Capítulo 5 - parte 3 (rascunho)

Valdo parou, pensativo. Na mão tinha a capsula planar, mas desejava experimentar ele mesmo abrir o portal. Há algum tempo vinha sentindo as vibrações e, uma vez chegou a abrir uma pequena janela, mas teve medo e fechou logo depois porque a passagem era diferente das que Igor abria. Gwydion notou a indecisão dele, mas não se manifestou.

Cansado de se preocupar, guardou a capsula no bolso e concentrou-se. Como alegria, viu a passagem abrir-se e aparecer o pátio da cabana do amigo de dois mil anos.

Sorriu e passou para o outro lado. Olhou para o Sol e calculou que não precisaria de esperar muito porque em Londres já devia ser escuro ou quase. Nesse momento, sentiu a onda de choque e espantou-se.

– O que terá sido isso? – questionou-se.

– "A direção é a do nosso destino, Valdinho" – disse o dragão, lacônico. – "Acho que a cautela manda aguardar um pouco, mas devemos abrir a passagem para perto da origem desse choque."

– Concordo, Gwydion, vamos aguardar mais um pouco.

― ☼ ―

Quando os ouviu falar, o mago aproximou-se, devagar.

– Há alguém divergente por perto.

– Divergente quanto?

– O sensor enlouqueceu – respondeu o outro. – É incapaz de medir, mas seria milhares de vezes mais que os últimos.

Igor desfez a invisibilidade e os estranhos viram um homem alto e de porte atlético. Ele tinha cabelos dourados e vestia uma roupa toda branca com uma capa, também branca, que ia quase até aos pés. Apesar de acharem as vestes horrorosas, tiveram de admitir a si mesmos que aquele sujeito era imponente e, segundo o sensor, tão poderoso que se podia tornar perigoso. Muito espantados, ouviram o estranho falar na sua língua, embora com um forte sotaque.

– Então foram vocês que sequestraram a minha família e os meus súbditos? – perguntou Igor, irado. – O que fizeram deles?

– Quem é o senhor? – perguntou o que parecia ser o chefe. – E como sabe o nosso idioma?

– Eu sou Igor Montenegro, Magnifico Guardião Supremo do Mundo de Cristal e do Planeta Terra – respondeu o mago –, e vocês, a princípio, são invasores. Agora, as vossas vidas vão depender muito do que me falarem. Então, quem vai ser o primeiro a desembuchar?

Quando um dos desconhecidos ergueu o bracelete, Igor já estava mais do que preparado. Em um tempo impossível de se medir a olho nu, ele ergueu a sua barreira mais forte e o corpo dele ficou envolto em um halo púrpura, intenso e brilhante. Ao mesmo tempo que isso acontecia, arremessou uma esfera de plasma que era do tamanho de uma bola de tênis, mas cujo poder energético era absurdo de tão concentrado. O invasor foi atingido em cheio e caiu morto, carbonizado. O bracelete, contudo, ficou intacto.

A seguir, ele sacou a espada da bainha, cuja lâmina começou a brilhar muito.

– Então, mas alguém deseja bancar o herói?

– Acha que pode derrotar todos nós, senhor Igor Montenegro?

– Alguma dúvida? – perguntou o mago debochado. Estendeu a espada e disparou um raio aos pés do alienígena. – Trate de me dizer onde estão as pessoas que raptaram. Quero a minha família de volta

– Estão no novo mundo e fora do seu alcance.

– Se isso for verdade, matarei um por um até que não sobre nenhum de vocês para contar a história. Quando isso ocorrer, provocarei mais uma onda de choque e outros virão. Recomeçarei o ciclo até que alguém fale. Eu não sou uma pessoa muito paciente, em especial quando se trata da minha família.

Outro dos homens ergueu a mão e Igor disparou um raio sobre ele, ferindo-o de forma muito grave. Quando ele caiu, o jovem mago cometeu o erro de subestimar o inimigo. Antes que ele voltasse a atacar outro dos invasores, todos ergueram os punhos e ativaram barreiras verdes, muito resistentes. Irritado, deflagrou mais uma esfera de energia sobre o mais afastado. Atingido, o homem caiu, mas precisou de levar uma segunda bola de plasma, maior e mais forte que a primeira para o matar. Antes da segunda esfera atingisse o alvo, mais uma seguia sobre outro, mas essa foi forte o suficiente para o matar de primeira. Quando isso ocorreu, Igor sentiu que algo batia na sua barreira pessoal, mas ela aguentou o impacto. Calculou, pela natureza do ataque que se tratava de raios paralisantes.

