Capítulo 3 - parte 1 (rascunho)
Igor pensava em dar um passeio porque o dia estava no fim quando foi surpreendido por uma solicitação de audiência sem agendamento, coisa incomum.
O homem entrou e reconheceu nele um dos grandes guardiões dos portais na Terra.
– Salve, Magnífico – disse ele, aparentando preocupação, fato que não escapou do olhar atento do mago. – Desculpe por uma solicitação tão incomum, mas é um fato preocupante que pretendo relatar.
– Salve, Adam – respondeu Igor, apontando um sofá. – Sente-se. Deseja um chá ou café?
– Chá, se tiver – respondeu o mago inglês.
Igor estendeu a mão para ele e uma xícara fumegante surgiu do nada. Entregou-a e disse:
– Sou todo ouvidos.
– Magnífico, a Terra tem recebido visitas de fora que não consigo rastrear. São portais abertos de forma muito sutil e, de certeza, não são nossos magos. Estou com medo.
– Consegue identificar e descrever as diferenças? – perguntou Igor, espantado. – Além disso há outro fator preocupante para lhe dar medo?
– Sim – respondeu, após um gole. – Dois guardiões desapareceram. Um em Greenwich e outro na Irlanda. O portal em questão tem uma ressonância diferente, como um eco metálico. É difícil de explicar, mas o pior é que é impossível de rastrear.
– Deve ser a isso que Irla se referia – murmurou Igor, pensativo.
– Como?
– Nada não – respondeu o mago. – Estava apenas pensando em algo que a rainha das fadas me disse em Céltia. Diga-me uma coisa: as manifestações só ocorrem na ilha ou acontecem nos continentes?
– Como eu disse, senhor, elas são difíceis de interpretar, mas estou convencido que é só no Reino Unido que aconteceu, pelo menos até agora.
Igor ficou calado e pesou os prós e contras da situação, até que tomou uma decisão.
– Adam, o senhor coordenará uma rede entre todos os guardiões da Terra até eu chegar a uma conclusão e fazer umas pesquisas na biblioteca. O senhor var receber uns chips especiais que lhe permitirão usar o telefone fora da Terra. Eu desejo que monitore essa atividade e, também, verifique se mais alguém desapareceu. Isso é demasiado preocupante para ser ignorado.
Igor deu mais algumas instruções para o guardião e, depois, levou-o para o laboratório onde se desenvolviam os chips.
Quando o mago se despediu e voltou para a Inglaterra, Igor ficou a pensar na esposa e filhas, preocupado porque estavam justo em Londres. Logo depois, chamou-se de idiota por ficar tão apreensivo já que Morgana, Eduarda e Carol, juntas, eram um poder para rebentar qualquer um menos ele.
― ☼ ―
Morgana a irmã, Eduarda e Caroline passeavam no Hide Park, em Londres com a última a bancar a cicerone. Morgana sentou-se em um banco, observando Ailin com a mãe correndo e rindo, quando um som lhe desviou a atenção. Poucos segundos depois, reconheceu o toque do telefone da mãe e pegou nele vendo que era o pai que chamava. Sorrindo, atendeu.
– Oi, pai – disse, alegre. – Deu saudades?
– "Sempre, minha filha" – respondeu Igor. – "Eduarda não está aí?"
– Está com Ailin, correndo atrás de umas pombas – respondeu Morgana. Deu uma risada e continuou. – A minha irmã queria transformá-las em dragões para voar por aí. Não é fácil convencê-la a ser discreta.
– "É verdade, filha" – disse o pai, rindo. – "As crianças são mais espontâneas e nem sempre compreendem a nossa necessidade de segredo."
– Pai – disse Morgana, parando de rodeios. – Que tal o senhor ir direto ao assunto. O que o perturba tanto? Eu sinto a sua voz muito preocupada.
– "Bem, minha querida" – disse Igor, com um suspiro. – "Andam acontecendo coisas estranhas aí na Inglaterra. Dois magos desapareceram e eram da nossa elite dos poderosos. Eu me preocupo com vocês, apenas isso."
– Quem sabe o senhor vem nos encontrar por aqui, pai? – pediu Morgana. – Se bem que eu acho que não deve ser nada.
– "Adam, o guardião dos portais dessa região, disse que sentiu distúrbios estranhos e difíceis de detectar" – explicou o mago, muito sério. – "Por acaso alguma de vocês sentiu algo?"
– Agora que você falou isso, lembrei que a mãe pensou ter sentido algo e Ailin também, mas eu não senti nada. Só que, nesse setor, sou bem inferior a vocês.
– "Se isso acontecer por perto, tratem de sair o quanto antes, tá bem?" – pediu ele, apreensivo. – "Eu preciso desligar que tenho uma reunião em breve, mas, logo logo, estarei por aí. Dá um beijo nas outras por mim."
– Tá bom, pai – disse Morgana. – Aguardamos a sua chegada.
