma coisa, a espada de Igor, mostrando-a.

– Acho que isto lhe pertencia – disse, debochado. – Alguém de vocês o conhece?

– Assassino – gritou Eduarda, desesperada. Com as mãos nuas tentou atacar Rimon que apenas recuou, rindo. Eduarda caiu no chão, aos prantos. – Assassino.

– Foi um bom combate – disse Rimon. – Ele merece honras, mas nós vencemos. Como ele poderia enfrentar quinze de nós? Só um tolo tentaria!

Morgana aproximou-se da mãe, tomada pelas lágrimas. Agachou-se e segurou o seu ombro; mas, quando Rimon disse aquilo, foi tomada de uma fúria descontrolada e gritou:

– Covarde – ergueu-se e chegou mais perto. – Quinze contra um é pura covardia.

Ergueu as mãos e criou uma pequena esfera de plasma, ainda fraca mas capaz de matar. Arremessou-a sobre ele, só que errou porque se precipitou. Mesmo assim, a bola mortal atingiu o guarda atrás dele que caiu e morreu na hora.

– Esta foi pelo meu pai, covarde. – Ergueu as mãos para criar mais uma, mas foi agarrada pelo sujeito, que a puxou para trás, agarrando pelo pescoço e prensando-a contra si. Com a outra mão, ameaçou o pai da Caroline, que achou prudente controlar-se. Enquanto isso, Carol corria para a amiga e abraçava-a.

Rimon recuou e levou Morgana consigo, fechando a cela.

– Escuta, Duda – disse Caroline, insistente. – Eu só vou acreditar na morte de Igor quando vir o corpo. Vai por mim que ele tem mais vidas que um gato.

Mesmo assim, Eduarda não se acalmava e continuava a chorar sem parar, inconsolável.

― ☼ ―

Rimon fez algo com o bracelete e Morgana viu-se imobilizada, A seguir, bombardeou a cela com raios neutralizadores mais intensos. Finalmente carregou Morgana consigo e levou-a para Argonos.

– Esta mulher atacou-me na cela dos prisioneiros, Argonos. Exijo o direito da lei de a confrontar e matar em combate singular. Ela matou o guarda, mas eu era o alvo.

– Ela não é uma cidadã, Rimon, e todos os prisioneiros têm o direito legal a lutarem pelas suas liberdades. Não acha que seria um grande desperdício matar tamanha beldade? Afinal, por que motivo ela o atacou?

– Pergunte-lhe – disse Rimon. – Esses desgraçados sabem o nosso idioma e apenas nos faziam de palhaços.

Argonos virou-se para Morgana e fez um gesto que a soltou da imobilização.

– Eu sempre soube que fingiam não saber o nosso idioma, Rimon, seu tolo – disse, rindo do subordinado. – Só desejava saber quanto tempo você levaria para descobrir. Então, minha linda, o que foi que a levou a tentar matar o capitão da guarda?

– Ele assassinou o meu pai de forma vil e covarde – respondeu Morgana. – Eu quero lutar com ele e matá-lo; a ele e aos outros assassinos.

– Você tem esse direito – respondeu Argonos. – Como se chama?

– Sou Morgana Vargas Montenegro e quero a vida desse infame.

Argonos olhou para o subordinado, curioso. Ele sabia que haviam voltado do Reino Perdido há pouco tempo, mas ainda não tinha um relatório.

– O que aconteceu?

– Esse tal de pai dela atacou-nos e matou quatro dos meus homens – voltou a falar. – E tenho um ferido às portas da morte. Nós o matamos, mas o inimigo apareceu e precisamos fugir. Mal conseguimos trazer os corpos.

– Então, meu caro, como invasores, não agimos em defesa, cuja primazia era dele. Isso os faz culpados da morte do pai dela e Morgana tem direito ao desafio.

– Ela morrerá muito fácil...

– Quero que esse safado me enfrente de mãos nuas, sem armas ou instrumentos – interrompeu Morgana irada e olhando para o bracelete. – Daí, veremos quem vai morrer.

– É verdade que tem o seu direito, mas Rimon é importante para mim...

– E a sua lei, não vale nada? – perguntou Morgana, desafiadora.

