Capítulo 14 - parte 4 (rascunho)

Todos os três mil soldados estavam perfilados na periferia do bosque, aguardando a ordem de ataque. Zéfiro apareceu e disse que Kelvin autorizou mais sete regimentos para dali a duas horas, mas que Lídia tomasse a decisão de atacar antes, se fosse necessário. Em uma iniciativa muito incomum, o presidente lemuriano disse que iria, junto com a conselheira Joyce, acompanhar o ataque.

Aguardavam quietos, atentos a cada detalhe do palácio. Na borda da mata, três mil homens e mulheres em uma fileira de trezentos metros de largura por vinte de profundidade permaneciam estáticos com as suas camuflagens, parecendo parte da vegetaçào. Marlon foi o primeiro a ver Morgana montada no dragão, pousando no último andar do palácio. Fez sinal para Lídia, que gritou:

– Soldados, atacar. – Ergueu-se e começou a brilhar. – Pela Lemúriaaaaaa.

– Pela Lemúriaaaaaa – gritaram três mil outras vozes em coro.

Os guerreiros correram das matas a avançaram sobre os inimigos, atacando com violência. Marlon, preocupado, prestava atenção para cima e viu quando Morgana se dirigiu para a floresta. Não demorou muito, novos gritos, agora de dentro do palácio, anunciavam as demais levas de ataque, a ofensiva dos magos. Não muito longe, outro portal abriu-se, muito maior que o usual, e os dragões atravessaram, cada um deles com um homem no dorso, sendo que Ezequiel ia à frente, com o seu sabre vermelho, brilhante. Ele e Saci nem pararam para se orientarem. O ancião ergueu o sabre e raios carmezins cortaram o ar, atingindo as paredes do palácio no mesmo lugar que as chamas do amigo. Quando estavam demasiado próximos, Saci arremeteu e deu a volta, repetindo o processo e sendo seguido pelos irmãos de raça. Maravilhados, Marlon e Lídia olhavam aquilo. Um movimento do outro lado despertou a atenção e viram Gwydion aproximar-se e pousar ao lado deles. Morgana desceu e Marlon, aliviado por vê-la bem, tomou-a nos braços e beijou-a, levado por um impulso.

Quando se afastaram, disse:

– Estou muito feliz em ver que não sofreu nada.

A feiticeira sorriu e respondeu:

– Não me parece que seja o momento adequado, mas foi muito bom – virou-se para os outros. – Meu pai solicita a vossa presença.

Saci, alertado por Gwydion, fez uma curva e pousou ao lado do grupo. Ezequiel desceu.

– Então, filha? – perguntou, ansioso.

– Meu pai está na floresta interrogando Ramon pelo modo radical – disse Morgana. – Ele pediu a vossa presença para discutirmos alguns pontos. Gwydion e Saci levam-nos.

Morgana subiu no Dragão e Marlon ficou com um certo receio, até que venceu o medo e subiu, seguido de Lídia. Valdo e Ezequiel foram com Saci. Assim que alçaram voo, Marlon esqueceu todos os medos e passou pela experiência mais fascinante que já havia tido.

Os dragões pousaram e, quando Lídia olhou para o mago, murmurou, maravilhada:

– Simplesmente perfeito!

Não havia mais sinal dos dois atlantes e a filha questionou:

– O que fez com Argonos?

– Dei-lhe duas escolhas: terminar como Rimon ou o exílio em outro mundo – respondeu o pai, encolhendo os ombros. – Ele escolheu o outro mundo, mas sem bracelete, claro. Já descobri que dependem dos braceletes para abrirem portais. Abri a passagem para o mundo onde derrotei o monstro do plano zero e fechei.

– E se ele conseguir escapar?

– Vai por mim, filha. Estará morto em poucas horas. Lá ele deve pesar uns cento e vinte quilos, o sol faz cinquenta e seis graus de dia e menos vinte de noite. É um deserto enorme. Como eu disse, ele morreria em agonia.

– Filho – disse Ezequiel. – O que apurou?

– A minha filha não está no palácio – disse ele. – Podem destruir tudo.

Igor olhou para si e viu as roupas rasgadas, dando-se conta de que não se havia recomposto. Para tristeza da Lídia, que não tirava os olhos dele, voltou a envergar as vestes brancas e impecáveis do Guardião Supremo. Suspirando a Lemuriana desviou o olhar e Morgana segurou-se para não rir.

– Ez – continuou Igor. – Gostaria da sua ajuda para a resgatar. Precisamos de um plano de intimidação que pareça assustador, mas sem provocar destruição.

– Onde ela está? – perguntou Lídia, aproximando-se e voltando a ser a guerreira de sempre.

– Na cidade – espondeu. – Rimon usou um ex-soldado para cuidar dela e esconder.

– Entendo, filho – disse Ezequiel. – Faço uma ideia do que pretende fazer, mas preferia que explicasse.

– Vamos usar cinquenta dragões e pousar na praça que visitamos. É muito perto de onde ela está. Vamos intimidare procurar não matar ninguém.

― ☼ ―

Zéfiro acompanhava o combate com tranquilidade, dando as ordens necessárias para os seus subordinados que eram muito organizados. Dentro do palácio, as explosões ocorriam às dezenas e os homens, do lado de fora, já não eram capazes de enfrentar os atacantes, que vinham tanto pelas costas quando frente. Em muitos lugares as paredes já haviam derretido com as bolas de plasma dos magos, mostrando o interior. Para piorar ainda mais as coisas, um batalhão de sete mil homens adicionais surgiu e cercou o palácio por completo.

As rasantes dos dragões eram insuportáveis e os soldados batiam-se bravamente, mas apenas recuavam aos trancos e barrancos.

Cercados por cem homens, Kelvin e Joyce apareceram ao lado do chefe em comando.

– Salve, Zéfiro – disse ele. – Onde estão Lídia e Marlon? Que animais gigantescos são esses?

– São dragões, seres inteligentes e muito amigos dos magos. Lídia e Marlon voaram com Igor para a cidade. Foram libertar a menina.

– Quem foi com eles?

– Dos nossos apenas eles. Foram dez pessoas e cinquenta dragões. Igor não deseja destruir a cidade nem atacar o povo. Diz que são inocentes.

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