Capítulo 3 - parte 2 (rascunho)

Igor tinha acabado de retornar de Axt e, apesar das preocupações, estava mais relaxado. Ele gostava muito daquele povo e havia reciprocidade, especialmente com Mia e Mog. Mal entrou no palácio de cristal, deparou-se com Ezequiel que o aguardava.

– Salve, Igor – disse o homem milenar. – ainda bem que já voltou porque precisava de lhe falar.

– Oi, Ez, Saci – disse Igor, sorrindo. – Pensei que estavam em Draco.

Gwydion desceu do ombro do amigo e transformou-se na sua forma original, saudando o companheiro de raça.

– Na verdade, estava na Terra, na minha calma e tranquila cabana de Itaimbezinho – disse, apontando o dragão –, mas Saci anda preocupado e pediu que eu viesse aqui porque ele deseja falar.

Igor olhou para o dragão e sorriu.

– "Igor" – começou por dizer. – "Há distúrbios planares na Terra, distúrbios preocupantes porque não são normais."

O sorriso do mago desapareceu por completo. Preocupado, disse para os amigos:

– Vamos, vamos caminhar um pouco que preciso de pensar.

– O que foi que aconteceu, Igor? – perguntou Ezequiel, preocupado, assim que estavam apenas eles e os dragões. – Conheço você muito bem para saber que existe algum problema e deve ser dos graves.

– Há dois dias, o guardião da Grã-Bretanha, Adam, veio me procurar porque sentiu distúrbios anormais, incompatíveis com os nossos portais. Ele também me disse que dois guardiões desapareceram sem deixar rastros – explicou o mago. – Segundo me disse, lá é o ponto mais forte dos distúrbios.

– Bem, quanto aos desaparecimentos, é comum um mago sumir por uns tempos – comentou Ezequiel. – Só que esses distúrbios...

– Não, Ez – discordou Igor. – Eles estavam trabalhando como guardiões, logo não se ausentariam sem uma boa razão e avisariam alguém antes disso.

– O que pretende fazer?

– Eu não pretendo, Ez, eu vou para a Inglaterra o quanto antes. A Carol levou a Eduarda, Morgana e Ailin com elas para conhecerem Londres e não estou muito tranquilo.

– Já tentou falar com o telefone?

– Falei antes de ir a Axt – respondeu. Pensativo, ergueu a mão direita com a palma para cima e o telefone surgiu do nada. – Mas acho que vou ligar de novo.

– Pessoalmente – disse Ezequiel, enquanto Igor ligava –, acredito que as três juntas são poder demais para alguém lhes conseguir fazer mal, em especial a minha neta, mas realmente não custa ser precavido...

Ezequiel interrompeu-se, quando notou que o amigo estava um pouco pálido e ergueu uma sobrancelha.

– O que foi, Igor – perguntou, por fim.

– O sistema está mudo, sem sinal de telefonia e nem internet. Isso jamais poderia acontecer, ainda mais que Eduarda mantém a bateria sempre cheia – respondeu, aflito.

– E Carol não tem um...

– Também não responde – disse Igor, antes que ele terminasse de falar. – E o da Morgana também.

– Estamos esperando o quê? – perguntou o ancião.

– Vamos ao palácio. Preciso avisar o pessoal e o marido da Caroline. Saci e Gwydion, acho melhor prepararem-se para assumirem a forma disfarçada.

O mago já não ocultava nem a preocupação e menos ainda o nervosismo. Tão logo deu instruções no palácio, Hernandez, o marido da sua grande amiga de infância, apareceu, tambem muito nervoso. Cinco seres, três homens um cão enorme e um gavião atravessaram um portal que Igor fez direto para a cabana do Ezequiel. Mal atravessaram, ele fechou a passagem.

– Vamos esperar que esteja noite na Inglaterra antes de irmos para lá – decidiu Igor. – Enquanto isso, também vou tentar contato pelo telefone. Já falei com os meus pais e os meus sogros e eles não sabem de nada.

― ☼ ―

Argonos olhou para o subordinado que estava acuado com a descompostura que recebeu.

– Mas, senhor, nunca imaginei que a mulher fosse morrer ao ser submetida a um interrogatório mental.

– Eu avisei que esses seres são degenerados, Rimon.

– Mas nem parecem, senhor – insistiu ele. – O senhor viu as imagens daquele mundo. As criaturas que fizeram aquilo não podem ser degeneradas.

– Mas aí está a prova de que são – resmungou Argonos. – Pelo menos conseguiu alguma informação da mulher antes de morrer?

– Não senhor, não conseguimos – respondeu Rimon. – Temos mais abduzidos. Quem sabe interrogando mais um...

– Não se atreva a fazer isso. – Quase berrou Argonos. – Não quero mortes sem que sejam em combate. Nós somos civilizados, entendeu?

– Sim, senhor, entendi – respondeu, baixando a cabeça.

– Tente aprender a língua principal deles – ordenou. – É algo bem mais útil. Assim, poderá fazer um interrogatório mais eficiente.

― ☼ ―

Em um canto escuro de um pequeno parque em Londres, Igor e seus acompanhantes surgiram. Ele fechou logo o portal e olhou para os amigos.

– Hernandez – disse, determinado. – Tu vais para a casa da Carol ver se ela está lá... pensando bem, vamos todos juntos. Depois veremos o que fazer.

Ezequiel colocou uma mão no ombro de cada um e apertou, dizendo:

– Vocês estão muito nervosos. Respirem fundo e acalmem-se. Primeiro, pode não ser nada, mas, se for, somente a cabeça fria vai ajudar, entenderam?

– Eu sei que tem razão, Ez – respondeu Igor e Hernandez anuiu com a cabeça. – O problema é explicar isso para o coração.

– Lembre-se de Avalon, filho – insistiu o ancião. – Você poderia ter morrido se não fosse Eduarda a chamá-lo para a razão.

Igor suspirou e fez um aceno. A seguir, ficou empertigado e virou-se para o amigo, pensativo.

– Ez – disse ele. – E se estes eventos são relacionados com o que aconteceu ano passado em Avalon?

– Mas como – perguntou Hernandez, sem entender. – Um pequeno terremoto não seria motivo para isto.

– Esse pequeno terremoto foi causado porque eu destruí uma grande parte de todo um mundo, Hernandez.

– Entendo o que quer dizer – comentou o ancião. – A onda de choque da explosão de uma superbomba de cristal deve ter percorrido muitos planos e se espalhado por milhares de anos-luz, senão milhões, muitos milhões.

– Bem – disse o espanhol, pensativo. – Uma onda de choque dessas poderia chamar a atenção de muita gente, mas acontece que nunca nos deparamos com outra espécie inteligente que tenha os mesmos dons que nós magos temos, Igor.

– Acontece, meu nobre amigo – disse Ezequiel, abanando a cabeça, professoral –, que nós só conhecemos uma parte ínfima do Universo, sem falar que viajamos entre os mundos e planos há menos de dois mil anos. Para uma civilização, esse tempo é muito pequeno, muito pequeno mesmo.

– De qualquer forma, isso pode justificar o fato de que os acontecimentos recentes aconteceram nesta região, ou seja, bem perto de Avalon – comentou Igor. – De qualquer forma, acredito que agora é hora de irmos para a casa da Carol. Uma coisa de cada vez.

– Vamos então – disse Hernandez. – Estamos perto, por isso acho melhor irmos a pé para não chamarmos atenção.

– Com certeza.

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