Capítulo 5 - parte 2 (rascunho)

O dragão pousou no mesmo lugar em que Ailin desceu dias antes. Valdo desceu e sabia muito bem que o povo pequeno já sabia da sua presença. Por isso, não se inquietou e aguardou com toda a paciência. Não precisou de esperar muito para aparecerem uns dez homenzinhos e Irla, a rainha-mãe. Ela sorriu e voou em volta do amigo, batendo palminhas. Parou na altura do seu rosto e disse, em português.

– Salve, Valdinho das Fadas. Estou muito feliz com a sua visita e com a nobreza das suas intenções.

– Salve, Irla – respondeu sorrindo. – Por acaso existe uma forma de surpreender vocês fadas?

– Claro, Valdinho, o generoso. – Irla riu e a cor do cabelo trocou. – Basta bloquear a mente a um nível muito profundo. Até hoje, só Igor consegue fazer isso, mas ele sabe que nós fadas precisamos de sentir o espírito dos amigos e nunca faria isso.

– Bem, Irla, já que sabe o que desejo, pode me ajudar com algum conselho sábio? – pediu com um suspiro. – Eu não disse nada para os meus amigos, mas a verdade é que estou com muito medo e também menti para Ezequiel sobre localizar com o GPS. A probabilidade de conseguir isso é mínima.

– Mas o coração sempre encontra o caminho, meu filho – disse a fada, agora séria. – Não desista dos seus recursos da alta tecnologia, mas também deixe o seu coração falar e ele o levará ao seu amigo mais querido.

– Será que conseguirei enfrentar esta crise com ele, Irla? – quis saber, sempre preocupado.

– Claro, meu querido – Irla riu e bateu palmas –, e terá respostas para questões não respondidas em relação a si. Prepare-se e seja rápido.

– Obrigado, Irla, a mais sábia – disse Valdo sorrindo e fazendo uma vênia. – Vou ajudar os meus amigos. Até breve.

– Até breve, Valdinho das fadas – disse Irla, voando para perto do dragão. Virou-se para Gwydion e disse. – "Não o deixe ir sozinho. Ele e Igor precisarão muito de si."

Gwydion ergueu o focinho para cima e soltou uma longa labareda que iluminou toda a clareira. Irla riu e ele deu um impulso vigoroso para cima, sumindo nas copas das árvores e ganhando os céus.

― ☼ ―

– Morgana – disse Eduarda. – Eu sinto que a inibição dos nossos poderes está enfraquecendo, como se os nossos corpos se adaptassem. Tu és a mais forte, então vai testando isso, mas acho melhor ninguém saber se nos recuperarmos. Na hora adequada, podemos dar o bote.

– Claro, mãe – respondeu a sacerdotisa. – Agora que falaste, também notei isso.

– O que poderíamos fazer? – perguntou-se Caroline.

– Dependendo da intensidade que recuperarmos, podemos pegar o feioso grandalhão que ele tem cara de chefe desses desgraçados. Se o neutralizarmos, teremos ganho a partida. Precisamos arrancar o bracelete dele – respondeu Eduarda. – Eu até já arranco umas faíscas da mão!

– Vamos precisar de o distrair – disse o pai da Caroline. – Ele é muito atento. Em força física nenhum deles se bate comigo. A ideia que dá é que vão quebrar em dois se levarem um tabefe, até o grandão. A questão consiste apenas nos poderes deles, mas esses braceletes devem ser uma chave para algo porque usam-nos muito.

– Vamos aguardar o momento oportuno – sugeriu a mãe da Caroline. – Contudo, não seria má ideia ir treinando o posicionamento, especialmente quando os desgraçados estiverem por perto.

― ☼ ―

Igor olhou para a rua e viu que anoitecia. Trocou-se para as vestes do guardião supremo e tornou-se invisível. A seguir, abriu um portal para o Hide Park, mas não um portal comum e sim um que provocou um abalo forte o suficiente para ser sentido em todo o sistema solar, inclusive nos planos mais próximos. Atravessou-o e fechou o portal, provocando outro abalo violento. A seguir, sentou-se em um local onde podia ver tudo ao redor e aguardou, preparado para esperar o quanto fosse necessário. Alguns minutos depois, sentiu pensamentos divergentes não muito perto, mas concluiu que se tratava da Lídia, porque eram familiares.