Igor criou uma bola de plasma maior ainda do que a anterior e preparou-se para matar mais um deles. Os invasores recuaram e juntaram-se, fazendo o mago sorrir porque seria mais fácil matar todos ao mesmo tempo.

Mal isso ocorreu, arremessou a esfera de plasma, mas não ocorreu o efeito desejado. Rogando uma praga pesada em português, o mago avançou de espada em punho. A arma dourada começou a despejar raios, mais uma vez ricocheteando em uma barreira invisível.

Eles desistiram dos ataques paralisantes e mudaram de tática. Nesse momento, Igor sentiu uma pancada de violência absurda, sendo arremessado mais de dez metros para trás e caindo atordoado. A barreira purpura perdeu potência e tornou-se verde. Zonzo, levantou-se e procurou a espada, mas ela ficara aos pés dos invasores. Igor ergueu a mão para a puxar para si quando recebeu outro impacto brutal. Caiu dobrado sobre si mesmo e sentindo a vista turva, sabendo que corria risco de morte porque eles eram muito mais fortes do que supunha. Os estranhos aproximaram-se, confiantes, e o mago viu uma chance. Sem perdoar, arremessou uma esfera de energia sobre o da ponta e ele caiu carbonizado. Igor ainda tentou rodar sobre si, mas recebeu mais um impacto brutal que o salvou porque, enquanto metade deles usava esses "raios martelo" a outra metade mandou um jorro de jogo que errou o alvo quando o guardião supremo foi atirado de lado por alguns metros.

Os invasores aproximavam-se devagar e impiedosos, com o líder segurando a espada dele na mão direita.

Quando eles iam desferir o golpe fatal, um forte trovão aconteceu perto do grupo compacto e os estranhos foram lançados em todas as direções, dispersos e sem poder somar as forças. Dois seres envoltos em uma luz dourada apareceram e os invasores, pálidos, fugiram em debandada, deixando Igor no chão cuja última coisa que viu antes de perder a consciência foi Lídia desfazer a barreira energética e correr para o ajudar.

― ☼ ―

– Gwydion – disse Valdo, muito aflito. – Igor está em grave perigo. Eu sinto isso. Ele está morrendo. Precisamos correr para lá.

– "Consegues abrir o portal para lá?"

– Não sei, nunca fui para lá, mas Irla disse que bastava seguir o meu coração. Eu sinto que ele está em grave perigo, então só preciso de me concentrar nisso. Temos que ir agora mesmo – insistiu, ainda mais nervoso.

– "Então vamos" – disse o pássaro dragão, pousando no seu ombro. – "Estarei preparado para me transformar e atacar, se necessário."

Valdo abriu a passagem e viu que o outro lado estava escuro e deserto. Atravessaram e ele procurou localizar o amigo, mas não encontrou nada.

– Fracassei em localizá-lo, Gwydion – disse aflito. – Só que vejo que alguém abriu um portal aqui perto. É um portal muito diferente dos que estou acostumado a sentir, só que o sinto com mais facilidade. Poderia até segui-los.

– "Houve uma batalha violenta aqui, Valdinho" – disse Gwydion, voando em redor da área. Pousou em um lugar a cerca de vinte metros do amigo. – "Este pedaço de tecido é da roupa do Igor e ali há uma marca de bola de plasma."

– E agora, o que faremos?

– "Concentra-te, nele" – pediu o dragão. – "Acho melhor não seguir aquele portal enquanto não soubermos o que aconteceu. Se Igor foi ferido, o mais provável é que tu morresses na hora se fosses atacado. Não há nada conhecido da gente que tenha poder para o ferir de forma grave, o que significa que nenhum outro resistiria."

– Muito bem – disse Valdo, sentando-se no banco e procurando focar os seus pensamentos.

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