Morgana desligou e guardou o telefone na bolsa da mãe. Agora ela começou a se preocupar porque sabia que o pai não era pessoa para alarmes falsos e, se ele estava inquieto, era sinal que o perigo devia ser real e de monta. Por outro lado, achou conveniente nada contar para as outras. Ia levantar-se, quando foi surpreendida por uma voz, perto de si.
– Não sabia que havia gente que ainda falava esse idioma por aqui.
Assustada, virou-se e olhou para o interlocutor. Era um homem simpático, de meia idade, mas de aspecto atlético. Ele sorria e a sacerdotisa correspondeu.
– Somos descendentes de gauleses da antiguidade – explicou conforme fora orientada a responder em casos desses. – E o senhor, onde aprendeu celta antigo?
– Sou um estudioso de línguas anciãs – respondeu com um pequeno aceno. – Meu nome é Marlon.
– Um nome celta, também, que significa Falcão Pequeno – disse a sacerdotisa, rindo. – Sou Morgana.
– A irmã do rei Arthur? – perguntou, brincando. – Ou apenas alguém rodeada de mar?
– Na verdade, não tive irmãos, apenas uma irmãzinha – respondeu ela com uma risada cristalina.
– Bem, Morgana, se a sua irmãzinha for tão bela quanto você, deve se orgulhar, porque nunca vi mulher mais bela que você.
– Ela é – respondeu Morgana, apontando Ailin.
– Tem razão – comentou o estranho, sorrindo de novo. Bem, preciso de ir para os meus afazeres. Foi um prazer conhecê-la.
– O prazer é meu.
Morgana observava o homem afastar-se quando uma voz soou atrás de si.
– Quem era, filha? – perguntou Eduarda, enrugando a testa. Depois continuou. – Sabes, ele não me inspirou confiança.
– Nada, não, mãe – respondeu Morgana. – Ele me ouviu falando com o pai em celta e, como é estudioso de idiomas antigos, ficou conversando comigo.
– Isso só me contribui para eu confiar ainda menos, Morgana. Celta é uma língua quase totalmente desconhecida!
– Bem, mãe – Morgana deu uma grande risada. – Primeiro ele falou comigo em celta, e depois não vejo motivo para preocupações. Se ele tentasse algo contra nós, viraria picadinho de gente em menos de dois segundos. Mas o sotaque dele era muito estranho.
– Hoje em dia, só nós magos falamos celta, Morgana – disse Eduarda, rindo do comentário dela. – Ele não era um de nós?
– Disse que era um estudioso de línguas antigas e acredito que seja verdade – respondeu Morgana, encolhendo os ombros, distraída. – Ele tinha um sotaque muito diferente do nosso.
― ☼ ―
– Senhor – disse Rimon. – É de fato o Reino Perdido e o mundo mais belo que já vi, mas é muito populoso e seguiu um padrão de evolução muito diferente do nosso.
– Tem a certeza de que é?
– Sim, mas a guerra deixou muitas mudanças.
– Tem imagens? – perguntou Argonos. – Como é a população?
– São idênticos a nós – explicou Rimon, entregando um pequeno cristal. – Possuem mais de um idioma e nenhum deles se assemelha ao nosso, embora hajam muitas palavras com as mesmas raízes. Não se desenvolveram no mesmo sentido da nossa tecnologia e desconhecem por completo as passagens. Acredito que eles não saibam de nada e seja apenas uma coincidência feliz que nos levou de volta ao Reino Perdido.
Argonos pegou o cristal e colocou em uma ranhura do seu bracelete. Um raio de luz subiu por uns dez centímetros e abriu-se em leque, tornando-se algo que lembrava uma tela de computador em miniatura. Argonos viu uma cidade enorme, cheia de pessoas andando nas mais versas direções. Outra coisa que lhe chamou a atenção, foi uns aparelhos que tinha diversas cores e formatos, mas a maioria absoluta deles possuía quatro rodas e deslocava-se sozinha.
– Engraçado, não vi nenhum deles com braceletes – disse, bastante pensativo. – Como será que fazem essas coisas funcionarem?
– Essas coisas não são controladas com a mente – explicou Rimon. – São construções feitas por eles, segundo entendi. E olhe que há algumas que voam.
– Pelo que vejo, não podemos chegar lá e tomar o reino de volta sem fazer um bom estudo. Eles só podem ser os degenerados dos sobreviventes. Do inimigo mesmo, duvido que tenha sobrado alguém.
– Confesso que não sei dizer nada a respeito, senhor – comentou Rimon, pouco à vontade.
– Mande agentes para lá – ordenou Argonos. – Mande uma força tarefa secreta com ordens de estudar esse povo. Procurem, também, localizar gente que se assemelhe a nós e peguem alguns elementos para estudo aqui. Tentem coletar o máximo de informações.
– Sim, senhor.
– Obrigado, Rimon, e não se esqueça de me manter a par de tudo.
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