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Gwydion pousou e Valdo desceu em frente à casa dele. Teodoro e os outros esperavam-no. Ele olhou para os amigos e disse:

– Vou para lá procurá-lo. – Virou-se para Ezequiel. – Queria lhe pedir autorização para usar a sua cabana se necessário.

– Desde que a deixe inteira, filho, não tenho objeções.

Ambos sorriram e Valdo virou-se para Nealie.

– Cuida do nosso filho – Deu-lhe um beijo e virou-se para o companheiro. – Teo, eu voltarei.

Beijou Teodoro e já ia sair quando Ezequiel perguntou:

– Tem cápsulas planares suficientes? – deu uma risada e continuou. – Não quero perder um amigo pelo Universo afora.

– Tenho capsulas planares, Ez, mas também acho que consigo abrir um portal e também sei que Gwydion vai comigo por sugestão da Irla.

– "É feio ouvir as conversas dos outros" – brincou o dragão, já na forma de pássaro e pousando no ombro do amigo.

Valdo fez um aceno de despedida e foi para a praça do portal. Enquanto caminhava, perguntou para Gwydion:

– O que achas de irmos para a cabana de Ezequiel primeiro?

– "É sensato. Devemos ir para Londres apenas de noite."

― ☼ ―

Igor já estava parado há uma hora e achava que, no final, não teria sucesso na sua empreitada. Ele sabia que a ideia foi muito boa, tanto que Lídia estava por perto, não muito porque mal sentia a sua mente, mas estava nas redondezas. Logo, o motivo devia ser por não terem sentido a onda de choque e isso implicava que estavam ao alcance dela ou então não era do seu interesse. Abatido, deu um profundo suspiro e ergueu-se, pensando em voltar para a casa da Caroline. Nesse preciso momento, ele sentiu o deslocamento planar quase imperceptível e ficou hirto porque um portal acabara de ser aberto muito perto de si.

Concentrado em manter a invisibilidade, procurou pressentir fluidos mentais diferentes e, não demorou muito a obter sucesso. Como os sinais tornavam-se mais fortes, Igor partiu do princípio que se aproximavam dele, então aguardou. Não demorou a ver as criaturas que apareceram e vestiam-se de tal forma que ele pensou como foi que os homens não haviam sido detidos. O mais óbvio era por estarem naquele perque. Se estivessem em Porto Alegre era certo de que não teriam tanta sorte. Usavam bocas de couro, castanha e de cano alto, tão alto que passava do joelho. As calças eram muito claras, um bege quase branco e bem justo ao corpo, mas parecendo ceroulas, um artigo em desuso há muito tempo. Já a camisa era o que mais se parecia normal, bem clara como as calças e um tanto justa ao corpo deles que era demasiado magro. A única coisa maluca naquela camisa era o fato da que as mandas iam justas até à metade do braço e abriam-se por dez centímetros. A única analogia que Igor pensou foi que, se colocassem o punho sobre a mesa, de pé, pareceria que o braço tinha um vestido justo que terminava com uma saia rodada a cinco centímetros do pulso. Para aumentar o que o mago julgava ser um vestuário de péssimo gosto, os sujeitos tinham nas costas uma capa muito fina, de um tom azul-celeste quase transparente. A capa era tão curta que ia até à metade das costas, aparentemente sem utilidade para nada e lembrava aquelas capinhas que crianças usavam para teatrinhos ou então as asinhas de joaninha a imitar fadas. Eram quinze pessoas, todos homens de cabelos pretos e não maiores do que um metro e setenta. Pela luz ambiente, era impossível distinguir mais detalhes e ele também não fazia muita questão disso. Notou que todos usavam braceletes iguais ao que a Eduarda deu para a filha.

Os invasores espalharam-se em arco com um deles no centro, de braço estendido e manipulando o tal bracelete. Igor notou que cercaram com toda a precisão o local onde abriu o portal.

– Foi aqui de certeza – disse um deles, falando um celta difícil de entender. – No máximo uma hora.

– Quem terá feito isso? – perguntou outro.

– Não sei, mas seria bom aprisionar esse sujeito, já que Argonos solicitou que arrumássemos mais elementos.

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