– Calma, Morgana Vargas Montenegro – pediu Argonos, fazendo um gesto. – A lei lhe dá esse direito, mas eu preciso de Rimon. Contudo, poderá enfrentar qualquer um dos sobreviventes que mataram o seu pai. Sem armas nem instrumentos. Apenas as roupas do corpo. Rimon escolherá o representante dele.

– Combinado, mas nada de ficarem a me bombardear com coisas que me enfraquecem.

– Dá a sua palavra de honra que não tentará fugir ou cometer alguma traição até ao duelo?

– Tem a minha palavra de honra – respondeu Morgana. Ainda mais zangada, continuou. – Mas eram quinze assassinos e desejo enfrentar todos os que atacaram e mataram o meu pai. Esse inútil eu resolvo quando não lhe for mais útil.

– Assim será feito, bela Morgana Vargas Montenegro. Espero que vença porque seria um desperdício vê-la morrer. Contudo, apenas poderá enfrentar um deles. Um morto um combate. É a lei e somos civilizados. Temos de a respeitar.

– No meu mundo, quando quinze cometem um crime, os quinze pagam por ele – insistiu ela. Inteligente para perder o que conquistou com uma discussão continuou. – Mas que assim seja.

– Assim será – disse Argonos.

– Diga para o seu campeão fazer as pazes com os deuses antes de me enfrentar – ripostou Morgana, decidida. – Não haverá clemência.

– Rimon – disse Argonos, olhando para ele, sério. – Escolham um representante e leve de volta Morgana para os seus pares. Nada de inibidores e deixem-nos em paz.

– Sim, Argonos.

Ele escoltou Morgana para a cela. Apesar de ser noite, a sacerdotisa via o quão belo era aquele lugar, feito de enormes jardins. Mas afastado, talvez uns quinhentos metros, alguns prédios brilhavam, emitindo luz para iluminar as ruas e ela concluiu que lá era uma cidade e ela encontrava-se em um palácio ou similar.

Quando abriram a porta da cela, Morgana viu Eduarda abatida e com o rosto todo marcado pelo choro, apática. Carolime e os pais suspiraram aliviados e Morgana aproximou-se da mãe.

– Eu vou matá-lo, mãe, eu vou matá-lo por você e pelo meu pai.

Caroline aproximou-se e pousou a mão no seu ombro.

– Eu já disse para a Duda e repito – insistiu a feiticeira inglesa, sem titubear –, só acreditem que Igor está morto quando virem o corpo dele. Eu conheço Igor desde bebê. Confiem em mim. Além disso, Ezequiel e Hernandez devem estar com ele.

– Talvez você tenha razão, Carol – afirmou Morgana. – Acontece que meu pai nunca deixaria a espada nas mãos de terceiros.

– Ele pode ter sido ferido – objetou, decidida. – Mas não foi morto.

– Não importa. – Morgana olhou nos olhos da amiga. – Amanhã eu vou combater e matar um dos guardas.

– Eles são demasiado poderosos, Morgana – disse o pai da Caroline, abanando a cabeça. – Pode perder a vida nisso. Como conseguiu esse duelo?

– Pelas leis deles, tenho esse direito – respondeu ele. – Mas nem pense que serei derrotada. Eles são fracos. Já notei que usam os braceletes para reforçar os poderes. A luta será sem armas nem nada. Apenas nós e as roupas do corpo. Podem ter a certeza de que amanhã eles terão um soldado a menos.

― ☼ ―

Valdo esperou o suficiente para concluir que não adiantaria continuar ali. Cansado, perguntou para o dragão:

– Gwydion, tu sabes chegar na casa da Carol?

– "Sim" – respondeu o dragão. – "Relaxa um pouco que eu vou projetar a localização na tua mente."

– Ótimo – disse ele, obedecendo. – Assim podemos descansar e a probabilidade de encontrarmos Igor é maior. No entanto, continuo preocupado com ele.

Valdo levantou-se e abriu a passagem para a casa da amiga. Na cozinha comeu alguma coisa e, depois, procurou um quarto para descansar. Antecipando-se à pergunta não feita, o pássaro disse:

– "Podes descansar tranquilo, Valdinho. Eu não preciso de dormir e ficarei de vigília."

– Obrigado, Gwydion. Acho que esta tensão toda me deixou cansado.

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